quarta-feira, 9 de março de 2022

FLYING LAPS – FEVEREIRO DE 2022

            Pois é, já estamos no mês de março, quase às vésperas do início da temporada da Fórmula 1 de 2022, e os meses de janeiro e fevereiro já foram embora. Já vimos os novos bólidos da nova F-1, e bem ávidos por ver como será a temporada deste ano. Mas, enquanto aguardamos a última sessão coletiva de testes da pré-temporada, vamos relatar alguns acontecimentos do mundo da velocidade que tivemos neste último mês de fevereiro, com destaque para os certames da Formula-E e Indycar, sempre com alguns comentários rápidos a respeito, em mais uma edição da já tradicional sessão Flying Laps. Portanto, uma boa leitura a todos, e até a próxima edição desta sessão em abril...

 

E a temporada 2022 da Formula-E continua trazendo surpresas. O ePrix da Cidade do México, de volta à competição após ficar de fora da temporada passada, viu novamente uma corrida com várias disputas e alternativas, começando pela primeira pole-position da equipe Porsche, nas mãos de Pascal Wehrlein, que derrotou um inspirado Edoardo Mortara, da Venturi, na luta pela primeira colocação do grid. E o bom momento da Porsche não se resumiu apenas à pole de Pascal: seu companheiro André Lotterer pegou a 3ª colocação, outra excelente posição para a equipe alemã. Pascal largou bem e manteve a liderança da corrida, com Mortara tentando discutir a liderança, mas também tendo de se proteger de Lotterer, que vinha logo atrás. Mais à frente, o suíço veio com tudo, e tomou a liderança de Wehrlein, cujo carro, assim como de seu companheiro, parecia perder performance, um cenário que já havia sido visto em outras ocasiões onde a escuderia alemã demonstrava rendimento inferior conforme as corridas progrediam. O momento parecia preocupar, quando a dupla da Techeetah chegou a ganhar a posição de Lotterer e colocava Wehrlein sob ameaça iminente. Mas, na parte final da prova, os dois carros da Porsche recuperaram todo o excelente ritmo da parte inicial da corrida, numa tática de conservação da energia da bateria por parte de ambos os pilotos. Não ficou apenas nisso: com a energia sobrando, Wehrlein e Lotterer dispararam na frente nas voltas finais, abrindo mais de 7s de vantagem na liderança, enquanto Robin Frijns, da Envision, assumia a 3ª posição superando Mortara. Mas o gerenciamento das baterias acabou derrubando os dois pilotos, que acabaram superados pela dupla da Techeetah. Quem também se recuperava era Nyck de Vries, da Mercedes, o atual campeão da categoria, em uma corrida onde não teve como discutir a vitória. E assim tivemos não apenas a primeira vitória de Pascal Wehrlein e da Porsche, mas também a primeira dobradinha da equipe na F-E. Jean-Éric Vergne fechou o pódio com o 3º lugar, seguido pelo companheiro Antonio Felix da Costa em 4º lugar. Edoardo Mortara ainda salvou o 5º lugar, embora o sentimento tenha sido de decepção depois de ter liderado a corrida mexicana. Lucas Di Grassi, em mais uma corrida de recuperação, largando de 14º lugar, recebeu a bandeirada em 8º, mas tomou uma punição por um toque que teve com De Vries, sendo considerado culpado pelo incidente, e acabou derrubado para o 12º lugar, terminando sem marcar pontos na prova mexicana que já venceu por duas vezes. Quem também não teve nada para comemorar foi Sérgio Sette Câmara, que terminou em 20º e último lugar na pista, mostrando mais uma vez que a Dragon continua penando para melhorar seu desempenho na categoria dos carros monopostos elétricos. A próxima etapa da F-E será nos dias 9 e 10 de abril, com a rodada dupla em Roma, capital da Itália.

 

 

Com o resultado do ePrix da Cidade do México, Edoardo Mortara ainda segue na liderança do campeonato, com 43 pontos, seguido de perto por Nyck De Vries, com 38 pontos. Com a vitória no circuito Hermanos Rodriguez, Pascal Wehrlein assumiu a 3ª colocação, com 30 pontos, empatado com seu companheiro de time André Lotterer. Logo atrás, na 5ª posição, vem Stoffel Vandoorne, da Mercedes, com 28 pontos. Lucas Di Grassi é apenas o 8º colocado, com 25 pontos. Na classificação de equipes, a Venturi lidera com 68 pontos, apenas dois a mais que a Mercedes, a vice-líder. Com a dobradinha obtida, a Porsche é a 3ª colocada, com 60 pontos. A Techeetah é a 4ª colocada, com 39 pontos, enquanto a Envision, antiga Virgin, é a 5ª, com 31 pontos. O campeonato promete muitas reviravoltas nas próximas etapas, tanto na classificação de pilotos como na de equipes, a depender dos resultados...

 

 

O triunfo da Porsche na F-E pode fazer a montadora alemã rever seus planos, que já cogitava um abandono da categoria, ao fim da temporada de 2024. Tendo obtido sua primeira vitória, e a se confirmar um bom campeonato, a Porsche deve seguir na F-E. Mas sucesso é apenas um detalhe para as fábricas presentes, conforme a própria Mercedes já deu o exemplo, anunciando sua retirada oficial da competição ao fim desta temporada, mesmo tendo sido campeã no ano passado. É verdade que fabricantes vem e vão, mas a F-E já perdeu Audi e BMW, e vai perder a Mercedes. Perder a Porsche seria outra notícia ruim para o certame, apesar de que, mesmo com estas baixas, ainda contar com nomes de respeito em seu campeonato. Mas, com ou sem planos de abandono, o triunfo da Porsche é bem-vindo por ser outra marca de respeito no automobilismo mundial a também vencer na F-E, mostrando que a categoria, apesar de ainda ter muitas falhas, se mostra muito mais democrática e competitiva do que outros certames do mundo do esporte a motor, por mais que muitos fãs ainda torçam o nariz para ela, e a considerem mais uma brincadeira do que uma categoria de verdade. Bom, algumas críticas são válidas, mas o certame já está em sua 8ª temporada, mostrando que a brincadeira ainda vai longe...

 

 

A Porsche ganhou mais um motivo para manter-se na F-E: além do time de fábrica, a marca alemã passará a fornecer em trem de força para uma outra equipe do grid na próxima temporada. A Andretti, ex-time oficial da BMW, passará a utilizar o equipamento da Porsche, em substituição ao atual trem de força ainda da ex-parceira, que apesar de ter deixado a competição, manteve o fornecimento de seu equipamento para a temporada deste ano. Outro time “órfão” de outra empresa alemã, a Envision, que ainda usa neste ano o trem de força da Audi, também já acertou seu futuro fornecimento de trens de força para a próxima temporada, passando a utilizar o equipamento da Jaguar. Tanto Jaguar quanto Porsche até o presente momento só equiparam seus times oficiais na competição, mas terão equipes clientes no próximo campeonato, justamente na estréia dos novos carros Gen3, que deverão marcar novo passo no desenvolvimento da categoria de carros monopostos totalmente elétricos, com uma potência muito maior disponível aos pilotos, além da introdução dos pit stops de carregamento ultrarrápido de energia, que deverão ser os principais destaques da próxima temporada.

 

 

Outra boa notícia no que se refere aos trens de força na Formula-E vem da Nissan, que anunciou acordo para fornecimento de seu equipamento à equipe Mercedes na próxima temporada da categoria, quando o time deixará de ser oficial de fábrica, indicando que a marca das três estrelas não pretende continuar com seus trens de força na competição após sua saída. A Mercedes, aliás, está buscando um acordo com a McLaren, que já anunciou há tempos atrás ter interesse em adentrar a F-E, depois que deixasse de ser a fornecedora dos sistemas de baterias dos carros. Com a estréia dos novos carros Gen3, é considerado o momento ideal para dar início à parceria. E outra boa notícia, a respeito deste acordo dos japoneses com o que será a ex-equipe Mercedes a partir da próxima temporada é que ele será válido por todas as temporadas de utilização do modelo Gen3, ou seja, isso significa que a escuderia se manterá na competição nas temporadas de 2023 até 2026. Ainda não se sabe como será o novo time. Entre as especulações, poderia vir a se chamar até mesmo McLaren, com a organização de Woking assumindo literalmente todo o time que hoje é a Mercedes. O acordo indica que a Venturi, equipe que lidera o campeonato deste ano após três corridas, tanto na classificação de equipes como de pilotos, deverá buscar um novo fornecimento de trens de força para o próximo ano, com a saída da Mercedes da competição. O anúncio deste acordo da Nissan com a futura ex-equipe Mercedes certamente já deve ter dado o sinal na escuderia monegasca para buscar novas parcerias para 2023. A Mahindra, que utiliza o seu próprio trem de força, é outra fábrica que pretende fornecer seu equipamento a algum time cliente no próximo ano, seguindo o exemplo das demais marcas presentes na competição. Será que a Venturi poderia ser este time? Deveremos ter desdobramentos neste sentido nos próximos meses. Essas notícias ao menos dão alento para os fãs da categoria dos carros elétricos, já que alguns temiam que o abandono de várias montadoras poderia comprometer o futuro da categoria. Mas se a F-1 vive com apenas 4 marcas de propulsores, nada impede que a F-E consiga se virar com menos fabricantes também.

 

 

A Indycar deu a largada para sua temporada 2022 em São Petesburgo (a da Flórida, não a da Rússia, obviamente). E a Penske saiu na frente na disputa este ano. Mas quem brilhou no time do “capitão” não foi Josef Newgarden, como tem sido de hábito em tempos mais recentes, mas Scott McLaughlin, piloto neozelandês que faz sua segunda temporada completa na categoria. Indo contra as expectativas, depois de um ano de estréia com mais baixos que altos na categoria, apesar de pilotar para um time de ponta, Scott conseguiu dar a volta por cima na cidade da Flórida, surpreendendo já no treino de classificação ao arrancar a pole-position numa disputa que até então tinha como favoritos Will Power, seu companheiro de time, e Colton Herta, da Andretti. McLaughlin não deixou a oportunidade escapar, e manteve a ponta na largada, frente a um agressivo Herta, enquanto Power ficava um pouco para trás. O neozelandês comandou a corrida com autoridade, mantendo Colton a uma distância segura. Um pouco depois, David Malukas, um dos estreantes do ano, foi o primeiro a acertar os muros das ruas de São Petesburgo, provocando a primeira bandeira amarela do ano. Alguns pilotos aproveitaram para parar os nos boxes, enquanto outros ficavam na pista. Quem utilizava os pneus macios ficava em desvantagem clara quando estes se desgastavam, enquanto os pneus duros conseguiam manter uma constância de performance mais uniforme, dependendo também do estilo de pilotagem de alguns. Na última rodada de pit stops, Scott McLaughlin recuperou a ponta, seguido por um determinado Álex Palou, que mais uma vez aproveitou bem a estratégia das paradas de box para ganhar posições, e passou a pressionar o piloto da Penske na luta pela vitória. Mas o neozelandês conseguiu se manter firme, recebendo a bandeirada com apenas 0s509 de diferença para o atual campeão da categoria. Will Power se recuperou das posições perdidas na largada, lutando com pneus duros contra a maioria de pneus macios, para recuperar-se no final e terminar em 3º lugar. Colton Herta, que havia pressionado McLaughlin no início da corrida, terminou em 4º lugar, à frente de Romain Grosjean, que em sua estréia pelo time de Michael Andretti fez um bom 5º lugar. Rinus Veekay foi o 6º, à frente de Graham Rahal, o 7º; e Scott Dixon, o 8º colocado. Josef Newgarden teve uma atuação bastante apagada nesta prova de início de temporada, tendo largado apenas em 9º, mas terminando em 16º lugar, ficando completamente ofuscado pelo desempenho de seus companheiros de equipe, que garantiram maioria para a Penske no pódio.

 

 

A Meyer Shank não teve o resultado que esperava na bandeirada em São Petesburgo. Hélio Castro Neves largou apenas em 17º, sofrendo para se entender com os novos pneus macios da categoria, e até tentou uma estratégia um pouco diferente durante a corrida para ver se conseguia recuperar posições, mas apesar do trabalho, ficou apenas em 14º lugar, posição que deixou o brasileiro frustrado. Mas acabou sendo ainda pior para Simon Pagenaud, que voltou a fazer parceria com Helinho no novo time. O francês fez um excelente treino, obtendo a 6ª posição de largada, o que sugeria uma possibilidade de bom resultado para a escuderia. Mas na largada, Simon perdeu posições, e mesmo tentando se realocar na estratégia de corrida, fazendo também três pit stops, ele recebeu a bandeirada apenas em 15º lugar, logo atrás de Hélio, num retrocesso patente de sua evolução na prova. Numa corrida onde as táticas de prova se mostraram cruciais, a Meyer Shank não conseguiu aproveitar para se destacar, e vai ter de caprichar mais na próxima corrida.

 

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