sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

FORMULA-E ACELERANDO FUNDO

Estreando em sua nova equipe, Oliver Rowland (acima) levou a Mahindra à primeira posição no primeiro treino livre na Arábia Saudita, enquanto o atual campeão, Nick de Vries acertou o muro e ficou em último lugar com a Mercedes (abaixo).


            Hora dos carros elétricos pisarem fundo no acelerador. A Formula-E dá sua largada oficial da temporada 2022 com a rodada dupla em Diriyah, na Arábia Saudita, com a primeira corrida sendo disputada hoje, com transmissão ao vivo a partir das 13:45 Hrs., pelo horário de Brasília, na TV Cultura, em canal aberto, e no SporTV 3, na TV por assinatura.

            Ontem, tivemos o primeiro treino livre, e para hoje, o segundo treino livre está marcado para as 7:30 Hrs., com o primeiro treino de classificação ocorrendo a partir das 9:30 Hrs., horários que também se manterão para a segunda corrida amanhã, sábado, no Oriente Médio. No primeiro treino de ontem, Oliver Rowland fez o melhor tempo, iniciando sua primeira participação pela Mahindra, seu novo time. E Nick de Vries, o atual campeão, terminou em último, devido a ter batido a traseira do carro e detonado o eixo traseiro. Lucas Di Grassi, estreando em seu novo time, a Venturi, foi o 9º, enquanto Sérgio Sette Câmara, na Dragon Penske, foi apenas o 18º. Os tempos, contudo, não são muito indicativos, já que a pista estava suja, de modo que só a partir de hoje poderemos ter uma idéia um pouco mais exata do que esperar da relação de forças entre times e pilotos.

            A maior temporada da Formula-E desde o seu nascimento, com 16 provas, dá a atender que a categoria segue firme e em crescimento ininterrupto, mas o panorama não é tão otimista assim. Para começar, perdeu duas fábricas para esta temporada, Audi e BMW, e outra marca, a atual campeã, Mercedes, já anunciou que sai ao fim do campeonato deste ano, resultando na perda de três marcas, algo que deve ser encarado com certa seriedade, mas sem tanta preocupação como deveria aparentar. Primeiro, porque marcas sempre vêm e vão no esporte, é algo cíclico, e que atende aos interesses mercadológicos de cada montadora. E depois, se tem gente saindo, tem gente pronta para entrar. Em primeiro lugar, Audi e BMW continuam presentes na temporada 2022, mas de forma semi-oficial: a equipe Envision, ex-Virgin, continua utilizando o trem de força da marca das quatro argolas nesta temporada, repetindo o esquema de time cliente que já tinha nos últimos dois anos; da mesma forma, a Andretti, que foi o time oficial da BMW desde que a marca bávara entrou no certame, ainda utilizará o trem de força alemão este ano. No segundo lugar, a próxima temporada verá a chegada da Maserati, que deve adentrar na competição como nova fornecedora de trens de força, abrindo a possibilidade de ter um time oficial mais à frente. E há algum tempo atrás, a McLaren também cogitou de participar da F-E, traçando planos de como se dará sua entrada no certame de carros elétricos, ampliando a participação do Grupo McLaren nas competições automobilísticas, onde além da F-1, já está presente também na Indycar.

            A montagem do calendário teve seus problemas, embora estes tenham sido mais relacionados à pandemia da Covid-19 do que a outros problemas propriamente, já que a principal característica da competição, que é correr dentro das ruas das cidades, foi o aspecto mais afetado diante das medidas de segurança sanitárias implantadas para deter a propagação do coronavírus. Apesar do avanço da vacinação em vários países, a disseminação da variante ômicron nos últimos dois meses provocou vários retrocessos e crises em vários lugares, devido à sua altíssima taxa de contágio, mesmo sendo menos letal. A solução foi apelar, mais uma vez, ao esquema de rodadas duplas, que ocupam a maior parte da temporada, o que pelo menos ajuda a cortar custos, o que é muito bem-vindo em um momento onde a pandemia ainda impacta de forma contundente a geração de receita dos times e da própria competição em si. Mesmo assim, há boas novidades no calendário, como a estréia da Coréia do Sul na competição, com uma rodada dupla que fechará a temporada deste ano em agosto. Mas, antes disso, os carros elétricos promoverão a estréia de mais duas cidades no histórico da categoria: Jacarta, na Indonésia; e Vancouver, no Canadá, que volta a sediar uma etapa da competição, depois de ficar sem o ePrix de Montreal. E para a temporada do ano que vem, já há possibilidade de uma corrida na Índia, na cidade de Hyderabad. E, embora no momento não haja negociações firmes a respeito, a F-E pretende retornar à América do Sul, onde já teve provas disputadas na Argentina, no Uruguai, e no Chile, além do sonho de tentar realizar uma corrida no Brasil, que já chegou a flertar com a categoria, mas as negociações nunca chegaram a bom termo.

            A F-E entra na nova temporada com um novo sistema de classificação que, em tese, pode ser menos injusto com os pilotos melhores colocados no campeonato, que na regra antiga, sempre pegavam a pista mais suja, enquanto os piores colocados tinham o privilégio de pegar o circuito mais limpo e emborrachado. Isso obrigava muitos pilotos favoritos a largar de trás, tendo de fazer corridas de recuperação que nem sempre contribuíam para a emoção das corridas devido às dificuldades de ultrapassagens nas várias pistas onde a categoria corre. Era uma tentativa de dar mais emoção às corridas, mas penalizando por vezes demasiado os pilotos mais competentes no campeonato. O novo sistema, contudo, se vai se mostrar menos injusto neste quesito, é um pouco mais confuso de ser entendido pelo público, o que divide opiniões, e será preciso ser avaliado na prática se as mudanças valeram a pena, ou se o sistema precisará de novas alterações.

            Quanto à regra que acaba com a “queda” de energia disponível para os pilotos durante o período de bandeira amarela nas corridas, substituindo parte deste tempo por um acréscimo na duração das provas, parece bem mais acertada, com o propósito de se evitar vexamos como o que vimos em Valência ano passado. E, como as corridas passaram a ser realizadas por tempo, mais uma volta, o período de bandeira amarela acabava “roubando” tempo útil de prova, que não era recuperado. Agora, ao menos, a corrida recupera um pouco desse tempo perdido, e isso pode ajudar a promover mais duelos na pista. O atual campeão, Nick de Vries, contudo, acha que, com as baterias mais “cheias”, as disputas serão prejudicadas, pois os pilotos estarão com o pé embaixo por mais tempo na pista, sem a preocupação de gerenciar melhor sua energia. Não deixa de ser uma preocupação lógica, mas sem ter o que perder, os duelos podem surgir com mais intensidade, com alguns competidores dando mais de si, sem ter com o que se preocuparem no consumo de energia. O tempo “extra” de corrida, mesmo que a fundo, poderá ser bem mais útil do que o tempo reduzido a que ficava a corrida, quando o tempo de bandeira amarela era muito grande. Só a prática vai dar uma dimensão dos ganhos e/ou reveses que a nova norma proporcionará nas corridas.

Ex-F-1, Antonio Giovinazzi começa a desvendar os segredos da F-E, terminando o primeiro treino livre em 20º com a Dragon.

            Corridas que, aliás, deverão ser mais velozes, já que os pilotos disporão de 220 Kw de potência, diante dos 200 Kw disponíveis no ano passado. E os carros mais velozes significarão um desafio a ser enfrentado pela categoria, já que os circuitos começarão a ficar mais “curtos” em tempos de volta, o que deve levar a uma reformulação, que provavelmente precisará ser planejada a partir da introdução do novo modelo Gen3, quando a potência disponível subirá para 350 Kw, permitindo desempenhos ainda maiores aos bólidos. Mas, para este ano, o acréscimo de 10% na potência, permitindo aos carros serem mais rápidos, já proporcionarão bons desafios, entre eles no consumo de pneus, que continuam os mesmos, mas terão de lidar com velocidades e frenagens maiores. A maior carga de energia também deve pressionar as baterias, cuja fiabilidade pode precisar ser melhor trabalhada, para evitar problemas como aquecimento dos componentes. O Modo Ataque também ganha um incremento, passando os pilotos a disporem de 250 Kw de potência durante o seu período de acionamento.

            E a competição em si? No ano passado, o campeonato ficou nivelado por baixo, com nenhum piloto conseguindo ter destaque sobre os demais. Todos os principais pilotos tiveram momentos bons e ruins durante a temporada, com performances irregulares. De Vries deu mais sorte, embora não se deva desmerecer o seu trabalho, mas ele também teve um ano de altos e baixos. Algumas corridas poderiam ter rendido mais emoção, enquanto outras, como em Valência, acabaram prejudicadas pela regra do decréscimo de energia no período de bandeira amarela, que foi demasiado alto, comprometendo a performance de quase todos os pilotos. Algumas experiências, como o novo local do ePrix de Londres, não foram tão positivas como se imaginava, apesar da idéia ser interessante. Puebla, no México, como autódromo substituto do circuito Hermanos Rodriguez, tinha um trtaçado muito melhor, mas não caiu na graça dos pilotos e equipes devido ao estado ruim da pista. Esperemos que as novas pistas que estreiam na competição este ano sejam bem melhor planejadas para proporcionar corridas disputadas, sem terem gargalos no traçado e permitam aos pilotos explorar os limites dos circuitos.

Jean-Éric Vergne e a Techeetah (acima) andaram bem no primeiro treino. Lucas Di Grassi (abaixo) fez sua estréia em seu novo time, a Venturi, depois de sete temporadas defendendo a Audi.


            E quem serão os favoritos? Simplesmente não dá para saber. Talvez ao fim da segunda corrida, seja possível fazer algum prognóstico, mas mesmo assim, devido à diferença das pistas, o que se verá em Diriyah pode não ser o mesmo nas etapas seguintes. Mas podemos esperar empenho de pelo menos metade dos times do grid em lutar por bons resultados. Venturi, Jaguar, Techeetah, Mercedes, e Mahindra são as melhores apostas para vencer as corridas. A Andretti, apesar de manter o trem de força da BMW, perdeu o aporte oficial da marca, e isso pode ter reflexos no desempenho do time, da mesma forma que a Envision, a antiga Virgin, também pode ter sua performance afetada por não ter um apoio formal da Audi, cujo trem de força pode não ser mais tão competitivo quanto antes. A e.dams teve um ano péssimo em 2021, e entra em 2022 precisando provar que pode voltar a ser o time vencedor de antigamente, quanto a parceria técnica era com a Renault. A Porsche continua precisando provar a que veio na competição. Já a Dragon Penske promete, e até agora não conseguiu entregar nada nos últimos tempos. E a NIO, que já foi a primeira campeã da categoria, quando se chamava China Racing, e teve Nelsinho Piquet como vencedor, desandou há tempos, e até hoje não conseguiu reencontrar o timing, tanto dentro quanto fora da pista.

            Mas minhas expectativas podem estar furadas. Podemos ter mais briga e emoção do que o esperado. Ou menos do que todos apostam que irá ocorrer. Diferente da F-1, a F-E não tem uma hegemonia de uma única escuderia favorita e uma desafiante. Tem muito mais gente na parada, e a bem ou mal, isso tem conseguido proporcionar melhores duelos que na categoria máxima do automobilismo, em que pese muitos fãs até hoje criticarem a categoria dos carros elétricos por ser “silenciosa” (carro tem que ter barulho de motor para eles), ou lenta (dizem que ela é uma tartaruga comparada com a F-1, o que não é mentira, mas se esquecem que essa nunca foi sua meta, e sim ser diferente). De fato, a F-E também tem suas mazelas, e pontos em que precisa melhorar, mas para uma competição que muitos apostavam no fracasso, estar entrando em seu oitavo ano de competição dá uma imagem completamente diferente dessa previsão. Ainda há muito o que melhorar, e nem tudo está sendo fácil recentemente, mas pelo menos, eles ainda estão firmes na jogada, e com certeza a tecnologia de eletrificação desenvolvida no certame está gerando know-how muito apreciado na busca por uma indústria automobilística mais ecológica e menos danosa ao meio ambiente. Ela não vai fornecer todas as respostas que precisamos, mas ao menos vai ajudar a resolver alguns problemas que precisamos enfrentar, de uma maneira ou de outra. E isso tem suas virtudes, o que não é de se ignorar.

            Então, é hora de acelerar fundo com os carros elétricos, e caprichar na competição. Que venha a temporada 2022 da Formula-E!

 

 

Depois de termos uma pré-temporada das mais ridículas em 2021, com apenas 3 dias de atividades, a F-1 parecia voltar a ser um pouco mais razoável este ano, com 6 dias de testes, até mesmo porque envolve o lançamento de uma geração de carros totalmente nova, com novos requisitos técnicos, e que demandará dos times muito mais tempo de pista para conhecer o comportamento e reações de seus novos bólidos. Mas, eis que a direção da categoria acaba anunciando agora que a primeira sessão de testes coletivos, marcada para os dias 23 a 25 deste mês, na pista de Barcelona, na Espanha, além de não contar com a presença de público, não terá também cobertura televisiva, nem cronometragem oficial, com as atividades do dia sendo apresentadas apenas ao fim de cada sessão, com uma relação de tempos. A justificativa da FIA e da Liberty Media não convence nem um pouco, resumindo a primeira sessão de testes a um gigantesco shakedown coletivo, onde os times poderão produzir seu próprio material de mídia, que será divulgado nas suas respectivas redes sociais, o que a própria Fórmula 1 também fará em seu site oficial. Justamente na temporada que demanda maior interesse por parte dos fãs, em ver como serão os novos carros, obedecendo a novos conceitos aerodinâmicos, a categoria resolve aprontar uma dessas? Já a segunda sessão, no Bahrein, programada para os dias 10 e 12 de março, será apresentada como pré-temporada “oficial”, com tudo a que tem direito, inclusive presença do público. Um tremendo descaso para com os fãs, e depois ainda ficam se perguntando porque a F-1 anda perdendo interesse por parte dos amantes da velocidade, e com relativa dificuldade de renovar sua base de fãs entre o público mais jovem. Há algum tempo atrás, as sessões de testes da pré-temporada eram amplamente esperadas pelo público, ávido pelas novidades das equipes, com suas novas duplas de pilotos, quando havia, além de esperarem como seria o novo carro de cada time, que costumava apresentar detalhes mais personalizados em cada projeto. Fica difícil entender o que esse pessoal pensa. Comenta-se que seria uma solução inventada para não desagradar os barenitas, que pagam uma grana alta para abrir a temporada, incluídos os testes coletivos da pré-temporada, que desta forma ainda seriam mantidos como estréia “oficial” da F-1 em 2022, ficando a sessão de Barcelona como um tipo de teste coletivo “comum” (por isso sendo chamado de shakedown), que em tese seria menos importante, e por isso mesmo, não necessitando de maior atenção por parte dos fãs. Definitivamente, esse pessoal está gostando de dar tiros no próprio pé, e o público precisa ter muita paciência com essas idéias bestas...

 

 

Neste final de semana também teremos a disputa das 24 Horas de Daytona, com largada prevista para este sábado às 15:40 Hrs., com encerramento às 15:40 Hrs. de domingo, pelo horário de Brasília. Diferente dos últimos anos, a corrida não será transmitida por nenhuma emissora no Brasil, já que o Grupo Disney não renovou o contrato que a corrida possuía com o antigo canal Fox Sports. Na pista, teremos os brasileiros Hélio Castro Neves, Pipo Derani, Felipe Fraga, Daniel Serra, e Augusto Farfus. Resta torcer pelo bom resultado de nossos conterrâneos, e quem sabe, comemorar a chance de termos uma nova vitória na tradicional prova de endurance dos Estados Unidos.

Pilotos e equipes estão prontos para mais uma edição das 24 Horas de Daytona, neste fim de semana.

 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

ESPECIAL FORMULA-E 2022

            E o mundo da velocidade já começa a se mexer e dá suas primeiras aceleradas em 2022. Neste final de semana temos o início do IMSA Wheater Tech Sportscar e o Mundial de Rali também já realizou sua primeira prova do ano. E também chegou a vez da Formula-E dar a largada em seu campeonato, na expectativa de disputar o seu maior campeonato desde que foi criada a categoria dos carros monopostos totalmente elétricos, apesar das dificuldades ainda impostas pela pandemia da Covid-19, agora por causa da nova variante ômicron, que está bagunçando a situação de vários países, mesmo com o avanço da vacinação em muitos lugares. Então, mais do que nunca, é hora de um texto dando um panorama geral do que teremos na temporada deste ano, com as novidades no regulamento, composição das equipes, e o calendário das corridas, e como acompanhar as provas no Brasil. E, claro, esperar que a categoria continue apresentando corridas disputadas, e muita emoção... Uma boa leitura a todos!

FORMULA-E 2022

 

Categoria de carros monopostos elétricos tenta manter seu crescimento e importância após perder dois fabricantes no ano do maior calendário da competição

 

Adriano de Avance Moreno

A Formula-E acelera novamente, começando a temporada 2022 com mais uma rodada dupla em Diriyah, na Arábia Saudita.

 

         Hora de acelerar em alta velocidade nos monopostos totalmente elétricos em 2022. A Formula-E entra em seu 8º ano, o segundo como certame chancelado oficialmente como campeonato mundial pela FIA, com vários desafios a enfrentar. Um deles é manter o crescimento da competição, que surgiu em 2014 sob descrédito de muitos, e hoje, apesar de consolidada, tem de lutar para não apenas reafirmar sua popularidade e crescimento, mas também evitar de regredir no que já conquistou desde sua estréia como nova categoria de competição automobilística, e se manter interessante para as fábricas e patrocinadores.

         Pela primeira vez em vários anos, o grid encolheu: dos 24 carros que alinharam no ano passado, temos 22 nesta temporada. E o motivo é mais do que conhecido: o abandono, de uma sói vez, das marcas Audi e BMW, que preferiram redirecionar seus esforços para outras áreas e competições. Com isso, a categoria perdeu a equipe Audi ABT, presente na competição desde a primeira corrida, uma baixa considerada significativa, por ter sido uma das marcas pioneiras a apoiar a F-E desde seu primeiro campeonato. A grosso modo, contudo, as duas marcas continuam presentes no grid, mas de forma não-oficial, e por apenas mais esta temporada. A equipe Virgin, atual Envision, continua a utilizar o trem de força da marca das quatro argolas, enquanto o time da Andretti segue com o equipamento da BMW, da qual foi parceira e time oficial durante a presença da marca bávara na categoria. A manutenção do uso dos trens de força de ambas se estende para este ano, o último da utilização da atual geração de carros, o modelo Gen2. No ano que vem, com a introdução do novo carro, o Gen3, todos os times utilizarão novos trens de força, com muito mais potência e aperfeiçoamentos.

A Andretti continua a usar o trem de força da BMW, apesar da saída da marca alemã da categoria ao fim da temporada de 2021.

         Mas o desafio continua, e os avisos já foram dados: mesmo tendo conquistado o título de pilotos e construtores na temporada passada, a Mercedes já avisou que deixa a F-E ao fim da atual temporada, o que significa em teoria mais uma equipe a menos no grid, reduzindo os competidores a 20 carros. A Venturi, que usa o trem de força da marca da estrela de três pontas, terá de procurar um novo fornecedor para 2023. Mas nem tudo são más notícias: há a perspectiva de novos interessados em ingressar na competição, e um deles já anunciou que virá para o certame dos carros monopostos elétricos: a Maserati. A marca italiana confirmou o desenvolvimento de seu trem de força, o qual irá equipar um time parceiro na competição, a exemplo do que já ocorre com a DS Techeetah, por exemplo. Não foi divulgado quem irá receber o equipamento da nova marca participante da F-E, mas a princípio, podemos especular que isso não reverterá em um novo time no grid, mas certamente ajudará a manter as escuderias que deverão precisar de novos trens de força, como Venturi, Andretti, e Envision.

         E a própria saída da Mercedes pode não ser tão traumática: existe a possibilidade de encerrar a participação como time oficial, mas manter o fornecimento do trem de força. Isso minimizaria problemas para a Venturi, que uso o powertrain germânico. E a equipe oficial da Mercedes ainda poderia seguir na competição, mas sem o nome da marca. Vale lembrar que antes da Mercedes adentrar oficialmente a F-E, a equipe já iniciou na competição sob o nome HWA, a fim de ganhar experiência no certame dos carros monopostos elétricos. Isso ajudaria a manter o grid com 22 carros, evitando uma debandada maior.

         Um importante trunfo para a sustentabilidade financeira da categoria foi o estabelecimento do “teto de gastos”, que passa a vigorar a partir de outubro deste ano, passando a valer a partir de 2023. Para as temporadas 9 e 10, o limite de gastos por ano será de € 13 milhões para as escuderias, e de € 25 milhões, no caso das montadoras. Dentro deste limite de gastos a ser implantado estão os custos de pesquisas e desenvolvimento, fabricação e distribuição das unidades de potência, sendo que este último, no caso das montadoras. A FIA será a responsável por controlar todas as despesas. Para a temporada 11, o teto de gastos das equipes subirá para € 15 milhões. A justificativa do aumento será a segunda fase de desenvolvimento dos carros da terceira geração. O valor pode parecer baixo, mas boa parte dos equipamentos de competição são padronizados para todos os times, o que ajuda a manter os custos de competição bem acessíveis. Da mesma maneira como na F-1, as fábricas envolvidas na F-E não queriam a implantação do teto de gastos, mas a pandemia da Covid-19 acabou comprometendo as receitas publicitárias e de público, de modo que a FIA conseguiu ter as justificativas de que precisava para passar a regra do controle de gastos.

         Em termos de calendário, a temporada 2022 é a maior da categoria até agora: serão 16 corridas, mas devido aos problemas decorrentes da pandemia da Covid-19, que impactou o calendário dos dois últimos anos, foi complicado acertar a realização de todas as corridas, uma vez que, por correr em pistas de rua, a F-E acabou sendo muito mais impactada que outras categorias automobilísticas pelas regras de distanciamento social e restrições sanitárias. Uma solução foi a adoção de rodadas duplas, ajudando a “encher” o número de provas da competição, e a temporada deste ano conta com nada menos do que 6 rodadas duplas, totalizando 12 provas, sendo apenas 4 delas em rodada simples. Entre os trunfos da nova temporada estão a chegada da F-E finalmente à Coréia do Sul, onde a capital do país, Seul, sediará o encerramento da competição com uma rodada dupla. Novas estreias são as corridas em Jacarta, na Indonésia, e em Vancouver, marcando o retorno da categoria ao Canadá. A F-E tinha previsão de disputar uma corrida na África do Sul, mas esta prova acabou sendo substituída pela etapa de Jacarta. O ePrix de Mônaco passa a ser uma corrida anual no calendário da categoria, competindo agora no traçado integral do circuito monegasco. O México volta a ter sua etapa no circuito Hermanos Rodriguez, após ter a corrida disputada no autódromo de Puebla no ano passado, por causa da pandemia do coronavírus.

         Outra mudança importante para a nova temporada da F-E está no formado de classificação das corridas, motivo de reclamação de vários times e pilotos nos últimos anos. Desde sua estréia como categoria de competição, o treino de classificação para o grid de largada era dividido em quatro grupos, com os melhores colocados no campeonato indo para a pista logo no primeiro grupo, com o asfalto menos emborrachado. Os seis mais rápidos na classificação final iam para a rodada final, chamada Superpole. Nela, cada um tinha uma chance de marcar uma volta rápida para definir as três primeiras filas do grid. Como os melhores classificados no campeonato saíam logo no primeiro grupo e acabavam prejudicados pela sujeira na pista, eles se sentiam prejudicados, enquanto os outros pilotos pegavam a pista mais limpa e com melhor aderência. No novo formato adotado para este ano, a fase de grupos está mantida, mas com agora com apenas dois grupos em vez de quatro, com cada grupo sendo formado pelos pilotos nas posições pares e ímpares no campeonato. Os pilotos terão dez minutos para marcar o melhor tempo e passar para a fase seguinte, que terá um estilo de mata-mata, similar ao de um campeonato de futebol, onde os pilotos ficarão assim definidos na segunda fase da classificação:

 

# 1º do Grupo A x 4º do Grupo B

# 2º do Grupo A x 3º do Grupo B

# 3º do Grupo A x 2º do Grupo B

# 4º do Grupo A x 1º do Grupo B

 

Os pilotos vencedores destas “quartas-de-finais” passam para as “semifinais” e, os dois últimos vencedores então disputam a pole position na “final”, definindo a formação da primeira fila do grid. Se o novo formato vai se mostrar melhor que o anterior, só a experiência vai comprovar.

Nick de Vries (acima) quer tentar o bi neste ano. A Mercedes é uma das favoritas para a temporada, mas vai ter muito trabalho para se impôr perante os demais times, a exemplo da temporada passada.


Outra mudança importante no regulamento está relacionada às bandeiras amarelas e o regime de entrada e permanência do safety car. Anteriormente, os pilotos perdiam parte da energia que não era gasta nesses períodos de neutralização da corrida, já que naturalmente andavam mais lento, na base de 1kW a menos por minuto de paralisação da corrida. Tal perda de energia foi instituída para continuar a forçar os pilotos a gerenciar sua energia, privilegiando aqueles que tinham mais capacidade de efetuar tal controle. Mas o vexame passado pela categoria na primeira corrida de Valência, na temporada passada, onde houve um período excessivo de paralisação com safety car, fez com a maioria dos carros ficasse sem bateria antes do fim da prova, sem que os pilotos conseguissem evitar a “pane seca” elétrica. Diante das críticas recebidas, a FIA viu-se obrigada a alterar as regras para evitar situação semelhante.

         Para esta nova temporada, haverá um "tempo extra" na corrida, em caso de intervenção do carro de segurança: a cada minuto sob bandeira amarela, com ou sem a entrada do safety car, será acrescentado 45 segundos ao tempo total da prova, além da volta final. Dependendo da quantidade de intervenções, o limite de tempo que pode ser acrescido é de 10 minutos a cada corrida. A nova regra ajuda a compensar o tempo perdido em bandeira amarela, já que neste período não havia disputa na pista, mas o tempo de prova continuava correndo normalmente, de modo que a corrida perdia tempo de competição. Agora, por exemplo, se as bandeiras amarelas de uma corrida durarem um tempo total de 10 minutos, teremos 450 segundos, ou 7 minutos e 30 segundos a mais de corrida além do tempo normal inicial, mais a volta final. Os torcedores, e principalmente os pilotos, saem ganhando, pois recuperam parte do tempo perdido na interrupção para voltarem a duelar na pista, e os fãs poderão curtir esse tempo adicional. Os pilotos não perderão mais energia além do consumo habitual reduzido neste período de bandeira amarela, mas o tempo de corrida a mais exigirá dos competidores jogo de cintura e habilidade para conservar sua energia, já que a prova ganha mais tempo, que deve ser cumprido com a mesma carga da duração normal. A economia feita no ritmo devagar da bandeira amarela será gasta neste tempo adicional. Um alivio, mas também um desafio para a capacidade dos pilotos. Os carros também terão mais energia para as corridas este ano, passando dos 200 Kw para 220 Kw de potência, um incremento de 10%, que pode parecer pouco, mas tem tudo para alterar a dinâmica das provas, com os carros sendo mais velozes. Em classificação, os pilotos disporão de 250 Kw de potência, valor que também será disponibilizado para uso durante o “Modo Ataque” nas corridas. Mas, mais potência disponível irá elevar o gasto de energia, de modo que os competidores precisarão se adaptar no gerenciamento desse novo patamar de força dos carros.

         E, falando dos pilotos, tivemos algumas mudanças no grid para o novo ano. Alguns novos nomes chegam para tentar achar seu lugar na nova categoria, entre eles o italiano Antonio Giovinazzi, ex-Alfa Romeo, que defenderá a Dragon Penske. Quem também estréia na F-E é Dan Ticktum, que competiu na Fórmula 2 em 2021, e será piloto da equipe NIO 333. E teremos também Oliver Askew, que competiu na IndyCar, e que agora irá correr pela Andretti Autosport no certame dos carros monopostos elétricos.

         Com menos duas vagas no grid, alguns pilotos perderam suas posições na F-E. Alex Lynn, Norman Nato, René Rast e Tom Blomqvist ficaram sem ter onde correr este ano. E alguns pilotos trocaram de lugar. Oliver Rowland foi para a equipe Mahindra, com Maximilian Gunther ocupando seu lugar na Nissan e.Dams. Apenas cinco equipes mantiveram suas duplas de pilotos: a Mercedes, com o campeão Nyck de Vries e Stoffel Vandoorne; a Jaguar, com Mitch Evans e Sam Bird; a DS Techeetah, com os campeões António Félix da Costa e Jean-Éric Vergne; a Envision Racing, ex-Virgin, com Robin Frijns e Nick Cassidy; e a Porsche, que segue com Pascal Wehrlein e André Lotterer.

Sébastien Buemi e a e.dams se perderam na temporada passada, e tentarão reencontrar o rumo este ano. Parece que ainda vai ser meio difícil...

         Em termos de disputas, a F-E sempre teve campeonatos mais disputados do que os da F-1, com algumas temporadas apresentando uma boa diversidade de pilotos vencendo corridas, e algumas provas com disputas emocionantes. A cada ano, o desenvolvimento dos carros vai permitindo que eles sejam mais rápidos, embora para muitos a categoria ainda seja muito “lenta”, se comparada a outros certames. Mas os custos mais acessíveis tornam a F-E um investimento mais barato e com um retorno mais viável do que outras competições. Mesmo assim, o certame ainda tem de lutar por melhor audiência, especialmente depois de dois anos de pandemia que atingiram em cheio a competição, dadas as suas características de correr dentro das cidades. A perda de montadoras como Audi, BMW, e em breve, Mercedes, tem de ser encarada como algo natural, e por isso mesmo, não se deixar abater com isso. Muito pelo contrário, ela deve se manter atrativa, oferecendo desafios a quem já participa, e neste ponto, ainda despertar interesse em quem ainda não está dentro. A onda da eletrificação de carros, que promete uma geração de veículos mais ecológica e limpa, tem seu grande mote de desenvolvimento dos equipamentos principais, os trens de força, na F-E, e todas as marcas que lá estão ou estiveram, ganharam muita experiência e know-how participando da competição, e não é por outro motivo que a Maserati chega no próximo ano, quando teremos a terceira geração de carros, a fim de também desenvolver sua tecnologia de eletrificação veicular no ambiente de competição acessível da categoria.

         Quanto às disputas na pista, as perspectivas são de boas disputas, com times como Mercedes, Techeetah, Jaguar, e até mesmo Venturi, proporcionarem bons duelos. Outras escuderias, como e.dams, Mahindra e Envision, por outro lado, precisam demonstrar mais constância, além de se recuperarem de resultados ruins recentes. Andretti e Porsche precisam mostrar a que vieram. E, no fundo do pelotão, Dragon Penske e NIO mais uma vez prometem sair lá de trás e batalhar por melhores dias. Será que desta vez eles conseguem? O potencial de disputas alimenta as expectativas de incremento da audiência mundo afora, com grande potencial em vários mercados, atiçando o interesse de vários patrocinadores potenciais.

Portanto, é hora de conferir mais uma temporada na competição dos carros monopostos totalmente elétricos, já a partir desta sexta-feira, com a primeira prova da rodada dupla em Diriyah, na Arábia Saudita, que mais uma vez abre a temporada da Formula-E. E que vença o melhor!

 

EQUIPES DA COMPETIÇÃO

 

Nome: NIO FE Team

Powertrain: NIO 333 001

Pilotos (número): Oliver Turvey (3); Dan Ticktun (33)

Envision, ex-Virgin, tem um novo visual.

 

Nome: Envision Racing

Powertrain: Audi e-tron FE07

Pilotos (número): Robin Frijns (4); Nicky Cassidy (37)

 

Nome: Mercedes-EQ Formula E Team

Powertrain: Mercedes-EQ Silver Arrow 02

Pilotos (número): Nick De Vries (17); Stoffel Vandoorne (5)

 

Nome: Dragon Penske Autosport

Powertrain: Penske EV-5

Pilotos (número): Sérgio Sette Câmara (7); Antonio Giovinazzi (99)

Único piloto a vencer em todas as temporadas da F-E, Sam Bird ainda não conseguiu conquistar o título, e tentará a sorte novamente com a Jaguar.

 

Nome: Jaguar TCS Racing

Powertrain: Jaguar I-Type 5

Pilotos (número): Mith Evans (9); Sam Bird (10)

 

Nome: Venturi Racing

Powertrain: Mercedes-EQ Silver Arrow 02

Pilotos (número): Lucas Di Grassi (11); Edoardo Mortara (48)

 

Nome: DS Techeetah

Powertrain: DS E-Tense FE21

Pilotos (número): Antonio Félix da Costa (13); Jean-Éric Vergne (25)

 

Nome: Nissan e.dams[

Powertrain: Nissan IM03

Pilotos (número): Maximilian Günther (22); Sébastien Buemi (23)

 

Nome: Andretti Formula E

Powertrain: BMW iFE.21

Pilotos (número): Jake Dennis (27); Oliver Askew (28)

A Mahindra já venceu corridas em anos anteriores e quer tentar continuar a vencer, mas precisa ser mais constante.

 

Nome: Mahindra Racing

Powertrain: Mahindra M7Electro

Pilotos (número): Alexander Sims (29); oliver Rowland (30)

 

Nome: Porsche Formula E Team

Powertrain: Porsche 99X Electric

Pilotos (número): André Lotterer (36); Pascal Wehrlein (94)

Ao contrário da rival Mercedes, a Porsche ainda não desencantou na F-E. Será que este ano vai?

 

CALENDÁRIO DA TEMPORADA

 

DATA

PROVA

CIRCUITO/CIDADE

PAÍS

28.01.2022

e-Prix de Diriyah

Diriyah

Arábia Saudita

29.01.2022

e-Prix de Diriyah

Diriyah

Arábia Saudita

12.02.2022

e-Prix da Cidade do México

Hermanos Rodrigues

México

09.04.2022

e-Prix de Roma

Roma

Itália

10.04.2022

e-Prix de Roma

Roma

Itália

30.04.2022

e-Prix de Mônaco

Monte Carlo

Mônaco

14.05.2022

e-Prix de Berlim

Tempelhof

Alemanha

15.05.2022

e-Prix de Berlim

Tempelhof

Alemanha

04.06.2022

e-Prix de Jacarta

Jacarta

Indonésia

02.07.2022

e-Prix de Vancouver

Vancouver

Canadá

16.07.2022

e-Prix de Nova Iorque

Brooklyn

Estado Unidos

17.07.2022

e-Prix de Nova Iorque

Brooklyn

Estado Unidos

30.07.2022

e-Prix de Londres

Excel

Inglaterra

31.07.2022

e-Prix de Londres

Excel

Inglaterra

13.08.2022

e-Prix de Seul

Seul

Coréia do Sul

14.08.2022

e-Prix de Seul

Seul

Coréia do Sul

 

O BRASIL NO GRID E AS TRANSMISSÕES EM NOSSO PAÍS

 

         O Brasil continua mantendo presença na Formula-E, onde conta com pilotos de nosso país desde a primeira temporada da competição, que teve como primeiro campeão justamente um brasileiro, Nelsinho Piquet, que deixou a categoria há alguns anos, diante da falta de resultados de suas últimas participações pela equipe Jaguar. Outro brasileiro que passou pelo certame, e não conseguiu deixar sua marca foi Bruno Senna, assim como Felipe Massa, que também não conseguiu emplacar como piloto da F-E por mais de duas temporadas. Apesar disso, o Brasil ainda mantém sua presença no grid, e mais uma vez teremos dois pilotos tupiniquins batalhando nas corridas.

         O nome de maior quilate é Lucas Di Grassi, piloto que está na competição desde a primeira corrida, no ePrix de Pequim de 2014, onde foi o primeiro vencedor. Depois de ter se sagrado campeão na temporada 2016/2017, Lucas sempre se manteve entre os protagonistas da competição, tendo ficado fora do TOP-3 apenas nas duas últimas temporadas, onde terminou em 6º e 7º lugares. No ano passado, Lucas venceu duas corridas, depois de ter ficado sem subir ao degrau mais alto do pódio na temporada anterior. O brasileiro inicia uma nova fase na sua carreira, aos 37 anos, tendo passado perto de se retirar da competição ao fim de 2021. A equipe por onde competiu desde sua estréia, a Audi ABT, encerrou sua participação na F-E, depois da marca das quatro argolas decidir deixar o certame de carros elétricos. Se não conseguisse encontrar um novo time para correr, Di Grassi afirmou que tinha intenção de aposentar o capacete, mas felizmente, isso não ocorreu, com o piloto tendo acertado para defender a Venturi a partir deste ano, e com isso, manter-se na competição. No ano passado a Venturi venceu duas corridas, com seus pilotos triunfando em uma prova cada um, sendo que Edoardo Mortara terminou como vice-campeão na temporada passada, ficando apenas 7 pontos atrás do campeão Nick De Vries. E a equipe, ao dispensar Norman Nato para trazer Di Grassi para sua estrutura, já indica que quer mais.

         A equipe tem o trem de força da Mercedes, um equipamento de primeira linha. E com a experiência e talento que Di Grassi agrega ao time, as expectativas são de que o time sediado em Mônaco possa sonhar mais alto nesta nova temporada. No ano passado o time ficou muito refém dos resultados de Mortara, de modo que na classificação de construtores, a Venturi foi apenas a 7ª colocada. Contando agora com uma dupla mais forte, a meta do time é ser campeã também neste quesito. Para Lucas, é a chance de tentar voltar a disputar o título, depois de ficar de fora do duelo nos últimos dois anos, devido à inconsistência da Audi, que não conseguiu entregar um carro competitivo em todas as corridas. Mas Di Grassi não terá vida fácil na nova escuderia, pois terá a concorrência forte de Mortara, que deixou Felipe Massa na sobra quando ambos dividiram a equipe em duas temporadas, e está perfeitamente aclimatado no time. Não é impossível imaginar que ambos acabem duelando entre si na pista, dependendo das circunstâncias, especialmente se tiverem oportunidade de vencer corridas. Depois de um ano onde ficou boa parte da temporada atrás do companheiro de equipe René Rast, Di Grassi só foi inverter as posições na reta final do campeonato de 2021, e certamente vai precisar mostrar toda a sua capacidade se não quiser ficar na sombra de Edoardo, ainda mais se pretende mesmo almejar disputar novamente o título da competição. Se a Venturi de fato corresponder, Di Grassi certamente será a melhor esperança de bons resultados na expectativa dos torcedores brasileiros.

         Nosso outro representante é Sérgio Sette Câmara, que continua no mesmo time, a Dragon Penske, com expectativa de melhores condições de competição do que em 2021, mas mesmo assim, sem criar muitas ilusões para 2022. A Dragon Penske foi o penúltimo time da competição no ano passado, ficando à frente apenas na fraca NIO, e embora o brasileiro tenha conseguido algumas boas posições de largada, a falta de ritmo de corrida do carro fatalmente fazia com que Sergio despencasse nas corridas, incapaz de se defender de pilotos com equipamentos mais competitivos, e quase sempre terminando fora da zona de pontos. Tanto que Sérgio, assim como seu companheiro no ano passado, Nico Mueller, só marcaram pontos mesmo em situações mais excepcionais, que não se repetiram no ano. Mueller deu mais sorte e conseguiu um pódio, que foi importante para o suíço terminar em 20º lugar, com 30 pontos, contra o 22º lugar do brasileiro, que marcou apenas 16 pontos. O time ainda teve a participação de Joel Ericksson, que conseguiu marcar 1 ponto na antepenúltima etapa da competição, e só. A equipe demorou a estrear seu novo trem de força, iniciando a temporada com um equipamento já defasado, o que limitou ainda mais as possibilidades de bons resultados, que já não eram grandes. E mesmo depois de estrear seu novo equipamento, os concorrentes já tinham avançado o suficiente para fazer com que o novo powertrain não fizesse muita diferença. Para este ano, a equipe espera pelo menos ter melhores chances de pontuar, e tentar se manter mais próxima do meio do grid. E o time tem no piloto brasileiro sua melhor esperança de bons resultados, já que o novo companheiro de Câmara, o italiano Antonio Giovinazzi, é novato na competição, e já deu indícios de que terá de se adaptar ao estilo de pilotagem requerido pelos monopostos elétricos, o que deve indicar que suas possibilidades de bons resultados serão mais restritas. Resta esperar que a equipe tenha desenvolvido melhor seu trem de força, se quiser de fato desafiar os times mais fortes, e aspirar a vôos maiores.

         No que tange às transmissões da categoria, os fãs brasileiros terão as mesmas opções da temporada passada. Na TV aberta, a TV Cultura mantém a transmissão das corridas, sempre ao vivo, com narração de Marco de Vargas, e comentários de Fabio Seixas, que fizeram as transmissões da competição no ano passado, com boa desenvoltura para a estréia da competição numa emissora de TV aberta em nosso país. Já na TV por assinatura, o SporTV, que surpreendeu ao anunciar a veiculação da categoria no ano passado, também se mantém firme nas transmissões para 2022, de modo que os fãs da velocidade continuarão tendo opções tanto na TV aberta quanto na TV fechada. Afinal, a TV Cultura, mesmo sendo uma emissora aberta, tem uma cobertura deficiente a nível nacional, sendo assistida em muitos lugares apenas por quem possui parabólica, ou tem o canal de cortesia no seu pacote de TV por assinatura. E quem já possui TV fechada, neste caso, pode optar pela transmissão que lhe parecer mais competente. Portanto, é hora de renovar a torcida pela alta velocidade!

Sérgio Sette Câmara vai para sua segunda temporada completa na F-E, mais uma vez defendendo a equipe Dragon Penske.

 
Depois de competir pela Audi desde a primeira corrida da F-E, o piloto brasileiro Lucas Di Grassi (acima) inicia uma nova fase na equipe Venturi (abaixo).


A Techeetah continua com sua dupla de campeões e quer dar a volta por cima em 2022, apesar das dificuldades.

A F-E deve continuar a oferecer corridas bem disputadas este ano.

 

Temporada deste ano será a última do modelo Gen2, que será substituído pelo novo carro de terceira geração para a próxima temporada.