sexta-feira, 27 de agosto de 2021

DUELO RETOMADO

A Fórmula 1 volta das férias de meio de temporada prometendo retomar com tudo o duelo entre Lewis Hamilton (acima) e Max Verstappen (abaixo). Fiquem a postos!


            E a Fórmula 1 está de volta, depois das férias de verão neste mês de agosto. O palco, o belo circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica, deve assistir à retomada do duelo principal desta temporada, entre Lewis Hamilton, o atual campeão, e Max Verstappen, o desafiante franco-atirador que promete vir com tudo para cima do heptacampeão.

            Ao fim da rodada dupla da Áustria, o duelo entre ambos os pilotos caminhava de forma vigorosamente favorável a Verstappen, e à Red Bull, que haviam disparado tanto na classificação do mundial de pilotos como de construtores, com uma Mercedes e um Lewis Hamilton que pareciam incapazes de responder à forma superior dos desafiantes. O domínio que vimos tantas vezes por parte do inglês e da escuderia alemã agora seria exercido de forma similar pelo piloto holandês e o time austríaco, de modo a tornar o restante da temporada 2021 algo previsível e até enfadonho? A expectativa era forte.

            Bem, como dizem, nada como um dia depois do outro. A Mercedes resolveu investir mais em algumas atualizações no seu carro, precisando rever um pouco os planos de se concentrar apenas no carro de 2022, sob o novo regulamento técnico, enquanto a Red Bull já havia decidido dar tudo por tudo no desenvolvimento do seu carro atual, e ser campeã, mesmo que isso pudesse comprometer o seu desenvolvimento em 2022, fato que eles negam veementemente que vá ocorrer. E, numa disputa quase roda a roda entre Hamilton e Verstappen na primeira volta do GP britânico, em Silverstone, sobrou para Verstappen, que em um toque com o inglês, saiu da pista, bateu forte, e deu adeus à prova, que ainda por cima acabou vencida por Lewis. Choradeiras mil por parte de Verstappen e da Red Bull, que estrebuchou até dizer chega (e ainda chia bastante), o maior prejuízo foi a perda da imensa vantagem adquirida até então, mas com boas chances de ser novamente ampliada diante da forte performance de ambos.

            Mas aí, veio o GP da Hungria, e em uma largada em piso molhado, eis que um strike promovido por Valtteri Bottas na largada acabou calhando de atingir, entre outros pilotos, justamente a dupla da Red Bull, que novamente ficou histérica com o ocorrido, acusando o finlandês de agir de forma premeditada até na causa do acidente, esquecendo-se até de que Bottas não foi o único piloto a causar confusão na largada no piso molhado traiçoeiro do Hungaroring. E o resultado foi quase o pior possível, com Hamilton e a Mercedes retomando o comando dos campeonatos de pilotos e de construtores, além de a Red Bull estrebuchar novamente contra o time alemão, entre outros impropérios. Será que eles não cansam disso? Bem, parece que não, mas para todos os efeitos, dizem que sim, e que agora pretendem dar a resposta na pista. Veremos o que acontece se um novo incidente surgir...

Strike na largada do GP da Hungria: Valtteri Bottas escorregou no piso molhado e acertou vários carros, entre eles a dupla da Red Bull.

            E isso não é difícil de ocorrer. Max Verstappen sempre guiou com seu estilo arrojado e determinado a intimidar os rivais na pista, e vai precisar partir para o ataque contra Hamilton se quiser retomar o domínio da situação. E, como deve ser óbvio, o inglês vai endurecer o jogo daqui para a frente, depois de ser tolerante até demais em situações anteriores. Se vamos ver ambos batendo um no outro novamente, pode ocorrer, mas também podemos ver Max ter um pouco mais de prudência, especialmente depois de ter sido o maior prejudicado nos incidentes anteriores, o que não significa que ele vá maneirar muito também.

            Devido ao incidente na largada do GP da Hungria, ficamos sem saber exatamente quanto a Mercedes recuperou de performance frente à Red Bull. O time alemão conseguiu até fazer um bom treino de classificação, superando o time dos energéticos em um circuito que, por ser travado, esperava-se ter mais facilidade do que a escuderia de Brackley em lidar com a pista. Mas classificação é classificação, e corrida é corrida. Teoricamente, Verstappen e a Red Bull teriam como reagir na corrida, o que não foi possível conferir pelo strike de Bottas na freada da primeira curva no piso molhado da pista húngara. E o panorama de ambos os times na Hungria não é o mesmo da Bélgica.

            O time austríaco trouxe atualizações para seu carro, seguindo sua determinação de evoluir o carro tanto quanto possível até o fim do ano, com o objetivo de conquistar o campeonato, o que significa que eles podem ter recuperado a vantagem diante da Mercedes. Esta, por sua vez, declarou que encerrou as atualizações do seu carro, e que novamente apenas concentrará seus esforços no projeto de 2022, estando satisfeita com a performance atual do modelo W12, com o qual seguirá competindo até o fim do ano. Fica a dúvida se o desempenho do carro será suficiente para que Hamilton consiga se manter na briga com Verstappen, ou se o objetivo será apenas fechar o ano, mesmo tendo de encarar a derrota nesta temporada, depois de anos de domínio, desde 2014.

            É uma questão de ser pragmático: o limite orçamentário impede os gastos ilimitados que os times vinham praticando até o ano passado, de modo que quanto mais se gastasse para desenvolver o carro deste ano pode significar menos recursos para aplicar no projeto de 2022. Não fosse esse detalhe, que felizmente a F-1 conseguiu implementar, por força da pandemia da Covid-19, que abalou as fontes de receita da categoria máxima do automobilismo, a Mercedes continuaria firme no desenvolvimento do chassi W12, adotando o mesmo comportamento da Red Bull para com seu modelo RB16B. Encerrando o desenvolvimento de vez agora, qual a maior consequência que a Mercedes pode sofrer na temporada 2021? Praticamente, terminar como vice-campeã, tanto em construtores quanto em pilotos, e apenas isso. Os demais times da competição estão muito atrás para poderem colocar em perigo as posições tanto da Red Bull quanto da esquadra alemã, incluindo nessa lista McLaren e Ferrari, que mesmo fazendo boas temporadas, estão longe dos dois times da ponta.

            Tendo vencido todos os títulos de pilotos e construtores da F-1 desde 2014, terminar como vice-campeã este ano, “amargando” a derrota para a Red Bull, não vai nenhum apocalipse catastrófico. Lógico que ninguém gosta de perder, mas é preciso, em determinados momentos, repensar as prioridades. A temporada da Mercedes está longe de ser um desastre, e com os desafios que o novo regulamento técnico impõe para os carros de 2022, não é errado o time germânico dar mais atenção a este projeto, uma vez que ele será a base dos carros dos próximos anos. E, conceber um projeto que resulte em um carro menos competitivo no próximo ano poderá ter reflexos mais duradouros, que poderiam afetar também os carros de 2023 em diante, que com um orçamento mais restritivo, poderiam ser mais difíceis de serem corrigidos, dependendo dos problemas que se apresentassem. Simplesmente podem sacrificar este ano para garantirem-se no ano que vem.

            E claro que isso não significa que a Red Bull e Verstappen nadarão de braçada para o título de 2021. Dependendo da situação, podemos ver o duelo se estender até a última corrida. E dependerá também de como isso afetará os pilotos. Se Hamilton se ver em desvantagem, em tese pela sua já larga experiência, o piloto tentará terminar o ano de cabeça erguida, oferecendo o que puder de resistência para impedir uma conquista fácil por parte de Verstappen. Mas, e o piloto holandês? Se estiver em desvantagem no duelo, como ele irá reagir? Pode fazer o mesmo que Hamilton, tentar dificultar ao máximo que o rival leve o título fácil, para deixar claro que nunca desistiu da luta. Mas, e se perder as estribeiras, vendo-se novamente inferiorizado na pista, e fazer alguma besteira? Isso poderia facilitar a situação de Hamilton, que poderia correr para o título com mais tranquilidade. E a disputa poderia acabar antes do que todos poderiam esperar.

            Mas também é precipitado afirmar isso, e ainda por cima, presumir que só Verstappen poderia perder o rumo na pista, por se encontrar em situação inferior na pista, como se Lewis não pudesse fazer besteira. Hamilton já fez várias besteiras em sua carreira, e a situação de domínio nos últimos anos poderia camuflar seu autocontrole neste tipo de situação, e sentindo-se pressionado por Max, voltar a errar bastante na pista. Só iremos saber mesmo corrida a corrida. O holandês preferiu desdenhar da vantagem da experiência, ao afirmar que o que interessa é um carro rápido, e que sem isso não se vai muito longe, quando questionado se Hamilton levaria vantagem pelos anos a mais que ele possui na F-1. Não está exatamente errado, mas ignorar a sabedoria que a experiência pode trazer pode ser um erro, onde você pode aprender muito em como lidar com determinadas situações. Não é exatamente uma garantia, mas um trunfo que pode fazer a diferença. E numa disputa acirrada, qualquer detalhe a mais que você puder dispor pode ajudar.

            E Max já joga o favoritismo na etapa belga para a Mercedes, afirmando até que espera que as atualizações do RB16B lhe propiciem maiores chances de competir com os rivais. Pelo sim, pelo não, duvido muito que Hamilton e a Mercedes caiam nessa conversa. O perigo está à espreita, e depois do que vimos no primeiro semestre, todo cuidado é pouco...

A bela pista de Spa-Francorchamps, na Bélgica, recebe novamente a categoria máxima do automobilismo.

            Spa-Francorchamps é um circuito maravilhoso em termos de opções. A posição de largada não é essencial, pois há bons trechos de ultrapassagem, em especial o trecho Raidillon-Kemmel, logo após a subida da Eau Rouge, onde os carros atingem altas velocidades até chegarem na freada da Les Combes. Nos últimos anos, só a Ferrari complicou a situação da Mercedes na pista belga, sendo que a última vitória da Red Bull na pista das Ardenhas foi em 2014, com Daniel Ricciardo, e isso porque Lewis Hamilton e Nico Rosberg, a dupla da Mercedes na ocasião, se estranhou logo no início da corrida, com o alemão dando um toque sutil no companheiro de equipe, que danificou sua asa dianteira, e furou um dos pneus traseiros do inglês. Mas currículo não ganha corrida, e a situação da Mercedes e da Red Bull hoje é bem diferente dos últimos anos. Com seu desenvolvimento encerrado para 2021, precisaremos ver até onde vai a performance do chassi W12 frente ao modelo RB16B.

            E temos de lembrar que a Red Bull tem um revés momentâneo: o limite de unidades de potência, já que na Hungria, Verstappen chegou à sua terceira unidade permitida, diante dos estragos sofridos nas últimas duas corridas, e que poderá ter de precisar de uma quarta unidade em seu carro em algum momento, diante do elevado número de corridas ainda restante na temporada, o que fará com que tenha de pagar a punição prevista no regulamento por causa disso. Dependendo da corrida, pode ser um fim de semana jogado fora, se for em uma pista difícil de se ultrapassar. E é um problema que também afetará Sergio Perez em algum momento, embora até o presente momento o mexicano tenha usado apenas duas unidades de potência até aqui, mas já tendo que partir para o uso da terceira unidade na Bélgica.

            A segunda metade da temporada 2021 deve continuar prendendo as atenções de todos, pois muita coisa interessante está se desenrolando no campeonato deste ano, não apenas a disputa entre os dois postulantes ao título. Vamos ver o que o fim de semana em Spa-Francorchamps nos reserva...

 

 

As provas da Bélgica e da Holanda devem ser cruciais para Max Verstappen nesta temporada. São os “GPs” caseiros do holandês, assim como foram as etapas da Áustria e Estíria, no país natal da Red Bull. E Verstappen espera repetir nestas duas provas o que conseguiu na rodada dupla disputada em Zeltweg: vitórias, e nada menos do que isso. Se a Holanda é o país natal de Max, como a corrida só está retornando este ano ao campeonato mundial de F-1, até o ano passado os holandeses quebravam o galho indo assistir à prova de Spa-Francorchamps, pela proximidade da pista das Ardenhas com o país vizinho, de modo que não era difícil vermos hordas laranjas entre o público presente na corrida de Spa. Portanto, Verstappen vai querer fazer bonito diante de sua torcida, e esse bonito, certamente, é vencer as corridas. E, claro, a F-1 tem a preocupação se os fãs de Verstappen não manterão o respeito por Lewis Hamilton, diante dos incidentes entre Mercedes e Red Bull vistos em Silverstone e Hungaroring, que resultaram em prejuízos grandes para Max, que vinha se distanciando cada vez mais na liderança do campeonato. Há o temor de que o heptacampeão seja vaiado pelo público holandês, já que ele se tornou o “inimigo” de Verstappen. Vamos ver se os ânimos estarão acirrados a este ponto. Pelo lado de Max, ele já está cansado de ser questionado se o clima da disputa está incendiado entre ele e Hamilton, mas é obvio que contente ele não está, nem um pouco. Afinal, ele viu uma vantagem de mais de 30 pontos virar fumaça em apenas dois GPs, e ainda ficar 8 pontos atrás de Lewis na classificação. Um novo revés em Spa pode reacender aquele clima belicoso que vimos após o GP em Silverstone, onde só faltou pedirem a crucificação de Hamilton pelo incidente ocorrido entre ele e Verstappen. E é claro que para os fãs, quanto mais incendiária a disputa entre ambos os pilotos, melhor para a emoção da luta pelo título... O pessoal quer ver o clima pegar fogo mesmo!

 

 

A Alpine anunciou oficialmente a permanência de Fernando Alonso na escuderia pela temporada de 2022. O acordo inicial era deste ano, com a opção de renovação por mais um ano, embora para muitos, especialmente pela forma como o espanhol vinha se apresentando nos últimos GPs, a confirmação da permanência de Fernando seria mera formalidade. Verdade que Alonso apanhou um pouco nas primeiras corridas, tendo que se readaptar a um carro de F-1, e para variar, a um carro que não é dos mais competitivos, e foi superado por Esteban Ocón nestas primeiras provas. Mas o espanhol virou o jogo, e nas últimas seis corridas, esteve sempre na zona de pontuação ao fim dos GPs, enquanto Ocón ficava a ver navios. O francês conseguiu sua redenção no caótico GP da Hungria, onde conquistou sua primeira vitória na F-1, e a primeira da Alpine na categoria. Alonso, se perdeu a vitória para o companheiro de equipe, fez uma corrida forte, e travou um bom duelo com Lewis Hamilton na parte final da corrida, ganhando tempo que foi útil para garantir que Esteban vencesse a corrida, impedindo que o heptacampeão o alcançasse a tempo de tentar assumir a liderança da prova húngara. Com um carro mais competitivo nas novas regras de 2022, Alonso terá chance de mostrar mais vezes do que é capaz, e se tiver sorte da Alpine conceber um carro que dispute efetivamente as primeiras colocações, quem sabe possamos até rever Fernando no pódio da F-1, de onde está ausente desde 2014...?

 

 

A Aston Martin não teve êxito em seu recurso contra a desclassificação de Sebastian Vettel na Hungria, infelizmente. O jeito é tomar mais cuidado para não repetir o erro, porque Vettel mais do que mereceu o pódio que infelizmente acabou perdendo, pois havia feito uma excelente prova...

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – AGOSTO DE 2021


             E o mês de Agosto também já está indo embora, tendo se passado um terço do terceiro trimestre do ano de 2021. O mundo da velocidade segue em frente, apesar das férias de alguns certames neste mês. E ainda estamos aos trancos e barrancos, devido à pandemia mundial da Covid-19, que mostra ser um problema que ainda vai levar um bom tempo para se resolver, mesmo com a vacinação seguindo em frente em vários lugares. E, com o fim do mês chegando, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, com o tradicional balanço e avaliação de alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade nestas últimas semanas, com comentários sobre cada situação, no tradicional esquema já conhecido por todos: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, tenham todos uma boa leitura, e cuidem-se todos. E até a próxima edição da Cotação Automobilística, no mês que vem, com as avaliações sobre os acontecimentos do mês de setembro, encerrando o penúltimo trimestre de 2021...

 

EM ALTA:

 

Disputa Hamilton X Verstappen na F-1: O heptacampeão partiu para as férias de agosto da categoria máxima do automobilismo de volta na liderança do campeonato, que havia sido assumida por Max Verstappen há algumas corridas. Lewis não venceu na Hungria, mas um strike na largada promovido por Valtteri Bottas no piso molhado acabou por nocautear justamente a dupla da Red Bull, tirando suas chances de um bom resultado na corrida húngara. Com farpas saindo por todos os lados no discurso da Red Bull contra a Mercedes, o panorama da disputa do título na F-1 entre os dois pilotos deve esquentar ainda mais, até porque as duas próximas corridas, Bélgica e Holanda, prometem ter uma invasão de torcedores de Verstappen, que irão fazer o maior rebu na tentativa de pressionar Hamilton. Com uma Mercedes que ainda tem um desempenho oscilante frente a uma Red Bull muito forte, a disputa pelo título realmente deve ser eletrizante até as últimas corridas, com ambos os pilotos tentando aproveitar ao máximo as oportunidades que surgirem. Enquanto Max é mais arrojado, Hamilton se vale da experiência e da estratégia para igualar as forças na pista, procurando também desestabilizar Verstappen, que decididamente voltará “mordido” depois dos incidentes ocorridos nas últimas duas provas. Para os torcedores, melhor situação impossível, com os dois pilotos digladiando-se acirradamente na pista até o fim do ano, numa disputa que pode tanto coroar o primeiro título do piloto holandês, como o oitavo título do inglês, que se tornaria o novo recordista de títulos da F-1.

 

Nyck De Vries campeão da F-E: Não foi uma temporada exatamente brilhante, mas Nyck De Vries terminou o ano da mesma forma como começou o campeonato dos carros monopostos elétricos, em primeiro lugar, tendo vencido a corrida inicial da temporada na Arábia Saudita. E, com o colapso dos demais postulantes ao título, e conseguindo manter uma constância que faltou a eles em maior parte, o piloto holandês da Mercedes chegou ao título na competição, deixando também seu companheiro de equipe, e nome mais experiente, Stoffel Vandoorne, bem para trás na disputa. O título acaba por cacifar De Vries para assumir um lugar na F-1, onde poderia ocupar uma vaga na Williams, caso George Russell seja efetivado no time de fábrica da Mercedes. Mas será que valeria a pena ficar disputando posições intermediárias na categoria máxima do automobilismo se poderia novamente lutar pelo título na F-E em 2022? Para 2023 seria uma escolha mais acertada, já que o time alemão anunciou que deixa o certame ao fim do próximo ano, e o destino da escuderia é completamente incerto após isso. Mas não deixa de ser uma conquista importante, mesmo que muitos torcedores ainda torçam o nariz para a categoria dos carros elétricos. O problema é que a Mercedes tem tido dificuldades para alocar seus pilotos nos últimos anos em lugares satisfatórios quando não tem possibilidade de aproveitá-los devidamente, e isso poderia ser um entrave para De Vries, caso tome a decisão errada daqui em diante.

 

Sébastien Ogier: Com oito etapas disputadas na temporada 2021 do Mundial de Rali, está ficando difícil para os rivais tentarem parar o heptacampeão francês, que já acumula 4 vitórias no ano, e com 4 etapas ainda a serem disputadas, já abriu 38 pontos de vantagem para o mais próximo adversário, o britânico Elfyn Evans, seu próprio companheiro de equipe na escuderia oficial da Toyota, que tem que se preocupar mais com o belga Thierry Neuville do que em tentar alcançar Ogier no campeonato. E, para complicar ainda mais a situação para os rivais de Sébastien, é muito provável que a última etapa da competição, o Rally do Japão, não seja disputado, uma vez que as respectivas etapas nipônicas tanto da Fórmula 1 quanto da MotoGP acabaram canceladas devido à pandemia da Covid-19, o que encurtaria ainda mais as chances de uma reviravolta que colocasse o favoritismo de Ogier em questão, que ruma para conquistar o seu oitavo título no Mundial de Rali, ficando apenas um abaixo do número de títulos de seu compatriota Sébastien Loeb. Ogier prometeu encerrar a carreira ao fim deste ano, mas com 8 títulos no currículo, será que ele não mudará de idéia e tentará igualar Loeb? A idéia certamente causa arrepios nos rivais do francês, que estão tendo novamente um ano frustrante em tentar brecar a escalada de títulos do piloto, que tem tudo para conquistar o caneco muito em breve, mais uma vez...

 

Equilíbrio de vencedores na Indycar: A categoria de monopostos dos Estados Unidos sempre se caracterizou por apresentar uma competitividade muito mais equilibrada do que a F-1, mesmo com o domínio de títulos sendo conquistados ou por Ganassi ou Penske nos últimos anos. E este ano, não está sendo diferente, com 9 pilotos diferentes tendo vencido corridas nas 13 provas disputadas até aqui. Josef Newgarden, Patricio O’Ward, Marcus Ericsson, e Alex Palou conseguiram vencer apenas duas corridas, com Hélio Castro Neves, Will Power, Rinus Veekay, Colton Herta e Scott Dixon faturando apenas uma corrida. E os primeiros quatro colocados na competição estão separados por apenas 43 pontos, pouco se lembrarmos que uma vitória vale 50 pontos, e ainda temos três provas para fechar a temporada. E se Ganassi e Penske continuam na briga, temos uma nova equipe se intrometendo na briga com chances de levar o título: a McLaren, que assumiu a equipe Schmidt/Petterson no ano passado, e pode ser campeã com o mexicano O’Ward, em um retorno mais do que triunfal do time de Woking à uma categoria Indy, onde já competira nos anos 1970 na F-Indy original. A disputa segue mais do que aberta, e certamente deverá ser decidida apenas em Long Beach, no encerramento da temporada, assim como ocorreu em 2020, quando ficamos conhecendo o campeão novamente na última corrida. A emoção está garantida nesta reta final da competição.

 

Fabio Quartararo: O piloto francês deu uma tremenda volta por cima quando ingressou no time oficial da Yamaha na MotoGP, depois do fim de temporada decepcionante em 2020 quando despencou na classificação do campeonato, enquanto via seu companheiro de time na SRT Franco Morbidelli crescer e terminar como vice-campeão. Quartararo colocou a cabeça no lugar, e vem brilhando na atual temporada da classe rainha do motociclismo, sendo o franco favorito ao título, e sabendo manter a constância dos resultados quando não consegue vencer. Enquanto os rivais potenciais não conseguem estabilizar suas performances, Fabio dispara na pontuação, tendo até o presente momento nada menos do que 47 pontos para seus mais próximos perseguidores, Francesco Bagnaia e o atual campeão, Joan Mir, que até aqui não conseguiram se mostrar como ameaças ao francês do time dos três diapasões. Mas, não dá para relaxar, pois com sete provas ainda pela frente, muita coisa pode acontecer, e um fim de semana ruim, ou menos favorável, como o ocorrido em Jerez de La Fronteira, quando foi apenas 13º colocado, podem minar seu esforço em tentar conquistar o título. Mas por enquanto, com os rivais tendo mais baixos que altos, Quartararo aproveita para escapar cada vez mais na liderança, e uma hora será impossível alcança-lo, algo que ele certamente não vai querer dar chance de ocorrer...

 

 

 

NA MESMA:

 

Situação de Sérgio Perez na Red Bull: Depois de vencer em Baku, no Azerbaijão, e de fazer uma corrida forte em Paul Ricard, na França, parecia que a situação do piloto mexicano no time dos energéticos iria enfim desembestar. Mas bastou dar azar nas provas da Inglaterra e da Hungria, para Sérgio voltar a balançar novamente na avaliação sempre exigente de Helmut Marko, que não está nem aí se o piloto teve azar ou não, já que ele sempre parece ter o único olho voltado para Max Verstappen. O mexicano tinha crescido até assumir a 3ª posição no campeonato, e não se poderia exigir mais do que isso, só que os azares das últimas provas, e o crescimento dos rivais fizeram Perez cair para a 5ª colocação, o que também colaborou para a Red Bull perder a liderança no Mundial de Construtores para a rival Mercedes. Por mais que diga estar apreciando a “sinceridade” de Marko em relação a seus resultados, é melhor que Perez consiga espantar a zica e some alguns resultados o mais breve possível, se não quiser ser outro piloto “queimado” pelas exigências e falta de paciência que caracterizam a cúpula rubrotaurina no que tange aos companheiros de Max Verstappen na escuderia. Por mais que Sérgio esteja fazendo um campeonato até satisfatório, de nada vai adiantar se Christian Horner, e principalmente, o mala do Helmut Marko, implicarem que ele não fez o bastante. E exemplos de impaciência não faltam...

 

Situação de Valtteri Bottas na Mercedes: O piloto finlandês continua a ser o alvo das especulações sobre a formação titular da Mercedes para 2022. E o acidente causado por ele na largada em piso molhado no GP da Hungria, onde acabou atingindo direta e indiretamente os dois pilotos da Mercedes não ajuda muito a melhorar sua posição dentro do time alemão, que tem uma decisão um pouco complicada nas mãos: optar por um piloto que não coloca em xeque a posição de Lewis Hamilton no time, e que consegue arrumar resultados confiáveis, mesmo que tenha períodos de baixa, ou simplesmente promove um outro piloto cheio de entusiasmo para mostrar do que é capaz, e que pode arrumar confusão desnecessária com Hamilton, e piorar a situação, ao invés de melhorá-la? Hamilton tem feito defesa quase intransigente de Bottas, por motivos mais do que óbvios, que é um voto de confiança no finlandês, mas também uma certeza de que ele não irá se sair melhor do que já conseguiu nestes últimos anos defendendo a escuderia alemã. E, tendo de começar a pensar no futuro, com a possível saída de Lewis da F-1, a Mercedes tem que saber tomar a decisão certa, e não a mais conveniente. Uma decisão deve ser anunciada em breve, mas por enquanto, tudo parece ainda indefinido, o que é bom para Bottas, mas ruim para Russell, que poderia ficar novamente confinado a mais um ano na Williams, que salvo uma surpresa com o novo regulamento técnico de 2022, pode continuar limitando suas chances de obter sucesso na F-1.

 

Brasileiros na F-E 2021: Pelo segundo ano consecutivo, nossos representantes no certame de carros monopostos elétricos tiveram resultados aquém de suas expectativas. Sergio Sette Camara até que conseguiu um ou outro desempenho razoável durante o campeonato, mas não conseguiu superar as deficiências da Dragon, especialmente em ritmo de corrida, onde muitas vezes até conseguiu largar em boa posição, mas não conseguia mantê-la na disputa com os demais pilotos. Já Lucas Di Grassi até teve esperança de lutar pelo título ao vencer a primeira corrida da rodada dupla de Berlim, mas novamente ficou devendo não apenas ele, como também sua equipe, a Audi, que resolveu deixar a competição, onde estava desde sua primeira temporada. Se Camara acabou terminando o campeonato atrás do ex-companheiro de equipe Nico Muller, Di Grassi conseguiu não perder a disputa para René Rast, mas só superando o parceiro de time na reta final da temporada, e ainda acabou participando de um grande papelão ao tentar, junto com sua escuderia, um truque antidesportivo para vencer uma das corridas da rodada dupla de Londres, sendo justamente desclassificado por isso. Fica a dúvida de como será a participação de nossos representantes na F-E na próxima temporada, já que Di Grassi ficou sem time com a saída da Audi, e Camara ainda tem o seu destino indefinido na categoria.

 

Nova vitória da Toyota nas 24 Horas de Le Mans: O time japonês venceu a edição 2021 das 24 Horas de Le Mans, obtendo sua primeira vitória na mais tradicional prova de endurance do planeta com a nova classe dos hypercars, e dando sequência a seus triunfos, sendo esta sua 4ª vitória em Le Sarthe, e consecutiva. Não é desmerecer a conquista dos japoneses, mas enquanto não tiverem oponentes à altura, fica até meio óbvio dizer quem irá vencer, até porque infelizmente os demais carros da classe LMP1 não estavam à altura dos modelos da Toyota nos últimos anos, e apesar do novo regulamento dos hypercars para tentar atrair mais competidores para a classe de elite dos protótipos do WEC, a diferença de performance do protótipo nipônico para os demais carros ainda é bem relevante, de modo que ainda se busca um maior equilíbrio entre os competidores nesta nova classe. E uma competição com rivais mais próximos também seria benéfico para a Toyota, como prova de sua capacidade de competição frente aos rivais, porque ganhar por ter um carro diferenciado sobre os demais por ser um time de fábrica dentro do regulamento, sem ter quem os desafie de fato não oferece uma satisfação plenamente completa. Quem sabe no próximo ano as coisas estejam melhores, e a Toyota volte a encarar rivais à sua altura...?

 

Jaguar e Porsche mantém pilotos para temporada 2022 daF-E: Tanto o time inglês quanto o time alemão resolveram apostar na continuidade de suas duplas de pilotos para a próxima temporada do certame de carros elétricos. Mith Evans e Sam Bird seguem juntos por mais um ano no time da Jaguar, da mesma maneira que a Porsche continuará com a dupla titular formada por André Lotterer e Pascal Wehrlein. Lotterer pode ter tido uma ajuda da Jaguar para permanecer na Porsche, já que com a renovação de Evans com o time inglês, a escuderia alemã, que estaria tentando atrair o australiano, ficou sem ter uma opção melhor, e optado por manter o piloto que não fez uma temporada das mais entusiasmadas este ano, tendo terminado a competição em 17º lugar, com 58 pontos, enquanto Werhlein foi o 11º, com 79 pontos. Na Jaguar, Evans terminou o ano em 4º, com 90 pontos, com Sam Bird logo atrás, com 87 pontos, em 5º lugar. A Jaguar foi vice-campeã de equipes na temporada da F-E, enquanto a Porsche foi apenas a 8ª colocada.

 

 

 

EM BAIXA:

 

Provas canceladas por causa da Covid-19: E a pandemia do coronavírus continua bagunçando o mundo com força, e por tabela, o mundo do esporte a motor também. E desta vez, tivemos um cancelamento duplo. Na F-1, o Grande Prêmio do Japão rodou pelo segundo ano consecutivo, e depois dos nipônicos engolirem os Jogos Olímpicos mesmo em situação de emergência em Tóquio, a categoria máxima do automobilismo não ia ter força para realizar a corrida, apesar de todos os seus protocolos de segurança sanitária aplicados. Pior para a Honda, que esperava ao menos despedir-se de seus fãs na F-1 correndo pela última vez em casa, mas não dá para ter tudo. E, pela MotoGP, quem dançou foi a etapa da Malásia, também por causa dos altos números da Covid-19 no país. A F-1 ainda estuda o que fazer para substituir a corrida nipônica no calendário, uma vez que a Liberty Media insiste em fazer as 23 provas planejadas para 2021. Já a MotoGP arrumou uma segunda prova na pista de Misano, na Itália, para o lugar da corrida em Sepang. E vamos ver quantas provas ainda conseguirão se manter no calendário, com os números da Covid-19 ainda sendo extremamente preocupantes, mesmo com a vacinação seguindo em frente em vários países mundo afora.

 

Maverick Viñales fora da Yamaha: E acabou-se a paixão entre Viñales e o time dos três diapasões. O piloto espanhol, que já vinha se desentendendo com a equipe nipônica, acabou suspenso pela escuderia e não participou da segunda corrida na pista de Zeltweg, na Áustria, depois de tentar, segundo o time, explodir o motor de sua moto de forma intencional nos momentos finais da corrida da Estíria. Com a decisão da Yamaha de manter Viñales suspenso até para o GP da Grã-Bretanha, ambas as partes prefeririam terminar o contrato entre ambos, que já terminaria antecipadamente no fim deste ano, para já, encerrando de vez a passagem de Maverick na escuderia. Viñales já se acertou com a Aprilia para a próxima temporada, e o time já faz pressão para que o espanhol dispute corridas em sua nova casa ainda este ano, o que em tese seria positivo para o piloto, que chegou à Yamaha há alguns anos como a grande aposta para substituir Valentino Rossi, mas nunca conseguiu emplacar como o italiano, apesar dos esforços por vezes até escancarados de privilegiar a opinião de Maverick no desenvolvimento do equipamento, em detrimento das opiniões de Rossi. Infelizmente, ao se ver inferiorizado por um renascido Fabio Quartararo como colega de time, Viñales simplesmente perdeu a compostura, e a sintonia com o time japonês. Maverick encantou a classe rainha do motociclismo com suas performances na Suzuki, e era apontado como um campeão em potencial, que ajudaria a Yamaha a voltar a ser novamente campeã. Agora, com sua rescisão contratual antecipada, e ida para a Aprilia, Viñales só não arranha mais sua imagem do que Jorge Lorenzo, que depois de ter deixado a Yamaha, ficou queimado na Ducati, e depois foi ainda pior na Honda, tendo levado um baile de Marc Márquez, e preferindo encerrar a carreira. Maverick vai ter o mesmo destino?

 

Alex Palou: O piloto espanhol da equipe Ganassi vinha conseguindo manter uma liderança confortável na atual temporada da Indycar, rumando firme para disputar o título com uma margem de segurança boa contra seus rivais na pista, que não estavam conseguindo manter a mesma performance. Mas a sorte de Palou deu uma reviravolta completa nas últimas duas corridas, fazendo-o não só perder sua grande vantagem como até mesmo a liderança da competição, que agora está nas mãos de Patricio O’Ward. Um motor quebrado na segunda corrida do misto de Indianápolis, e ser pego numa batida causada por Rinus Veekay na etapa de Gateway resultaram em dois abandonos fatais, que permitiram não apenas a perda da liderança do campeonato, como a aproximação de rivais perigosos, como Josef Newgarden, faltando apenas três corridas para encerrar a temporada, onde tudo pode acontecer. Não está tudo perdido, mas se antes Alex podia jogar na defensiva para minimizar riscos em situações desfavoráveis, agora o espanhol precisará jogar no ataque, e se arriscar mais se quiser retomar o controle da situação que parecia tranquila até pouco tempo atrás. Vai conseguir dar o troco na reta final?

 

Ano encerrado para Pietro Fittipaldi: O neto de Émerson Fittipaldi deveria ter disputado a etapa de Gateway no campeonato da Indycar, mas com Romain Grosjean decidindo disputar a última etapa em circuito oval da temporada, e sem colocar um carro extra, sobrou para o piloto brasileiro ficar de fora, encerrando uma participação na categoria de monopostos norte-americana que esteve longe de ser marcante, de modo que o próprio Pietro achou mais positivo começar a batalhar de forma mais incisiva para ocupar uma vaga de titular em 2022, para competir o ano todo, e deixar de ser piloto de apenas algumas corridas, e ainda ser reserva de um time que se perdeu completamente na F-1 nos últimos dois anos. E lembrando que, por ter acertado inicialmente que iria correr em Gateway, Pietro recusou a oportunidade de correr em Le Mans, nas 24 Horas, pela coincidência de datas. Acabou ficando sem nada neste final de semana. Sem conseguir engrenar nestes últimos tempos em participações esporádicas, melhor mesmo arrumar um lugar definitivo para reerguer a carreira e seguir em frente, antes que melhores oportunidades desapareçam de sua perspectiva.

 

Colton Herta: O filho de Brian herta tem se consolidado como um dos pilotos de maior potencial do grid atual da Indycar, e tem salvado o time de Michael Andretti de fazer apenas figuração na atual temporada da categoria. Só que o jovem piloto viu suas chances de tentar até entrar na disputa pelo título da temporada 2021 naufragarem de forma contundente nas últimas duas corridas, impedindo que ele fosse além da 6ª posição no campeonato, e ficando agora a 111 pontos de distância do líder O’Ward, uma diferença muito grande para ser tirada faltando três corridas. Se em Nashville Colton exagerou na dose e acertou o muro quando perseguia o líder Marcus Ericsson, em Gateway o piloto acabou nocauteado pela quebra de um semieixo cuja durabilidade já estava vencida, em um erro crasso do time da Andretti, que acabou fazendo com que seu piloto perdesse uma oportunidade de vencer a corrida e voltar a sonhar com o título. Já foram três oportunidades de vitória no ano onde apenas uma foi concretizada, e com vários pilotos vencendo, toda chance não convertida é um pecado capital na disputa pelo título. Há chance para tentar reverter a expectativa, mas é tremendamente difícil de ocorrer. E a sorte recente parece jogar contra o jovem piloto, que terá de postergar seus sonhos de conquista para a temporada de 2022...