sexta-feira, 29 de julho de 2022

SEB DÁ ADEUS

Sebastian Vettel, que defendeu a Aston Martin em 2021 e neste ano, anunciou que vai pendurar o capacete no fim do ano.

            A Fórmula 1 chegou a Budapeste para a disputa do Grande Prêmio da Hungria, no tradicional circuito de Hungaroring, na última prova antes das “férias” de agosto, quando a categoria máxima do automobilismo faz uma pequena pausa, e retorna apenas no dia 28 de agosto, com a prova da Bélgica. E o assunto do momento no paddock é o anúncio feito ontem por Sebastian Vettel, de que irá se aposentar ao fim da atual temporada, deixando não apenas a equipe Aston Martin, mas a própria F-1, desfalcando o grid para 2023. E, a julgar por suas palavras, é um adeus a todo o mundo do automobilismo, quando fala que quer se dedicar à família e aos filhos. Com 35 anos, e praticamente 17 temporadas só na F-1, ele acha que sua carreira já deu o que tinha de dar, e vai se dedicar a outros projetos.

            Não deixa de ser uma perda no grid da F-1, que ficará com um campeão a menos no grid no próximo ano, e abre uma vaga que poderia até ser tentadora, não fosse a Aston Martin esbanjar recursos, mas também incompetência em produzir um carro competitivo, curiosamente uma equação inversa de quando o time era a Force India, que vivia com o orçamento contado, mas sabia fazer render o máximo com bons projetos. A falta de competitividade do time certamente pesou na decisão do piloto alemão, que ainda procurava redimir-se na categoria máxima do automobilismo, depois de ter sido praticamente rifado pela Ferrari ainda na primeira metade de 2020, depois de duas temporadas de resultados aquém do que o time italiano desejava. Saudado como redentor do time em sua chegada a Maranello em 2016, Vettel cativou o time italiano, vestindo a camisa da escuderia como poucos. Mas, infelizmente, o piloto acabou vítima da supremacia da Mercedes entre 2014 e 2020, onde teve poucas chances da Ferrari duelar de maneira aberta contra o time alemão. E, com a pressão, e erros cometidos pelo piloto alemão, além de mudanças na organização da Ferrari, fez com que a escuderia perdesse o respeito que deveria ter para com o piloto, que saiu do time pela porta dos fundos, numa tremenda atitude de desrespeito com ele, situação que já havia acontecido com seu antecessor, Fernando Alonso, em 2014.

            Sebastian se despede da F-1 como um de seus maiores nomes. Em 289 GPs disputados, acumulou 53 vitórias, 57 pole-positions, 122 pódios, 38 melhores voltas, 3.076 pontos, e quatro títulos conquistados. Isso deixa Vettel atrás apenas de Lewis Hamilton e Michael Schumacher, os dois heptacampeões da história da F-1; e de Juan Manuel Fangio, o único pentacampeão até aqui. Empatado em número de títulos com o francês Alain Prost, ele fica à frente do “Professor” por ter melhores números nas outras estatísticas. Curiosamente, ao encerrar a temporada deste ano, Sebastian atingirá outra marca invejável: 300 GPs disputados, fechando sua carreira no restrito clube dos pilotos com três centenas de provas em participações.

            Sua estréia ocorreu ainda em 2006, como terceiro piloto da então equipe BMW (que havia comprado a Sauber), tendo participado de cinco sessões de treinos livres no final da temporada daquele ano, tornando-se até então o piloto mais jovem a participar oficial de atividades de um GP de F-1. Sua estréia em corridas foi no GP dos Estados Unidos do ano seguinte, substituindo o lesionado Robert Kubica, que havia se acidentado fortemente no Canadá dias antes, e não pode participar a corrida. Vettel fez bonito, terminando a corrida em 8º lugar, e marcando em sua estréia o seu primeiro ponto na F-1. Mas seria sua única corrida pelo time. Algumas corridas depois, ele assumiria um dos carros da Toro Rosso, em substituição do piloto Scott Speed, terminando a prova da China com um brilhante 4º lugar. Na temporada seguinte ganhou grande destaque ao marcar sua primeira pole-position, no GP da Itália, com a equipe “B” da Red Bull, e ainda por cima, venceu a corrida, disputada sob chuva, mostrando ser um talento diferenciado e com muito mais a mostrar.

Em 2007, a estréia com a BMW Sauber, no GP dos Estados Unidos (acima). No ano seguinte, as primeiras pole e vitória, com a Toro Rosso, no GP da Itália (abaixo).


            E essa chance chegou em 2009, quando foi promovido para a equipe principal, a Red Bull, que conseguiu justamente com ele sua primeira vitória na categoria, novamente na China, onde já tinha dado seu primeiro show dois anos antes. Ele ainda venceria mais 3 provas, e conquistaria o vice-campeonato, perdendo apenas para Jenson Button, da Brawn GP. Extremamente rápido, Sebastian também se notabilizava pelas confusões que arrumava na pista, sendo chamado muitas vezes de “crash kid”, devido aos vários incidentes e batidas que protagonizava. Seu então companheiro da Red Bull, o australiano Mark Webber, era um dos protagonistas da temporada, e favorito ao título, enquanto o jovem alemão era quase um azarão para muitos, mas Vettel soube surpreender na reta final da competição, e conquistar o seu primeiro título, e o primeiro campeonato da Red Bull. E isso mudou completamente o seu status na categoria. E ele mostraria isso nos anos seguintes, conquistando mais três títulos consecutivos, alcançando o tetracampeonato com as conquistas de 2010, 2011, 2012, e 2013, e sendo considerado o sucessor de seu conterrâneo Michael Schumacher, de quem foi um grande admirador.

            A mudança de regulamento, dando início à era híbrida atual da F-1, contudo, mudou a relação de forças na competição, com a ascensão da Mercedes, que passaria a dominar a categoria. Com uma Red Bull menos competitiva, Sebastian acabou superado pelo novo companheiro Daniel Ricciardo em 2014, e resolveu mudar de ares, transferindo-se para a Ferrari, que via nele um novo salvador da pátria, após Fernando Alonso fracassar nas conquistas das temporadas de 2010 e 2012. Seu carisma e dedicação ao time conquistou a todos em Maranello e também à exigente torcida italiana, que queria a todo custo um novo título, vivendo a abstinência da última conquista, de 2007, com Kimi Raikkonem, depois dos anos de fartura da “era” Schumacher. Pode-se dizer que Vettel fez o que pôde, mas o time italiano não conseguia manter uma competitividade à altura para desafiar de fato a equipe alemã, que ia empilhando títulos consecutivos e deixando apenas sobras para os concorrentes. Em determinados momentos de 2017 e 2018, com um carro competitivo, Vettel até se tornou um desafiante efetivo à dupla da Mercedes, mas erros tanto da parte da equipe quanto do piloto acabaram por facilitar as conquistas por parte de Lewis Hamilton e da Mercedes mais do que se esperava. E Vettel começou a se perder no time, enfrentando a pressão sufocante de resultados, e a politicagem da escuderia, e a crucificação da torcida ferrarista, iniciando um ostracismo que indicava uma perigosa decadência como piloto, que apenas em raros momentos voltava a mostrar aquele talento indiscutível que fizera dele um tetracampeão mundial, com os questionamentos de que só ganhou devido ao carro da Red Bull cada vez mais frequentes, minando sua credibilidade como piloto vencedor e grande talento da categoria.

Com a Red Bull, o primeiro título (acima) e uma relação praticamente perfeita, resultando em um tetracampeonato. Na Ferrari (abaixo), fez boas apresentações, mas não conseguiu o título que os italianos tanto almejavam.


            A situação se complicou com a chegada de Charles LeClerc à Ferrari em 2019, com o monegasco a mostrar serviço e obter melhores performances e resultados na escuderia, inclusive vencendo mais e terminando o ano à frente do tetracampeão, que parecia não conseguir mais liderar o time como a Ferrari esperava dele. Na etapa de Singapura daquele ano, ele obteria aquela que seria sua última vitória na F-1. Em 2020, outro baque: a Ferrari comunicou ao piloto que ele estava fora dos planos do time para 2021, em uma temporada que começou somente em julho, devido à pandemia da Covid-19. Especulou-se em sua aposentadoria das pistas até o fim do ano, já que seus resultados de pista ficaram muito distantes dos de LeClerc, com Charles a terminar o ano em 8º lugar, com 98 pontos, enquanto Vettel era apenas o 13º, com meros 33 pontos. Mas ele ganhou uma chance para se reerguer e continuar na F-1, quando foi contratado pela Aston Martin, projeto ambicioso do milionário canadense Lawrence Stroll, que trouxe a tradicional marca inglesa de volta à F-1, e com um projeto de torna-la um time vencedor, com Sebastian capitaneando a escuderia na pista. Longe do ambiente carregado e extremamente politizado da Ferrari, era uma grande chance de apagar as más atuações dos tempos recentes, e resgatar sua reputação como grande campeão.

            Em tese, o projeto, por mais audacioso que fosse, era promissor, pois a até então Force India sempre mostrava que o que lhe faltava eram recursos para ser um time vencedor. E a escuderia havia feito uma excelente temporada em 2020, utilizando um carro baseado no modelo vencedor da Mercedes. Infelizmente, tudo deu errado em 2021, com a nova Aston Martin a não conseguir nem metade dos resultados obtidos pela ex-Racing Point de 2020. Mesmo assim, Vettel mostrou um pouco de sua velha categoria, inclusive conquistando um pódio ao chegar em 2º lugar na etapa do Azerbaijão, no que é até agora seu último pódio na competição. Para este ano, com a adoção de um novo regulamento técnico, esperava-se que a Aston Martin aproveitasse a oportunidade para crescer novamente, mas tudo deu ainda mais errado, com o time ocupando a 9ª posição no campeonato, superando apenas a Williams. Hora de parar. O time ainda o queria para 2023, sabe do que ele é capaz, e que se não está melhor na pista, é por culpa mesmo do carro pouco competitivo. Mas Sebastian confessou, e isso não é novidade há tempos, que já não tinha mais o mesmo prazer e satisfação em pilotar. Na verdade, ele já andava incomodado com muitas outras coisas, que para muitos, só serviram para desviar seu foco e tirar sua determinação de pilotar como antes.

Dois momentos distintos de Sebastian Vettel: com Michael Schumacher (acima), no início da década passada, competindo com seu grande ídolo; e no ano passado (abaixo), com Mick Schumacher, filho de Michael, a quem passou a dar apoio.


            Coisas como defesa do meio ambiente, combate ao racismo, defesa dos direitos da comunidade LBGT, direitos humanos, e um monte de coisas que muita gente considera “dispensável”, e coisa de “lacrador”. Nada mais irreal. Sebastian apenas se deu conta de como muita coisa anda errada neste mundo em que vivemos, e da posição de destaque no esporte, passou a usar isso para chamar atenção e reflexão para estes assuntos, chegando até mesmo a ser criticado por algumas autoridades e cartolas, o que só demonstra como ele estava certo, e ainda está, em defender tais posições. Chegou a questionar até mesmo a existência da F-1 e sua importância para o mundo. Deixou de ser um garoto despreocupado para se tornar um homem sério, e engajado em tentar fazer do mundo um lugar melhor, deixar um legado para o futuro, para as gerações que certamente precisarão lidar com as consequências das atitudes levianas que a humanidade comete em sua vivência atual neste planeta, e que parece ignorar os riscos que vem desencadeando no mundo em que existimos. E, acima de tudo, tornou-se um piloto mais aberto, receptivo, desencanado para alguns. Nunca fez questão de ter redes sociais, algo em que boa parte do planeta parece viver “viciada” hoje em dia, dando mais valor a fake news do que a questões reais.

            De minha parte, não queria vê-lo se despedir tão já. Talvez, mais dois anos, e quem sabe, a chance de fazer a Aston Martin realmente vencedora, tendo novamente a chance de subir ao degrau mais alto do pódio, e calar todos aqueles que o defenestraram injustamente. Sair um pouco mais redimido como piloto, até por satisfação pessoal. Sua ausência fará muita falta no paddock e no grid. Mas ele tem todo o direito de querer se dedicar à sua família. Tem condições de sobra para nunca mais se preocupar em ganhar dinheiro, e com isso, viver como um pai decente e dedicado à esposa e aos filhos, os quais quer não apenas ver crescer, mas estar lá para ajudar, educar, instruir, acompanhar seus crescimentos, etc, e muitas outras coisas importantes, mas que muita gente renega ou ignora hoje em dia.

            Todo adeus costuma ser um pouco triste, alguns mais do que outros. O adeus de “Seb” certamente é um daqueles que vamos sentir bastante...

 

 

A Indycar acelera novamente neste final de semana, com a segunda prova no circuito misto de Indianápolis na temporada. O campeonato entra em sua reta final, faltando cinco provas para o término da temporada, começando pela corrida deste sábado, que terá transmissão ao vivo pela TV Cultura, ESPN4, e Star+. Marcus Ericsson viu sua vantagem na classificação diminuir perigosamente com o resultado da rodada dupla de Iowa, no fim de semana passado, e pode ter sua liderança do campeonato em alto risco, a depender do resultado da corrida de amanhã, sendo a maior ameaça a dupla da Penske, Will Power, e Josef Newgarden. Power foi 2º colocado nas duas provas do pequeno oval de Iowa, enquanto Newgarden só não venceu as duas corridas porque uma quebra de amortecedor traseiro o fez sofrer um acidente na corrida de domingo, depois de dominar com facilidade a prova do sábado. Power está apenas 8 pontos atrás do piloto sueco da Ganassi, e vem mantendo uma forte constância na temporada, sendo um forte candidato na luta pelo título. Newgarden, mesmo com o abandono na última corrida, ainda é uma ameaça significativa, pois já venceu 4 corridas na temporada, e a Penske é sempre candidata à vitória nesta temporada, e o norte-americano quer o tricampeonato, tendo sido vice-campeão nos dois últimos anos. Mas ainda temos também Scott Dixon na jogada, que mesmo sem ter uma temporada brilhante até aqui, também mantém uma boa constância, e costuma crescer nas retas finais dos campeonatos. Vencedor da última corrida, Patrício O’Ward, da McLaren, também é uma potencial ameaça, e se seu time manter o nível de performance, vai vir para cima. Ericsson precisa reagir para neutralizar a aproximação dos rivais, e para isso, nada melhor do que voltar a vencer, como fez nas 500 Milhas de Indianápolis deste ano. Mas a parada está sendo dura, e os rivais não vão dar folga. Vamos ver como Marcus vai se sair neste final de semana. Com os rivais se aproximando, não se pode permitir erros nas provas finais. Será que ele vai conseguir?

 

 

A Formula-E disputa neste final de semana a rodada dupla de Londres, novamente no Excel Arena, com seu traçado que mistura parte externa e interna do centro de exposições localizado na capital britânica. Para este ano, o traçado sofreu uma pequena alteração, com a eliminação de uma curva em cotovelo que no ano passado foi pródiga em batidas de carros de alguns competidores, chegando até a obstruir a passagem dos carros. Com a alteração, o traçado passa a ter 2,141 Km de extensão, com 22 curvas. A fim de dificultar o gerenciamento de energia na corrida, a direção da F-E diminuiu a quantidade de força que os pilotos poderão ter disponíveis na transferência da bateria para o trem de força, que era de 52 Kwh, e para as provas londrinas, será de 48 Kwh. Stoffel Vandoorne, da Mercedes, lidera o campeonato, com 11 pontos de vantagem sobre Edoardo Mortara, da Venturi. Mith Evans, da Jaguar, também está no páreo, com 139 pontos, 16 de desvantagem para o belga da Mercedes. Um pouco mais atrás, Jean-Éric Vergne, da Techeetah, ainda tem chances de se intrometer na luta pelo título, mas, com 128 pontos, sua tarefa é mais difícil na busca pelo tricampeonato, sendo que o francês ainda não conseguiu vencer na temporada 2022. Restando 4 provas, não dá para prever quem poderá se dar melhor nesta reta final do campeonato, e tudo pode acontecer. As corridas de sábado e de domingo terão transmissão ao vivo pela Tv Cultura e SporTV3, a partir das 11:00, nos dois dias. Com a realização dessa rodada dupla, restará apenas a etapa de Seul, na Coréia do Sul, programada para os dias 13 e 14 de agosto.

 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JULHO DE 2022


E nem bem começamos o segundo semestre de 2022, e já estamos chegando ao fim do mês de julho, e como mencionei no mês passado, parece que o ano mal começou outro dia, com o tempo correndo mais rápido do que os bólidos das competições. As principais categorias e campeonatos de automobilismo do mundo seguem em seus campeonatos, com muitas disputas e duelos nos mais variados locais do planeta, e chegando ao fim de mais um mês, é hora de irmos mais uma vez com a edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade neste último mês, com meus comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, tenham todos uma boa leitura, e cuidem-se todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês de agosto...

 

EM ALTA:

 

Max Verstappen: O atual campeão mundial de F-1 segue firme cada vez mais favorito para conquistar o bicampeonato, depois de mais uma vitória na competição, agora no GP da França. Apesar de facilitada pelo erro do rival Charles LeClerc, o holandês vem fazendo uma temporada irrepreensível até aqui, vencendo quando tem chance, e marcando pontos quando não tem condições de chegar em primeiro. E com isso, já acumula uma vantagem considerável para seu principal rival, que precisaria vencer os próximos dois GPs e ainda torcer por abandonos do piloto da Red Bull, para conseguir chegar perto. Ainda é cedo para comemorar, pois a temporada ainda tem 10 provas pela frente, e basta um fim de semana azarado para parte desta vantagem se esvair bastante. Mas, em condições normais, apesar da Ferrari ter novamente um carro mais competitivo, Verstappen tem tirado tudo o que pode da Red Bull, e assim, manter a disputa equilibrada. Só que, sem ter cometido erros na temporada até aqui, ao contrário dos rivais, o piloto holandês disparou na pontuação, de modo que ele pode começar a administrar a situação com muito mais calma a partir daqui, enquanto aos rivais não resta outra opção além de partir para o ataque no tudo ou nada. E, no que depender de Max, os rivais não vão ter muitas chances de reverter as expectativas daqui em diante. Ou capricham na reação, ou melhor começar a pensar na temporada de 2023...

 

Lewis Hamilton: o heptacampeão mundial, depois de fazer algumas corridas decepcionantes na temporada deste ano, parece ter entrado nos eixos, e aproveitando as oportunidades, vem subindo ao pódio nas últimas quatro provas, voltando a superar o companheiro de equipe George Russell, e mostrando que seus títulos não foram apenas obra do excelente carro que possuía. A situação só não está melhor porque, apesar das melhorias implantadas no carro, a Mercedes ainda não está em condições de desafiar abertamente Red Bull e Ferrari na luta por vitórias no campeonato, ainda que em algumas corridas tenha dado a impressão de ter chegado bem perto dos dois times. Mas, mesmo com a melhora no desempenho, o exército de haters e críticos do piloto continua a toda, descendo a lenha no heptacampeão, desmerecendo seus resultados, e com muitos ainda o classificando como “fraude” do mundo do esporte a motor. Hamilton, por outro lado, garante que ainda tem muita lenha para queimar na F-1, e sente pronto para ficar por pelo menos mais quatro anos, o que afasta as expectativas de aposentadoria ao fim da atual temporada, tendo recebido muitos elogios de seu companheiro de time George Russell, que reconhece o valor e a capacidade de Lewis. Com um pouco de sorte, é capaz que o inglês até consiga vencer alguma corrida este ano, mas vai precisar da ajuda de circunstâncias excepcionais para que isso ocorra, já que a Mercedes ainda perde muito em desempenho para os principais rivais Red Bull e Ferrari.

 

Felipe Drugovich: O piloto brasileiro da equipe MP Motorsports segue firme na liderança do campeonato da F-2. Mesmo sem ter conseguido vencer novamente, depois do triunfo na etapa de Monte Carlo, Felipe tem conseguido se manter mais ou menos constante na pontuação, mantendo uma boa vantagem na liderança do campeonato, que no momento, é de 39 pontos sobre o rival mais próximo, o piloto Théo Pourchaire, da equipe ART Grand Prix. O próprio Felipe, contudo, sabe que não pode dar bobeira, e mais do que se manter firme na zona de pontos, precisa voltar a vencer, para não dar a chance de sofrer uma reviravolta na competição, e comprometer seus planos para a próxima temporada. O piloto, aliás, já começa a ficar no radar de alguns times, não necessariamente apenas da F-1, mas até mesmo na Indycar, onde seu nome poderia estar sendo considerado pela Ganassi para ocupar a vaga atual de Álex Palou. Sem boas perspectivas de arrumar uma vaga de titular para a próxima temporada na F-1, e se não for tentar a sorte como piloto de testes ou reserva de alguma escuderia, a ida para a Indycar poderia ser uma boa oportunidade para o piloto brasileiro mostrar a sua capacidade, em um time de comprovada competitividade. Mas o foco de Drugovich é a F-1, e apesar de não considerar uma alternativa a esse objetivo, se a chance aparecer, há que se aproveitar, visto que conseguir uma vaga na categoria máxima do automobilismo não vai ser nada fácil para 2023, haja visto a situação de Oscar Piastri, que muito provavelmente não terá lugar no time da Alpine no próximo ano, que deve renovar com Fernando Alonsoi. Mas, antes de pensar no amanhã, Felipe pensa no hoje, e a conquista do título da F-2 é a meta principal, e com cinco etapas ainda na competição, não se pode baixar a guarda na luta pelo título, por mais favorito que seja no momento...

 

Disputa pelo título na Indycar: O campeonato da categoria norte-americana de monopostos entra em sua reta final de temporada após a rodada dupla no oval de Iowa, com cinco corridas pela frente, e total indefinição de um favorito para levar a taça de campeão. Josef Newgarden, da Penske, dominou as duas provas no pequeno circuito oval, e só não venceu as duas corridas porque bateu no domingo, perdendo uma chance de ouro de assumir a liderança da competição, que segue com o sueco Marcus Ericsson, da Ganassi, que continua se valendo de sua consistência para tentar chegar ao título da temporada. Mas os rivais vêm se aproximando cada vez mais rápido, embolando a disputa, que conta com pelo menos seis pilotos no páreo. Newgarden é o piloto com mais vitórias no ano, mas tem sido mais irregular que os demais. Álex Palou, o atual campeão, ainda não conseguiu vencer em 2022, e depois de se desentender com a Ganassi com relação à sua permanência para o próximo ano, pode ter dado um tiro no pé em sua chances de chegar ao bicampeonato. Will Power vem se mantendo bem constante, e Patricio O’Ward também chegou para a briga ao vencer a segunda prova de Iowa. Scott Dixon, com sua vitória em Toronto, mostrou que ainda não pode ser subestimado, e pode dar uma arrancada nesta fase final. Todos estes seis pilotos estão separados por 44 pontos, o que pode parecer muito, mas num certame tão equilibrado como costuma ser a Indycar, e onde tudo pode acontecer, a situação está longe de ser confortável para qualquer um deles, e a disputa promete boas emoções nas corridas que faltam. Façam suas apostas!

 

Stoffel Vandoorne: O piloto belga da equipe Mercedes na Formula-E vem fundo para tentar o título da categoria de carros monopostos elétricos na reta final da competição de 2022. Aproveitando os problemas enfrentados pelo principal rival, Edoardo Mortara, da Venturi, o belga quer dar a seu time, que está de saída da categoria, a chance de sair por cima, com o título, que seria o segundo campeonato consecutivo da Mercedes na competição, já que o time alemão foi campeão no ano passado com Nyck de Vries, que faz uma temporada menos empolgante. Com quatro provas para encerrar a temporada, Vandoorne abriu 11 pontos de vantagem sobre Mortara, uma diferença pequena, se considerarmos a imprevisibilidade das provas da categoria, onde tudo pode se alterar de uma etapa para outra, e com mais de 100 pontos ainda em jogo. Mas, decidido a repetir o feito obtido em 2021 por De Vries, Stoffel quer encerrar o ano com chave de ouro, e fez excelentes atuações na rodada dupla de Nova Iorque, mantendo-se entre os primeiros colocados, enquanto os rivais se enrolavam nas circunstâncias das corridas. O belga tem feito bom aproveitamento das oportunidades que surgiram nas últimas corridas para reassumir a liderança, mas nada está garantido ainda, e portanto, todo cuidado é pouco, se quiser de fato ser campeão. Mas a ascenção à liderança do certame vem no momento certo, e agora é preciso se concentrar não apenas em manter o ritmo como ampliar a diferença, para evitar quaisquer empecilhos que possam vir a ocorrer.

 

 

 

NA MESMA:

 

Charles LeClerc: O piloto monegasco tem tentado reagir no campeonato de F-1 deste ano, e ir à caça do líder Max Verstappen, mas definitivamente a temporada do piloto da Ferrari tem sido de altos e baixos, sem a constância necessária para aproveitar a chance de ter o melhor carro do momento no campeonato. Depois de vencer de forma dramática a etapa da Áustria, quando apesar da boa performance teve um problema no acelerador que quase o fez perder o triunfo para o rival da Red Bull nas voltas finais, LeClerc tinha tudo para repetir a vitória na etapa da França, em Paul Ricard, onde marcou a pole-position e vinha controlando a corrida apesar da forte pressão do atual campeão do mundo. Mas, eis aí que o piloto errou, perdeu o controle do carro, e bateu, abandonando a corrida, e entregando a vitória de presente para Verstappen, que agora acumula 63 pontos de vantagem na liderança do campeonato, uma diferença quase impossível de ser anulada, diante da condução quase perfeita do holandês até aqui na temporada, enquanto o erro de Charles em Paul Ricard já foi o seu segundo na competição. Como desgraça pouca é bobagem, houve resultados perdidos quando o piloto cumpria sua função com perfeição, mas acabou traído pelo time, que errou na estratégia de corrida, como em Mônaco e na Inglaterra, ou pelo equipamento, como na Espanha e no Azerbaijão, fazendo perder pontos mais do que preciosos na disputa. Mas o que abala mesmo o piloto são os erros que ele próprio cometeu, ciente de que não pode facilitar as coisas para o adversário, ao contrário dos abandonos sofridos pela quebra do carro, que surgiram sem que ele tivesse o menor controle sobre isso, ao contrário dos equívocos de Ímola e Paul Ricard. Mesmo que nada mais de ruim lhe aconteça até o fim do ano, vai ser muito difícil descontar a enorme vantagem acumulada pelo piloto da Red Bull até aqui, se não houver nenhum empecilho que afete o holandês. Mas não se pode ficar esperando um golpe de sorte nessa disputa, quando o imperativo é que o piloto construa sua própria sorte, algo que está ficando cada vez mais difícil de ocorrer...

 

Sergio Sette Câmara: O piloto brasileiro da equipe Dragon Penske na Formula-E já definiu muito bem o principal problema de sua escuderia, que é a falta de ritmo de corrida do carro que tem à sua disposição. O piloto já havia constatado isso há várias etapas atrás, mas esperava que o time conseguisse melhorar o seu equipamento, o que infelizmente não ocorreu, com o carro a mostrar total falta de ritmo para tentar buscar melhores resultados nas corridas. E isso pode ser comprovado de maneira patente na segunda corrida da rodada dupla de Nova Iorque, onde o brasileiro conseguiu fazer uma excelente classificação, largando na 4ª posição do grid. Mas, com a corrida em andamento, ocorreu o que Sergio já esperava: com um ritmo de prova inferior ao dos concorrentes, o brasileiro até que conseguiu resistir por algum tempo, mas foi caindo na classificação, terminando a corrida em um pífio 17º lugar, sendo o último piloto na pista a receber a bandeirada de chegada. E isso na corrida na “casa” da equipe, que é nos Estados Unidos. As prometidas melhorias no trem de força nunca vieram, tanto que o time vai passar a ser cliente de outra marca no próximo ano, no caso o da DS Citroen, que atualmente equipa os carros da Techeetah, o que deve melhorar bastante a competitividade da escuderia, ou pelo menos, é o que se espera, já que as promessas de evolução feitas nas últimas temporadas não se concretizaram, de modo que a Dragon hoje é o pior time do grid do certame de carros elétricos.

 

Fórmula 1 continua na Bandeirantes: Como está, fica. O Grupo Bandeirantes renovou o contrato de transmissão da F-1 por mais três temporadas, o que significa que até o fim de 2025, os fãs da categoria máxima do automobilismo continuarão seguindo as corridas na emissora do Morumbi. Havia especulações de que a Globo, inconformada com a perda dos direitos, e os bons resultados de audiência conseguidos pela Bandeirantes nos horários dos GPs, até poderia retomar a transmissão, e até o SBT teria entrado na jogada, como uma forma de Silvio Santos compensar a perda de transmissão da Copa Libertadores, mas a Liberty Media aparentemente preferiu jogar no seguro, satisfeita com o trabalho, e os resultados demonstrados pela emissora paulista neste ano e meio de transmissão das provas. Se é verdade que os índices de audiência não são os mesmos de quando a categoria era transmitida pela Globo, por outro lado ela é mais qualificada, com mais fãs de fato acompanhando as corridas, e apesar de alguns deslizes, a qualidade das transmissões, e o espaço dedicado pela emissora na TV aberta, e no seu canal fechado Bandsports, tem sido muito bom. Claro que não dá para agradar a todos, e em determinados momentos, é preciso criticar alguns “vícios” da narração na transmissão, e cobrar uma postura mais sóbria e coerente, mas mesmo assim, os fãs atestam que o trabalho da Bandeirantes ainda está acima do oferecido pela Globo em tempos recentes. Que a emissora aproveite a oportunidade para aprimorar os detalhes da transmissão que vem fazendo, a fim de garantir uma futura renovação, e não caia na mesmice, devido ao tempo de folga que terá agora para continuar mostrando a competição.

 

Suzuki fora mesmo da MotoGP 2023: Tendo anunciado que iria deixar a classe rainha do motociclismo, a Suzuki surpreendeu toda a categoria com tal decisão, especialmente seus pilotos, que já estavam tratando de renovar seus contratos com a marca de Hamamatsu para os próximos dois anos, e agora tiveram que buscar novos times para defender no próximo ano. A decisão oficial de saída, contudo, acabou postergada por um tempo, já que a Suzuki havia assinado um termo de compromisso onde ficaria na competição ainda por alguns anos, até 2026, de modo que a Dorna exigiu satisfações por parte da marca japonesa para a quebra do compromisso firmado, o que acabou saindo neste mês, reafirmando a decisão de encerrar sua participação na MotoGP ao término da atual temporada, o que significará um time a menos no grid no próximo ano, a menos que alguma outra escuderia resolva adentrar no certame, o que parece improvável no atual momento. Álex Rins já teria se acertado com a equipe LCR para correr em 2023, enquanto Joan Mir pode aportar na Honda, substituindo Pol Spargaró, em negociações ainda a serem confirmadas oficialmente. Ainda não se sabe o que será feito da estrutura da equipe nipônica, nem o destino de todos os seus funcionários, sendo que a marca também está se retirando do campeonato de Endurance. Não seria a primeira saída da Suzuki da classe rainha do motociclismo, mas desta vez, pelo menos no curto prazo, a marca não dá sinais de que pode retornar à competição algum dia.

 

Hélio Castro Neves: A temporada do piloto brasileiro no seu retorno em tempo integral à Indycar não vem sendo muito boa. Se é verdade que Helinho teve alguns erros em algumas provas, por outro lado, a equipe Meyer Shank parece também não ter se encontrado no acerto e estratégias mais adequadas para certas corridas. Na etapa de Iowa, o brasileiro ainda acabou tendo uma penalidade agravada quando a escuderia não o informou sobre a mudança de pagar a punição, o que fez o piloto perder mais tempo nos boxes, tendo a corrida completamente comprometida, fazendo-o cair lá para trás, e de onde não tinha chances de se recuperar. Apesar de mostrar ritmo para conseguir andar entre os líderes, o acerto do carro não se mantinha, com o bólido perdendo rendimento, e impedindo melhores resultados em algumas corridas, isso quando a estratégia não se mostrava adequada. Como consequência, Helinho terminou apenas três provas entre o TOP-10 nas provas disputadas até aqui, amargando apenas a 18ª colocação no campeonato, com 196 pontos, enquanto seu companheiro de time Simon Pagenaud teve mais sorte, e é o 11º colocado na classificação, com 257 pontos, resultado que também não é muito comemorado pelo piloto francês. É verdade que disputar vitórias, e o título, já seria pedir demais para um time médio como o do brasileiro, mas ele certamente esperava ter alguns momentos melhores no seu retorno à categoria. Talvez as coisas se acertem melhor em 2023, se ele permanecer na competição...

 

 

 

EM BAIXA:

 

Álex Palou: O atual campeão da Indycar tinha tudo para seguir firma na equipe Ganassi em 2023, e ainda lutar pelo bicampeonato na temporada de 2022, apesar de ainda não ter conseguido vencer este ano. Mas, ao anunciar sua ida para a McLaren no próximo ano, e desautorizar o anúncio de seu time de fazer valer sua opção de mantê-lo como titular, o espanhol criou uma tremenda saia justa com Chip Ganassi, que pelo que se pode entender, foi pego completamente de surpresa pela declaração de seu piloto, que teria assinado com o time concorrente sem ter dado satisfações do ato ao seu atual patrão, que obviamente, não gostou nem um pouco do que viu. Por mais que Álex tenha o direito de ir para outro time, pelo mal-estar criado dentro da Ganassi, parece óbvio que Álex não teria comunicado devidamente seu time sobre suas negociações com a McLaren, do contrário, a situação não teria provocado essa celeuma toda, a ponto de merecer reprovação até mesmo de Scott Dixon, que não gostou de como Palou teria procedido neste assunto. Chip Ganassi pode ser um cara turrão e um chefe de equipe por vezes muito teimoso, mas ele ainda é o chefe de Palou, e campeão ou não, transparência neste momento é vital para se manter uma relação de confiança do piloto com o seu time, que ficou melindrado pelo comunicado surpresa feito por Álex. No calor da discussão, por pouco Ganassi não rifou o espanhol já na corrida de Toronto, quando chegou até mesmo a contatar o brasileiro Tony Kanaan para assumir o carro do espanhol, para demonstrar como o clima ficou tenso. Tendo sido campeão logo em seu primeiro ano na equipe de Chip Ganassi, Palou havia criado excelente impressão sobre si, como pessoa e como piloto, ainda mais quando Chip Ganassi é um sujeito extremamente rigoroso e difícil de agradar. O espanhol já era visto como a principal aposta de Chip para quando Scott Dixon resolvesse pendurar o capacete, e poderia ter uma carreira extremamente longeva no time, mas com sua atitude, acabou se queimando perante o chefe e o time, e isso pode não apenas comprometer suas chances de lutar pelo bicampeonato este ano, como também sua imagem perante os outros times da Indycar...

 

Grande Prêmio da França: A corrida francesa não renovou seu contrato de realização do GP de F-1, o que significa que a prova não deve figurar no calendário da categoria máxima do automobilismo em 2023. Como a Liberty Media tem planos de incluir mais corridas, e com gente teoricamente fazendo fila para entrar, a empresa norte-americana certamente não vai ficar saudosa da corrida em Paul Ricard, que desde que retornou ao calendário, há alguns anos, nunca apresentou uma corrida que fosse de empolgar o público. Cogitou-se de realizar um GP nas ruas de Nice, na costa do Mediterrâneo, mas o prefeito da cidade vetou a idéia. Pode ser que a França ainda fique no calendário no próximo ano, mas a dúvida que fica é quem se disporá a realizar a corrida, e onde isso será feito, não havendo candidatos para a empreitada até aqui. Desse modo, o país se juntaria à Alemanha como sede de uma das principais equipes da categoria a não ter uma corrida própria, e que também não tem muitas chances de voltar no curto prazo. E ainda pode haver mais uma baixa europeia, já que a prova da Bélgica, em Spa-Francorchamps também poderia ser limada do calendário ainda em 2023...

 

Sergio Perez: O piloto mexicano faz sua melhor temporada na Fórmula 1, ocupando a 3ª posição no campeonato, mas isso não tem evitado que acabe cometendo gafes nas corridas, o que o tem feito perder contato cada vez mais com o colega de time Max Verstappen, e por tabela, alimentar esperanças de disputar o título. Na Áustria, Sergio tocou no carro de George Russell e foi para fora da pista, eliminando suas chances de um bom resultado na corrida, que acabou abandonando. E, na França, o piloto deixou a guarda aberta no fim do Virtual Safety Car, permitindo a ultrapassagem de Russell, que já o vinha pressionando há algumas voltas. Depois da atuação positiva na Inglaterra, o mexicano voltou a cair nestes dois GPs, dando munição para críticas de Helmut Marko, que sempre procura alguma coisa para criticar, mesmo quando o piloto faz tudo certo. Não tivesse o contrato já renovado para os próximos dois anos, seria o caso de Perez ter de tomar cuidado, haja vista a impaciência de Marko com qualquer piloto que não seja o seu queridinho Verstappen. E, tendo o melhor carro de sua carreira na F-1 até aqui, ainda mais com os erros e azares da Ferrari no campeonato, Perez deveria se mostrar mais eficiente em aproveitar as falhas dos rivais, e certamente não ajudou ter ficado atrás da dupla da Mercedes na etapa francesa. O mexicano alega que as atualizações feitas pelo time no carro não o deixam mais tão confortável de pilotar quanto antes, dando a suspeita de que o time já estaria preferindo deixar o monoposto mais ao estilo de Verstappen, que obviamente negou qualquer intenção nesse sentido, como se também fosse admitir isso, assim como a escuderia. Melhor Sergio começar a se cuidar, porque mesmo com contrato renovado, não seria difícil o time “rebaixá-lo”, como já fez com outros de seus pilotos, apesar dos resultados na temporada até aqui ainda serem amplamente favoráveis ao mexicano.

 

McLaren em queda: O time de Woking, que vinha fazendo temporadas sólidas nos últimos anos, visando retornar à condição de time vencedor, e capaz de disputar o título, errou feio no seu carro de 2022, na estréia do novo regulamento técnico, e além de não ter conseguido manter a performance do ano passado, agora acabou de ser superado na pontuação pela Alpine, que vem demonstrando um crescimento mais sólido, e com uma dupla de pilotos mais eficiente nas corridas, algo que a McLaren ainda não conseguiu ter este ano, com Daniel Ricciardo ainda devendo muito em termos de resultados, na comparação direta com seu parceiro Lando Norris. O australiano, apesar de afirmar que segue no time em 2023, afirmação até confirmada por Andreas Seidl na França, ainda está em situação delicada na escuderia, tanto que ele veio a público nas redes sociais reafirmar seu vínculo com o time inglês, frente aos boatos de que a contratação do espanhol Álex Palou, atual campeão da Indycar, poderia ser trazido para substitui-lo no próximo ano. Mas, intrigas de troca de pilotos à parte, o projeto da McLaren para este ano deixou a desejar, com o MCL36 apresentando um rendimento muito inconstante, ora tendo uma performance até razoável, ora caindo pelas tabelas. Seria falta de foco da organização, que está competindo também na Indycar, e prepara-se para estrear na Formula-E no próximo ano? Seja como for, cair para a 5ª posição no campeonato de construtores não estava nos planos da escuderia, que só não está em posição pior porque a Aston Martin também errou feio no seu carro deste ano, e apesar de revigoradas em 2022, Alfa Romeo e Haas ainda estão longe de serem ameaças realmente sérias. Melhor começar a pensar seriamente em não cometer os mesmos erros de projeto para a próxima temporada...

 

China fora em 2023: Um dos maiores mercados consumidores do mundo continuará de fora do mapa do esporte a motor no próximo ano. A China, que já sediou etapas da F-1 e da F-E, até continua no radar destas duas categorias, que gostariam de voltar a disputar provas no país mais populoso do mundo, mas as restrições contra a Covid-19 seguem firmes e implacáveis no país, com Pequim adotando a ferro e fogo a política de “covid zero”, inviabilizando o planejamento de se realizar novas provas no país. Não que a pandemia deva ser tratada de forma leviana, pois a Covid-19 ainda é uma ameaça que preocupa, apesar dos esforços de vacinação mundiais, mas o governo chinês não se mostra muito suscetível a flexibilizar mais as políticas de combate ao coronavírus, chegando a decretar lockdowns de cidades inteiras, se sentir a necessidade de conter os casos. Portanto, enquanto a situação no país não se normalizar um pouco mais, não tem como se vislumbrar o retorno das competições esportivas internacionais ao país. Não ajuda muito a postura recente do governo de Pequim em apoio à Rússia, ainda que velado, em sua empreitada de guerra na Ucrânia, o que ajudou a estremecer parte das relações diplomáticas do país com outras nações, como os Estados Unidos e o Japão, embora isso ainda não tenha impactado sobremaneira as relações entre os países, mas que pode complicar em certos compromissos para o futuro. Vamos ver como os chineses se saem no próximo ano, e se o país volta ao cenário automobilístico internacional em breve, ou no mínimo, somente em 2024, se não mais além disso...