sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A F-1 EM 2013 JÁ ERA...


A placa parece dizer tudo: "Cingapura é sua".  Foi a 3ª vitória consecutiva de Sebastian Vettel no circuito de Marina Bay...

            Findo o Grande Prêmio de Cingapura, que foi uma das provas mais monótonas da temporada até aqui, a sensação que fica é que não dá para esperar muito mais deste campeonato. O domínio imposto por Sebastian Vettel foi tão retumbante que até a concorrência já jogou a toalha na disputa pelo campeonato. O atual tricampeão abriu 60 pontos de vantagem para o vice-líder, Fernando Alonso, e mesmo que resolvesse não disputar as próximas 2 corridas, e o espanhol vencesse ambas, ainda estaria na liderança da competição, e com 10 pontos de vantagem, e nem isso seria suficiente para animar a disputa.
            Esperava-se que o circuito de Cingapura, por ser de rua, com os muros muito próximos, e sempre onde pode surgir a intervenção do Safety Car, pudesse dar um alento, ainda que tímido, de esperança de mais competição no campeonato, mas o resultado foi exatamente o oposto. O único momento de real perigo para o piloto da Red Bull foi na largada, onde por pouco Nico Rosberg não assumiu a ponta. Na frente, Vettel, no melhor estilo consagrado por Ayrton Senna, pisou fundo para conseguir vantagem logo de cara e fugir de todos. E lá foi ficando, enquanto seus perseguidores tentavam diferentes estratégias visando subir na corrida, mas sem nenhuma hipótese de ameaçar o piloto da Red Bull, que mostrou que, se preciso fosse, poderia aumentar ainda mais seu ritmo e fazer os demais comerem mais poeira do que já estavam comendo.
            Nem mesmo a tão aguardada intervenção do Safety Car, causada por - vejam só, Daniel Ricciardo, futuro piloto da Red Bull na próxima temporada, que errou na curva que passa debaixo de uma das arquibancadas, conseguiu mudar o panorama de vitória da prova. Já de sobreaviso para não ser surpreendido como na largada do início da corrida, Sebastian não deu mole e desapareceu na frente com uma facilidade assustadora, chegando a andar quase 3s mais rápido que os demais. Não havia mais nada que os demais pudessem fazer. A disputa seria apenas para ver quem seria o melhor do "resto". Deu Fernando Alonso, pela 3ª corrida consecutiva, apostando numa tática arriscada de parar uma vez a menos para alcançar o pódio, numa prova onde a Ferrari não tinha o melhor dos ritmos. Mais um feito para o piloto espanhol, que conseguiu dosar o desgaste de seus pneus na medida certa para não ser ameaçado por quem vinha atrás, que apesar de terem pneus mais novos, teriam de ser muito mais velozes na pista para descontar o tempo do pit stop.
            Quem também mereceu aplausos foi Kimmi Raikkonem, que largando de meio do grid, e com dores nas costas, superou todas as adversidades para chegar a um espetacular 3° lugar. E se não tivesse perdido tanto tempo atrás de Jenson Button, que tentou a mesma tática de Alonso de não parar novamente para trocar os pneus, talvez até pudesse ter discutido o 2° lugar com o espanhol. Um sinal de que a Ferrari terá definitivamente a dupla de pilotos mais forte de todo o grid em 2014, só precisando mesmo é dar um carro decente para eles mostrarem do que são capazes.
            Não que seus carros atuais sejam ruins, mas perto do que rende o modelo RB09 da Red Bull nas mãos de Vettel, eles precisarão de carros muito melhores para fazer frente à escuderia dos energéticos, se eles continuarem dispondo do melhor carro da categoria. Porque de sua parte, Vettel está se garantindo na pista. Do contrário, como explicar que Mark Webber, com o mesmo carro, não está assustando ninguém? E quem precisa ter carros mais decentes também é a Mercedes, que possui uma dupla competente, mas que está na mesma posição de Lotus e Ferrari: se seus pilotos não tiverem máquinas mais fortes, eles pouco poderão fazer além de comboiarem Vettel na luta pelas vitórias.
            As táticas diferentes de pneus deram uma pequena agitada na prova noturna na parte final da competição, quando nada menos do que 6 pilotos entraram em luta direta pelas posições pontuáveis restantes. Foi pouco para compensar a monotonia da corrida até então. Vettel dominou de tal forma que durante parte da corrida até foi "esquecido" pela emissora de TV, que preferiu se concentrar onde tinha alguma ação em curso. No final, Vettel chegou com mais de 30s de vantagem. Se resolvesse parar de novo para trocar pneus, ainda voltaria na frente e poderia aumentar sem maiores problemas sua vantagem, pois teria, além do bom carro, pneus novinhos em folha, enquanto seus adversários lutavam entre si e com os pneus, sem conseguirem sobrepujar o binômio Sebastian-RB08.
            Outro ponto negativo da prova de Cingapura foram as vaias que Vettel levou na cerimônia do pódio, totalmente injustas. Certo, ele pode estar guiando o melhor carro da categoria, superior a todos os demais, mas e daí? Ele está fazendo o dever dele, que é extrair todo o potencial da máquina e vencer corridas, algo que Webber não conseguiu fazer ainda este ano, exceto em uma ocasião onde o time ficou com cara de tacho ao mandar o australiano reduzir o ritmo enquanto Vettel ignorou a ordem e venceu a única corrida onde o australiano merecia ter ganho pelo que fez durante a maior parte da prova. Se Sebastian não conseguisse vencer com esta bela máquina que tem em mãos, aí sim as vaias seriam justificáveis. Mas está fazendo seu serviço com tanta competência que praticamente está arrasando a competição, e isso ele não tem a menor culpa, muito pelo contrário. Vai ser tetracampeão com todos os méritos.
            Mas as maiores vaias quem deve levar é a própria F-1, que ao longo dos anos mais do que aceitou e incentivou os times a terem apenas um "galo" em seus dois poleiros, de forma que se fosse possível que Vettel tivesse um companheiro mais à altura, talvez não estivesse dominando com a facilidade que se apresenta. Raramente, contudo, os próprios campeões aceitam dividir espaço e provar a fundo o seu talento, de forma incontestável. A última vez que vimos um duelo pelo título de grandes nomes da velocidade sem ter um clima de guerra declarada dentro do próprio time foi em 1988, na McLaren, quando tiveram como pilotos Ayrton Senna e Alain Prost. De lá para cá, o mais perto disso foi a disputa de Damon Hill e Jacques Villeneuve dentro da Williams em 1996, mas nenhum dos dois poderia ser considerado do naipe dos gigantes da velocidade. Mas isso é outra história. Se Vettel está fazendo sua lição de casa, ele é o menor culpado nesta história toda, o que não se pode falar de Helmut Marko, homem de confiança do dono da escuderia, que prefere que seu protegido não tenha concorrência efetiva dentro do time, a fim de "resguardá-lo" de estresses "desneessários". Pelo que vem mostrando, Sebastian já dá mostras de que pode encarar qualquer um, e até com o mesmo carro, não precisando ser "protegido" de nada, mas isso também é outro assunto.
            O que se conclui nesse momento é que infelizmente não há mais nada o que esperar do campeonato de 2013, a não ser ver quem leva o vice-campeonato. Mas até isso parece meio óbvio: se continuar pilotando como vem fazendo nas últimas corridas, o vice-campeonato é de Alonso e de mais ninguém, embora não seja a posição mais desejada pelo espanhol neste momento. O problema é que ele pouco pode fazer para superar o desnível técnico entre sua Ferrari e a Red Bull, quando esta conta com alguém quase tão talentoso quanto ele, se não já no mesmo nível. E o resto da concorrência, se alternando em altos e baixos, só ajuda mesmo na disputa para ver quem leva o 3° lugar no campeonato, numa briga que deve ficar entre Raikkonem e os pilotos da Mercedes. O resto é apenas o resto, infelizmente, incluído aí Felipe Massa, que passando a correr "livre" em suas últimas provas na Ferrari, não teve um bom começo, levando mais um baile de seu companheiro de equipe espanhol na escuderia italiana.
            Com praticamente todos os times agora concentrados no desenvolvimento de seus projetos para 2014, certos de que nada mais há para conquistar de relevante este ano, o panorama das provas restantes do campeonato de 2013 não permite muitas esperanças. Certo, nada ainda está decidido matematicamente, mas depois do que vimos nas últimas 3 corridas, não dá mesmo para esperar grandes mudanças até a prova final aqui no Brasil. Mesmo que não apresente mais nenhuma evolução, a Red Bull e Vettel continuarão sobrando em relação a todo o resto do pelotão. A menos que chova em todas as corridas restantes, e as provas virem loterias completamente inesperadas, a F-1 em 2013 já era mesmo...
            Que venha 2014 o quanto antes...

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - SETEMBRO DE 2013



            E o mês de setembro já vai indo embora. E sempre nesta época perto do final de cada mês, vem uma edição da COTAÇÃO AUTOBILÍSTICA, fazendo um pequeno balanço de alguns dos acontecimentos deste mês no mundo do esporte a motor, com apresentação no esquema de texto de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura para todos, e espero estar de volta no mês que vem, com mais uma edição da Cotação. E até a próxima postagem...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: Ignorando os adversários, o intrépido alemão da Red Bull venceu as provas da Itália e de Cingapura, enterrando cada vez mais as esperanças dos concorrentes de ainda conseguirem disputar o título, e já deixou Alonso para trás no número de vitórias na história da categoria, ficando agora atrás apenas de Michael Schumacher, Alain Prost, e Ayrton Senna. No ritmo em que vai, o brasileiro será superado no ano que vem, o francês em 2015, e Schumacher...bem, vai demorar, mas seu recorde de vitórias já não parece tão inalcansável quanto afirmavam...

Fernando Alonso: O piloto asturiano tem feito tudo o que pode para manter-se na luta pelo título, mas para muitos, está apenas adiando o inevitável. Mesmo assim, Alonso foi 2° colocado nas últimas corridas, mesmo quando o carro da Ferrari não parecia ter condições de lhe permitir tal resultado. Mas, por mais que faça o possível e o impossível, ele só tem visto seu principal adversário ir aumentando cada vez mais sua vantagem, ficando praticamente com uma das mãos na taça. Pelo menos na pista o espanhol está mostrando porque vale a pena tê-lo como piloto. Fora da pista, o lance ainda são outros quinhentos, como mostra sua relação recente com o time, ainda estremecida nos bastidores...

Jorge Lorenzo: O piloto espanhol da Yamaha não se dá por vencido, e mesmo com a deslanchada de Marc Márquez rumo ao título da MotoGP, vai vender caro a disputa. O atual bicampeão deu um verdadeiro show nas etapas de Silverstone e Misano, conquistando duas vitórias cruciais, e voltando a mirar um título que já parecia destinado a ficar apenas com os pilotos da Honda. Lorenzo empatou com Dani Pedrosa na classificação, e apesar de estar 34 pontos atrás do garoto prodígio Márquez, tem esperanças de virar o jogo nas 5 etapas que faltam para fechar o campeonato. Vai ser uma tarefa bem difícil, mas Jorge vem decidido a dar tudo por tudo. Se vai conseguir, é outra história, mas o show da competição está garantido...

Kimmi Raikkonen: O piloto finlandês, depois de ser dispensado pela Ferrari em 2009 por estar "desinteressado" pela F-1, vai retornar a Maranello em grande estilo em 2014, onde fará com Alonso a dupla mais forte de todo o grid. Faltará a Ferrari dar um carro verdadeiramente competitivo para fazer da equipe vermelha a escuderia a ser batida. E já se prevê que o clima interno no time será sujeito a várias tempestades, a se levar em conta o temperamento do espanhol, que não aceita levar desaforo para cara, ainda mais ser superado por um companheiro de equipe. Raikkonen. com seu jeitão "tô nem aí" para as adversidades, vai precisar manter a cabeça fria mais do que nunca para encarar o furação asturiano, que até agora tem conseguido destroçar todos os seus companheiros de equipe, à exceção de Lewis Hamilton na McLaren em 2007...

Juan Pablo Montoya: O piloto colombiano, de aviso prévio da equipe Ganassi na Nascar, passou a ser cortejado pela Andretti Autosports, visando contratar o campeão da F-Indy de 1999 para competir na Indy Racing League na próxima temporada. Mas, quando se parecia que ele ainda permaneceria na Stock Car americana, foi Roger Penske quem se adiantou e garantiu a contratação de Montoya para seu time em 2014, quando voltará a competir com 3 carros em tempo integral, contando também com Hélio Castro Neves e Will Power. Resta agora a Juan Pablo entrar em um regime de guerra para conseguir entrar de novo em um monoposto de competição, o qual não pilota desde que saiu da F-1 em 2006. Felizmente, ele terá pelo menos 6 meses para isso. O interesse e a contratação de Montoya por duas escuderias de ponta da IRL mostra que o colombiano ainda tem muita fama pelas performances exibidas na antiga F-Indy. Resta saber se ele ainda será capaz de voltar a exibir as mesmas performances, depois de tanto tempo afastado de uma categoria Indy...



NA MESMA:

Mundial de Rali: Sebastian Ogier por pouco não comemorou antecipadamente o título ao vencer a etapa da Austrália. Thierry Neuville, com o 2° lugar, ainda tem chances matemáticas, mas ninguém mais espera nenhum milagre, e Ogier deve comemorar enfim o título na próxima etapa, justamente na França, seu país. Depois, ainda terá mais 2 etapas, onde a briga pelo vice deve ser um pouco mais interessante, entre Neuville, Jari-Matti Latvala, e Mikko Hirvonen.

Mundial de Endurance: Mais uma etapa do campeonato de endurance, e mais uma vitória da Audi. Assim, foram 5 provas em 2013, com 5 vitórias da fábrica das quatro argolas vendo seus modelos R18 largando poeira em cima da concorrência, para desespero dos japoneses da Toyota, que chegaram mostrando disposição no ano passado e acenderam a luz amarela na Audi, que tratou de colocar as coisas em seu devido lugar. Os japoneses tentam endurecer o jogo, e estão até chegando perto dos alemães, mas a folga da Audi ainda parece forte o suficiente para neutralizar a ameaça nipônica. Melhor esperar por melhores dias em 2014, quando terá ainda mais competição, com a volta da Porshe. E a Audi já avisa que está preparada...

Disputa na Indy Racing League: A 3 provas do fim do campeonato, a briga parece polarizada entre o brasileiro Hélio Castro Neves e o neozelandês Scott Dixon. Mas, enquanto o brasileiro parece não ter fôlego para disputar as primeiras posições nas corridas, ele tem tido a sorte de terminar todas as provas em posições até razoáveis. Por outro lado, Dixon, apesar de estar sempre cotado para vencer nas últimas provas, tem enfrentado uma série de percalços que arruinaram as possibilidades de obter melhores resultados, o que o fez ficar um pouco para trás em relação a Helinho, que tem 49 pontos de vantagem para o rival da Ganassi. Mas isso não garante que o brasileiro esteja com a situação tranquila. Basta lembrar o que viveu seu companheiro de equipe Will Power nos últimos anos, quando sempre parecia estar com título quase assegurado, e o viu escapar em todas as ocasiões. Hélio vai conseguir escapar desta sina? A conferir neste fim de campeonato em outubro...

Transmissão da F-1 na Globo: Quem temia que sem um brasileiro poderíamos ficar sem F-1 na Tv aberta nacional, pode respirar aliviado, por pelo menos mais um ano: a Globo anunciou em pleno Jornal Nacional que já renovou seu contrato de patrocínio com todas as cotas vendidas para a transmissão da categoria máxima do automobilismo na próxima temporada. Para quem gosta de corridas, é uma boa notícia. Resta agora a Globo melhorar o conteúdo de sua transmissão, e quem sabe, aproveitar para fidelizar o fã que gosta por gostar do automobilismo, e não ficar dependente de termos ou não um piloto na categoria...

Equipe Red Bull: Desde que a F-1 voltou das férias do verão europeu, a Red Bull venceu todas as corridas, e pelo andar do equilibrado modelo RB09 nas mãos de Sebastian Vettel, que caminha a passos largos para o título, se melhorar, estraga, como diz o ditado. Com os adversários se debatendo, e já focando nos carros do ano que vem, não há porque melhorar os carros deste ano, que já não têm rivais, desde que nas mãos do piloto certo...



EM BAIXA:

Felipe Massa: Enfim, acabou-se a permanência do brasileiro em Maranello, onde já tinha convivência há praticamente uma década, se contarmos que desde que chegou à F-1 já era piloto da escuderia italiana. Livre para buscar novos caminhos, Massa terá de batalhar por uma vaga, já que seu nome não é tão valorizado como já foi há alguns anos, e arrumar patrocinadores deverá ser vital para garantir um lugar na F-1 em 2014. Infelizmente, em sua primeira corrida "livre" para fazer sua prova, em Cingapura, Felipe acabou errando na estratégia, e levou um baile de Fernando Alonso, o que não ajuda muito em sua autopromoção. Apesar de ter alguns times em vista, se aparecer um nome de talento com uma boa mala de dinheiro junto em patrocínio, o brasileiro fica em clara desvantagem. Mas nem tudo está perdido, e a julgar pela calmaria de Massa, algum trunfo ele tem na manga do macacão. Resta saber se vai garantir mais um ano na categoria...

Valentino Rossi: O "Doutor", um dos maiores nomes do motociclismo mundial, virou praticamente um coadjuvante de luxo no atual campeonato da MotoGP. Há 4 provas que o italiano vem terminando sempre abaixo do pódio, ocupado sempre pela trinca de destaque da competição, Márquez, Pedrosa, e Lorenzo. E ainda está com sua posição no campeonato ameaçada pela turma que vem logo a seguir, como Carl Cruthlow, que vem fazendo um campeonato razoável para o equipamento que tem. Enquanto seu companheiro de equipe tenta manter-se firme na luta pelo título, esperava-se mais de Valentino no seu retorno à Yamaha, depois de penar dois anos com as motos pouco competitivas da Ducati. Pelo jeito, o italiano vai demorar a conseguir encantar novamente seus torcedores como antigamente...

Campeonato 2013 da Fórmula 1: Diferente do ano passado, quando conhecemos o campeão apenas na última corrida, o campeonato deste ano da categoria máxima do automobilismo já tem praticamente seu campeão definido, bastando apenas ver em qual etapa o caneco estará definitivamente assegurado por Sebastian Vettel. Restará a luta pelo vice-campeonato, que tem maiores chances de se prolongar, mas pelo que se viu nas últimas etapas, o vice deve ficar com Fernando Alonso, mais uma vez. Resta a briga pelo 3° lugar, entre Kimmi Raikkonen, Lewis Hamilton, e quem sabe, Mark Webber e Nico Rosberg, mas esta luta já não está empolgando ninguém, e muitos querem que 2013 acabe logo e que chegue 2014...

Seis Horas de São Paulo: A etapa brasileira do campeonato de Endurance teve uma melhor organização este ano, e contou também com um público melhor em relação à edição de 2012, mas mesmo assim, a etapa ainda está capengando no calendário do Mundial de Endurance, que de todas as etapas listas para o campeonato de 2014, tem na prova brasileira a única com sua realização não garantida plenamente. Por mais que Émerson Fittipaldi se esforce para promover e reforçar o leque de atrações da prova em Interlagos, pegou mal o calote que várias empresas levaram na corrida do ano passado, com dívidas que ainda não foram quitadas, o que não ajuda nem um pouco quando se tenta promover uma corrida de um campeonato mundial. Émerson vai ter de suar mais ainda para garantir que a corrida aconteça no próximo ano, e ainda torcer para o público colaborar mais, num país onde muitos só conhecem mesmo é a F-1...

Automobilismo brasileiro: Com o ambiente ruim pela possibilidade real de não termos mais um piloto na F-1 em 2014, consequência da péssima gestão da CBA no automobilismo nacional, que virou uma pálida sombra do que já foi um dia, ainda temos as novelas malfadadas do "futuro" cada vez mais longe autódromo carioca em Deodoro, e agora, mais um rolo é trazido à tona pela equipe do site Grande Prêmio, mostrando um festival de irregularidades envolvendo o autódromo de Brasília, que mostra que, assim como outros endereços considerados "nobres" da capital federal, está mais sujo que pau de galinheiro. Descaso, politicagens, dirigentes picaretas e toda uma sorte de más condutas, não é surpresa nenhuma o atual panorama do automobilismo em nosso país, um triste retrato de um país que está carcomido em vários de seus órgãos por gente nefasta que precisa ser urgentemente varrida do mapa, antes que eles varram nosso país para a sarjeta do mundo...

 



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

IMPLOSÃO DA INDY



Propaganda da Temporada da IRL 2013 antes do início do campeonato. Euforia que só durava até a primeira etapa na TV aberta.... Agora, a Bandeirantes puxa o carro totalmente.

            Depois do anúncio contundente (para nós, brasileiros), de que Felipe Massa não mais correrá pela Ferrari em 2014, e ficarmos na expectativa de não termos mais nenhum representante na categoria máxima do automobilismo na próxima temporada, visto que o destino de Felipe para o próximo ano ainda é totalmente incerto quanto às possibilidades de achar um lugar decente para competir na F-1, existe outro terremoto de acontecimentos ocorrendo aqui mesmo no Brasil, e aproveito para comentar agora este outro assunto.
            Este outro assunto a que me refiro, e que também está dando muita margem a especulação e o que irá acontecer de fato, é sobre o destino da Indy Racing League no Brasil. A Rede Bandeirantes, que transmite o campeonato de monopostos americano para nosso país, e é parceira na realização, junto com a Prefeitura Municipal de São Paulo, da etapa brasileira do campeonato, estaria desistindo de transmitir não apenas a categoria, mas também de realizar a prova brasileira.
            A emissora do Morumbi passa por dificuldades financeiras, e recentemente, demitiu vários profissionais em seu quadro, com números que chegam a cerca de 10% do seu total de funcionários. Internamente, a ordem seria cancelar também todos os programas que não tenham suporte financeiro completo de patrocínio, e dentro dessa diretiva, a emissora também iria desistir de transmitir certos eventos que não tivessem uma boa relação custo/audiência. E a IRL seria uma destas vítimas. Comenta-se que a Bandeirantes já teria recusado renovar seu contrato para transmitir a competição em 2014. E, por tabela, também sairia por completo da organização da etapa brasileira, que há 4 anos está presente no calendário, apesar de a mesma ter sido renovada para ser realizada praticamente até o fim da presente década.
            A confirmar este cenário, pode-se dizer que a IRL praticamente implodiria no Brasil, e os fãs do automobilismo ficariam apenas com a F-1 como opção de competição na TV aberta, no quesito monopostos. Num momento em que um brasileiro, Hélio Castro Neves, lidera a competição,  e tem boas chances de conquistar o título, e nosso outro representante na competição, Tony Kanaan, conseguiu vencer este ano as 500 Milhas de Indianápolis, a prova mais importante do automobilismo americano e uma das mais famosas corridas do mundo inteiro, chega a ser contraditória a atitude da emissora paulista, que ao invés de tentar capitalizar com o momento, resolve tomar atitude oposta, como se a categoria americana, de um momento para o outro, tivesse virado uma "batata quente" nas mãos da rede de TV.
            Para a Bandeirantes, em virtude do aperto financeiro, a audiência das provas da categoria não seriam mais atrativas a fim de manter o esquema de transmissão. E a saída seria completa: não haveria mais transmissão não apenas na TV aberta, como também seria rifada de seu canal pago, o Bandsports. E, com comentários internos alegando que a emissora não querer passar as provas da categoria "nem de graça", isso significaria um rompimento radical na transmissão da IRL, que tem suas provas veiculadas há anos pela emissora.
            Se por um lado a Bandeirantes tem total liberdade para decidir o que quer ou não transmitir, o fato de resolver desistir da Indy Racing League apenas coroa uma atitude equivocada e desinteressada de transmitir a categoria, e que não é de hoje. Todo início de campeonato, a Bandeirantes faz o maior estardalhaço anunciando a competição, que muitas vezes apresenta mais oportunidades e equilíbrio do que a F-1. Neste ano, por exemplo, a Bandeirantes enviou equipe completa para a primeira prova do campeonato, em São Petesburgo, na Flórida, dando um bom tratamento à competição, com transmissão ao vivo na TV aberta. Mas, a seguir, já para a prova seguinte, em Barber, no Alabama, o que vimos? A prova foi transmitida sem maior alarde e divulgação somente pelo Bandsports, o canal pago, e toda a atenção dedicada à categoria na prova de abertura praticamente esvaiu-se. A atenção devida só retornaria aqui em São Paulo, para a disputa da etapa brasileira, por motivos mais do que óbvios. Manteve o nível para a prova seguinte, a Indy500, a mais importante do calendário da competição, e depois disso, as corridas praticamente foram empurradas para o Bandsports, com raras aparições na TV aberta, e divulgação a desejar. Desse jeito, a coisa não emplaca mesmo.
            Não é nem questão de querer questionar o que dá mais retorno de audiência, pois o futebol tem prioridade mais do que conhecida. O problema mesmo é a Bandeirantes não estabelecer um projeto e programa decente para exibir e promover a competição de forma a fidelizar o fã de automobilismo, e procurar aumentar a base de telespectadores. Sabendo por experiência própria que os horários de várias corridas vão bater de frente com o futebol aos domingos, a emissora não se dá ao trabalho de estabelecer um plano de exibição para mostrar a corrida, de forma coerente, mesmo que não seja ao vivo, para as provas onde isso seja necessário. Quem sai perdendo é o telespectador fã de corridas, que volta e meia vê a competição na TV aberta, depois precisa mudar para a TV paga, volta-se para a TV aberta novamente, e de vez em quando, vê a corrida sendo transmitida tanto na Bandeirantes quanto no Bandsports, ao mesmo tempo, com duas equipes diferentes na narração/comentários. E isso considerando o fã ou telespectador que tenha acesso à TV paga, e ao canal Bandsports. E quem tem apenas a opção da TV aberta, como fica?
A corrida brasileira no campeonato também deverá ir para o brejo, na pior das hipóteses.
            Com esse esquema de exibição estilo roleta russa, é complicado fidelizar o telespectador. E é mais complicado ainda pelo histórico da competição: a Indy Racing League nunca teve muita repercussão no Brasil, onde o interesse pela F-1 ainda predomina entre o público fã de automobilismo na TV aberta, ganhando de lavada sobre as outras competições transmitidas por nossas emissoras, como a Stock Car e a Fórmula Truck. Mas não seria a primeira vez que uma categoria Indy seria menosprezada e maltratada por aqui. Na década de 1990, a F-Indy original também sofreu com o descaso de nossas emissoras.
            Na segunda metade daquela década, a TVS/SBT, que detinha os direitos de transmissão, e vinha fazendo um serviço de qualidade, tendo até ganho prêmio de melhor emissora que transmitia a F-Indy para fora dos EUA, de um momento para o outro, simplesmente rebaixou a categoria em sua grade de programação. O estopim da briga foi causado por Gugu Liberato, que estava cansado de ver seu programa Domingo Legal ser interrompido para a exibição das provas. Ele teria batido de frente com Silvio Santos, ameaçando deixar a emissora, se as corridas continuassem sendo transmitidas em seu horário habitual. Silvio, que sempre teve um histórico de altos e baixos na condução da programação de sua emissora, acabou cedendo. De primeiro, cortou toda a equipe de profissionais que era enviada aos locais das corridas, passando a fazer transmissão direta de estúdio, e não mais “in loco”. Depois, todas as provas passaram a ser exibidas em VT no pior horário possível: à meia-noite de domingo para segunda. Do time restante de transmissão ficou apenas o locutor Téo José, demitindo-se o repórter Luiz Carlos Azenha e o comentarista Celso Miranda.
De nada adiantou a chiadeira dos fãs. Gugu saiu vitorioso na contenda, e os fãs tiveram que se contentar com o horário inglório das transmissões. E tínhamos uma verdadeira legião de pilotos na categoria naqueles tempos, espalhados por todo o grid, em times de ponta, médios, e pequenos. Infelizmente, apesar da quantidade de pilotos no grid, e do talento e reputação de todos, enfrentávamos todo tipo de contratempos, e apesar de ficarmos perto de disputar o título, não chegávamos lá. Todo o entusiasmo, depois que Émerson Fittipaldi teve de abandonar as competições após seu violento acidente em Michigan em 1996, se desvaneceu, e Silvio Santos não se esforçou para reerguer a motivação dos telespectadores. Como consequência, a etapa brasileira da F-Indy também foi para o vinagre, tendo sua última prova, realizada no oval Émerson Fittipaldi, construído dentro do autódromo de Jacarepaguá, em 2000, depois de ter estreado com alarde no campeonato de 1996.
            Ao fim do contrato, a TVS/SBT não renovou a licença das transmissões, que foram adquiridas pela TV Record. A Record pegou um momento bom, pois nossos pilotos enfim superaram o azar que os perseguia, e passamos a vencer com frequência, e Gil de Ferran conquistou dois títulos consecutivos, em 2000 e 2001, sendo seguido por Cristiano da Matta, que também faturou seu caneco, vencendo a competição em 2002. Mas nada disso foi devidamente aproveitado para fidelizar o telespectador e o fã de automobilismo, perdendo-se uma oportunidade única de aproveitar a conquista de três títulos consecutivos na categoria por nossos pilotos. A F-Indy foi parar na RedeTV, que também não melhorou em nada o tratamento apenas básico que a Record dava. O resultado foi o fim das transmissões da F-Indy na TV aberta nacional, tendo seus últimos campeonatos transmitidos no Brasil apenas na TV paga, no Speed Channel. E, depois, a F-Indy infelizmente acabou, com a Indy Racing League ocupando o seu lugar, como sempre desejou Tony George desde que criou esta categoria no racha que promoveu em 1995.
            Abandonando as transmissões, mesmo na hipótese de Hélio Castro Neves conquistar o título, a Bandeirantes perde uma excelente oportunidade de capitalizar com a transmissão da categoria. Mas, nos últimos anos, já perdeu muitas oportunidades fazer isso, e não seria neste momen que, à última hora, tomaria jeito. A esperança do torcedor é que outra emissora se interesse em transmitir as corridas, mas as esperanças, a princípio, são escassas: a Globo, já com a F-1, não iria transmitir este campeonato; a TVS/SBT é um samba do crioulo doido; a Rede TV até hoje não mostrou a que veio; e sobra apenas a Record como opção mais plausível na TV aberta, o que também não significa grande coisa. Nos canais fechados, pode haver mais alternativas: o SporTV já transmitiu a IRL há vários anos atrás, antes da Bandeirantes retomar os direitos da competição, e poderia até pegá-los novamente, se tivesse interesse; o Fox Sports transmite a Nascar, e com seus planos de lançar um segundo canal de esportes no ano que vem, o campeonato Indy poderia ser um acréscimo interessante ao seu leque de opções; e ainda temos a ESPN, que pode pintar na parada. Mas tudo segue totalmente incerto.
            O maior prejuízo seria a perda da etapa brasileira da competição, que depois de cometer alguns erros nas primeiras edições, atingiu um bom grau de organização, e vinha conseguindo bom público, consistindo numa opção válida para quem curte automobilismo. Com o abandono do Grupo Bandeirantes, é muito provável que a prova seja cancelada, pois a Prefeitura de São Paulo dificilmente vai assumir bancar a corrida integralmente. E, mesmo que algum outro grupo adquira os direitos de transmissão, bancar a etapa brasileira é outra história. Havendo transmissão da prova na TV, seja aberta ou fechada, facilitaria para convencer alguma empresa do ramo a assumir a etapa, desde que fosse viabilizada economicamente. Mas, se ninguém se interessar, aí a coisa complica, e a prova de São Paulo pode mesmo entrar na berlinda. A solução seria a possibilidade de a corrida brasileira ser realizada em outro lugar. Já ouve proposta de se criar uma segunda prova no Brasil, muito provavelmente em Porto Alegre, mas as negociações não avançaram. Inicialmente com o título de "GP do Mercosul", as negociações poderiam ser retomadas e assumir a posição da corrida de São Paulo, tornando-se o novo "GP do Brasil". Tudo, porém, ainda não passa de especulação.
            Aliás, a própria Bandeirantes ainda afirma que tudo ainda está sendo analisado, e que é prematuro contar com o fim tanto da transmissão da IRL, quanto do cancelamento da etapa brasileira do certame. Oficialmente, nenhuma decisão ainda foi tomada e nem anunciada, mas nos bastidores, o que se afirma é que tudo já está decidido, restando apenas ser divulgado oficialmente. Talvez a conquista do título da categoria por Hélio Castro Neves, que seria o nosso segundo campeonato ganho na IRL (o primeiro foi conquistado por Tony Kanaan em 2004, quando corria pelo time de Michael Andretti), faça a emissora rever sua decisão, tentando capitalizar com a conquista por parte de um piloto brasileiro, e mantenha a transmissão das provas e a realização da corrida. Como o campeonato só termina agora em outubro, é aguardar para ver o que acontece.
            Se o pior acontecer, quem sai perdendo são os fãs brasileiros de automobilismo, que ficarão com uma opção a menos para acompanhar em nossas emissoras, que já não oferecem muita coisa...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1996 - 30.08.1996



            Em mais um texto antigo da seção Arquivo, trago hoje uma coluna datada de 30 de agosto de 1996, quando saiu o comunicado do fim de um dos mais longevos relacionamentos comerciais da história da Fórmula 1: o fim do patrocínio da Marlboro à equipe McLaren, que já durava desde 1974. Os carros de Woking, apresentando o inconfundível design branco e vermelho, ficaria na saudade, com os carros passando a ostentar o visual prateado, que permanece até hoje, quase 20 anos depois. Uma boa leitura a todos, e até a próxima seção Arquivo...


O FIM DE UMA ERA

            Enfim, saiu o comunicado oficial. Já vinha sendo esperado mas, como tudo o que acontece na Fórmula 1, ainda torcia-se para que isso fosse apenas mais um boato. Mas agora acabou-se todas as expectativas: McLaren e Marlboro não estarão mais juntos em 1997.

            Para todos na F-1, vai ser estranho olhar para os carros daquela que é considerada a segunda equipe mais vitoriosa da F-1, vindo logo abaixo da Ferrari, sem o seu visual tradicional a que já estamos acostumados. Sempre associamos a Marlboro à equipe McLaren. Uma geração inteira se acostumou a ver o logotipo da principal marca da Philip Morris nesta equipe de F-1. Um visual que já se tornou marcante na categoria.

            Com certeza, com o fim do patrocínio da Marlboro à McLaren em 1997, encerra-se aquele que é considerado o mais longo vínculo de um patrocinador e uma equipe de F-1. A McLaren correu pela primeira vez com o logotipo da Marlboro em 1974, tendo ninguém menos do que Émerson Fittipaldi como piloto e sendo logo campeões no mesmo ano. Em 1975, a McLaren seria vice-campeã com Émerson; conquistaria o título de 1976 com James Hunt, sempre apoiados pela Marlboro. Seguiu-se um período de vacas magras da McLaren, sempre ostentando a marca Marlboro em suas carenagens.

            Chega a década de 1980. Ron Dennis assume a direção da McLaren, até então de Teddy Mayer. A equipe é reestruturada e surge a nova McLaren International. Com o mesmo visual há anos, a escuderia inglesa preparava-se para ser o time mais vitorioso da década. Niki Lauda e Alain Prost faturam os títulos de 1984, 1985 e 1986 no campeonato de pilotos, e o de construtores em 1984 e 1985. Apesar de algum declínio em 1987, a escuderia ressurge com tudo em 1988, conquistando o campeonato de forma esmagadora, vencendo nada menos do que 15 das 16 corridas do Mundial. Novas conquistas vem em 1989, 1990 e 1991, sempre com a escuderia no topo. A partir de 1992, a McLaren decaiu na competição, mas sempre mantendo-se entre as vencedoras. Em 1993, a McLaren venceria pela última vez, quando Ayrton Senna ganhou o Grande Prêmio da Austrália, disputado em Adelaide, encerrando-se a temporada daquele ano. De lá para cá, a equipe luta para voltar às vitórias que sempre foram sua marca característica.

            Mais do que o perfil vencedor, a McLaren sempre se notabilizou pelo fiel patrocínio da Marlboro. Nunca uma equipe teve um laço tão longo e duradouro. De 1974 até o fim de 1996, serão 23 anos de apoio ininterrupto. As cores da Marlboro praticamente são a identidade da equipe para muita gente. Um visual que já se tornou clássico na F-1.

            Apenas outro visual se tornou tão carismático na categoria: a lendária Lótus negra com as cores da marca John Player Special. A Lótus ostentou este visual por quase 15 anos. E assim como este visual deixou saudades, o visual tradicional da McLaren de todos estes anos também irá deixar saudades para muitos.

            E por que o fim do patrocínio? Falta de resultados é uma das respostas. Mesmo tentando se reerguer, a Philip Morris decidiu diminuir o valor de seu patrocínio à McLaren, calculado em cerca de US$ 40 milhões, para a metade. Ron Dennis, que não é bobo, não aceitou a parada. Daí o rompimento entre ambos. E o mesmo Ron Dennis já arrumou um bom substituto: a West, outra marca de cigarros, que firmou um acordo de patrocínio à McLaren por cerca de 5 anos. A West já patrocinou a extinta equipe Zackspeed, que participou pela última vez da F-1 em 1989. Aproveitando a excelente popularidade de Michael Schumacher na Alemanha e da F-1, a West resolveu entrar novamente na jogada. E o novo visual dos carros da McLaren já foi definido: por influência da Mercedes, que fornece os motores da escuderia inglesa, os carros passarão a ser prateados em 1997. Para aqueles que acompanharam a F-1 nos anos 1950, sabe que quando a Mercedes competiu, ficou conhecida como “flecha prateada”. Espera-se, agora, com uma recuperação da McLaren, reviver este adjetivo.

            Acaba-se uma era, outra parece ressurgir... Só sei que, até encerrar a temporada, vou aproveitar para admirar os McLaren em suas últimas corridas com o visual a que me acostumei...





A F-Indy volta às pistas neste fim de semana. É a vez do Grande Prêmio de Vancouver, penúltima etapa do campeonato. Depois dos azares enfrentados pela concorrência na última etapa, ninguém mais duvida que a equipe Ganassi conquiste o título com Jimmy Vasser. Mas a esperança é a última que morre. Só que para os pilotos brasileiros, o sonho do título já acabou mesmo...





Mais um abandono da F-1 ao fim da temporada: a Elf, que sempre forneceu lubrificantes e combustíveis para os motores Renault na categoria. Motivos: as constantes restrições impostas pela FIA na manipulação química dos combustíveis, argumentando que isso estaria tolhindo o desenvolvimento dos produtos...





Flavio Briatore, diretor de uma das equipes abastecidas pela Elf, a Benetton, foi rápido no gatilho e já arrumou um novo fornecedor para 1997: a Agip. A Williams, também abastecida pela Elf, ainda não se pronunciou a respeito...





O visual da Ferrari vai mudar novamente em 1997. Com o fim do patrocínio da Marlboro à McLaren, a Philip Morris vai investir mais na escuderia italiana. Com isso, o visual Marlboro nos carros vermelhos deve ser ampliado. A partir de 97, além do vermelho, haverá uma faixa branca na carenagem da Ferrari, similar à usada na década de 1970, e vista pela última vez na temporada de 1993.





Eis aí alguns pilotos em situação delicada na F-1: Mika Hakkinem está pedindo cerca de US$ 8 milhões para renovar com a McLaren, e Ron Dennis diz que só paga a metade; o finlandês pode acabar parando na Jordan. Rubens Barrichello, sem opções no time de Eddie Jordan, pode acabar ir parando na Arrows. No caso de ambos, um retrocesso em suas carreiras.





A Bridgestone pretende mesmo adentrar a F-1 na próxima temporada. Até agora, nos testes, os pneus japoneses têm mostrado desempenho superior aos Goodyear, mas a durabilidade ainda não é lá essas coisas. Mas ainda tem um bom tempo até estrear a temporada 97...





A equipe PacWest já tem definido seus planos para temporada 97 da F-Indy: continuar com os chassis Reynard, e trocar os motores Ford pelos Mercedes, além de mudar para os pneus Firestone. O único empecilho é que a Mercedes já declarou que só vai fornecer seus motores para 8 carros em 97. Descontada a equipe Penske e sua filial Hogan-Penske, sobram apenas 5 carros para disputarem os motores alemães...





Ainda sobre os motores da Indy: a Honda já avisou também que só vai abastecer 6 carros. A equipe Ganassi, assim como a Tasman, estão garantidas. Gil de Ferran também, o que deixa apenas 1 carro sobrando para disputar o motor japonês. O restante vai ter de se virar com os Ford e Toyota, que sinceramente não foram bem este ano...
 


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

QUAL O FUTURO DE FELIPE MASSA?



Felipe Massa enfim estará fora da Ferrari em 2014, e talvez até da F-1...

            Acabou-se o suspense e a expectativa: Felipe Massa, após 8 anos como piloto titular da Ferrari, deixa Maranello ao fim da atual temporada. Para 2014, a Ferrari fez o que muitos achavam impossível: vai alinhar com dois campeões do mundo, Fernando Alonso e Kimmi Raikkonem. Desnecessário dizer que o clima no time italiano vai pegar fogo no próximo ano, mas isso é assunto para outra coluna. No texto de hoje, a ordem é considerar a carreira de Massa e especular o que ele poderá fazer para dar continuidade à sua carreira no próximo ano.
            Para seguir na F-1, infelizmente as opções são poucas. O brasileiro, em que pese o currículo de quase uma década pilotando os carros vermelhos, já foi mais atrativo no mercado. Houve um convite da McLaren, que foi devidamente recusado por acreditar que ficar em Maranello era a melhor opção. Era uma época onde Felipe era candidato natural a vitórias, e chegou até a disputar o título, em 2007 e 2008, sendo que neste último ano, perdeu por apenas 1 ponto, e nos metros finais da última volta do último GP do campeonato. Mas, desde a chegada de Fernando Alonso na Ferrari, o brasileiro acabou sendo cilindrado pelo espanhol, e pela política tacanha de Maranello de que um time deve ter apenas 1 piloto como prioridade.
            Pior: se Rubens Barrichello sempre exibiu certo inconformismo e desconforto por vezes público demais com esta política, por mais que soubesse que estava determinado nos contratos que assinara, Felipe Massa assumiu a postura de "subalterno" com uma passividade por vezes desconcertante para um piloto combativo como ele. Se foi profissional ao extremo nisso, como manda o figurino do bom funcionário que obedece ao patrão sem titubear, por outro lado mostrou que nunca se recuperou totalmente do ocorrido no GP da Alemanha de 2010, quando o time ordenou que ele cedesse a liderança, e por conseguinte, a vitória naquela corrida, a Fernando Alonso. De lá para cá, seu percentual de boas apresentações se reduziu sobremaneira, mostrando que o baque foi maior do que ele próprio preferia acreditar, sabendo que isso poderia acontecer, mais cedo ou mais tarde.
            Com Alonso centralizador como é, Felipe precisava achar brechas para buscar recuperar seu espaço. Infelizmente, o espanhol sabe ser muito esperto no jogo dentro dos boxes. Restava a Massa pelo menos ficar o mais próximo possível de Fernando na pista, para abocanhar as oportunidades que aparecessem quando algo desse errado com o asturiano. Mas nem isso foi possível. Além de Alonso ser melhor piloto, Massa nunca conseguiu dar mostras de superar as limitações dos carros que pilotou na categoria, ao contrário de Rubens Barrichello, que volta e meia conseguia surpreender a todos, embora não com a frequência necessária para inverter o jogo a seu favor, como pilotos como Michael Schumacher e Fernando Alonso conseguiam fazer. O único ponto positivo é que Felipe, aceitando praticamente tudo que a Ferrari impunha sem discordar ou manifestar desconforto em público com tal política de gestão esportiva, garantiu do time uma paciência e tolerância sem precedentes para com o brasileiro.
            Mesmo sacrificado ao extremo pela passional mídia italiana, Massa estava garantido em Maranello, pois não incomodava Alonso, e por isso, tinha até no espanhol seu maior defensor de permanência na escuderia. Mas mesmo assim, Felipe ficou na corda bamba em vários momentos, mas conseguiu seguir adiante na Ferrari, até agora. Vendo o panorama das últimas temporadas, a situação parece até a mesma: Alonso disputa o título, enquanto Felipe está praticamente 100 pontos atrás do espanhol na tabela. Com a mudança técnica que haverá em 2014, com os novos motores turbo e regras de construção dos carros, uma mudança de pilotos agora poderia ser contraproducente. Mas a Ferrari o fez, e com o piloto que tem tudo para causar celeuma em sua "prima dona" dentro do time, a menos que Alonso tenha aprendido a conviver com competição interna, o que duvido muito.
            A meu ver, Massa perdeu seu posto não apenas pelos fracos resultados dos últimos anos em um aspecto geral, mas também por causa de Fernando Alonso. O espanhol, sempre defensor da permanência de Felipe no time, por saber que podia dar conta do brasileiro sem maiores problemas, fez a Ferrari perder a paciência com ele, por suas críticas ao desenvolvimento do carro não ser como ele esperava, e ainda ter se oferecido, através de seu empresário, para a Red Bull. Elogiar publicamente o carro do rival também não foi bem digerido por Luca de Montezemolo, que irado, resolveu botar o espanhol em seu devido lugar. Se Alonso sentiu o golpe velado da bronca, e passou a falar pianinho conforme manda o figurino do time italiano, que nestas horas parece até a máfia italiana, sentiu. Mas, como que para dar uma lição em Fernando, o time resolveu lhe dar sarna para se coçar, contratando um piloto que sem dúvida vai dar trabalho na pista em 2014 ao espanhol, que vai deixar de reinar absoluto na escuderia, possivelmente o pior castigo que a Ferrari poderia lhe impôr. Fernando, mais do que nunca, vai ter de provar na pista ser tudo o que alega ser, reputação que sofreu um sério baque quando dividiu a McLaren com Lewis Hamilton, que logo colocou a posição de bicampeão do asturiano em xeque.
            Alguém tinha que dançar nesta equação, e como a Ferrari não seria louca de deixar o espanhol ir embora, com o receio de aparecer um time, mesmo a Lotus, que sob seu comando poderia virar um adversário potencialmente perigoso, foi Massa quem teve de ser sacrificado. Mas sair da Ferrari pode ser o que Felipe necessita para reencontrar a si mesmo definitivamente como piloto, e tentar redescobrir seu verdadeiro potencial de competição em novos ares. Neste ponto, as opções para Massa, entretanto, parecem escassas.
            A Lotus, que muitos falam poderia ficar facilmente com o brasileiro, seria a opção mais agradável. Um time sem a politicagem da escuderia de Maranello, e com potencial de surpreender. Massa seria agora um azarão na luta por vitórias, mas teria muita liberdade para mostrar novamente do que é capaz, podendo novamente surpreender seus adversários. Mas o time de Enstone anda mal das pernas financeiramente, tendo atraso boa parte dos salários devidos a Raikkonem, e mesmo tendo feito algumas parcerias que podem garantir um melhor fluxo de caixa, e alguns dizem, até um retorno da Renault como sócia proprietária do time, é muito certo que o brasileiro precise levantar fundos para melhorar seu cacife de negociação. Mas Massa não tem patrocinadores no momento, e vai precisar achar quem esteja interessado em apoiá-lo na luta por um lugar na F-1. Eric Boullier garantiu que o brasileiro é uma hipótese a ser considerada, mas tem mais gente na parada, como Nico Hulkenberg, que tem como atrativo ser mais jovem que o brasileiro, e ter possibilidade de angariar fundos mais facilmente, embora também esteja precisando arrumar verba para reforçar sua posição à mesa de negociação. Romain Grossjean ainda é uma incógnita, mas tem como padrinhos o próprio Eric Boullier, além do apoio da Total, e isso joga a seu favor, além do fato de estar se metendo em muito menos confusão do que no ano passado. Por outro lado, a longa experiência de quase uma década em Maranello é um handicap considerável a favor de Felipe, que poderia certamente ser muito útil para o desenvolvimento do carro na próxima temporada, cacife que nem Grossjean nem Hulkenberg podem igualar.
            A Sauber, hipótese ventilada por outros, é praticamente carta fora do baralho. O acordo feito com os russos impõe que o jovem piloto Sergey Sirotkim seja piloto titular em 2014, e o outro piloto da escuderia é o jovem Esteban Gutiérrez, que traz um polpudo patrocínio das empresas de Carlos Slim. A Ferrari poderia dar desconto nos motores para o time suíço caso contratasse Massa, mas seria preciso praticamente ceder os motores de graça para contrabalançar a verba de patrocínio trazida por Gutiérrez. E isso a Ferrari não vai fazer. Muito pelo contrário, a Sauber, mesmo com o apoio da verba russa, precisa de reforço financeiro, e o patrocínio que vem junto com Gutiérrez não se pode desprezar, a não ser que o piloto mexicano seja um verdadeiro desastre na pista, tornando sua permanência um problema maior que chegue a inviabilizar o patrocínio que traz.
O ponto alto de Felipe na escuderia italiana: vitória no Brasil em 2006 com direito a macacão personalizado na prova de despedida de Michael Schumacher. Tudo parecia indicar que o brasileiro enfim teria tudo para virar um dos gigantes da F-1, mas...
            Alguém cogitou de uma possibilidade na McLaren, mas é tremendamente remota. O time deve manter Jenson Button, e como fim do patrocínio da Vodafone ao fim deste ano, a presença de Sérgio Perez deve trazer o patrocínio da Telmex para o time de Woking no próximo ano, e mesmo sendo um time de ponta, com maior facilidade de encontrar patrocinadores, não seria bobo de jogar uma verba dessas fora. Perez ainda não desencantou na McLaren, mas parece estar se acertando aos poucos, e já anda com mais consistência e próximo de Jenson. A menos que comece a fazer barbeiragens nas provas que faltam, dificilmente sairá da McLaren em 2014.
            A Williams deve manter sua dupla em 2014, e fora disso, as oportunidades são nos times nanicos da Caterham e Marussia, que certamente não estão nos planos de Felipe nem na mais desesperadora das situações. Mas claro que, apesar de toda a argumentação feita acima, ainda há espaço para surgirem algumas surpresas com relação ao destino de Massa em 2014, ainda na F-1. Pela tranquilidade com que anunciou sua saída de Maranello, com certeza há negociações em andamento, e talvez com boas possibilidades, embora ainda seja totalmente incerto se Felipe estará no grid ou não no próximo ano. Para os fãs do piloto de Botucatu, esta é a única esperança que possuem: que haja algo inesperado que garanta Massa na categoria máxima do automobilismo na próxima temporada. Difícil, mas não impossível.
            Um dado que ajuda o brasileiro é o apoio que tem de Bernie Ecclestone, o manda-chuva da FOM e dono da F-1, que tem muito interesse em que o brasileiro permaneça no grid, pelo fato de o GP do Brasil ser um dos mais populares e rentáveis GPs do calendário. É um apoio moral considerável, resta saber o que vem além disso. E sua tranquilidade também pode significar que o trabalho de obter patrocinadores que ajudem a viabilizar sua contratação pode ser menos trabalhosa do que muitos esperam, e com certeza, se algo já está em vias de ser fechado neste sentido, está sendo muito bem escondido de todos.
            Na pior das hipóteses, se nada der certo, e Felipe tiver de sair da F-1 mesmo em 2014, ele não tem do que se envergonhar: com o encerramento desta temporada, o brasileiro será o segundo piloto com mais provas disputadas pelo time italiano, com 139 GPs ao volante de uma Ferrari, 11 vitórias, e 15 pole-positions, além de um vice-campeonato. Não são números modestos, exceto claro para aquela turma de "torcedores" brasileiros para quem acha que se o brasileiro não conseguiu ser campeão, não serve para nada, além do tradicional chavão de que é uma "vergonha nacional", "mercenário", entre outras coisas. E este povo continua não aprendendo nada mesmo, pois já vi um sem-número de mensagens na internet dizendo que Massa "já ía tarde", entre outras colocações menos educadas. Felipe cumpriu sua obrigação com profissionalismo perante o time que defendeu, e se isso decepcionou quem esperava dele a oportunidade de vermos um novo campeão na F-1, problema dos torcedores, sempre revoltados quando um dos nossos não vence.
            Simplesmente não deu. Felipe teve sua oportunidade, mas como nobremente afirmou na época, "ganhava-se ou perdia-se juntos", ao reconhecer que o mundial de 2008 foi perdido por falhas tanto da Ferrari quanto dele próprio. Um gesto de honestidade e caráter que não se vê todo dia. Àqueles que apregoam sem descanso que Felipe, tal como Rubens Barrichello, só envergonharam nossa nação, respondo com a resposta de sempre: quem envergonha mesmo o Brasil são nossos políticos, cada vez mais irresponsáveis e vigaristas, e que não honram nem por um minuto os votos que recebem dos eleitores, os quais são sumariamente abandonados tão logo eles tomam posse de seus cargos, com raríssimas exceções.
            Se a carreira de Massa na F-1 de fato acabar, há vida fora da categoria máxima do automobilismo, como o DTM, o WEC, a Stock Car, a Indy Racing League, e várias outras categorias de competição onde ele poderia dar seguimento a sua carreira de piloto. E isso é algo que diz respeito apenas a Felipe Massa e ninguém mais. Seus torcedores "reais" irão entender quaisquer decisões que ele tomar a respeito, e respeitar sua escolha. No momento, ficamos apenas com a expectativa de qual será seu destino no próximo ano, se irá conseguir permanecer na F-1, irá para outro certame, ou na mais radical das decisões, encerrará a carreira. Até for divulgado seu destino, aguardemos...