sexta-feira, 29 de maio de 2015

CRÍTICAS EXAGERADAS



Max Verstappen causou um forte acidente em Mônaco e levou uma avalanche de críticas. Mas que novato nunca errou na F-1...?

            Um dos assuntos mais discutidos a respeito do Grande Prêmio de Mônaco, disputado domingo passado, fora a mancada que tirou a vitória praticamente certa de Lewis Hamilton na corrida do principado, foi o acidente causado pelo jovem Max Verstappen, que se enroscou com Romain Grosjean na freada para a curva Saint Devote e bateu forte na proteção de pneus, quase levando o piloto da Lotus para o mesmo destino. Choveram críticas ao jovem holandês, ainda mais depois que a Lotus apresentou em sua telemetria os dados confirmando que Grosjean não freara antecipadamente naquele ponto da pista na volta em que o acidente ocorreu, mostrando que a culpa foi mesmo de Max. Tanto que o piloto da Toro Rosso já vai levar um gancho de 5 posições do grid de punição para a corrida seguinte, no Canadá. Agora, é justo criticarem tanto o jovem piloto como tem acontecido?
            Não, não é. Verstappen tem feito algumas besteiras, mas foi apenas em Mônaco que isso teve maiores consequências, e não se pode culpá-lo por errar, afinal, é sua primeira temporada na F-1. Que piloto novato não comete erros em sua primeira temporada? Mesmo pilotos que se tornaram lendas da categoria deram mancada em suas primeiras corridas, e nem por isso viraram ameaças ao volante de seus carros. Ayrton Senna e Michael Schumacher que o digam: dois dos pilotos mais arrojados da história, começaram colecionando algumas batidas, vários dissabores com os demais pilotos. Curiosamente, Schumacher se envolveu em confusões justamente com Senna, quando em 1992 acertou o brasileiro no início da corrida da França, em Magny-Cours, tirando-o da corrida, numa manobra afoita de ultrapassagem. Desnecessário dizer que Ayrton foi tirar satisfações com o alemão depois, que reconheceu o erro que cometera, mas faltou pouco para o clima fechar entre ambos. E não seria a primeira vez que Senna reclamaria do alemão, esquecendo um pouco que, em 1984, ele andou se estranhando também com alguns pilotos pelo seu modo arrojado de condução.
            Desde que a F-1 é o que é, os pilotos precisam chegar "chegando". Por vezes, tem quem "chegue" até demais, mas é dessa forma que, a bem ou mal, o piloto é notado. O cronômetro é muitas vezes o único referencial que os chefes de equipe vão notar de um novo piloto, e se ele vem com uma postura "conservadora", corre o risco de ser passado para trás. É claro que só isso não é o suficiente, mas para muitos chefes, é o que conta. Desse modo, os pilotos novos que chegam precisam entrar na pista "matando o leão a grito", e nesse ritmo, pela inexperiência, sempre correm o risco de errarem. E quem não erra? Por mais experiente que o piloto seja, nunca será infalível, e alguns pilotos cultivaram a fama de destemidos, e até irresponsáveis e batedores. Andrea De Cesaris, por exemplo, sempre teve mais fama de destruidor de carros do que de bom piloto, tendo uma estranha tendência para estar no lugar errado no momento errado, quando não fazia barbeiragens decididas. Em Phoenix, 1989, GP dos EUA, o italiano abalroou seu próprio companheiro de equipe numa tentativa de ultrapassagem, o que rendeu até uma briga nos boxes. Gilles Villeneuve, então, poderia até ser proibido de correr na F-1 dos dias de hoje: seu estilo de arrojo, andando sempre no máximo do limite e até além, mesmo quando estava com o bico do carro quebrado tampando parte da visão, ou com o eixo traseiro desmontando-se em plena pista, era um convite aos acidentes, nunca diminuindo o pé direito no acelerador.
            Em Monte Carlo, Max vinha numa boa corrida, até que a equipe o derrubou lá para trás com um pit stop mal feito, e obrigou o jovem a fazer uma corrida de recuperação, com direito até a uma bela ultrapassagem sobre dois concorrentes em uma única manobra. Mas ele superestimou sua capacidade na luta com Grosjean, e deu no que deu. Felizmente, ambos saíram sem ferimentos do encontro, mas Verstappen não está fazendo nada diferente do que qualquer outro novato na categoria. E ele tem demonstrado velocidade e talento merecedores de ser um piloto da F-1.
            Talvez o que incomode os outros pilotos seja a "precocidade" do piloto da Toro Rosso, que aos 17 anos, é o mais jovem piloto titular da história da F-1, enquanto vários de seus adversários na pista só conseguiram chegar lá com muito mais idade, e muito mais ralação do que ele. Pertencente ao programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, o jovem "atropelou" os degraus das categorias de acesso à F-1, manobra que foi tida por muitos como injusta, e até de favorecimento descarado, enquanto outros pilotos, que deram duro para estar lá, foram ignorados. O argumento não deixa de ter sentido. Afinal, como categoria máxima do automobilismo mundial, a Fórmula 1 é um certame onde, participar, deveria ser uma espécie de recompensa pelos esforços e dedicação nas categorias de base, onde inúmeros pilotos batalham entre si para mostrarem o que valem. Por isso, ao se mostrarem campeões nestes certames "menores", e mostrarem seu talento e capacidade, nada mais justo que ganhem o "direito" de ingressarem na F-1. Mas, e quando um piloto vem de uma destas categorias de base, e quase sem nenhuma experiência, já é alçado à categoria "master" do automobilismo? Com certeza, não é apenas a inveja que vai deixar de proliferar entre os demais pilotos, mas também um sentimento de injustiça e ingratidão.
            Ao promover Verstappen para a F-1 no seu time B, a Red Bull praticamente jogou outro de seus pilotos, Antônio Félix da Costa, para escanteio. Tido por quase todos na imprensa especializada como o piloto mais provável de ser o novo "eleito" da organização para adentrar a F-1, o piloto sentiu-se desprezado e traído por ser preterido em favor do jovem holandês. Daí, como fica o esforço despendido por ele para se mostrar merecedor da vaga, quando de repente, se vê passado para trás? Não estou dizendo que Max Verstappen não mereça estar na F-1, só que a maneira como a Red Bull, ou melhor, seu coordenador do programa de pilotos, Helmut Marko, poderia ter mais consideração pelos pilotos que estão dando duro para corresponder ao que deles se pede. Mas, pelo que já vi de Marko nos últimos anos, não parece haver muita justiça nas suas escolhas e/ou promoções de pilotos. Já demitiu pilotos sem dar-lhes chances de negociarem com outros times, assim como ficou invocado com alguns, e promoveu outros, como o próprio Verstappen, simplesmente ignorando a ordem da fila aparentemente proposta pela Red Bull.
            Lógico que a Red Bull, sendo dona do time, tem todo direito de escolher quem põe ou não como piloto. Mas ultimamente, parece ter optado mais por fazer marketing do que pelo critério mais correto de merecimento do piloto em si. No ano passado, Dannil Kvyat deu a forte impressão de ter subido mais por ser russo do que pelos seus feitos, e apesar de ter feito um bom campeonato, ficou à sombra de Jean-Éric Vergne. Mas foi ele quem acabou promovido para a Red Bull este ano, enquanto Verne ficou a pé, numa manobra sem muita justificativa lógica por parte da equipe. E neste ano, o time dos energéticos está vendo que Kvyat ainda está um pouco "verde" para o time principal, sendo suplantado facilmente por Daniel Ricciardo. E se lembrarmos que Verne costuma andar mais do que o australiano, dá para notar que a decisão tomada foi a mais injusta possível.
            Assim, Verstappen tem que ir para a pista "matar" ou "morrer", e quem conhece o humor instável de Helmut Marko, sabe que qualquer percalço pode servir de justificativa para rifar um piloto e chamar o próximo da lista, seja em que posição ele estiver nesta lista. E, com os testes praticamente proibidos na F-1, os novatos nos últimos tempos não tem tido a devida preparação para estrearem na categoria com um pouco mais de bagagem técnica e experiência. Antigamente, os testes adentravam as primeiras semanas de dezembro e recomeçavam no início de janeiro, e todos os novatos andavam o quanto podiam para evitar dar vexame na hora do "vamos ver'. E, se mesmo assim já não ficavam imunes de errar, atualmente é ainda pior.
            Na pré-temporada, cada time anda com apenas um carro de cada vez na pista. Antigamente, andavam com os dois carros ao mesmo tempo. Hoje, não fazem mais dizendo que é por uma questão de custos, o que rouba chance de um novato adquirir mais quilometragem. Nos treinos livres dos GPs, a ordem é andar só o necessário, porque os motores são limitados, além de outros componentes, e de os times hoje nem terem propriamente um carro reserva, como era antigamente. E sem chance de treinar, as possibilidades de errarem nas corridas só aumenta, mesmo que treinem a rodo nos simuladores dos times.
            E não podemos esquecer de pilotos que já tem experiência e volta e meia arrumam encrencas na pista. Até pouco tempo atrás, o próprio Grosjean era sinônimo de confusão, batendo a rodo, e chegando a ganhar até o apelido de "louco da primeira volta" pelas batidas logo no início dos GPs. E Pastor Maldonado, que ainda se enrosca com frequência nos GPs mais recentes, seja ou não culpa exclusiva dele? Até Felipe Massa já teve anos ruins em tempos recentes por arrumar encrenca com outros pilotos na pista. Nem Lewis Hamilton escapa...
            Assim, toda a chiadeira com o acidente causado por Verstappen em Mônaco é exagero dos demais pilotos. Ele vai melhorar, errar menos, e só na pior hipótese, virar uma "ameaça" dentro da pista. Depende apenas dele, e pelo talento demonstrado, tem plenas condições de evoluir. Os outros que saibam fazer críticas mais ponderadas, e cobrar satisfações na proporção correta, e não promover uma caça às bruxas, exagerada. E sigamos para o próximo GP.

Montoya comemora sua vitória na Indy500 deste ano. E Roger Penske conquista sua 16ª vitória em Indianápolis.

Juan Pablo Montoya brilhou domingo passado, em Indianápolis. Em sua 3ª participação nas 500 Milhas de Indianápolis, o colombiano conseguiu a sua 2° vitória na corrida mais famosa e importante das Américas. Um feito ainda mais respeitável se levarmos em conta que ele foi o pior piloto da Penske classificado no grid - 15°, e ainda teve de trocar a asa traseira em uma parada de box por causa de um toque. Mas, contando com uma pilotagem agressiva, e um pouco de sorte com as bandeiras amarelas, o colombiano juntou-se ao pelotão da frente, e na parte final da corrida, já duelava pela liderança da prova, que venceu nas voltas finais depois de um renhido duelo com seu companheiro de equipe Will Power, garantindo à equipe Penske uma dobradinha no triunfo da Indy500 de 2015. Pela vitória, Montoya faturou quase US$ 2,5 milhões, e manteve a liderança do campeonato da Indy Racing League, com 272 pontos, 25 a mais do que Power, que assumiu a vice-liderança da classificação. Foi também a 16ª vitória da Penske em Indianápolis, o time com mais vitórias na mítica corrida disputada na capital do Estado de Indiana. A última vitória da escuderia havia sido em 2009, com Hélio Castro Neves. A felicidade da Penske só não foi maior porque seus dois outros pilotos não tiveram uma boa chegada na corrida. Hélio Castro Neves andou sempre perto dos líderes, mas nunca conseguiu brigar efetivamente pela vitória, e na parte final da corrida, ainda perdeu rendimento, terminando apenas em 7° lugar, e ficando agora em 4° lugar no campeonato, atrás de Montoya, Power, e Scott Dixon, que finalizou a prova em 4° lugar. Simon Pagenaud, o mais novo contratado de Roger Penske, andou entre os líderes e tinha tudo para brigar pela vitória, mas teve um percalço com Helinho que o derrubou para o fim do pelotão, terminando em 10° lugar. Com isso, o francês ocupa apenas a 11ª colocação, com 142 pontos. Como não poderia deixar de ser, a Indy500 teve sua cota de acidentes, o mais grave deles envolvendo 3 pilotos na parte final da corrida, com uma pancada violenta entre Jack Hawksworth e Sebastián Saavedra, levando junto Stefano Coleti. Quem também beijou o muro foram Ed Carpenter e o brasileiro Tony Kanaan. Felizmente ninguém se machucou seriamente. E teve também confusão nos boxes, com alguns mecânicos da equipe Dale Coyne sendo atropelados pelos pilotos da própria equipe, que se enroscaram no pit line no momento em que tentavam retornar à pista.


E a competição da IRL não pára. Passadas as 500 Milhas de Indianápolis, equipes e pilotos já empacotaram seus equipamentos rumo a Detroit, onde hoje começam os treinos para a única rodada dupla do campeonato 2015, no circuito de rua montado no parque do Belle Isle Park, no meio do Rio Detroit, que separa os Estados Unidos do Canadá. A primeira corrida é neste sábado, e a segunda prova será no domingo, ambas às 16:30 Hrs., pelo horário de Brasília. A prova do sábado terá transmissão pela Bandeirantes, enquanto a corrida do domingo será mostrada pelo canal Bandsports. A pista do Belle Isle tem cerca de 3,7 Km de extensão, e a prova será disputada em 70 voltas. No ano passado, os vencedores das duas corridas foram Will Power e Hélio Castro Neves, da Penske.


Quem também acelera fundo neste fim de semana é a MotoGP, com a disputa da etapa da Itália, no circuito de Mugello. A pista tem um traçado de 5,2 Km de extensão, e 15 curvas, além de uma bela reta de 1,1 Km de extensão, ótima para as disputas das motos mais velozes. A corrida terá 23 voltas, totalizando 120,6 Km de percurso. Líder da competição, Valentino Rossi corre em casa, e tem de se preocupar com a ascenção do companheiro de equipe, Jorge Lorenzo, que venceu as duas últimas corridas, e está a fim de tomar a liderança do campeonato do "Doutor". Mas não é bom subestimar o atual bicampeão, Marc Márquez, que pode estar fazendo um campeonato irregular até aqui, mas pode estragar os planos dos pilotos da equipe oficial da Yamaha. E também não se pode menosprezar a dupla da Ducati, que mostrou nas corridas disputadas até aqui que a fábrica italiana está de volta para discutir as vitórias na categoria. As provas da MotoGP, bem como das categorias Moto2 e Moto3, terão transmissão ao vivo pelos canais pagos do SporTV.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - MAIO DE 2015



            Olá novamente a todos os leitores. Mais um mês está indo embora, e chegou a hora de termos mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com um balanço dos acontecimentos vivenciados pelo mundo do esporte a motor neste mês de maio. Então, uma boa leitura a todos, com o velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). E a até a próxima edição da Cotação Automobilística, que estará disponível aqui no final do próximo mês...



EM ALTA:

Juan Pablo Montoya: Além de liderar o campeonato da Indy Racing League, o piloto colombiano da equipe Penske venceu pela segunda vez as 500 Milhas de Indianápolis, prova que já havia vencido em 2000, quando de sua única participação naquela temporada de uma prova da IRL. O feito se torna ainda mais evidente se levarmos em conta que ele foi o piloto do time de Roger Penske com a pior posição de largada no grid da prova, 15°, e fez uma corrida agressiva, escalando todo o pelotão, para não apenas chegar entre os primeiros, mas superá-los, em uma disputa eletrizante nas voltas finais. Montoya também é o primeiro piloto a repetir vitória na temporada, pois já tinha vencido a corrida inaugural, em São Petesburgo. Campeão da Fórmula Indy em 1999 pela Ganassi, que o contratou para substituir o então bicampeão Alessandro Zanardi, o colombiano vai agora em busca de seu primeiro título na IRL. E ele mostra que vai ser um páreo duro de ser vencido...

Jorge Lorenzo: O bicampeão espanhol teve um início de campeonato meio claudicante este ano na MotoGP, sendo amplamente superado por seu companheiro de equipe Valentino Rossi, mas deu a volta por cima nas duas últimas etapas, em Jerez de La Fronteira e Le Mans, conquistando duas vitórias firmes que o relançaram na luta pelo campeonato, já chegando à vice-liderança da competição, que ainda tem Rossi em primeiro lugar. E o espanhol tem tudo para ir à caça do "Doutor" e protagonizar um duelo eletrizante pelo título, ainda mais que o atual bicampeão, Marc Márquez, parece não estar se encontrando direito na pista neste ano. Mas, com um equipamento mais competitivo, Lorenzo não pretende deixar Rossi ser a estrela única na equipe Yamaha, e vai querer o tricampeonato, podem apostar.

Lucas Di Grassi: O piloto brasileiro da equipe Audi ABT fez duas excelentes corridas nas últimas etapas da F-E, subindo ao pódio em ambas, inclusive vencendo a etapa de Berlim, e mostrando que vai dar duro para conquistar o título do primeiro campeonato da categoria. Uma pena que uma asa considerada irregular por causa de um conserto arruinou seus esforços na etapa da capital alemã, levando à sua desclassificação e deixando o piloto possesso, prometendo revanche na pista. Piloto extremamente técnico e inteligente, Lucas obteve performances sólidas nas últimas corridas, e vai precisar mostrar toda a sua capacidade para impedir que o revés da última corrida não o tire da disputa, e com o equilíbrio que a categoria tem exibido, ele vai precisar de atuações impecáveis como a vista na pista de Berlim mais do que nunca, e com o carro em ordem, se quiser ser campeão. Difícil mas não impossível. Capacidade ele tem, resta esperar que não apareçam mais surpresas...e esta cotação leva em consideração o que o piloto mostrou dentro da pista nas etapas de Mônaco e Berlim, não comecem a entender errado...

Sebastian Vettel: O tetracampeão mundial segue firme liderando a equipe Ferrari, e fazendo junto com os pilotos da Mercedes o trio "fixo" de pilotos no pódio em 2015, com exceção da prova do Bahrein, onde foi superado por Kimi Raikkonem. E mostra estar sempre à espreita para aproveitar quaisquer problemas que os pilotos do time alemão possam enfrentar, a exemplo do que aconteceu em Mônaco, quando por uma bobeada, Lewis Hamilton perdeu a liderança da corrida com um pit stop extra, e Vettel estava na posição certa para ser o 2° colocado, e conseguir seu melhor resultado do ano depois da vitória da Malásia. O carro da Ferrari pode não ter muitas chances de título, mas Sebastian tem tudo para ser o vencedor moral do ano, sabendo que só vai perder mesmo para a dupla da imbatível Mercedes. Se conseguir algo além disso, será a glória do piloto, que voltou a sorrir como nos seus bons tempos de Red Bull...

Felipe Nasr: O piloto brasileiro da Sauber continua fazendo um excelente campeonato, levando-se em consideração as limitações de seu time, que desde a corrida da Espanha, vem perdendo performance na pista por não dispor de maiores recursos para evoluir o chassi C34. Em Monte Carlo, pista onde competiu pela primeira vez na F-1, Nasr sabia que era a oportunidade de voltar a marcar pontos, desde que conseguisse se manter longe das encrencas e estar no lugar certo para capitalizar com os erros e azares alheios. E ele chegou lá, marcando um excelente 9° lugar, e conseguindo mais 2 pontos para seu time, chegando a 16, apenas 1 a menos do que o russo Danill Kvyat, da Toro Rosso, e empatado com Romain Grossjean, da Lotus, que dispõem de carros mais competitivos do que o brasileiro, um feito que foi muito elogiado pela direção da escuderia. Mas outro ponto que conta é a condução de Nasr tem tido nas corridas, andando sempre forte e não cometendo erros, postura que é muito observada pelos chefes de equipe, mesmo que o piloto esteja ao volante de um carro pouco competitivo. E em Mônaco, onde é muito fácil errar e jogar a corrida no lixo, Nasr manteve-se impecável na sua pilotagem, sempre estando com o adversário à frente na alça de mira, esperando por quaisquer chances. Mas Felipe sabe que daqui em diante as chances de pontuar serão muito mais escassas, com os demais competidores evoluindo a passos mais largos do que a Sauber, que tende a ficar cada vez mais para trás. Ao menos, o brasileiro está conseguindo suplantar seu companheiro de equipe Marcus Ericsson com certa facilidade, o que é um bom sinal de sua boa forma dentro das possibilidades da escuderia.



NA MESMA:

Competitividade nas 500 Milhas de Indianápolis: A corrida mais famosa dos Estados Unidos, a Indy500, teve novamente disputas empolgantes e uma chegada acirrada entre seus ponteiros na reta final. E, claro, também teve seus acidentes, felizmente nenhum tão perigoso ou grave quanto os vistos durante os treinos, que deixaram pilotos, times e dirigentes assustados com a possibilidade de isso acontecer durante a corrida. Mas a corrida este ano teve apenas dois times a disputarem efetivamente a vitória, Penske e Ganassi, justamente os maiores e mais tradicionais da categoria, que praticamente não deram chance aos rivais, nem mesmo à Andretti Autosports, que não conseguiu esse ano andar tão bem quanto em 2014, quando venceu a prova com Ryan Hunter-Reay. E a prova terá comemoração mais do que especial em 2016, quando será disputada a 100ª edição da corrida, confirmando sua posição como mais famosa corrida do continente americano, e uma das mais importantes do mundo do esporte a motor, ao lado das 24 Horas de Le Mans,  do Grande Prêmio de Mônaco de F-1. Mas, corrida por corrida, Indianápolis foi muito mais empolgante do que Mônaco, e não é de hoje que isso acontece...

Brasileiros na Indy500: Ainda não foi esse ano que vimos uma nova vitória verde-amarela na Brickyard Line da famosa pista oval de Indiana. Tony Kanaan, que era nossa melhor chance de vitória, andou sempre entre os primeiros e liderou várias vezes, e tinha condições de partir para o ataque no momento decisivo. Mas acabou rodando e acertando o muro, dando adeus às chances de repetir o feito de 2013. Pelo menos, saiu ileso do acidente, prometendo novo empenho em 2016. Já Hélio Castro Neves, maior vencedor da corrida entre o grid atual, apesar de andar entre os primeiros, nunca mostrou força para vencer a prova este ano, e na reta final, ainda acabou caindo mais para trás, tentando uma recuperação tardia que só lhe permitiu alcançar o 7° lugar. No resultado final, ambos os brasileiros viram colegas de time chegarem em boas posições: Charlie Kimball foi o 3° colocado, seguido por Scott Dixon em 4°, no time da Ganassi. Helinho viu seus parceiros Juan Pablo Montoya e Will Power serem vencedor e 2° colocado, respectivamente. Melhor sorte na prova do ano que vem...

Mundial de Rali: A vitória do finlandês Jari-Matti Latvala em Portugal deu um pequeno alento à disputa, mas a verdade é que Sebastien Ogier ainda continua disparado na liderança da competição, com 105 pontos. O mais próximo competidor na tabela, o norueguês Andreas Mikkelsen, tem "apenas" 63 pontos, e o próprio Latvala está ainda mais atrás, com 46 pontos, já que só pontuou em duas provas. Ogier só teve percalços mesmo no Rali da Argentina, e se Latvala venceu em Portugal, o atual campeão ficou logo atrás, em 2° lugar. E como a concorrência não consegue manter a regularidade necessária para ameaçar de fato Sebastien, o francês por enquanto vai pintando como candidato único ao título da categoria off-road...

Perigo nos boxes da Dale Coyne: Um dos menores times da IRL, a equipe Dale Coyne já teve o prazer de vencer algumas corridas nos últimos campeonatos, o que ajudou o time a se manter na categoria, mas este ano, os boxes da escuderia têm sido os mais inseguros do campeonato. Na prova de Nola, o seu piloto na ocasião, Francesco Dracone, derrapou na hora de parar no box para seu pit stop e reabastecimento, atropelando os mecânicos, que felizmente não se machucaram seriamente. Em Indianápolis, para felicidade de todos, Dracone não estava na prova, mas nem por isso a escuderia escapou de ver um acidente bizarro entre seus próprios carros em uma das paradas de box: Pippa Man, que pilotou para o time apenas na Indy500, foi liberada de seu pit e acabou encontrando pela frente James Davison, colega de time, acabando por tocar no companheiro, o que fez seu carro dar uma guinada em direção do pit, vejam só, de Tristan Vautier, que estava fazendo também sua parada. O carro de Vautier e dois mecânicos que o atendiam acabaram atingidos. Um dos mecânicos, Daniel Jang, precisou passar por cirurgia nos dois pés por causa dos ferimentos da batida. Melhor os mecânicos tomarem cuidados redobrados nas próximas corridas do campeonato, pois sabe-se lá se o azar vai voltar a atacar novamente...

Clima quente na Mercedes no GP de Mônaco de F-1: Pelo segundo ano consecutivo, o clima esquentou na escuderia alemã durante o fim de semana da etapa mais charmosa do calendário. No ano passado, foi no treino de classificação, este ano foi pela furada estratégica que custou a vitória de Lewis Hamilton na corrida que dominava com folga. E quem saiu ganhando foi o mesmo piloto: Nico Rosberg. Decididamente, Hamilton precisa se benzer em Monte Carlo, e a Mercedes, que já tinha sofrido um desgaste desnecessário com o chilique o inglês em 2014, desta vez teve críticas muito mais justificadas por parte do atual bicampeão do mundo para ouvir...



EM BAIXA:

Max Verstappen: O mais jovem piloto da história da F-1 a disputar corridas na categoria vem mostrando que é um piloto de talento e rápido, mas também vem tendo alguns problemas em sua temporada de estréia, sendo considerado por muitos ainda imaturo para competir na categoria máxima do automobilismo. Verdade ou não, o jovem holandês acabou entrando bem em Mônaco, quando disputava posição com Romain Grossjean, e acabou protagonizando um acidente quase idêntico ao sofrido pelo pai, Jos Verstappen, no mesmo local, há 19 anos atrás. Foi o suficiente para pilotos como Felipe Massa alertarem para a propensão do jovem a se meter em confusões, o que é um pouco exagerado. Que novato não comete erros em sua primeira temporada? Só que os abandonos de Max vão permitindo ao seu companheiro de equipe Carlos Sainz Jr., se sobressair nos resultados, e dos 15 pontos da escuderia Toro Rosso, 9 são do espanhol, e 6 do holandês. Nesse ritmo, Verstappen tem de tomar cuidado para não virar apenas um piloto showman, que agita a galera com suas estripulias na pista, mas conquista poucos resultados justamente por causa do excesso de arrojo. Ele tem tudo para evoluir e crescer na F-1. Resta saber se a categoria terá paciência com ele. No momento, seu apreço pelos colegas do grid anda um pouco em baixa. Cabe a ele reverter essa tendência.

Novas regras da F-1 para 2017: O Grupo Estratégico da F-1 se reuniu e elaborou as mudanças que deverão entrar em vigor no campeonato de 2017, para tentar fazer a categoria máxima do automobilismo cair novamente no gosto do público, mas não acertou nenhum ponto que realmente faça diferença e procure solucionar os dilemas atuais que a categoria atravessa. Motores mais potentes? No ritmo de desenvolvimento atual, eles chegarão lá sem precisar da nova regra. Reabastecimento? Ridículo, com a limitação de gasto de 100 Kg/corrida. Pneus maiores? Até aí, pode ser. Mas, como ficam as estúpidas regras de limitação de motores, pneus, câmbios, e o excesso de punições pelos incidentes entre os pilotos dentro da pista? E a péssima distribuição de lucros feita pela FOM? Os gastos altíssimos para se competir na F-1? E a mania de Bernie Ecclestone de cobrar suas taxas exorbitantes, ameaçando a toda hora tirar as corridas da Europa (Monza seria a próxima "vítima"?) por quem queira pagar seus preços? Eles querer mudar muita coisa para não mudar nada, na verdade. Todas as mudanças ainda precisam ser sancionadas pela FIA, mas as discordâncias a respeito das novas regras já indica que muita coisa não deverá ser implantada. E a F-1 seguirá em sua crise...

Fernando Alonso: o bicampeão espanhol continua seu calvário com a equipe da McLaren, e abandonou as últimas corridas por problemas diferentes, sendo o pior deles em Mônaco, onde tinha as melhores chances de pontuar no ano até agora, o que acabou se confirmando com a bela corrida de Jenson Button. Mas, além de ver o parceiro pontuar e ele não, pelos problemas que o carro apresentou, pior ainda é sua atitude de desmerecer o trabalho alheio, quando afirma que a Ferrari não melhorou, os outros (Red Bull e Williams) é que pioraram. Pode ser verdade, mas se seu ex-time melhorou, isso é mérito deles também, e a equipe de Maranello vem fazendo uma boa temporada, enquanto ele, Alonso, sabe-se lá quando terá chance de sequer subir ao pódio novamente, quanto mais vencer. Tivesse sido menos egocêntrico e paciente, poderia ter continuado em Maranello por esta temporada, e mesmo que não tivesse chance de título, pelo menos estaria sendo o que Sebastian Vettel é hoje: uma sombra permante nos pilotos da Mercedes, e não um piloto que está sempre lutando na pista com os concorrentes, e até com o próprio carro...

Brasil na GP2 2015: A principal categoria de acesso à F-1 não tem uma presença forte do Brasil nesta temporada. André Negrão é nosso único representante na competição no atual campeonato, e até agora, ocupa apenas o 19° lugar, com apenas 3 pontos marcados nas etapas disputadas no Bahrein, Barcelona, e Mônaco, competindo pela equipe Arden. E o brasileiro não tem muitas perspectivas de fazer um bom campeonato, devido à má fase de seu time. O belga Stoffel Vandoorne, da equipe ART, lidera o campeonato, com 114 pontos, nada menos do que 44 pontos de vantagem sobre o vice-líder, Alexander Rossi, da equipe Racing.

Kimi Raikkonem: O piloto finlandês da Ferrari anda perdendo a batalha contra o alemão Sebastian Vettel dentro da escuderia, e sua renovação para 2016, a critério do time, pende na balança, ao mesmo tempo em que se ventila a possibilidade de seu compatriota Valtteri Bottas ser o escolhido para assumir seu lugar na próxima temporada. Por sua vez, Maurizio Arrivabene afirma que não promete renovar com Kimmi a fim de mantê-lo motivado a dar o seu melhor na pista, e não o fazer perder o ímpeto. Se quer pressionar Raikkonem, Arrivabene vai ter de se mexer mais, porque o "Homem de Gelo" não se agita à toa, e diz que não está nem um pouco preocupado se vai ou não estar no time em 2016, ou se teme ser substituído por Bottas. Mas seria ruim o finlandês sair novamente da categoria por baixo, especialmente depois dos bons campeonatos que fez pela Lotus em 2012 e 2013, quando mostrou que ainda tinha muito a oferecer na categoria. E, dessa vez, poderia sair mesmo de vez...



sexta-feira, 22 de maio de 2015

GUERRA NA CLASSIFICAÇÃO


Largar na frente em Mônaco é essencial, e depois do que ocorreu em 2014, Lewis Hamilton não vai dar mole para Nico Rosberg ou qualquer outro concorrente.

            Se tem um lugar onde largar na frente faz toda a diferença, é em Monte Carlo. O mais tradicional GP do calendário da F-1 é também a menor e mais lenta prova de toda a temporada, disputada em um circuito de rua tão estreito que Nélson Piquet definiu uma vez como andar de bicicleta pela sala. A pista, montada nas ruas estreitas do Principado, são estreitas mesmo para os carros normais de passeio, imagine para os bólidos da principal categoria automobilística do mundo. Não fosse a tradição, sua importância, e o charme, a corrida monegasca talvez não existisse mais, mas como toda regra tem sua exceção, se tem um GP que não corre risco de sumir do calendário, é justamente Mônaco.
            É aqui que toda a categoria celebra seu status e revive o glamour dos antigos grandes prêmios, resgatando um pouco do clima de seu período romântico. E é por aqui também que grandes contratos são fechados, e negociações são iniciadas. E uma prova disso foi o anúncio oficial da renovação de Lewis Hamilton com a Mercedes por mais 3 temporadas. Tido como questão de tempo, já que seria o mais óbvio possível, a declaração oficial só saiu nesta quarta-feira, e nesta quinta, os carros já entraram na pista para os treinos livres. Hoje, sexta-feira, o pessoal da F-1 fica de folga, pelo menos dentro da pista, porque fora dela, os trabalhos nos carros continuam, enquanto a cartolagem e os pilotos cumprem sua rotina de eventos e encontros com patrocinadores e afins. Mônaco, enfim, é o lugar onde todo mundo trata de ser visto por todo mundo, seja em terra firme, seja na marina, onde inúmeros iates estão ancorados, com muita gente chique a bordo.
            Badalação à parte, esta é uma corrida com alto grau de propensão a surgirem zebras, seja na classificação, seja na corrida. A pista, extremamente travada e estreita, não permite erros, e isso permite que o talento dos pilotos consiga se sobressair à falta de competitividade de seus carros com mais facilidade, já que itens fundamentais em outras pistas, como aerodinâmica e potência do motor contam menos aqui. E a dificuldade de se ultrapassar durante a corrida torna a classificação para o grid uma verdadeira guerra, pois quem largar na frente, salvo se cometer algum erro, ou sofrer algum problema mecânico, já deu um bom passo para a vitória, pois mesmo que esteja com seu carro mais lento, se não der brechas, quem vem atrás simplesmente não consegue passar.
            Um exemplo clássico foi a vitória de Ayrton Senna nesta pista em 1992. A Williams dominava a temporada com facilidade, e tinha tudo para vencer também em Mônaco. Mas Nigel Mansell, que largara na pole e liderava de ponta a ponta, cometeu um erro, tocou no guard-rail, e provocou um furo no pneu. O inglês foi ao box, fez a troca, e deu azar de voltar atrás de Senna na pista. O brasileiro, que até então estava resignado a ser apenas o 2° colocado, viu a chance de vitória, e não a desperdiçou. Com um carro amplamente superior, Mansell eliminou a desvantagem na pista e colou na traseira da McLaren, mas simplesmente não conseguiu passar Ayrton, por mais que tentasse achar uma maneira. E Senna não deu nenhuma fechada ou manobra desleal, apenas manteve o traçado ideal, sem dar espaços por onde Nigel pudesse tentar alguma manobra. Com isso, Ayrton conquistou sua 5ª vitória em Mônaco, igualando o número de triunfos de Graham Hill.
            Por isso mesmo, amanhã, durante o treino de classificação, toda a atenção estará voltada para os pilotos da Mercedes. Foi aqui que, no ano passado, Nico Rosberg "escapou" da pista nos instantes finais do Q3, motivando uma zona de perigo que arruinou a volta de Lewis Hamilton, que tinha boas chances de conquistar a pole, então com Rosberg. Premeditada ou não, a manobra garantiu ao alemão a pole, e Nico foi perfeito na largada, não dando chance do parceiro chegar à freada da curva Saint Devote à sua frente. Rosberg controlou a corrida como quis, e venceu com facilidade. Hamilton acusou o golpe, e a partir dali, o relacionamento de ambos não seria mais o mesmo. Mais do que a derrota na pista, foi no jogo psicológico que Rosberg começou a desestabilizar Lewis, e durante boa parte do meio da temporada, o alemão ditou o ritmo dentro da Mercedes, com o inglês sofrendo alguns altos e baixos e cometendo mais erros do que seria normal.
            Este ano, Hamilton novamente vem com a cotação em alta, mas certamente está com a escapada do parceiro em 2014 ainda atravessada na garganta. Portanto, vai tratar de não ser pego novamente em alguma estratégia ou manobra de Nico. E, como que para deixar claro que não vai dar chance para o azar, nos treinos desta quinta andou com folga na frente de todo mundo, especialmente de Rosberg. Claro que treinos livres não são exatamente representativos do que poderá ocorrer na classificação ou corrida, mas o ritmo imposto pelo atual bicampeão foi um recado para os rivais de que ele já partiu para o ataque desde o início, e se não sofrer nenhum problema alheio a seu controle, tem tudo para dominar e conquistar mais uma pole. E, saindo na frente, dificilmente Rosberg terá como roubar-lhe a vitória, o que não quer dizer que não irá tentar.
            Vale lembrar que Rosberg ganhou aqui nos últimos dois anos, e o alemão, que vinha sendo dominado com relativa folga por Hamilton nesta temporada, deu uma renovada no ânimo após vencer em Barcelona, semana retrasada, quebrando a sequência de resultados sempre inferiores ao do inglês nas corridas disputadas até aqui. Mas Hamilton já admitiu que não teve um bom fim de semana na Espanha, assumindo que não pilotou como deveria, e pelo menos minimizou o prejuízo chegando em 2° lugar, pensando no campeonato. E já focado para esta corrida, onde sabe que o menor erro pode significar uma nova derrota. E principalmente na classificação para a corrida, onde pode ficar decidido o resultado da prova, dependendo da posição de largada.
            Mas a disputa não fica restrita à dupla da Mercedes: todos os outros times querem tentar aprontar alguma surpresa em Monte Carlo, para melhorar sua posição no campeonato. É o caso da McLaren, que vem tendo o seu pior campeonato em mais de 30 anos de competição na categoria. Como Mônaco não exige um motor potente, é a chance do time de Woking sair do zero na pontuação, mas as dificuldades não se resumem somente ao fraco motor Honda: o equilíbrio do carro também precisa melhorar, assim como a resposta de potência e dirigibilidade da unidade de potência nipônica, que precisa ser melhor desenvolvida e ser mais flexível, ajudando a melhorar a estabilidade do MP4/30. E além de tudo, é preciso ficar longe de encrencas.
            Quase sempre ocorre alguma confusão nas ruas do Principado. Os guard-rails praticamente colados à pista não perdoam erros, e quem conseguir se manter no traçado sem errar tem boas chances de ganhar posições com os erros dos demais pilotos. E, quando estas oportunidades surgem, urge também estar no lugar certo, no momento certo. Por isso Olivier Panis conquistou aqui sua única vitória na F-1, em 1996, pela Ligier, numa prova onde apenas 3 carros cruzaram a linha de chegada. E, em 1982, graças a um festival de confusões nas últimas voltas, Riccardo Patrese venceu aqui, numa das poucas vitórias de sua extensa carreira na F-1. Foi também aqui, em 1972, que o francês Jean-Pierre Beltoise venceu sua única corrida na categoria, ao volante da BRM, feito que seria repetido pelo italiano Jarno Trulli em 2004, quando pilotava para a Renault, e conseguiu largar na pole nesta pista e vencer de ponta a ponta seu único GP.
            Por mais monótona que algumas corridas disputadas aqui sejam, sempre há algum espaço para surpresas. Quem sabe não vemos alguma no fim de semana? Ah, sim, há possibilidade de chuva, o que ajuda a deixar as expectativas de algo inusitado ocorrer ainda maiores. Aguardemos para conferir...

Traçado para a corrida de Berlin da F-E, montado no antigo aeroporto de Tempelhof.

A Fórmula-E disputa neste sábado mais uma etapa de seu campeonato. É a vez da prova de Berlin, que será disputada em um circuito montado no Tempelhof Airport, localizado a uma curta distância do centro da capital alemã. A pista tem 2,469 Km de extensão, e conta com 17 curvas, em um traçado que é sem dúvida um dos mais elaborados da temporada em termos de design, o que deve promover uma disputa ferrenha pelas posições durante a prova, uma vez que os trechos de reta são poucos, e o elevado número de curvas, algumas delas bem fechadas, vai obrigar a muitas freadas por parte dos pilotos. A corrida terá 33 voltas, e será a antepenúltima etapa do campeonato, que depois ainda terá uma prova em Moscou, na Rússia, e uma rodada dupla em Londres, na Inglaterra, onde a primeira temporada da competição dos carros elétricos terá seu encerramento. Na semana retrasada, a categoria correu em Mônaco, e as arquibancadas estiveram cheias no Principado, e para a corrida de amanhã, todos os ingressos já foram vendidos, o que mostra a popularidade do novo certame, ainda mais por se tratar de um fim de semana onde teremos também a disputa do Grande Prêmio de Mônaco, pela F-1, e as 500 Milhas de Indianápolis, pela Indy Racing League. E a disputa do título da competição parece conduzir a um duelo brasileiro: Lucas Di Grassi lidera o campeonato, seguido por Nelsinho Piquet, que vem logo atrás. O canal pago Fox Sports mostra a corrida ao vivo a partir das 11:00 Hrs. da manhã deste sábado, pelo horário de Brasília. Quem perder a oportunidade de assistir a corrida ao vivo não precisa se preocupar: o canal exibirá um VT completo da prova às 19:00 Hrs. da noite.


O Indianapolis Motor Speedway assistiu a mais um acidente feio esta semana, na última segunda-feira. Desta vez foi o canadense James Hinchcliffe quem acertou o muro e, se seu carro não decolou como os dos acidentes de Hélio Castro Neves e Josef Newgarden, assustou bastante, especialmente porque desta vez o piloto não saiu sem ferimentos. Um braço da suspensão furou o cockpit e atingiu a perna direita do piloto e a coxa da perna esquerda, provocando um grande sangramento que exigiu sua condução imediata para o Hospital Metodista de Indianápolis, onde passou por uma cirurgia de emergência. O piloto foi operado e passa bem, já tendo deixado a UTI do hospital, e está fora da Indy500, e com volta ainda indeterminada às competições, até que se restabeleça do acidente, onde bateu a mais de 360 Km/h, após sofrer uma quebra de suspensão que o fez perder o controle e acertar o muro do famoso circuito oval. A Schmidt-Peterson, time de Hinchcliffe, foi rápida e já escolheu o substituto para piloto canadense, que será Ryan Briscoe, pelo menos na prova de domingo.


Scott Dixon, da equipe Ganassi, vai largar na pole-position na 99ª edição das 500 Milhas de Indianápolis, neste domingo. O piloto da Ganassi fez o melhor tempo na classificação do último domingo, e vai dividir a primeira fila com os pilotos da Penske Will Power e Simon Pagenaud. Os brasileiros presentes na prova sairão logo a seguir, com Tony Kanaan na 4ª posição, seguido por Hélio Castro Neves. O inglês Justin Wilson, recém-contratado da Andretti Autosport, fechou com o 6° tempo. Quem não conseguiu a posição de largada que esperava foi o líder do campeonato, Juan Pablo Montoya, que parte apenas em 15°, mas como se trata de uma corrida de 500 milhas, a posição de largada não diz muita coisa, havendo vários casos de pilotos que largaram até mesmo em último e chegaram disputando a vitória na corrida. A prova será transmitida ao vivo pela Bandeirantes neste domingo, e também pelo canal pago Bandsports. Dixon já largou na pole na Indy500 em 2008, e naquele ano, o neozelandês ganhou a corrida. Será que vai repetir o feito este ano? Pelo sim, pelo não, ele já avisa que a pole é apenas a pole, e que a corrida é outra história: "precisamos terminar a corrida antes de pensar em vitória", afirmou. E está coberto de razão, pois a Indy500 é pródiga em surpresas, não apenas durante a corrida, mas até mesmo na última volta, como aconteceu em 2011, quando J.R. Hildebrand ia vencer a corrida, e bateu na última curva, na última volta, percorrendo a reta no embalo da pancada, mas recebendo a bandeirada em segundo lugar, tendo sido ultrapassado por Dan Wheldon nos metros finais dos cerca de 800 Km de percurso da corrida. Foi o último momento de glória de Wheldon, que disputou apenas as 500 Milhas naquele ano, pois tinha ficado sem lugar nos outros times. No fim do ano, em nova participação, em Las Vegas, o piloto inglês sofreu um acidente assustador e faleceu.


Foi aqui em Mônaco que no ano passado a equipe Marussia, hoje Manor/Marussia, conseguiu a proeza de marcar 2 pontos com o 9° lugar conquistado por Jules Bianchi no tradicional GP de F-1. Dos times que estrearam na categoria em 2010, a escuderia foi a única a marcar pontos até hoje. Hispania e Caterham - inicialmente Lotus, naufragaram pelo meio do caminho, sendo que esta última fechou as portas no ano passado, o que por pouco também não aconteceu com a Marussia, salva na última hora por novos investidores. O time, hoje, entretanto, compete de forma mais precária do que em 2014, e Bianchi, infelizmente, continua hospitalizado, após o violento acidente que sofreu durante o GP do Japão de 2014, e ainda sem muitas perspectivas de melhoras...

quarta-feira, 20 de maio de 2015

HAVOC SERIES - O LADO PERIGOSO DAS 500 MILHAS DE INDIANÁPOLIS



            Na última semana tem se falado dos acidentes que ocorreram durante os treinos para a mais famosa corrida do automobilismo americano, as 500 Milhas de Indianápolis, com nada menos do que 4 acidentes de grande monta até aqui, sendo que em 3 deles os pilotos quase ou nada sofreram, felizmente. Mas o caso do canadense James Hinchcliffe, ocorrido nesta última segunda-feira, inspirou mais cuidados, com o piloto indo parar no hospital, e tendo de sofrer uma cirurgia na perna, em virtude de ter sido atingido por um braço de suspensão que entrou dentro do cockpit, e por pouco não causou ferimentos muito mais graves. Em muitos lugares da internet, fãs e acompanhantes dos fatos alertam para a ameaça de novos acidentes, com alguns dizendo que a corrida deveria ser cancelada, pois não há aparente segurança para os pilotos.
            É preciso se preocupar sim. Os acidentes ocorreram com os carros mais sozinhos na pista, mas durante a corrida, uma decolagem como a vista de Hélio Castro Neves ou de Josef Newgarden poderia ter consequências catastróficas caso algum deles despencasse em cima de outro competidor, o que não seria difícil na corrida, visto que os pilotos estão sempre pertos uns dos outros. Neste aspecto, a direção da categoria precisa analisar o acidentes ocorridos e verificar uma maneira de, pelo menos, evitar que os carros literalmente decolem e capotem com a facilidade vista. Isso não vai eliminar os riscos de novos acidentes, mas pode impedir que eles possam se tornar mais graves, ao evitar que os carros decolem tão fácil como o que ocorreu.
            Daí a pregar o cancelamento da corrida, já são outros quinhentos. Aliás, a história da Indy500 é marcada por diversos acidentes, vários deles fatais. Confiram nesta postagem da sessão Havoc Series alguns dos vários acidentes que já ocorreram ao longo das 98 edições das 500 Milhas de Indianápolis disputadas até hoje...

Começamos com um vídeo com raras cenas de vários acidentes ocorridos durante as décadas de 1950 a 1970. É uma compilação singela, com vários nomes envolvidos nas confusões mostradas, como Pat O'Connor, Gary Bettenhausen , Bobby Unser, Gordon Johncock, Mel Kenyon, Salt Walther, Swede Savage e outros. Alguns destes acidentes foram fatais, infelizmente, uma vez que a segurança dos carros era precária em vários daqueles campeonatos. O vídeo, que traz alguns acidentes aterrorizantes, é do You Tube, postado pelo usuário AlvinKarpis007, e não tem o áudio original das cenas:



O vídeo seguinte também é uma compilação de vários outros acidentes ocorridos em Indianápolis, sem destaque específico para nenhum deles. Enquanto alguns acidentes são até leves, outros são espetaculares, e com consequências fatais para alguns dos pilotos envolvidos. Assim como o vídeo anterior, este também não tem o som ambiente das imagens, e foi postado pelo usuário Youcrashes no You Tube. Ah, sim, um dos acidentes mostrados aqui é o de Nélson Piquet em 1992, durante os treinos para a corrida, onde feriu gravemente um dos pés:



O próximo vídeo também é uma compilação, e da pior possível, mostrando imagens de acidentes que resultaram em óbito para os pilotos, os quais estão descritos na legenda que acompanha cada imagem. Os acidentes só não chocam ainda mais pela pouca resolução das imagens em que foram feitas, o que não é exatamente algo a se comemorar, pois estas imagens dificilmente sairam da memória dos que neles estiveram envolvidos. O vídeo é do usuário indyracingnut, no You Tube:



Finalizando a postagem de hoje, a seguir estão relacionados, em seis links, uma compilação das mais completas dos pilotos mortos em acidentes fatais da história das 500 Milhas de Indianápolis, postados no You Tube pelo usuário TheARBOGAST. O vídeo lista os acidentes em ordem cronológica, e vários deles estão mencionados em texto somente, em inglês. Esta relação de vídeos exige um bom tempo para ser assistida, somando praticamente uma hora de tristes lembranças da história da Indy500:













            O vídeo se completa trazendo também uma relação de outras pessoas que morreram em Indianápolis, mesmo não sendo pilotos, como fiscais, bombeiros, e espectadores, que acabaram colhidos pelos acidentes ocorridos, de uma forma ou de outra, o que não nos deixa esquecer que o esporte a motor é um esporte perigoso. E, por mais cautela, preparativos, projetos, e segurança envolvidos, sempre haverá a possibilidade de algo sair do controle, e o pior acontecer. Todos os pilotos têm plena consciência disso, e eles não arriscam a vida à toa simplesmente por arriscar. É o perigo inato da competição automobilística que os torna especiais. Pessoas que conseguem vencer o medo e o temor, e arriscam suas vidas em uma competição que as pessoas comuns não conseguiriam fazer.
            Indianápolis é uma pista que merece respeito. Quem não toma os devidos cuidados, ou tem o azar de estar no momento errado, no lugar errado, ou acaba sendo vítima de algum imprevisto, acaba aprendendo da pior maneira que o mítico oval de Indiana não tem sua fama à toa...

sexta-feira, 15 de maio de 2015

EXPECTATIVAS FRUSTRADAS


A Ferrari esperava se aproximar mais da Mercedes em Barcelona, mas ocorreu o contrário...

            O Grande Prêmio da Espanha, disputado domingo passado, frustrou a maioria das expectativas de quem esperava por uma competição mais equilibrada e com possíveis mudanças na ordem de força das escuderias da categoria. A corrida não foi exatamente um marasmo, mas também esteve longe de encher os olhos, especialmente na luta pela vitória, onde o pole simplesmente largou na frente, e lá praticamente ficou, vencendo a prova sem maiores sustos. Panorama familiar? Sim, mas desta vez foi com Nico Rosberg, e não Lewis Hamilton, que venceu com relativa tranquilidade na pista catalã. Até porque Hamilton, pela primeira vez na temporada, não andou tudo o que sabe, e perdeu pela primeira vez para o parceiro na atual temporada. Começou com a derrota na luta pela pole-position, e terminou na corrida. Para Hamilton, foi fatal ficar preso atrás de Sebastian Vettel na largada: sem conseguir passar o piloto da Ferrari, e com a ajuda de uma parada de box complicada onde perdeu preciosos segundos, foi preciso apelar para a mudança de estratégia para conseguir o 2° lugar.
            Aí vimos Hamilton simplesmente voando baixo na pista, por ter feito um pit stop extra, e precisando ganhar tempo para conseguir voltar à frente de Vettel após sua última parada, e ele conseguiu, partindo em seguida para tentar descontar a diferença para Rosberg. Ele até tentou, diminuindo cerca de 20s para 13s, mas sem tempo hábil para alcançar o parceiro, preferiu se acomodar em 2°, pensando no campeonato. E quem esperava ver a Ferrari tentando complicar a vida dos alemães, caiu do cavalo: depois que se livrou de Vettel, Hamilton praticamente foi embora, cruzando a linha de chegada quase 30s à frente de Sebastian, que teve de se contentar com o 3° lugar, a 45s de desvantagem para o vencedor, Nico Rosberg. Kimmi Raikkonem, que havia sido o 2° colocado no Bahrein, acabou ficando preso atrás de Valtteri Bottas, e foi apenas 5° colocado, a praticamente 1 minuto de desvantagem para Rosberg.
            Como é de praxe, a prova espanhola foi o palco para vários times trazerem várias inovações em seus carros, após a primeira fase do campeonato, disputada longe da Europa. Mas, ao que parece, as inovações tiveram um efeito praticamente nulo em tornar o campeonato mais disputado, pelo menos na dianteira. A Mercedes, que também trouxe inovações, praticamente não teve adversários na prova, vencendo pela maior diferença do ano apresentada até aqui. A Ferrari, que trouxe várias modificações no modelo SF15-T, ficou a ver navios já no treino de classificação, quando Vettel ficou a quase 0s8 da pole de Rosberg, o que não dava indícios muito animadores para a corrida. O novo pacote de modificações, aliás, não foi unanimidade no time: Raikkonem preferiu correr sem as modificações, por não ter encontrado o acerto ideal com o novo pacote. Não fosse ter ficado preso atrás de seu compatriota da Williams, Kimmi muito provavelmente teria terminado logo atrás, ou talvez à frente, de Vettel, já que a diferença entre ambos na bandeirada foi de apenas 15s, o que denota que, considerando o problema de tráfego onde não conseguiu passar a Williams, a performance dos carros da Ferrari, com e sem as modificações, praticamente ficaram empatados.
            Também se esperava uma evolução da McLaren, que teria muitas modificações no MP4/30, e até se viu alguma melhora, porém tímida ainda, impossibilitando o time de ter muitas esperanças de bons resultados nesta temporada. Fernando Alonso e Jenson Button passaram para o Q2 com alguma facilidade, mas estiveram impotentes para ir ao Q3. Na corrida, Alonso até estava indo razoável, mas uma viseira que enroscou num dos freios traseiros colocou a corrida do espanhol a pique, e ele precisou abandonar, ainda que as chances de pontuar ainda fossem remotas. Jenson Button teve uma prova difícil, onde classificou o carro de "um horror", saindo de frente e de traseira, sem compreender o comportamento do bólido, e terminando apenas em 16°. Nem a nova pintura cativou muito os fãs. Vai ser mesmo um ano difícil para a esquadra de Woking...
            Comparando a corrida de 2015 com a do ano passado, dá para notar coisas interessantes. No circuito mais conhecido pelos times, a pole de Rosberg foi 0s6 mais veloz que a pole de Hamilton em 2014. Já com relação ao tempo de corrida, a prova do ano passado foi mais rápida, durando 1h41min05s155, contra o tempo de 1h41min12s555 deste ano. Correndo com grande vantagem na ponta, Rosberg não precisou andar tudo o que poderia render seu carro, ao contrário do ano passado, quando Hamilton venceu com o alemão colado em sua traseira, a menos de 0s7 de diferença. Rosberg venceu com uma folga de 17s este ano. Não havia porque forçar mais.
            No que tange à diferença para os concorrentes mais próximos, houve pouca evolução de 2014 para 2015: Daniel Ricciardo, da Red Bull, foi o 3° colocado no ano passado, com 49s de desvantagem para o vencedor, enquanto este ano, Vettel, da Ferrari, ficou 45s atrás. Uma amostra de como os times trocaram de posição do último campeonato para cá: em 2014, a melhor Ferrari, com Alonso, ficou em 6° lugar, a 1min27s7; em contrapartida, o melhor carro da Red Bull este ano, o mesmo Ricciardo, foi 7°, com mais de uma volta de atraso. Realmente, a coisa anda difícil para alguns, e muito mais difícil para outros...
            A Williams, no comparativo dos resultados de Valtteri Bottas, melhorou um pouco: em 2014, o finlandês foi 5°, com 1min19s2 de atraso, e este ano, ele cruzou 59s2. Não é muito, mas é alguma coisa, pois em 2014 o time ainda tentava reencontrar a forma dos testes da pré-temporada, enquanto este ano tem sido mais constantes desde o início do ano. Já com relação à McLaren, curiosamente, no ano passado, ambas os carros da escuderia terminaram a prova espanhola sem conseguir pontuar: Button foi 11°, e Kevin Magnussem, o 12°, com mais de uma volta de atraso. A média de velocidade de Button em 2014 foi 178,5 Km/h, enquanto este ano foi de 176,6 Km/h, mostrando que o time andou mesmo para trás. Só que não foi o único: a Force India, sem ter novidades no carro este ano na prova de Barcelona, ficou com seu melhor carro em 13°, com Sérgio Perez, enquanto no ano passado o mexicano foi o 9° colocado. Em ambas as ocasiões terminando com uma volta de desvantagem, mas com a média de velocidade deste ano quase 3 Km/h mais lenta que a de 2014.
            Nesse comparativo, a Sauber parece não ter saído do lugar em Barcelona, em termos de performance. O time suíço, que por falta de recursos praticamente não trouxe melhorias na etapa catalã, foi apenas 16° no ano passado com Esteban Gutiérrez, e 12° este ano com Felipe Nasr, ambos com uma volta de desvantagem, mas com a média de velocidade quase idêntica: 177,4 contra 177,0 deste ano, onde podemos dizer que o time até regrediu, ainda que por míseros 0,4 Km/h de média de velocidade.
            A pista de Barcelona nunca proporcionou corridas exatamente muito disputadas por ser o circuito mais conhecido de todos os times, uma vez que a maioria dos testes de pré-temporada lá são realizados. Isso não é por acaso: a variedade de curvas da pista da Catalunha são o palco perfeito para os engenheiros conhecerem os carros a fundo. As características do circuito permitem mostrar os pontos fortes e os pontos fracos de qualquer carro, permitindo aos engenheiros conhecerem com mais exatidão onde estão os pontos já desenvolvidos, e aqueles que precisam ser trabalhados no projeto dos carros. Um carro que ande bem em Barcelona praticamente será competitivo em quase todos os demais circuitos da temporada, a não ser que o time trabalhe duro para mudar esse panorama. E é por isso que as expectativas de um campeonato mais equilibrado ficaram frustradas pelo resultado da corrida: a Mercedes exibiu na prova espanhola o seu poderio na pista, e só não andou ainda mais porque não precisava. Não significa que o time alemão irá dominar com tal facilidade todos os GPs, mas mostra que os demais concorrentes tendem a incomodá-los apenas ocasionalmente, ou caso sofram algum problema inesperado, como uma quebra, ou um acidente.
            Depois da vitória em Sepang, muitos acreditaram que a Ferrari viria para desafiar, ou pelo menos, ficar logo atrás da Mercedes na disputa pela vitória em vários circuitos. Eles podem até fazer isso, mas não com a frequência que todos gostariam. A própria Ferrari foi a maior desiludida com o resultado em Barcelona, tanto que na segunda-feira após a corrida, todo o staff principal do time rosso já tinha uma reunião marcada em Maranello para tentar entender onde as coisas não deram os resultados esperados. O que significa que vão ter de trabalhar ainda mais para tentar alcançar as metas estipuladas. E isso vale para todos os times, que terão muito trabalho para manterem seu nível de desenvolvimento, com maior ou menor êxito, dependendo de suas capacidades, sejam técnicas, mas principalmente as financeiras, que podem tolher boa parte dos esforços de evolução dos times. Não é por acaso que Force India e Sauber, sem folga em seus orçamentos, praticamente não conseguiram evoluir seus carros desde o início do campeonato, ou o fizeram com resultados muito discretos.
            E mesmo quem tem recursos de sobra, como McLaren e Red Bull, mostram que os esforços despendidos nem sempre correspondem ao que se espera. O jeito é voltar ao batente e continuar dando duro, nunca esquecendo que a vida costuma ter mais expectativas frustradas do que vitórias. Mas, se tudo fosse fácil, as vitórias nunca seriam valorizadas e saboreadas como se deve. Então, bola para a frente, pois a competição não pára. E que venha o próximo Grande Prêmio...


Depois da corrida em Jerez de La Fronteira, onde vimos a vitória de Jorge Lorenzo, a MotoGP chegou a Le Mans para a próxima etapa do campeonato de 2015, cujos treinos oficiais começam hoje, numa parte do autódromo que sediará no mês que vem as famosas 24 Horas de Le Mans. O traçado do circuito Le Mans Bugatti tem 4,2 Km de extensão, com 14 curvas, e a corrida será disputada em 28 voltas, totalizando 177,2 Km de percurso. Líder do campeonato, o italiano Valentino Rossi vai em busca de mais uma vitória no campeonato. No ano passado, o "Doutor" foi o 2° colocado na etapa francesa em Le Mans, cuja vitória ficou com Marc Márquez, que venceu por uma margem bem apertada, de cerca de 1s5. Este ano, com um equilíbrio maior entre as motos das equipes oficiais da Honda e da Yamaha, a disputa deverá ser bem acirrada, e a Ducati anda à espreita pronta para se meter na briga das rivais nipônicas. O Grande Prêmio da França da MotoGP terá transmissão ao vivo nos canais pagos do SporTV no fim de semana. A prova, domingo, começa às 9 da manhã, pelo horário de Brasília.


Hélio Castro Neves capotou com seu carro nos treinos para as 500 Milhas em Indianápolis, mas felizmente saiu ileso do acidente, assim como Josef Newgarden, que sofreu também uma capotagem com seu carro.
O autódromo do Indianapolis Motor Speedway está em alerta: dois violentos acidentes ocorreram esta semana, com os carros decolando de forma assustadora, e apesar de seus pilotos não terem se machucado, deixou o pessoal assustado pela maneira como ambos os carros levantaram vôo com relativa facilidade após impactos em alta velocidade nos muros do circuito oval. Primeiro foi o brasileiro Hélio Castro Neves, que na quarta-feira voou baixo, literalmente, após escorregar numa curva, acertar o muro, e ver o mundo de cabeça para baixo; já ontem foi a vez de Josef Newgarden, que também decolou, e ainda viu seu carro se arrastar por dezenas de metros de cabeça para baixo no asfalto. A direção da Indycar está analisando o que pode ser feito para evitar que os carros decolem em caso de batidas contra o muro, pois durante a corrida das 500 Milhas de Indianápolis, em meio às disputas de posição, as chances de os pilotos se envolverem em um novo acidente não são poucas, e em caso de uma nova decolagem, os riscos de o carro cair em cima de outros competidores podem ter consequências muito sérias. Tanto Helinho quanto Newgarden deram sorte de não sofrer praticamente nada, apesar do imenso susto. No fim da tarde de quarta mesmo o brasileiro já havia voltado aos treinos com o seu carro reserva, enquanto Newgarden ainda iria discutir com seu time as causas da decolagem e o que fazer a respeito. Quem também teve sua cota de acidentes em Indianápolis foram as duas mulheres inscritas para a prova da Indy500: Pippa Man também derrapou e acertou a barreira de pneus na parte interna da pista, colidindo depois com o muro da entrada dos boxes. Já Simona De Silvestro viu seu carro pegar fogo após sofrer problemas mecânicos: a suíça tentou levar o carro de volta aos boxes, mas o óleo vazado atingiu as partes quentes da traseira e iniciou um incêndio, que foi debelado pelo pessoal de segurança. As duas não sofreram ferimentos com os azares sofridos, felizmente. Neste final de semana acontecem os treinos classificatórios para as 500 Milhas de Indianápolis, que serão disputadas no próximo final de semana, dia 24 de maio.


O Rali dos Sertões, maior prova off-road do Brasil, que terá a edição 2015 disputada entre os dias 1 a 8 de agosto, divulgou essa semana o seu percurso e as cidades por onde passará. A largada será em Goiânia, Goiás, no dia 1° de agosto. Após partir da capital goiana, os competidores seguirão até Rio Verde, ainda em Goiás, de onde partirão em seguida para Itumbiara, Goiás. Dali seguirão para São Simão, última parada em território goiano. A parada seguinte será em Três Lagoas, já no Mato Grosso do Sul, de onde os participantes seguirão para Euclides da Cunha Paulista, em São Paulo. A parada seguinte será em Umuarama, no Paraná, penúltima parada da competição, que terminará com a chegada, no dia 8 de agosto, em Foz do Iguaçu, Paraná. A competição terá um total de 2.917 Km de percurso, com muita poeira pelo caminho e a grande maioria de trechos inéditos na competição. Os fãs das competições off-road que se preparem...