sábado, 25 de fevereiro de 2023

PRÉVIA DA F-1 2023

A Red Bull marcou o melhor tempo com Sergio Perez na pré-temporada, e já surge como grande favorita para a temporada da F-1 2023.

            A Fórmula 1 encerrou hoje em Sakhir seus treinos de pré-temporada para 2023, que teve ridículos três dias de testes apenas, repetindo a pré-temporada ínfima de 2021, quando também testou por míseros três dias. Não tenho como elogiar esse procedimento, que embora seja igual para todos, é completamente esdrúxulo, já que os times não testam tudo o que deveriam, mas apenas o que conseguem. Como se isso já não fosse uma grande idiotice, na minha opinião, ainda tem um acordo ainda mais ridículo, onde todo mundo atua com apenas um carro de cada vez, o que já é motivo de críticas para alguns pilotos, como George Russell e Fernando Alonso, que já se manifestaram claramente a favor de que os times testassem com ambos os carros ao mesmo tempo.

            Não há como negar que isso é claramente muito mais positivo do que o procedimento atual. Como se o tempo já não fosse exíguo, atuar com apenas um carro limita a quantidade de dados a serem analisados e coletados, o que seria otimizado com ambos os pilotos de cada time em ação simultaneamente, o que ampliaria o leque de possibilidades, tanto para os times, como para os pilotos. E ainda eliminaria o grande ônus de problemas mecânicos que possam surgir, o que vimos com alguns carros durante estes três dias na pista barenita. Quando ocorre um problema, como vimos com Felipe Drugovich com a Aston Martin na quinta-feira, e com George Russell, ontem, os times ficam praticamente fora de combate, já que seus únicos carros na pista sofreram reveses mecânicos que implicaram em perda de tempo significativa para os planejamentos de ambos os times. E, com apenas 3 dias de testes, qualquer tempo a menos de pista é prejuízo na certa. Se andassem com os dois carros, ao menos o problema seria minimizado, já que mesmo que um desse problema, poderiam prosseguir os trabalhos com o outro piloto.

            Lamentavelmente, a F-1 parece teimar em certos procedimentos imbecis e sem lógica. A questão da contenção de gastos é uma desculpa das mais esfarrapadas, pois a estrutura já está montada, o autódromo está preparado, e atuar com apenas um carro de cada vez é subutilizar esse esquema de operação. Quando a limitação de testes foi implantada, em 2009, fazia todo o sentido dar um basta nos testes da categoria, onde os times rodavam em testes durante o ano quase tanto quanto na temporada inteira. E naquele ano, ainda tivemos 12 dias de testes, que desde então foram encolhendo, até chegarmos na quantidade ridícula que tivemos este ano. Incrível como a categoria máxima do automobilismo possa ser tão estúpida em manter um limite tão miserável de dias para testes dessa maneira.

            Sobre o resultado dos testes, apenas uma certeza: a Red Bull será o time a ser batido, mais uma vez. Max Verstappen e Sergio Perez rodaram 413 voltas na pista de Sakhir, com o mexicano terminando com o melhor tempo de todos, 1min30s305. Mas, melhor marca dos testes à parte, o que preocupou os adversários foi o fato de o novo RB19 não ter apresentado praticamente nenhum contratempo relevante ao time. A tranquilidade do pessoal nos boxes do time dos energéticos mostra que o novo carro, uma evolução do modelo que venceu a temporada do ano passado é um projeto muito bem nascido, e cujo potencial só deve ser visto a fundo na próxima sexta-feira, quando teremos os primeiros treinos livres para o GP do Bahrein, que abre a temporada. Até lá, não temos como saber exatamente qual é a vantagem da Red Bull sobre os adversários, mas novamente dizendo, a tranquilidade do time indica que, seja lá qual for a força dos rivais, eles estão preparados para encarar, e talvez com folga até, confiando no bom trabalho de desenvolvimento que a escuderia consegue fazer durante o andamento do campeonato. Uma boa notícia para a Red Bull, principalmente, já que o time terá limitações no tempo de desenvolvimento do carro, como uma das punições por extrapolar o teto de gastos na temporada de 2021. Então, quanto maior a folga de agora, melhor eles poderão administrar o ritmo de evolução do carro ao longo do ano, já levando suas limitações de punição em consideração ao que poderão fazer no tempo restante. E, para preocupação dos rivais, a equipe dos energéticos também mostrou bom ritmo de corrida nas suas simulações, de modo que o time é ainda mais favorito para levar a primeira corrida do ano, já domingo que vem. Verstappen já é o favorito ao tricampeonato, na pior das hipóteses.

            Ferrari e Mercedes terminaram os testes com bons presságios, mas sem saber também quão atrás estão potencialmente dos carros da Red Bull. Se no ano passado o time ferrarista foi a sensação da pré-temporada, que se confirmaria nas corridas iniciais, desta vez o time preferiu corrigir os defeitos apresentados ao longo de 2022, visando proporcionar uma base mais sólida para crescer ao longo do ano, e evitar ficar para trás quando precisar recuperar a diferença, além de não ficar muito em evidência, procurando esconder o potencial do novo SF-23, ainda que o time tenha demonstrado ainda precisar refinar algum acerto do novo carro. A nova unidade de potência teve seu desempenho otimizado, mesmo diante das limitações impostas pelo regulamento, e a escuderia tentou também melhorar a velocidade de reta, ponto que foi muito forte na Red Bull no ano passado. Não se sabe, contudo, se a Ferrari será a principal adversária, ou o time a ser batido. O ambiente nos boxes do time italiano era de grande tranquilidade também, e as simulações de corrida parecem ter deixado o pessoal com um grande sorriso. Poderemos ter alguma surpresa vindo daí? No ano passado, a Ferrari prometeu muito, e depois acabou entregando pouco. Agora parece ser o inverso. Resta saber se o trunfo será tudo o que eles esperam. A confiabilidade, pelo menos, não desapontou, com o time rodando 417 voltas no total dos três dias, a terceira equipe com mais quilometragem dos testes.

            Pelo lado da Mercedes, o novo W14 parece não ser o pesadelo que foi o W13 do ano passado, mas que ainda está abaixo dos carros campeões da equipe prateada dos últimos anos. A equipe teve alguns problemas para resolver, e isso pode ter custado tempo para desenvolver o potencial do novo carro, que ninguém sabe dizer exatamente qual é até o presente momento. Se a Ferrari se cadencia a ser o principal desafiante, a Mercedes pode estar um pouco abaixo do time ferrarista, mas se as declarações foram para despistar, e não prometer muito, pode ser que o time alemão esteja apto para pelo menos voltar a batalhar pelo pódio e por vitórias. Não é difícil entender também a postura mais receosa do time, depois do ocorrido no ano passado. Pode ser que o novo carro seja a redenção da Mercedes, mas isso ainda parece duvidoso, e não uma certeza, como todos esperavam. O time rodou 396 voltas na pista de Sakhir, marca que poderia ter sido mais expressiva não fosse a quebra de Russell nesta sexta-feira, que roubou tempo precioso do time germânico. Lewis Hamilton, procurando manter as expectativas baixas, disse que a Mercedes ainda não está no nível da Red Bull. Blefe ou verdade? Saberemos em breve.

Enquanto a Mercedes (acima) fica na expectativa de voltar a brigar pelas vitórias, a Aston Martin (abaixo) mostrou claros avanços, e pronta para brigar pela liderança do segundo pelotão, e quem sabe, até um pouco mais.


            Logo a seguir, temos quem pode surpreender na temporada. Depois de dois anos prometendo, e não vingando, parece que a Aston Martin finalmente vem com tudo, tendo obtido excelentes marcas e ritmo de corrida nos stints apresentados, com Fernando Alonso prometendo estrear com o pé direito – o do acelerador, com tudo em seu novo time. Talvez até com chances de complicar a situação da Mercedes, e quem sabe, até da Ferrari, em uma análise muito otimista. Para a primeira corrida, contudo, resta a dúvida de quem irá correr. Lance Stroll quebrou os pulsos treinando de bicicleta, e isso forçou o time a escalar o brasileiro Felipe Drugovich para duas sessões matutinas de testes, e ele ainda está de sobreaviso, caso o piloto canadense não esteja recuperado para a prova da semana que vem. O feedback de Felipe foi elogiado pelo time, e ele conseguiu dar 117 voltas nos treinos, tendo sido o piloto com menos quilometragem, é verdade, mas oferecendo ao time um comparativo do carro do ano passado, quando andou com ele em Yas Marina, e o carro deste ano, informações sem dúvida valiosas para verificar a evolução do novo bólido. E Fernando Alonso chega cheio de motivação, em especial para mostrar a seu ex-time, a Alpine, como foi ruim perde-lo no ano passado. A Aston Martin deu 387 voltas na pista, e pareceu bem entusiasmada com os resultados obtidos. Resta esperar que não seja fogo de palha.

            Quem também parece ter evoluído é a Alfa Romeo, com Guanyou Zhou ter fechado o segundo dia com a melhor marca, mas usando os compostos de pneus mais macios, o que disfarça um pouco o real potencial. Mas isso indica que pelo menos o time deve batalhar pelos pontos com regularidade, quesito que ficou devendo no ano passado, quando a equipe até começou bem, mas decaiu durante a temporada, só voltando a melhorar um pouco no final. A equipe manteve a dupla de pilotos, o que significa tranquilidade nos boxes, e sintonia entre seus pilotos. Valtteri Bottas pareceu renovado no ano passado, e ate fez alguns bons GPs, e espera-se que mantenha o ritmo este ano, enquanto Zhou, se não é nenhuma Brastemp, também não é nenhum braço duro. A Alfa Romeo encerra sua participação no time este ano, pela previsão, e a equipe se tornará Audi em 2026, mas a marca italiana já afirmou que não pretende deixar a F-1 como se pensava, e talvez estenda sua participação na escuderia mais um pouco, o que pode ser uma boa notícia para o time, que tem boas chances de tentar beliscar a liderança do pelotão intermediário, mas certeza de entrar na briga.

            Alpine e Mercedes, por outro lado, deram a entender que ainda não acharam o rumo de 2023, e isso é preocupante. O time de Woking, que vinha se mantendo numa gradual escala de melhora de performance nos últimos anos, levou um tombo no ano passado, e acabou superada pela Alpine na briga de construtores, terminando em 5º lugar. Por mais que tenha se colocado parte dessa culpa na má performance de Daniel Ricciardo, que despencou pelas tabelas, deixando Lando Norris carregando o time sozinho na maior parte do tempo, não há como negar que a McLaren andou para trás, quando a meta era pelo menos tentar se aproximar mais da frente, ainda mais em um ano onde a Mercedes, mesmo ficando longe da briga pelo título, ainda conseguiu ser melhor do que todo o resto, tirando Ferrari e Red Bull. Mantendo Norris, e contando com a nova promessa Oscar Piastri, e tendo demitido Ricciardo, parece que as expectativas de retomar o curso parecem ter sofrido um novo revés, e dos fortes, tanto que o time inglês foi o que menos andou durante estes 3 dias, com “apenas” 312 voltas, com Lando Norris tendo apenas o 13º melhor tempo no apanhado geral, enquanto Piastri foi o penúltimo colocado. Ainda que ambos tenham usado os pneus C3, o panorama geral não foi nada animador para a McLaren, que já viu que terá um ano complicado pela frente, tentando voltar ao topo do pelotão intermediário. Piastri e Norris tiveram vários problemas, e o carro passou muito tempo nos boxes, sem que o time tenha dado maiores explicações dos problemas, o que não é um bom sinal.

            Situação semelhante que se viu nos boxes da Alpine, cuja meta para este ano era manter o 4º lugar conquistado em 2022, e claro, chegar mais à frente, mas que, assim como o time inglês, parece que terá de rever algumas de suas expectativas. Fernando Alonso já tinha dito no ano passado que o time precisava de mais ambição e foco, e que seu novo time, a Aston Martin, tinha desejo de vencer, dando uma alfinetada na Alpine, que ao que parece, não foi tão gratuita quanto muitos pareciam acreditar, no final das contas. A Alpine só andou mais que a McLaren, com 353 voltas. Recém-chegado à equipe, Pierre Gasly foi apenas o 17º melhor tempo na compilação da pré-temporada, enquanto Esteban Ocón ficou em último. E a exemplo da McLaren, o fato de terem se concentrado no uso dos pneus C3 não serve de alento nenhum. Se quiserem reverter as marcas ruins, vão ter de trabalhar duro para não dar vexame já no próximo fim de semana, um aviso que vale também para o time de Woking. E o problema da Alpine é que seus dois pilotos, se são talentosos, também são bem reclamões, o que pode conturbar o clima nos boxes, se o carro não corresponder ao que se esperava. No ano passado, vimos alguns reveses de Alonso pelo tanto que seu carro andava quebrando, e com direito até a alguns enroscos com Ocon. Este ano, vale lembrar que sua dupla de pilotos já andou se estranhando no passado, então...

            Se teve um time que decepcionou em 2022 foi a Alpha Tauri, que brigava pelo meio do pelotão, e deu uma bela queda no último campeonato. Bom, pelo que se viu até agora, a equipe parece que não vai sair da posição em que ficou. Verdade que o time foi o que mais rodou na pré-temporada, com nada menos do que 456 voltas, e Yuki Tsunoda fez até o 6º melhor tempo, mas com pneus C4, mais macios. Nyck De Vries foi apenas o 14º, com o mesmo tipo de pneu, mas o que preocupou mesmo foram os stints de simulação de corridas feitas pelo campeão da F-E, com tempos muito, muito ruins. Se De Vries finalmente aportou na F-1, vai precisar torcer para seu sonho não virar pesadelo, ainda mais depois de ter causado uma excelente boa impressão no GP da Itália do ano passado, defendendo a Williams, e marcando até ponto em sua estréia, com um dos carros mais fracos do grid. Bem, ele vai precisar mostrar novamente aquele tipo de show, se não quiser ficar na sombra de Tsunoda, que convenhamos, já não é de empolgar ninguém exatamente.

Esteban Ocon (acima) foi o último colocado da pré-temporada, mostrando que a Alpine vai ter muito trabalho neste início de temporada, enquanto a McLaren (abaixo) também vive um momento de baixa expectativa.


            Em contrapartida, a Haas, se não assombrou, pelo menos também não decepcionou. O novo VF-23 parece ser uma boa evolução do carro do ano passado, e o time rodou bastante na pré-temporada, de forma honesta e sem maiores sobressantos, acumulando 415 voltas, e com Kevin Magnussen terminando com o 7º melhor tempo. Nico Hulkenberg não andou tão bem, mas o time tem a certeza de que ele não vai se envolver em acidentes na pista, o que já deve deixar todo mundo mais tranquilo no que tange à economia de recursos do time, que inclusive chamou atenção por apresentar uma instalação de pitwall mais “enxuta”, com apenas 3 lugares, que disseram, ajudará a economizar mais uns cobres para apostar no desenvolvimento do carro ao longo do ano. Isso parece indicar que o time ainda terá de andar com um orçamento bem restrito este ano, a exemplo do ano passado, mas agora sem a desculpa de ter perdido o principal patrocinador. Para um time que já batalhou pela liderança do pelotão intermediário anos atrás, parece que este ano vai ser mais uma temporada de vacas magras, tendo de apostar tudo em algumas oportunidades anormais para pontuar. Talvez a escuderia pudesse evoluir um pouco mais se Gunther Steiner parasse de perder seu tempo praguejando contra a iniciativa da Andretti de entrar na F-1 e passasse a se concentrar mais em administrar seu time, como vem fazendo nos últimos tempos, num claro sinal de medo de ter mais concorrência na categoria máxima do automobilismo.

            E por fim, a Williams. O time ficou novamente na rabeira do campeonato em 2022, e até prova em contrário, vai continuar lutando para sair de lá este ano. Os tempos na pré-temporada até que foram um pouco animadores, mas apenas isso. Fora que o carro apresentou boa confiabilidade, com o time rodando 439 voltas. Mas ainda parece faltar velocidade, o que crucial. Mas diante da performance preocupante de McLaren e Alpine, além da Alpha Tauri, parece que a Williams terá com quem travar alguns duelos interessantes no grid este ano, se é que isso será exatamente um ponto positivo.

            Resta esperar agora pela próxima sexta-feira, onde poderemos confirmar, ou não, as impressões desta pré-temporada. Afinal, treino é treino, e corrida é corrida. E tudo só começa pra valer mesmo semana que vem. Até lá, então...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

ESPECIAL – NOVOS CARROS DA FÓRMULA 1 2023

            A postagem de hoje é bem simples. Trago algumas fotos dos novos carros da temporada da F-1 deste ano, que a partir de amanhã estarão na pista de Sakhir, no Bahrein, na mais ridícula das pré-temporadas de que há memória, com apenas três míseros dias de testes, antes do início da temporada, que começa no dia 05 de março. Mas trago aqui apenas fotos dos carros reais, de modo que a única equipe que, até o fechamento desta matéria, ainda não havia divulgado uma foto sequer de seu novo carro, é justamente a campeã do ano passado, a Red Bull, que se limitou a fazer uma apresentação do design de pintura de sua carenagem, que na prática, é o mesmo de muitos e muitos anos, de modo que aquilo não conta nada em termos de novidades, sendo a apresentação mais “fake” deste ano. Tudo bem que Alpha Tauri, Williams, e Haas também fizeram apresentações sem os carros reais, mas pelo menos já realizaram seus shakedowns logo em seguida, com os carros verdadeiros, de modo que estas são as fotos que ilustram esta postagem, algo que nem a Red Bull fez ainda, e se o fez, foi muito bem escondido. Mas, não há porque fazer polêmica, já que nesta quinta-feira, todos irão conhecer o novo modelo RB19 no Bahrein, e ver o que o time campeão de 2022 promete para continuar a reinar este ano, na expectativa de um duelo mais renhido tanto por parte da desafiante do ano passado, a Ferrari, que promete não repetir os mesmos erros, quando a Mercedes, que também quer voltar à luta pelo título, depois do ano atípico de 2022. Então, fiquem com os novos modelos da F-1 2023:

ALFA ROMEO C43



ALPHA TAURI AT-04


 

ALPINE A523



 

 ASTON MARTIN AMR523


 FERRARI SF-23


 

HAAS VF-23



 

 MCLAREN MCL60

 



 MERCEDES W14


 

WILLIAMS FW-45