quarta-feira, 30 de março de 2011

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - ESTRÉIA

            Esta é uma nova seção do Blog, onde espero colocar, todos os meses, um pequeno balanço de como anda a cotação de times, pilotos e/ou categorias automobilísticas no geral, de acordo com o que tenha acontecido no mês em questão. Sintam-se à vontade para concordar/discordar, dar opiniões, sobre as avaliações apresentadas, que serão apresentadas de forma sucinta, em três níveis: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelha-clara). Então, vamos à avaliação de março, e até a próxima avaliação, daqui a um mês...

EM ALTA: 


Sebastian Vettel: o atual campeão do mundo da F-1 fez uma corrida perfeita na Austrália e mostrou que, se nada de inesperado acontecer, é o candidato disparado ao título. Estaremos vendo o início da “Era Vettel”, como tivemos a “Era Schumacher”? Os concorrentes torcem para que isso não seja verdade...

Vitaly Petrov: o piloto russo, que ficou conhecido por suas provas sem brilho e acidentes em 2010, fez uma corrida irrepreensível na Austrália, conquistando seu primeiro pódio, e surpreendendo até a equipe Renault, que com a ausência de Robert Kubica, não esperava obter um resultado tão bom logo no início do campeonato.

Sérgio Perez: o intrépido piloto mexicano da Sauber entrou na F-1 mostrando do que é capaz, especialmente frente ao seu companheiro de equipe japonês, que é tido como o piloto mais decidido numa luta de posição na categoria atualmente. Não fosse a desclassificação da escuderia, teria marcado seus primeiros pontos em sua primeira corrida, mas Perez deu o seu recado, e ele não vai ser esquecido tão cedo. Koba-san que se cuide...

Tony Kanaan: desempregado até praticamente uma semana antes da abertura do campeonato da Indy Racing Lague, o piloto baiano fechou contrato com a KV Racing “nos acréscimos do segundo tempo”, e estreou mostrando o pé direito no acelerador: conquistou um excelente 3° lugar com seu novo time logo na estréia, e mostrando que alguém como ele não poderia ficar de fora da categoria. E, só para constar, seu ex-time, a Andretti, só teve Danica Patrick em 12° lugar ao fim da corrida, sendo que Marco Andretti capotou logo na largada, e Mike Conway e Ryan-Hunter Reay ficaram pelo caminho...

McLaren: o time inglês terminou a pré-temporada com prenúncio de crise, e com o trabalho acelerado em Woking para preparar um novo conjunto de peças e assoalho que corrigisse o desempenho do novo MP4/26. Pelo que se viu na Austrália, o esforço valeu a pena, e a escuderia de Lewis Hamilton e Jenson Button assumiu o papel de principal adversária da Red Bull, para desespero dos torcedores italianos da Ferrari...


NA MESMA:


Fórmula 1: entra regra, sai regra, e a categoria máxima do automobilismo mostra que não consegue fazer a coisa funcionar melhor direito. A volta do Kers e a nova asa móvel traseira não ajudaram muito nas ultrapassagens no GP da Austrália como se imaginava. Resta saber se isso vai se repetir nas próximas corridas. Até os novos pneus da Pirelli não apresentaram tanta surpresa como se esperava...

Red Bull: o time das bebidas energéticas começou o ano de 2011 do mesmo jeito que terminou 2010: na frente de todo mundo. Estando no topo, a luta é para não cair, e o único calcanhar de Aquiles da escuderia austríaca parece ser mesmo Mark Webber, que não está conseguindo acompanhar o ritmo de seu companheiro de time alemão...

Felipe Massa: O piloto brasileiro terminou 2010 amplamente batido por Fernando Alonso na escuderia Ferrari. Massa alegava que não se entendia com os pneus da Bridgestone. Com os Pirelli, prometia uma história diferente, mas o que se viu no Albert Park, apesar de um início de prova mais encorajador, foi outro massacre do piloto espanhol em cima de seu colega de time brasileiro, que chegou atrás com uma desvantagem de mais de 50s. Novamente, Felipe disse que não conseguiu “aquecer” os seus pneus adequadamente...

Equipes pequenas: Com um ano de experiência, imaginava-se que os novos times da F-1 apresentassem uma evolução de sua performance em relação às demais escuderias já estabelecidas na categoria. Houve uma melhora, mas tanto Lótus quanto Virgin ainda estão longe do pelotão intermediário, onde imaginavam passar a disputar posições. E a Hispania, nem se fala...

Michael Schumacher: na sua volta à F-1 em 2010, o heptacampeão alemão tomou um verdadeiro passeio de seu jovem companheiro Nico Rosberg. Problemas de adaptação e a ausência de 3 anos foram as justificativas para a falta de resultados à altura. Para 2011, a promessa de performances melhores, no mínimo. E na Austrália, Rosberg cravou novamente seu colega de equipe mais velho em cerca de 0s5 na classificação. Na corrida então, Nico praticamente nem viu Schumacher pelo retrovisor, só quando foi dar-lhe uma volta em cima, antes que ambos abandonassem a prova australiana...


EM BAIXA: 

Ferrari: o time italiano encerrou a pré-temporada com o status de principal adversário da imbatível Red Bull. Os testes apontavam confiabilidade e velocidade plenamente satisfatórios, só não sabendo exatamente qual a vantagem da adversária do Touro Vermelho. Levou não apenas um baile da Red Bull, como temia acontecer, como ainda ficou atrás de McLaren e até da Renault. Felipe Massa, por sua vez, perdeu até da Sauber...

Mercedes: O time que foi campeão do mundo em 2009 com o nome Brawn GP ainda não mostrou a que veio sob o símbolo da estrela de três pontas. Os bons resultados no último treino da pré-temporada indicava que poderiam ao menos aspirar a algo melhor do que o visto em 2010. O baque em Melbourne foi mais forte do que os alemães esperavam, e ambos os pilotos abandonaram a corrida em virtude de toques e acidentes, sem conseguir marcar pontos. A paciência alemã também tem limites...

Andretti Motorsport: o antigo time de Tony Kanaan na IRL já começou a sentir a falta do piloto brasileiro na etapa de abertura do campeonato 2011: de seus 4 pilotos, 3 abandonaram a corrida, e nunca andaram entre os primeiros na prova. Danica Patrick, a única a receber a bandeirada, foi apenas a 12ª colocada. Já o brasileiro estreou pela KV e terminou a corrida em 3° lugar...

Valentino Rossi: O “doutor” vai ter mais trabalho na Ducati do que esperava para conseguir voltar a vencer na MotoGP. O piloto italiano teve um desempenho discreto na prova de abertura do campeonato 2011, no Qatar, e foi apenas o 7° colocado. Para piorar, o ombro do piloto, operado devido ao forte acidente sofrido no ano passado, ainda incomoda o suficiente para impedir que Rossi consiga tirar tudo de sua pilotagem, ajudando a aumentar o déficit de performance de sua Ducati para as outras máquinas.

Hispania: o pior time da F-1 conseguiu iniciar 2011 ainda pior do que em 2010, e olhe que todos os times ainda tiveram um tempo extra para preparar seus carros devido ao cancelamento do GP do Bahrein. Se tivessem corrido com os carros do ano passado, muito provavelmente teriam andado até mais rápido do que este ano. Collin Kolles disse que Bruno Senna não fazia parte dos planos do time para este ano, e vendo esta situação, duvido que o brasileiro esteja chateado vendo seu ex-time arrastar-se pelas pistas...

sexta-feira, 25 de março de 2011

UM BOM LUGAR PARA COMEÇAR...

            Chegou a hora da F-1 dar a sua largada oficial para o campeonato de 2011, e a categoria já começa o ano melhor do que deveria inicialmente. Isso porque o início do campeonato foi adiado em 2 semanas, com o “cancelamento” do GP do Bahrein, que deveria ter iniciado a disputa no dia 13 deste mês. Mas como as coisas por lá estão bem quentes, e não é apenas no sentido da temperatura do deserto, eis que a maior categoria automobilística do planeta irá começar sua disputa anual em um dos mais belos locais que costuma visitar pelo mundo afora: Melbourne, e o circuito do Albert Park.
            Além de uma pista onde sempre tivemos emoção na corrida, ao contrário da pista barenita, os australianos sabem promover a sua corrida de F-1 como ninguém. Todo mundo concorda que este é o melhor lugar para se começar o campeonato, e depois de 2 semanas de adiamento das corridas, todo mundo está em ponto de bala para acelerar fundo os novos carros. No ano passado, a corrida australiana serviu para redimir a categoria da sonolenta prova de abertura do campeonato, justamente no Bahrein. Jenson Button venceu a corrida depois de literalmente ficar fora da parada na prova, e ainda teve uma ajuda da sorte com o problema mecânico que afligiu Sebastian Vettel, que liderava a corrida com relativa tranqüilidade. Será que este ano veremos outra prova emocionante como a de 2010?
            Talvez sim, talvez não. Em todo caso, as novidades técnicas da categoria para esta temporada já são suficientes para deixar todo mundo meio na expectativa de ver o que vai acontecer na prática. O maior problema, todos calculam, é a durabilidade dos pneus, que são bem diferentes dos Bridgestone utilizados no ano passado. Todos esperam ter de fazer no mínimo 2 paradas durante a corrida, mas na pior das hipóteses, podem ser necessárias até 4 paradas para conseguir completar a corrida, e cada ida ao Box pode ser uma chance de surgirem problemas na estratégia de corrida, e esse é o maior medo das equipes e pilotos.
            No ano passado, houve uma corrida onde todos acabaram surpreendidos em um panorama similar, em Montreal, no GP do Canadá. Resultado: uma corrida cheia de disputas e emoção, com algumas situações inesperadas, o que ajudou a dar uma dose extra de atratividade. Pode ser o que vamos ver neste domingo no Albert Park, uma pista que, por coincidência, guarda algumas semelhanças com o circuito canadense, ambas pistas quase de rua, situadas em parques. O maior diferencial é que as equipes sabem que tipo de problema vão enfrentar, a dúvida é o seu tamanho. Os testes de pré-temporada deram uma boa idéia de quanto cada time pode conseguir render com seus carros com cada composto, mas os testes foram efetuados em circuitos como Barcelona, Valência e Jerez, com traçados e asfalto bem distinto do que vamos encontrar no Albert Park. Pode ser que nada mude, ou tudo pode mudar. No momento em que esta coluna estiver sendo lida, no horário do Brasil, os treinos livres de sexta-feira já terão sido encerrados, e então poderemos ter uma idéia mais precisa do que esperar pela frente, na classificação e corrida.
            A volta do kers e o sistema polêmico da asa móvel traseira podem dar um tempero extra na situação, se bem que com relação à asa móvel, as regras de utilização são pra lá de imbecis na minha opinião. Os dois dispositivos podem tanto ajudar quanto atrapalhar, e para dizer a verdade, a FIA faria muito mais bem à categoria se parasse de inventar regras bestas e resolvesse atacar o maior problema para se facilitar as ultrapassagens na F-1: a extrema dependência da aerodinâmica dos carros atuais, algo que nem é mencionado toda hora que se muda o regulamento visando isso ou aquilo. Talvez algum dia ainda cheguem lá, finalmente. Os pneus de duração menor da Pirelli são um passo no caminho certo, e as incertezas que eles trazem até o momento no quesito performance X durabilidade, deve ser o ponto crucial desta primeira corrida do campeonato.
            De qualquer maneira, estamos no melhor local para começar o campeonato, ao contrário do que era inicialmente previsto. Talvez seja um indício de que a F-1 pode ter realmente um ano melhor do que todos esperam. E viva a Austrália...


A Indy Racing League começa hoje os treinos oficiais para o campeonato de 2011 com a primeira corrida do ano, em São Petesburgo, no Estado da Flórida. E o Brasil ganhou mais dois representantes no grid da categoria: Tony Kanaan fechou acordo com a equipe KV Racing, e estará finalmente no grid de largada. O brasileiro terá como companheiros de equipe o japonês Takuma Sato e o venezuelano Ernesto Viso. Quem também garantiu vaga é Raphael Mattos, que correrá pela AFS, escuderia pela qual foi campeão da Indy Lights em 2008, e que agora correrá o campeonato da IRL. Com isso, teremos 5 brasileiros na pista: Hélio Castro Neves defenderá a Penske pelo 12° ano consecutivo; Vitor Meira continua na Foyt; e Bia Figueiredo correrá pela Dreyer & Reinbold. Pelo retrospecto técnico das escuderias, apenas Helinho terá chances de título. A Foyt e a Dreyer & Reinbold tem estruturas modestas, capazes de proporcionar bons resultados na média, mas não o suficiente para vencer corridas ou lutar pelo título. Já a KV possui uma boa estrutura, mas não dispõe de cacife para enfrentar de cara times como a Penske e a Ganassi, ou até mesmo a Andretti. Tony Kanaan, contudo, pela sua vasta experiência, pode ajudar o time a evoluir, talvez até a conseguir vencer alguma corrida. Pode ser difícil, mas não impossível. De qualquer maneira, o maior desafio Tony já conseguiu vencer, que é estar novamente no grid da IRL. Agora, basta ao baiano mostrar do que é capaz para lembrar porque foi campeão da categoria em 2004...


A F-1 nem deu sua primeira largada do ano, e Felipe Massa já levou uma “cobrança” da Ferrari para 2011: Aldo Costa, diretor técnico da escuderia, declarou que o brasileiro precisa acompanhar o ritmo de Alonso, pois o time precisa de dois pilotos “fortes”. Como se Massa precisasse ser lembrado isso...O time também ajudaria muito se não fizesse picaretagens como a de Hockeinhein ano passado, que ajudaram a derrubar o moral de Felipe pelo resto da temporada. Mais do que nunca, o brasileiro precisa prestar atenção ao ninho de cobras por que o cerca na escuderia...


Os fãs do automobilismo já podem ter à disposição a mais nova edição do Anuário Automotor, do jornalista Reginaldo Leme. É a 19ª edição do livro, que começou a ser publicado em 1992, e hoje tornou-se a principal publicação do gênero impresso em língua portuguesa. São cerca de 432 páginas, em altíssima qualidade com capa dura, cobrindo as principais categorias automobilísticas, com destaque para a Fórmula 1 e a Stock Car nacional. O preço do livro é de cerca de R$ 90,00, e pode ser encontrado nas principais livrarias do país. Leitura altamente recomendada. De quebra, na apresentação, uma homenagem aos 40 anos da primeira vitória de Émerson Fittipaldi na F-1, em Watkins Glen, em 1970, com detalhes da matéria produzida por Reginaldo Leme ao lado de Émerson, que voltaram ao circuito americano onde se deu o primeiro triunfo brasileiro na categoria, para a TV Globo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

ESPECIAL FÓRMULA 1 2011

            Estamos para começar outro campeonato da F-1, e hoje faço um pequeno especial sobre o campeonato deste ano. Curtam o texto, e vamos para os primeiros treinos livres...

F-1 2011: TODOS CONTRA A RED BULL


Time campeão de 2010 é o principal favorito; Ferrari pode ser a principal opositora


Adriano de Avance Moreno


            Vai começar o campeonato de F-1 de 2011, e todos parecem ter um consenso nas expectativas para a disputa deste ano: a equipe campeã de 2010, a Red Bull, é a principal favorita na luta pelo título. Embora a escuderia austríaca não tenha propriamente imposto nenhum massacre nos testes realizados na pré-temporada, quem acompanhou a performance dos carros projetados por Adrian Newey certamente viu que eles contam com os principais fatores que determinam a excelência de um projeto vencedor: o novo RB07 mostrou estabilidade, fiabilidade, e velocidade.
            Sebastian Vettel e Mark Webber enfrentaram pouquíssimos problemas durante os dias de testes, e efetuaram boas simulações de corridas com os novos pneus da Pirelli marcando tempos estáveis e constantes por bom número de voltas. Adrian Newey, projetista do time austríaco, concentrou-se apenas em evoluir o excelente carro de 2010, o que parece ter conseguido com grande êxito, uma vez que, diferente do modelo 2010 em seus primeiros testes, o carro 2011 não sofreu nenhum problema mecânico significativo. E contando com uma dupla bem forte, que é mantida desde 2009, a escuderia das bebidas energéticas tem tudo para sair na frente logo na primeira etapa. A dúvida que todos tem é quanta vantagem a escuderia realmente possui frente aos concorrentes. Um risco que estes temem é que o time acabe até correndo sozinho, se confirmadas as impressões indiretas da competitividade do novo carro. Então, todos estão contra a Red Bull.
            Pelo resultado dos testes da pré-temporada, a Ferrari é o único time que, à primeira vista, pode desafiar o poderio da Red Bull. O novo carro 2011 mostrou excelente fiabilidade e velocidade nos testes, mas os próprios ferraristas admitem que estão um pouco abaixo dos carros rubrotaurinos, mas não sabem precisar qual o tamanho de sua desvantagem. Um ponto positivo para a equipe de Maranello é que Felipe Massa parece ter se dado muito bem com os novos pneus italianos, e assim, fazer marcação cerrada em cima dos adversários, o que não conseguiu muito no ano passado devido ao comportamento dos pneus Bridgestone. À boca pequena, dizem que o maior trunfo da Ferrari vai ser centrar forçar em apenas um piloto, enquanto a Red Bull, a exemplo do que fez em 2010, deverá permitir a luta direta entre seus titulares. E com certeza, a Ferrari conta com essa divisão de forças na Red Bull para poder se sobressair no campeonato. Mas é uma jogada que não oferece muitas garantias, especialmente se a vantagem da concorrente for tal que nem mesmo a Ferrari consiga aproveitar a seu favor. Outro ponto positivo para os italianos é que os demais concorrentes potenciais parecem estar abaixo dos carros vermelhos no momento.
            Três forças potenciais, McLaren, Mercedes e Renault, tem seus próprios problemas para superar, o que indica que podem levar um tempo até conseguirem se meter na briga direta. Na McLaren, o novo modelo MP4/26, com um visual dos mais arrojados na lateral, ainda não está plenamente testado e desenvolvido, e o time enfrentou diversos problemas de fiabilidade nos testes. Mesmo não podendo subestimar a capacidade técnica da escuderia de Woking, tudo indica que Lewis Hamilton e Jenson Button terão um início de ano mais complicado do que o esperado. E o tempo que será necessário para chegar ao nível em que Red Bull e Ferrari se encontram pode comprometer as esperanças de luta pelo título.
            Pelo seu lado, a Renault sofreu um forte golpe com a perda de Robert Kubica, que era o principal motivador do time em sua nova fase, que se revelou uma grata surpresa no ano passado, e com perspectivas ainda mais animadoras para este ano. Nick Heidfeld pode não ter o brilhantismo do polonês, mas é um piloto regular e eficiente, e poderá ajudar o time a reencontrar sua motivação para a temporada. O novo modelo R31 mostrou potencial, e o que poderiam ser chances reais de vitória agora viram apenas esperanças. Mas o principal ponto fraco da escuderia continua sendo Vitaly Petrov, que ganhou mais uma chance para provar que merece estar na F-1 graças ao patrocínio russo que ajuda nas finanças da escuderia. Mas se Heidfeld fizer um bom trabalho, quando Kubica puder voltar a pilotar, as chances de Petrov permanecer podem ficar bastante reduzidas.
            Na Mercedes, em que pese as promessas otimistas de um ano melhor do que 2010, a verdade é que o novo modelo W02 ainda não impressionou ninguém. O time que foi campeão em 2009 sob o comando de Ross Brawn ainda não conseguiu reeditar a eficiência daquela temporada. Michael Schumacher e Nico Rosberg podem ter outra temporada sem os resultados que ambos esperam. Se para a sorte do time da Mercedes outras escuderias potenciais como Renault e McLaren estão com seus programas complicados, não se pode ter tranqüilidade quanto a isso. O time espera, contudo, que Michael Schumacher recupere seu ritmo de corrida e ajude a escuderia de forma mais efetiva do que em 2010, quando Nico Rosberg praticamente eclipsou o heptacampeão na pista, marcando a grande maioria dos pontos do time.
            Quem pode atrapalhar os planos de McLaren, Renault e Mercedes vem logo atrás: Sauber e Williams apresentaram bons projetos de carros para 2011, fica apenas a dúvida de quão longe podem ir este ano, mas a expectativa é terem uma performance bem melhor do que a do ano passado. A Sauber volta a ter um orçamento garantido por patrocínios, setor onde a escuderia penou em 2010, sobrevivendo dos restos de garantia da BMW nas contas a pagar. Se Kamui Kobayashi continuar surpreendendo como fez desde sua estréia na categoria, o time de Peter Sauber pode dar algumas dores de cabeça aos outros times nas primeiras posições dos GPs. Já o time de Frank Williams apresentou um carro com design bem arrojado e algumas soluções interessantes na parte traseira. Rubens Barrichello é a maior esperança do time em voltar a disputar as primeiras colocações, e o brasileiro tem sido fundamental no desenvolvimento técnico do carro. O problema é o orçamento limitado, algo que pode ser contornado com criatividade e trabalho duro, mas na F-1 milagres raramente acontecem, e se a Williams não espera voltar a vencer corridas este ano, espera pelo menos conseguir voltar ao pódio. Tanto na Sauber quanto na Williams, a esperança é que seus novos pilotos, que levaram boas quantias de patrocínio (leia-se Telmex e PDVSA), se mostrem rápidos e talentosos, e sem tendência a se envolverem em acidentes.
            A Toro Rosso chegou a impressionar em alguns dos testes, mas dificilmente a equipe “menor” da Red Bull poderá aspirar ao sucesso atualmente vivido pela “matriz” na categoria. Vai ser um ano decisivo para seus pilotos, pois a direção da Red Bull tem outros pilotos em seu programa de desenvolvimento, e se Sebastien Buemi e Jaime Alguerssuari não mostrarem serviço, alguém poderá ser dispensado ao fim do ano, talvez até mesmo ambos. Na Force Índia, os testes foram discretos, sem empolgar ninguém, o que pode significar que o time indiano pode ter um declínio ao invés de evolução em 2011. Adrian Sutil mostrou seu talento em várias corridas, mas também mostrou-se propenso a cometer vários acidentes, e isso tem comprometido potenciais bons resultados que com certeza fizeram falta ao time. Paul Di Resta é o novo companheiro de Sutil, e deverá mostrar serviço para ajudar o time a ir para a frente.
            Nas demais escuderias, todas surgidas no ano passado, o panorama é tentar fazer um ano melhor do que o da estréia. Neste objetivo, a Lótus parece ter evoluído de forma significativa, a ponto de esperar intrometer-se na disputa de posições com os times já estabelecidos na categoria. O novo T128 contudo, ainda precisa de mais fiabilidade, o que pode comprometer os esforços de Jarno Trulli e Heikki Kovalainen. A Marussia Virgin apresentou um carro melhor do que o de 2010, mas é difícil dizer se haverá uma performance melhor, pois as outras equipes ainda mantém uma diferença difícil de ser descontada. Até mesmo a Lótus pode ter se distanciado sobremaneira, o que significa que a Virgin muito provavelmente vai correr sozinha em seu pelotão, uma vez que a Hispania, a última escuderia, conseguiu aprontar seu modelo novo sem conseguir testar, o que significa que o time espanhol novamente deve ser a rabeira do grid.
            O campeonato já começa “atrasado”, uma vez que a corrida inicial, no Bahrein, acabou adiada (muito provavelmente cancelada mesmo) devido aos distúrbios que vem ocorrendo no Oriente Médio. Neste fim de semana, então, os carros partem para a estréia do campeonato nas ruas do Albert Park, em Melbourne, para o Grande Prêmio da Austrália. É hora de acelerar novamente para mais um campeonato. A F-1 está de volta!
F-1 2011: OS BRASILEIROS


Felipe Massa e Rubens Barrichello acreditam em um ano melhor do que 2010


Adriano de Avance Moreno


            Este ano o Brasil contará com apenas 2 pilotos titulares na F-1. Rubens Barrichello vai para sua 19ª temporada, e com mais de 300 corridas de participação no currículo, é a peça central da Williams para tentar retornar aos bons tempos de equipe vencedora. O brasileiro surpreendeu a escuderia no ano passado, que havia projetado um carro inteiramente novo para o também novo motor Cosworth, e sua capacidade foi fundamental para a escuderia inglesa reencontrar seu rumo durante o campeonato. Para este ano, a meta é manter a elevação de performance, e tentar, ainda que gradativamente, retornar aos primeiros lugares. Para tanto, a capacidade de Barrichello desenvolver o novo FW33 será fundamental.
            De ponto positivo, Rubens continua com a motivação em alta, e tendo pela primeira vez desde que deixou a Stewart em 1999 um time que acredita plenamente nele, vai tentar mostrar que esta confiança não é desmerecida. Pelo segundo ano, Rubens terá um companheiro novato no time, a quem precisará mostrar os macetes da categoria. No ano passado, Nico Hulkemberg elogiou muito o brasileiro, e declarou que aprendeu muito com ele. Mas a necessidade econômica fez Frank Williams precisar da verba da PDVSA, contratando Pastor Maldonado, atual campeão da GP2, embora sem ter o mesmo brilho dos outros campeões da categoria.
            Se em 2010 faltou um pódio, apesar de em uma ou outra oportunidade ter chegado bem perto, este ano é tentar voltar a ele. Vitórias ainda são um objetivo difícil de ser atingido. O objetivo primordial é pontuar com regularidade, e isso já vai ser algo complicado, pela qualidade dos outros principais times. Mas justo quando menos se espera de Barrichello é que ele costuma render mais. Pode ser o caso deste ano. Os testes de pré-temporada foram bem aproveitados pelo brasileiro, e o FW33 parece ter nascido bem, ao contrário do carro do ano passado, que se mostrou fraco a princípio. Mesmo que não consiga vencer, se levar a Williams de volta ao pelotão da frente, já terá conquistado um grande resultado para a temporada, e que provavelmente o veremos em 2012 ainda na F-1.
            Para Felipe Massa, este é o ano do tudo ou nada para ele na Ferrari. Abatido no ano passado pela preferência que o time deu a Fernando Alonso antes mesmo do meio da temporada, que resultou no lamentável episódio da Alemanha, Felipe sabe que precisa partir para o ataque logo de cara se não quiser repetir o mesmo destino este ano. Só que outro ano como 2010 pode significar o fim da carreira de Massa em Maranello, como a escuderia já deu a entender pelas cobranças feitas em cima do brasileiro nos últimos meses. A desculpa da falta de adaptação aos pneus não vai poder ser usada, já que os novos compostos da Pirelli agradaram bastante a Felipe, e o carro 2011 tem demonstrado resistência e velocidade, o que o torna talvez o melhor do grid depois do RB07 da Red Bull.
            O desafio maior de Massa não será apenas na pista, mas também nos boxes, terreno onde Alonso costuma marcar seu território por vezes com mais competência do que na pista. O espanhol conseguiu atrair o time para volta de si ano passado durante o segundo semestre, e por pouco não ficou com o título, o que certamente deu muito crédito ao asturiano, que não hesitará em usar este retrospecto quando precisar alijar o brasileiro de uma possível opção preferencial do time, caso Massa consiga sair na frente e se manter lá durante o campeonato. Se Felipe conseguir realmente se garantir na pista, e mostrar resultados comparáveis ao que exibiu em 2008, seu melhor ano na categoria, poderá ter a revanche contra o espanhol, e ganhar a preferência da escuderia. O perigo é se a Ferrari, que promete sempre disputa “aberta” e “igual” a seus pilotos durante as corridas iniciais, já começar o ano com o espanhol eleito como prioridade. Neste caso, as boas performances de Massa podem ajudar a complicar sua situação, ao invés de ajudar. E Alonso, por sua vez, já deu mostras que não deixará de fazer valer sua “posição” de bicampeão, que por sinal, quer dizer nas entrelinhas que só ele é a opção correta a ser feita. Basta lembrar de seu chilique em Hockeinhein ano passado, quando não conseguiu ultrapassar o brasileiro na pista...
            De qualquer maneira, Felipe tem de mostrar este ano que ainda é o piloto que foi vice-campeão em 2008. Seja para continuar na Ferrari até o fim de seu contrato em 2012, ou continuar como titular da escuderia vermelha, seja para mostrar às demais equipes que, se quiserem contar com ele, será uma excelente opção de piloto, caso sua permanência em Maranello seja abreviada. E, se isso acontecer, batalhar um lugar em outro time para 2012 pode até significar o fim de suas chances em um time de ponta na F-1, pois a curto prazo, os demais times vencedores tem opções bem limitadas para se tentar uma vaga.
            Nos bastidores, o Brasil terá ainda mais dois representantes: Bruno Senna é o primeiro reserva da Renault, posição que também é ocupada por Luiz Razia na Lotus. Mas suas participações ficarão restritas a no máximo alguns treinos livres nas sextas-feiras. Na melhor das hipóteses, tentarão ser titulares em 2012.
F-1 2011: CALENDÁRIO, PILOTOS E NOVIDADES TÉCNICAS


Categoria tenta, mais uma vez, regras novas, e dentre elas, uma polêmica.


Adriano de Avance Moreno


            A F-1 inicia 2011 com algumas novidades, tentando ser mais atrativa para o público, que anda enjoado das corridas sem ultrapassagens dos últimos tempos. Na tentativa de promover mais disputas na pista, a FIA elaborou algumas mudanças, para tentar facilitar as ultrapassagens. Uma tentativa até válida, mas que muitos acham ter ido na direção errada.
            Uma novidade é a volta dos pneus da Pirelli, uma vez que a Bridgestone deixou a categoria. A pedido da FOM, a fabricante italiana produziu uma série de compostos bem diferenciados, com durabilidade mais limitada de acordo com o composto, o que deve promover mais paradas nos boxes e, consequentemente, exigir estratégias de corrida mais diferenciadas. Saber ser rápido e ao mesmo tempo poupar os pneus será algo imprescindível este ano. E o desgaste dos compostos pode comprometer totalmente um bom resultado numa corrida, se não for bem administrado. Nessa incerteza da durabilidade e performance dos novos pneus a entidade aposta em corridas menos previsíveis e disputadas.
            Este ano temos a volta do Kers, o dispositivo de reaproveitamento de energia, que transforma a força das fortes freadas dos monopostos em alguns segundos de cavalaria adicional no motor. Diferente de 2009, quando o mecanismo surgiu, agora é uma peça padronizada, igual para todas as escuderias. Para ajudar a acomodar o peso extra do Kers, o peso mínimo dos carros foi aumentado – de 620 para 640 Kg, de modo a ajudar as equipes na distribuição de seus lastros de peso, que visam melhorar o equilíbrio do carro. Pelo sim pelo não, alguns pilotos tiveram que perder peso para ajudar os times neste quesito (Rubens Barrichello, por exemplo, emagreceu 5 Kg a pedido da Williams). O uso do Kers pode ser crucial para eventuais tentativas de ultrapassagem, mas seu uso pode ser anulado se o piloto à frente também o usar para se defender, o que já foi muito visto em 2009.
            Uma regra que muitos acham polêmica – para não dizer besta, é sobre o uso da asa traseira móvel, permitida no aerofólio traseiro, que poderá ter sua lâmina superior mais ou menos inclinada, durante a competição, usando um comando que será acionado pelo piloto. A medida pode resultar em um ganho de velocidade de até cerca de 12 Km/h, o que pode facilitar as ultrapassagens. O problema é que o piloto só poderá usar o dispositivo se estiver a menos de 1s do carro imediatamente à sua frente, e dentro de uma “faixa” delimitada determinada pela FIA, para não mencionar que o carro à frente não poderá utilizar a asa móvel para se defender da eventual ultrapassagem ou tentativa. Nos treinos, o uso da asa móvel será livre, o que muitos acham que seria mais correto estender também à corrida, o que poderia ser feito em um número máximo de utilizações determinado por prova. Mas, como sempre tem acontecido ultimamente, a FIA bate o pé, não ouve ninguém, e impõe a regra do jeito que quer.
            O difusor duplo, que foi o principal mote da aerodinâmica dos carros em 2009, foi proibido, assim como o esquema do duto de ar concebido ano passado pela McLaren e posteriormente adotado em diversos outros carros. Isso obrigou as escuderias a redesenharem seus extratores traseiros para compensar a perda de pressão aerodinâmica nesta área. Nada que as escuderias não consigam superar. O fim do duto de ar significa mais segurança na pilotagem, uma vez que os pilotos precisaram se mexer dentro do cockpit para ativar a eficiência do dispositivo
            Outras medidas adotadas foram a inclusão de um segundo cabo de aço para segurar cada roda dos monopostos, por medida de segurança, já que dependendo do tipo de acidente, apenas um cabo poderia não garantir que a roda se desprendesse e voasse longe.
            Muitos apostam que a diferença dos novos compostos de pneus deverá produzir muito mais resultados do que o uso do Kers ou da asa móvel traseira. É esperar que pelo menos as corridas tenham mais emoção e disputas. Ainda assim, a FIA promete novos estudos para tornar as corridas mais atrativas, e já pensa em verificar os próprios circuitos onde a categoria corre, de forma a pode ver quais medidas poderão ser adotadas para melhorar os GPs. Mas isso, provavelmente só terá reflexos na próxima temporada, em 2012.

EQUIPES E PILOTOS


EQUIPE
CHASSI
MOTOR
PILOTOS
Red Bull
RB07
Renault V-8 RS27
Sebastian Vettel
Mark Webber
McLaren
MP4/26
Mercedes V-8 FO108Y
Lewis Hamilton
Jenson Button
Ferrari
150° Italia
Ferrari V-8 056
Fernando Alonso
Felipe Massa
Mercedes
W02
Mercedes V-8 FO108Y
Michael Schumacher
Nico Rosberg
Renault
R31
Renault V-8 RS27
Nick Heidfeld
Vitaly Petrov
Williams
FW33
Cosworth V-8 CA2010
Rubens Barrichello
Pastor Maldonado
Force India
VJM04
Mercedes V-8 FO108Y
Adrian Sutil
Paul Di Resta
Sauber
C30
Ferrari V-8 056
Kamui Kobayashi
Sérgio Perez
Toro Rosso
STR06
Ferrari V-8 056
Sebastien Buemi
Jaime Alguerssuari
Lotus
T128
Renault V-8 RS27
Jarno Trulli
Heikki Kovalainen
Hispania
HRT F111
Cosworth V-8 CA2010
Vitantonio Liuzzi
Narain Karthikeyan
Marussia Virgin
MVR02
Cosworth V-8 CA2010
Timo Glock
Jerome D’Ambrosio

CALENDÁRIO 2011


DATA
CORRIDA
CIRCUITO
27/03
Grande Prêmio da Austrália
Melbourne
10/04
Grande Prêmio da Malásia
Kuala Lumpur
17/04
Grande Prêmio da China
Xanghai
08/05
Grande Prêmio Turquia
Istambul
22/05
Grande Prêmio Espanha
Barcelona
29/05
Grande Prêmio de Mônaco
Monte Carlo
12/06
Grande Prêmio do Canadá
Montreal
26/06
Grande Prêmio da Europa
Valência
10/07
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
24/07
Grande Prêmio da Alemanha
Nurbugring
31/07
Grande Prêmio da Hungria
Hungaroring
28/08
Grande Prêmio da Bélgica
Spa-Francorchamps
11/09
Grande Prêmio da Itália
Monza
25/09
Grande Prêmio de Cingapura
Cingapura
09/10
Grande Prêmio do Japão
Suzuka
16/10
Grande Prêmio da Coréia do Sul
Yeongam
30/10
Grande Prêmio da Índia
Nova Déli
13/11
Grande Prêmio dos Emirados Árabes
Abu Dhabi
27/11
Grande Prêmio do Brasil
Interlagos