sexta-feira, 30 de março de 2012

SABER PERDER

            “Saber perder é uma virtude”, diz o ditado popular, mas vá achar algum campeão que saiba ser um bom perdedor... Eles existem, sim, mas aparentemente, Sebastian Vettel acaba de mostrar que não é desta estirpe, depois da sua reação ao fim do GP da Malásia de Fórmula 1 disputado domingo passado. Ao tentar colocar volta em cima do retardatário Narain Karthikeyan, da equipe Hispania, o bicampeão teve um de seus pneus traseiros tocado pelo bico do carro do indiano, o que fez com que o pneu furasse, levando Vettel para o box para uma troca e colocando fim às suas pretensões de pontuar na corrida malaia. Finda a corrida, o jovem alemão disparou alguns impropérios contra o piloto da Hispania, e mostrando-se profundamente irritado com o acontecido.
            Cabeça quente? Claro, e ele tem o direito de ficar chateado, mas o que está pegando mesmo é o fato de que este ano a Red Bull, ao contrário do que se esperava, não tem a força que demonstrou nos últimos dois anos. A proibição do difusor aquecido fez mais falta do que se imaginava, mas todos tinham esperança de que Adrian Newey conseguiria contornar o problema. Aparentemente, ele não conseguiu isso tão bem quanto se esperava. E o que vemos é uma Red Bull tendo que lutar para conseguir andar de novo na frente, o que não vai ser fácil, pelo visto nas duas corridas disputadas até aqui. E isso parece ter deixado Vettel meio desestabilizado.
            A McLaren mostrou ter o melhor carro, e tem a dupla mais forte do grid potencialmente falando, com dois campeões que já mostraram do que são capazes. Nas classificações, o MP4/27 mostrou ser o carro mais rápido, a ponto de a McLaren ter dominado a primeira fila tanto no Albert Park quanto em Sepang. Vettel aproveitou-se da entrada do Safety Car na Austrália para terminar a corrida em 2° lugar, superando Lewis Hamilton, que inevitavelmente chegaria atrás de Jenson Button, que soube controlar perfeitamente a prova australiana. Na loteria que foi a prova de Sepang, com a chuva embaralhando estratégias e trocas de pneus, Vettel não conseguiu capitalizar a presença da chuva a seu favor, como havia feito em 2008 no GP da Itália, quando venceu pela média Toro Rosso. E, diante da possibilidade de ser muito difícil vencer corridas este ano, tudo indica que o bom humor e simpatia do novo bicampeão tendem a sumir muito rápido. E isso vai ser ruim, não apenas para sua imagem, mas para sua formação de piloto.
            Já vimos recentemente este mesmo filme, com Lewis Hamilton. Queridinho da McLaren, sendo cuidadosamente preparado pela escuderia britânica para ser um de seus pilotos, Lewis estreou em 2007 tendo o sonho de todo piloto que ambiciona chegar à F-1: um carro vencedor e um time de ponta. Surpreendeu a todos e quase foi campeão, perdendo o título por pouco. Noviciado, diziam. E com razão: nas provas finais, quando já era até tido como campeão antecipado, a pressão “pesou”, e o jovem inglesinho cometeu seus erros, perdendo o título para Kimmi Raikkonem e a Ferrari. No ano seguinte, enfrentando dificuldades maiores, venceu por pouco o campeonato, e dava mostras de que um novo gênio e supercampeão estava nascendo. Só que, de lá para cá, Hamilton não conquistou um novo título. Não que tenha faltado carro exatamente, mas a competição ficou mais dura, e no ano passado, a “abstinência” de títulos fez com que Lewis andasse meio errático, cometendo erros e não conseguindo aproveitar a contento seu grande talento. Ao se ver superado na McLaren por Jenson Button, um sujeito polido, amigável, e sem fama de criador de casos, o ego de Lewis foi a nocaute.
            Em 2007 e 2008, Lewis estava vivendo um sonho na F-1. Na época eu já dizia que era prematuro apontar o inglês como supercampeão, pois até então, apesar de uma ou outra dificuldade, ele estava vivendo o melhor da categoria. E quando a situação ficasse mesmo complicada? Saberia encarar as adversidades e superá-las, como convém a um verdadeiro campeão? A princípio, até que parecia saber: em 2009, a McLaren não teve um bom carro, mas soube crescer no campeonato, e Hamilton até que encarou bem o desafio, não sem ter alguns traumas ocasionais. Em 2010, em um campeonato até equilibrado, Lewis se portou bem, mas perdeu pontos cruciais em algumas corridas por não saber dosar ser ímpeto de agressividade, dando a entender que, encarando uma competição mais forte, poderia facilmente se desestabilizar. E no ano passado, se envolveu em confusões em várias corridas, tocando rodas com Felipe Massa em várias ocasiões, e dando até declarações esdrúxulas sobre as punições que recebia. Superado por Button na McLaren, e vendo Vettel despontar como novo “gênio” da F-1 pareceram deixar Hamilton com ciúme do sucesso do rival. Hamilton parecia ter a noção de que ele era o “astro” único da F-1, e ver outros tendo mais sucesso pareceu não deixá-lo à vontade. Afinal, para quem, alguns anos antes, era tido como possível novo “rei” da F-1, ver que isso pode não ser verdade tem lá seu lado bom e ruim. Infelizmente, Hamilton está indo, até o momento, pelo lado ruim: neste início de campeonato, já parece desanimado, e procurando novamente o rumo da vida, sendo superado na pista por Button.
            Vettel teve o ano de seus sonhos em 2011, onde foi campeão praticamente sem ter de enfrentar ninguém. Tinha o melhor carro, o RB07, e não teve, como em 2010, concorrência interna dentro da equipe, uma vez que Mark Webber foi incapaz de acompanhá-lo. E Vettel despontava como um campeão carismático, simpático, e mais sociável do que Fernando Alonso e Lewis Hamilton, e até Michael Schumacher. Mas este ano, vendo que seu carro não é mais superior aos demais, pelo contrário, e perdendo um resultado apenas satisfatório em Sepang – seria o 4° colocado, mas sem chances de subir ao pódio, Vettel parece estar caindo no mesmo buraco negro que ameaça tragar Hamilton. Quando todos já afirmavam até que Vettel poderia superar os números de Schumacher na F-1 – um exagero a esta altura, diga-se, eis que o mais jovem bicampeão da categoria se vê de volta a pilotar um carro veloz, mas não o mais veloz de todos. Seria a chance perfeita para Sebastian mostrar que é de fato o grande campeão que todos afirmam, ajudando a liderar seu time neste momento de dificuldade. Dificuldade que nem é tão grave assim: o RB08 não é um carro ruim, e pode até vencer corridas, pois a diferença de performance não é insuperável para os carros da McLaren. Mas Vettel vai ter de suar o macacão para vencer novamente, e a possibilidade de ter de duelar de maneira mais ferrenha na pista, contra vários adversários potencialmente velozes, e sofrer uma nova derrota pode bagunçar a cabeça do jovem alemão.
            Nestas horas, é preciso saber perder. Nunca será possível vencer sempre, e saber perder não significa admitir que é perdedor, apenas que é preciso fazer o que for possível, e tentar dar o melhor de si, por pior que a situação esteja. Vencer quando se tem o melhor carro pode ser fácil, mas vencer enfrentando as adversidades, e sem ter o melhor equipamento é conseguir vencer de uma forma ainda mais valorizada. Vettel já esteve neste tipo de situação, quando defendeu a Toro Rosso, apenas precisa se lembrar de como eram aqueles tempos e voltar a dar o melhor de si. A Red Bull continua tendo uma estrutura muito boa, e com trabalho e esforço, pode voltar a vencer, e mesmo neste momento, não pode ser descartada da luta pelo título. Mas Vettel tem de esquecer qualquer estrelismo que possa estar tendo e colocar os pés no chão para raciocinar direito e ver que pode encarar este desafio e superá-lo. Talento e capacidade ele tem. Só precisa é ter cabeça forte para encarar o problema. Não é xingando os companheiros de pista quando algo dá errado que irá conseguir isso. A dupla da Force Índia, Paul Di Resta e Nico Hulkenberg, saíram em defesa de Karthikeyan, assim como o ex-piloto David Couthard, hoje comentarista de F-1. O indiano, por sua vez, tachou a atitude do piloto da Red Bull de antiprofissional e vergonhosa, além de afirmar que um campeão não pode se dar ao luxo de ser chorão assim.
            Se mostrar que tem mente forte, Vettel terá dado o passo definitivo para ser de fato um gênio das pistas, se conseguir conduzir a Red Bull ao título em um ano onde não tenha o melhor equipamento. É o que Fernando Alonso vem tentando na Ferrari, desde que estreou no time italiano, e que com sua corrida extraordinária na Malásia, onde conquistou uma vitória que ninguém esperava, mostra porque o espanhol é considerado hoje o piloto mais completo da F-1 atual, a despeito do bicampeonato consecutivo de Vettel nos últimos dois anos. Se Sebastian conseguir repetir o que Alonso consegue fazer na Ferrari, mesmo com um carro inferior, será um piloto muito mais forte do que já é. Mas para isso, precisa aceitar com naturalidade as derrotas. E extrair delas muito mais motivação ainda para voltar a vencer.
            Vettel só depende de si mesmo para conseguir isso.

quarta-feira, 28 de março de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MARÇO DE 2012

            Começaram os campeonatos da F-1 e da IRL deste ano, e chegou a hora de termos a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA deste mês, com uma pequena análise do que se viu nas primeiras corridas. Como de costume, vamos às classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...


EM ALTA:

Fernando Alonso: A Ferrari o definiu como “mágico” na placa de chegada do Grande Prêmio da Malásia. E podem estar certos disso. O espanhol fez mesmo mágica neste início de mundial, com um carro abaixo da crítica para um time de ponta, em que entrar na disputa pelas primeiras posições na classificação do grid virou tarefa complicada, dada a falta de velocidade do novo carro vermelho. Mas Alonso mostra porque é considerado o mais completo piloto da F-1 na atualidade, e na Malásia, aproveitou-se como ninguém das condições da pista para acertar em cheio na estratégia e conseguir uma vitória pra lá de inesperada, e de quebra, ainda liderar o campeonato, que parecia perdido neste início de competição. Alonso, contudo, sabe quão ilusória é sua liderança no certame, mas tal como Ayrton Senna em 1993, pode desequilibrar a disputa quando as condições ficam embaralhadas como se mostraram em Sepang. O objetivo é ganhar tempo até a estréia do novo carro prometido para Barcelona, 5ª etapa do campeonato, em maio, esperando um monoposto mais competitivo.

McLaren: O time prateado de Woking iniciou o campeonato na frente na Austrália, e só não venceu novamente na Malásia porque a chuva embaralhou a situação, a ponto de o time se perder na estratégia dos pneus, e Button ter errado feio ao tocar numa Hispania. Hamilton foi burocrático até o momento, mas o MP4/27 é no momento o melhor carro da categoria. Não é um poderio arrasador como o da Red Bull no ano passado, mas por enquanto, é o suficiente para vencer e convencer. O time só não pode desperdiçar oportunidades, pois a concorrência está bem próxima, e a qualquer momento, pode perder a vantagem. De quebra, o MP4/27 é disparado o carro mais bonito do grid, por não exibir o horrível “degrau” que foi adotado por quase todas as escuderias...

Campeonato da Fórmula 1: Quem esperava um novo domínio da Red Bull, pode comemorar: a disputa do mundial deste ano vai ser bem mais equilibrada. Apesar do domínio inicial da McLaren, o time das bebidas energéticas está ali por perto, e times como Lótus e até Mercedes, dados os seus problemas, podem aprontar alguma surpresa, como já se viu na Malásia, onde quem se aproveitou melhor da situação foi a Ferrari e Fernando Alonso. E, se a disputa na frente pode ser melhor do que a esperada, o pelotão intermediário tem tudo para continuar sendo uma briga das mais renhidas. Só Caterham, Marussia e Hispania continuam lá atrás, sem conseguir incomodar ninguém...

Hélio Castro Neves: o piloto brasileiro da equipe Penske começou o ano em alta, ao vencer o GP inaugural da Indy Racing League, em São Petesburgo, na Flórida. Disposto a apagar o péssimo ano de 2011, quando não conseguiu vencer nenhuma prova, Helinho usou da estratégia arriscada de duas paradas para assumir a liderança da corrida aliado a uma pilotagem arrojada no momento certo para superar os rivais à sua frente, ao mesmo tempo em que conservava seu equipamento e combustível. Depois de dois anos reinando sem adversários na Penske, Will Power pode ter de enfrentar rivalidade interna no time, se Helinho manter a forma exibida na primeira corrida.

Sérgio Perez: o piloto mexicano da Sauber foi a sensação da prova da Malásia, e poderia até ter conseguido a vitória na corrida, não fosse um pequeno erro nas voltas finais. Visto como possível novo piloto da Ferrari para 2013, Checo faz bem em evitar as especulações sobre assumir imediatamente um lugar na Ferrari, que no momento não tem um clima tão bom quanto o vivido pela Sauber. O time italiano está fervendo nesta temporada, e por mais talentoso que o jovem mexicano seja, jogá-lo direto neste caldeirão poderia ser um erro. Perez ainda tem muito a crescer, e a Sauber lhe oferece, no momento, um carro razoavelmente competitivo onde poderá aprender sem sofrer tantas pressões. Mas que ninguém se surpreenda se em breve ele trocar Hinwil por Maranello...



NA MESMA:

Rubens Barrichello: quem esperava um show do piloto brasileiro em sua estréia no campeonato da Indy Racing League deve ter tido a sensação de “mais do mesmo”: Rubens largou apenas em 13°, e em nenhum momento brigou pela ponta, e no final, vítima de uma estratégia de combustível errada, despencou para o 17° lugar. Mas Barrichello já avisou que tem muito a aprender na categoria, e o que se viu em São Petesburgo é uma mostra de que a Indy não é uma categoria tão fácil como se imaginam. Serão necessárias algumas provas para o brasileiro pegar o ritmo das estratégias, bem como dos acertos do novo carro. Competência para isso ele tem, mas devagar com as expectativas de quem acha que ele já chegaria disputando o título...

Pastor Maldonado: o intrépido piloto venezuelano começou o ano mostrando sua tremenda velocidade, levando a Williams a disputar novamente as posições de pontuação depois do tenebroso ano de 2011. Mas a luta contra Fernando Alonso na Austrália, pela 5ª posição, se empolgou, também lembrou, na última volta, porque Pastor pegou o apelido de “Maldanado”, ao bater e perder praticamente 8 pontos garantidos que seriam muito bem-vindos ao time de Frank Williams. Se Maldonado tencionava induzir Alonso ao erro, o tiro saiu pela culatra, pois foi ele quem errou. Em que pesem os chiliques do espanhol quando as coisas não saem a seu gosto, na pista Alonso é um verdadeiro iceberg quando se trata de defender uma posição. Maldonado já era uma das sensações da corrida, e numa pista onde os erros podem ser fatais para as pretensões dos pilotos de um bom resultado, o venezuelano acabou sucumbindo. Um pouco mais de prudência, e a Williams teria o dobro de pontos neste início de campeonato.

Rede Bandeirantes: No embalo do oba-oba da estréia de Rubens Barrichello na IRL, a Bandeirantes fez uma bela cobertura da prova de abertura do campeonato, em São Petesburgo, com direito a transmissão in-loco na pista e repórter nos boxes, além de ter segurado até o fim a transmissão da corrida, mesmo invadindo por quase 10 minutos o horário “sagrado” do futebol de domingo (muito provavelmente pela vitória potencial de Hélio Castro Neves). Mas a emissora já ficou devendo no seu site oficial, onde noticiou que Tony Kanaan tinha “vencido” a corrida durante pelo menos dois dias inteiros. Claro que a mancada já foi corrigida, mas não esperem ver na próxima corrida, no Alabama, a mesma qualidade e empenho de transmissão da prova de abertura do campeonato. De ponto positivo, a Bandeirantes deu um tratamento igualitário a todos os nossos representantes na corrida, não caindo na tentação óbvia de transformar Barrichello na estrela maior, mas até que eles não tiveram na verdade muita alternativa, diante da estréia discreta de Rubens. Para os torcedores da categoria, fica agora o desafio de conseguir acompanhar o campeonato, seja lá do jeito que o grupo Bandeirantes acabe transmitindo...

Romain Grossjean: Em seu retorno à categoria, Romain Grossjean está conseguindo apagar, pelo menos nos treinos, a péssima impressão que ficou de 2009, quando entrou no meio do campeonato na equipe Renault substituindo Nelsinho Piquet após o “cingapuragatte”. Mais preparado, maduro, e até mesmo mais veloz, Grossjean tem até deixado Kimmi Raikkonem na sombra na equipe Lótus, o que seria até natural, em virtude dos dois anos em que o finlandês ficou fora da categoria. Mas nas corridas, o franco-suíço até agora não conseguiu sair do lugar, seja por culpa própria ou alheia. Na Austrália, levou um chega-pra-lá de Pastor Maldonado, danificando a suspensão dianteira e abandonando ali mesmo; já na Malásia, tocou em Michael Schumacher e acabou rodando, e logo em seguida, acabou fora da pista, atolado na caixa de brita. Uma vez que o carro da Lótus mostra potencial para andar entre os primeiros, ficar sem marcar pontos nestas duas provas é um tremendo revés. Grossjean precisa reagir, e tem condições para isso. Caso contrário, os fantasmas de 2009 poderão voltar a fazer algumas companhias...

GP do Bahrein: Parece que a F-1 vai mesmo correr no pequeno país árabe este ano, mas a situação por lá inspira cuidados, a ponto de fontes do governo barenita chegarem a dizer que não haveria como garantir 100% a segurança dos integrantes da categoria e da corrida, para em seguida afirmarem que todos os esforços serão feitos no sentido de se dar totais condições de segurança para a realização do GP. Se o clima esquentar por lá, vai ficar complicado tentar disputar a prova. Pode até não acontecer nada, mas que o clima anda ruim por aqueles lados, isso anda. Ter uma corrida cancelada talvez em cima da hora apenas confirmaria os piores temores, isso se não houver complicações ainda piores, com parte dos integrantes já presentes no país. Infelizmente a categoria raras vezes exibe bom senso, como ocorreu no ano passado, quando a prova foi cancelada...



EM BAIXA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro da equipe Ferrari enfrenta o seu pior início de campeonato desde 2008. Duas corridas sem marcar pontos, marcadas por performances pífias, e agora com o agravante de ter a estridente imprensa italiana querendo sua cabeça, além de um carro nascido ruim. Se a situação tinha sido ruim na Austrália, piorou ainda mais na Malásia, onde Alonso conseguiu uma vitória até inesperada, enquanto Felipe teve uma performance ainda mais desalentadora do que na corrida anterior. Que já se esperava na pior das hipóteses o fim da carreira de Massa na Ferrari, o perigo agora é isso desencadear o fim de sua carreira na F-1, embora ainda não seja tarde para reverter o panorama. Em 2008, Massa também teve um início de temporada desastroso, mas se recuperou e por pouco não foi campeão. Mas o carro de 2008 foi o melhor da temporada daquele ano, algo que o F2012 está muito longe de ser, pra não falar na concorrência desestimuladora de ter Fernando Alonso como companheiro de equipe, que sabe fazer como ninguém o time voltar-se apenas para ele, deixando o parceiro de equipe a ver navios...

Lewis Hamilton: O campeão de 2008 também enfrenta um início de campeonato abaixo da expectativa, para quem tem o melhor carro do momento na F-1. Duas pole-positions obtidas com a competência do talento que sempre demonstrou ter até deixaram no ar a sensação de favoritismo para Hamilton. Mas na corrida a situação se mostrou diferente, perdendo vitórias para Button e para Alonso, e tendo apenas dois 3°s lugares conquistados até agora. O único ponto positivo é que Hamilton não se meteu em nenhuma confusão, ao contrário do ano passado, e até mostrou-se controlado ao ver que não estava sendo o favorito que se imaginava. Se por um lado é bom, talvez indicando correr mais com a cabeça, é visível o seu descontentamento ao fim das corridas, decepcionado com o resultado. Ainda parece não ter superado o ano de 2011, onde perdeu o duelo interno para Jenson Button.

Ferrari: o time rosso iniciou o campeonato mais complicado do que imaginava. O F2012 por pouco não fez os pilotos do time caírem logo no Q1 das classificações do grid e não fosse a genialidade e o talento de Fernando Alonso, estaria sendo motivo de piada neste momento. Talvez a dimensão real da competitividade do carro esteja sendo dada por Felipe Massa, que faz o seu pior início de campeonato desde que estreou pela Ferrari em 2006. O novo carro não tem velocidade de reta, e suas reações não tem sido exatamente previsíveis. Até os pneus, que pareciam estar mais conhecidos, de repente passaram a ter um comportamento anômalo calçando o monoposto. O time corre para aprontar uma versão “B” completamente revisada a tempo para o início da fase européia do campeonato, a fim de reverter a situação de expectativa ladeira abaixo. A vitória de Alonso em Sepang deu uma sobrevida à escuderia, mas todos sabem que o buraco é muito mais embaixo do que esperavam, e golpes de sorte como o da Malásia não surgem em todos os GPs...

Mercedes: O time prateado virou a sensação das classificações neste início de campeonato, com até Michael Schumacher chegando a ser cogitado para largar na pole-position, assim como seu parceiro Nico Rosberg, não fosse o domínio inesperado da McLaren neste início de mundial. Mas a sensação é efêmera: o W03 é provavelmente o carro que mais consome pneus no grid, e em poucas voltas, o time despenca para o pelotão intermediário e de lá não consegue mais sair. Nico Rosberg chegou fora dos pontos na Austrália, enquanto Michael Schumacher só pontuou na Malásia devido aos problemas dos pilotos à sua frente. Desde que retornou como time completo, a Mercedes ainda não mostrou a que veio, e suas maiores conquistas na categoria só estão sendo conseguidas por intermédio da McLaren, sua antiga parceira na F-1. Nem mesmo as condições instáveis de uma corrida com chuva ajudaram o time a ter uma melhor performance em Sepang, e Schumacher, considerado um dos mestres na arte de correr na chuva, tãopouco conseguiu reverter a situação. Assim como a Ferrari, vai precisar repensar o seu carro tão rápido quanto possível para poder ter chances de pontuar, pois a concorrência entre os ponteiros está mais forte este ano.

Sebastian Vettel: se em 2011 o jovem campeão alemão esbanjou carisma e simpatia no campeonato de F-1, este ano sua postura já ficou diferente. Sem conseguir andar na frente com a facilidade que teve no ano passado, Vettel ainda teve sua prova na Malásia complicada por um pneu furado em decorrência de um toque com a Hispania do indiano Narain Karthikeyan, saindo de Sepang sem marcar pontos. Talvez abalado pelo fato de ter de suar o macacão para conseguir andar na frente este ano, Vettel desandou a falar mal do jovem indiano, que não teve como evitar o toque no pneu traseiro da Red Bull. Sebastian, por sua vez, parece ter ficado mal acostumado com o seu ano de domínio em 2011, dispondo do melhor carro da categoria e deixando toda a concorrência para trás, sem sequer ser desafiado dentro da própria escuderia. Visto como novo prodígio da F-1, o jovem bicampeão, se não voltar a ter um carro superior, terá de mostrar de fato se é mesmo um supercampeão, capaz de ir à luta sem dispor do melhor monoposto do grid. Saiu-se bem na Austrália, onde foi 2°, mas na Malásia, mesmo em uma corrida de chuva, onde poderia fazer a diferença, como fez em sua primeira vitória em Monza, em 2008, pela média Toro Rosso, não tinha chances de vitória. O incidente com o piloto da Hispania parece ter deixado Vettel zangadinho, e usou o indiano como bode expiatório de seu fracasso na prova malaia. Muito diferente da atitude de Jenson Button, que também se estranhou com Karthikeyan, quebrando o bico de seu McLaren, mas assumindo totalmente a sua culpa pela manobra equivocada, que arruinou sua prova, sem descontar no piloto da equipe espanhola.

sexta-feira, 23 de março de 2012

CALVÁRIO BRASILEIRO

            Em meu texto sobre o campeonato da Fórmula 1 deste ano eu afirmava que nossos representantes na categoria este ano estariam na corda bamba, precisando mostrar serviço para garantir sua permanência na categoria máxima do automobilismo em 2013. Confesso que tinha maus presságios sobre o que esperar de nossos pilotos nesta temporada. Infelizmente, a coisa já começou mal logo na primeira corrida. E Felipe Massa virou o alvo favorito da semana, sendo execrado de quase todos os lados. Haja início ruim assim.
            Logo no primeiro treino livre em Melbourne, ver Felipe rodando e atolando o carro na brita já não ficou bem. O brasileiro simplesmente inaugurou as caixas de brita da pista australiana, e num ano em que ele precisa mostrar o que vale, já começou ruim. Na classificação, a rodada de Fernando Alonso no mesmo ponto, colocando fim às expectativas do espanhol de conseguir um bom lugar no grid poderia ter redimido Massa. Infelizmente, Felipe, mesmo tendo suas chances, conseguiu ficar atrás de Alonso no grid, com uma diferença de praticamente 1s para o asturiano. Na corrida, o brasileiro até começou bem, pulando para a 10ª posição, mas ficou nisso. Assim como nas corridas do último ano, Felipe foi ficando para trás, e nem mesmo a tática de 3 paradas surtiu muito efeito. Acabou enroscado com Bruno Senna em disputa pela 13ª colocação, em um incidente que acabou por tirar ambos da corrida com danos aos respectivos carros.
            Foi o que bastou para a edição desta semana da Autosprint, a principal revista de automobilismo italiana, sair detonando o piloto brasileiro, que virou manchete de capa e sendo tachado de “piloto inútil” pela revista, tendo uma matéria especial e até editorial sobre o assunto. E como se trata da passional imprensa italiana, pegaram pesado com Massa. O mesmo valeu para a torcida brasileira, que entupiu as notícias sobre Felipe em fóruns, blogs e sites jornalísticos com uma avalanche de críticas e ofensas. Todos pedindo a cabeça de Massa. Engraçado que, nesta saraivada de críticas, esqueceram até que o carro da Ferrari este ano é um dos piores já produzidos pela escuderia nos últimos anos...
            Eu já havia afirmado mais de uma vez que, quando o carro é ruim, as chances de Massa conseguir boas performances diminuem. Desde sua estréia na F-1, em 2002, na Sauber, Felipe nunca me pareceu o tipo de piloto que consegue suplantar as deficiências do carro. Não que ele não seja capaz de boas corridas com carros pouco competitivos, mas até hoje ele nunca apresentou uma performance capaz de surpreender ao volante de um carro em condições ruins. E infelizmente, o F2012 é o tipo de carro que ao que tudo indica, não vai ajudá-lo a recuperar sua imagem na escuderia e na categoria. A discrepância de performance de Felipe para Alonso motivou até a troca de seu chassi para a corrida de domingo, na Malásia, cujos treinos começaram hoje, na madrugada brasileira. Por mais que seja um voto de confiança do time, também pode ser um tiro pela culatra: se Felipe continuar apresentando o mesmo desempenho visto em Melbourne, com outro chassi, suas desculpas perderão ainda mais credibilidade. No Albert Park, o brasileiro declarou que não conseguia encontrar estabilidade nas reações do monoposto, e que até os pneus, que haviam rendido relativamente bem nos testes da pré-temporada, de um instante para o outro passaram a não durar praticamente nada. Tecnicamente, a diferença de temperatura dos testes de inverno para o forte calor australiano poderia justificar isso, mas Fernando Alonso fez uma grande corrida, terminando em 5° lugar, atrás apenas dos pilotos da McLaren e Red Bull, e sempre andando na zona de pontuação, enquanto Felipe se debatia do pelotão intermediário para trás. E Alonso não teve uma corrida das mais fáceis.
            A situação do time italiano deve continuar complicada neste final de semana: o F2012 tem muito arrasto aerodinâmico, e Sepang tem duas enormes retas onde o carro italiano deve sofrer com esse problema. Se na Austrália nem chegaram ao Q3 na classificação, as perspectivas em Kuala Lumpur não são das melhores. Na pior das hipóteses, McLaren, Red Bull, Mercedes e Lótus estão mais velozes que a Ferrari, e existe a possibilidade até de Force Índia, Williams e Sauber azedarem o panorama italiano. A fritura detonada pela revista italiana parece jogar toda a culpa pela falta de resultado em cima de Felipe, pois quase não há menção sobre as condições de performance deficiente do F2012. E, numa enquete no site da revista, onde eles perguntam quem seria o piloto mais indicado para substituir Felipe, até o fechamento desta coluna, quem ganhava disparado de nomes como Sérgio Perez, Kamui Kobayashi e Jarno Trulli era Rubens Barrichello, com cerca de 35% das intenções de voto. Felizmente, Rubens inicia hoje os treinos da IRL em São Petesburgo, e não está disponível para entrar numa roubada destas; a que teve na época em que dividiu a Ferrari com Michael Schumacher já foi suficiente...
            Felipe ser demitido antes do fim do campeonato é ilusão, e tivemos apenas a primeira corrida, mas que ninguém se engane: se a coisa continuar nessa toada, o brasileiro estará com os dias contados não apenas na Ferrari, mas na própria F-1. Massa tem sua primeira chance de redenção neste final de semana, e ele precisa encarar a pressão extra que estão colocando sobre ele e fazer bem o seu trabalho. Ele pode fazer melhor, e precisa provar agora mais do que nunca. E a paciência da Ferrari tem seus limites...
            Quem também teve uma estréia abaixo do esperado foi Bruno Senna. Em sua primeira corrida pela última equipe defendida pelo seu tio, Bruno tomou 07s de Pastor Maldonado na classificação, e admitiu que foi conservador no treino para o grid. Na corrida, infelizmente, o toque que o fez decolar na largada certamente comprometeu suas chances de um bom desempenho, e ainda o fez perder um tempo extra repondo o bico do carro logo na primeira volta. O enrosco com Felipe Massa, em disputa pelo 13° lugar, foi encarado como um incidente de corrida por ambos, mas visualmente falando, pegou mal para a torcida brasileira, que ali viu seus dois representantes eliminarem-se da prova australiana, e ainda pior, em uma posição intermediária; antes lutassem pelos primeiros lugares... Pior ainda, Maldonado andou a prova inteira na zona de pontuação, e só não fez melhor porque em sua pressão para roubar o 5° lugar de Fernando Alonso, acabou errando o venezuelano, que bateu forte na volta final e jogou para o ar mais pontos do que a Williams conseguiu em toda a última temporada. Se Bruno começa a ganhar a simpatia do time nos boxes e na área técnica, por outro lado a direção da equipe prestou mais atenção na performance de Maldonado, mesmo com sua batida. Bruno também tem que reagir e não permitir que Maldonado ganhe todas as atenções. E olha que o jovem Senna em breve terá de perder um dos treinos livres para dar lugar a Valtteri Bottas, piloto-reserva do time, o que irá lhe roubar tempo precioso de treino com o carro, enquanto Maldonado terá todo o tempo disponível.
            O ano de 2012 vai ser mesmo crítico para os pilotos brasileiros na F-1. O ano mal começou e as coisas já começaram dando errado. Ainda tem muita corrida pela frente, e há todas as chances de se reverter a situação, mas que tanto Massa quanto Bruno fiquem mais ligados do que nunca, pois se há expectativa de melhorar, também existem as chances de tudo piorar ainda mais. Então, é hora de tocar a bola pra frente e tentar reverter o panorama.


Hoje começam os treinos oficiais para a primeira corrida da Indy Racing League 2012, em São Petesburgo, na Flórida. Para quem não agüenta mais as narrações de Luciano do Valle, uma boa notícia: a locução da prova ficará com Téo José, que junto com toda a equipe da Bandeirantes, já está na cidade do Estado da Flórida, onde farão todo o trabalho in-loco, com direito a transmissão da prova ao vivo neste domingo a partir das 13:30 Hrs. Mas não fiquem na expectativa: no ano passado a emissora fez a mesma coisa, para na segunda corrida já relegarem a IRL a segundo plano na transmissão. Esperam os fãs que este ano a coisa seja diferente...

quarta-feira, 21 de março de 2012

ESPECIAL INDY RACING LEAGUE 2012

            Está para começar o campeonato deste ano da IRL. Então, vejam o que esperar do certame neste ano. Que venha a bandeira verde...
 
IRL 2012: UM NOVO COMEÇO?
Categoria adota novo carro e novos motores para tentar se reerguer.

Adriano de Avance Moreno
            A Indy Racing League inicia o campeonato de 2012 disposta a se reencontrar e se reerguer como categoria automobilística de ponta no cenário mundial da velocidade. Depois de um ano que terminou de forma traumática em Las Vegas com a morte de Dan Wheldon, e às saraivadas de críticas por punições duvidosas a pilotos em várias corridas, a direção da categoria tem a esperança de que este ano marque o início de um recomeço para a Indycar. Uma Indycar que nem de longe lembra o que era a verdadeira Indycar, a antiga F-Indy, que na década de 1990 chegou a fazer sombra à F-1, e que infelizmente acabou há alguns anos atrás. Um dos maiores percalços é que a IRL ainda luta para se desfazer da má imagem gerada pela briga de Tony George com as CART, entidade que comandava a F-Indy original. Querendo ser o manda-chuva maior da categoria, George criou sua própria categoria, roubando as 500 Milhas de Indianápolis. Depois de mais de 10 anos de briga, conseguiu a extinção da F-Indy, e a IRL ficou sendo a única categoria, mas nesse tempo de racha, ambos os certames perderam muito de sua força.
            A crise financeira desencadeada em 2009 também abalou a categoria, que há algum tempo já havia se tornado monomarca, adotando apenas um tipo de chassi e motor, além dos mesmos pneus para todos. Mas isso foi uma conseqüência do desinteresse das marcas pelo campeonato, e não uma imposição econômica, o que acabou acontecendo depois para manter os custos baixos. Mas o pacote técnico já andava defasado, e era preciso renovação. E para isso, a categoria resolveu adotar a partir deste ano novos conjuntos de competição. A renovação só não será totalmente completa porque o novo conjunto técnico previa a adoção de kits aerodinâmicos a serem criados e/ou encomendados pelas equipes, mas estas pediram que esta regra fosse adotada apenas a partir de 2013 para contenção de custos.
            Os chassis de competição continuam sendo os Dallara, mas agora entra um novo modelo, totalmente redesenhado, intitulado DW12 (DW em homenagem a Dan Wheldon, que fazia os testes de desenvolvimento do monoposto no ano passado), com perfil muito mais atualizado, e dotado de sistemas de segurança bem mais completos, inclusive com proteção para as rodas traseiras, dispositivo muito útil para se prevenir possíveis enganchos de rodas entre os carros, o que poderia gerar capotagens em caso de toques. O antigo modelo, em uso há cerca de 8 anos, foi finalmente aposentado, depois de passar por inúmeras adaptações nos últimos anos. O novo carro é muito mais seguro e veloz, conforme já demonstraram os testes realizados na pré-temporada.
            O melhor de tudo é a volta da diversidade dos motores. Depois de vários anos tendo apenas a Honda como fornecedora, eis que teremos este ano pelo menos 3 fornecedores diferentes, e uma nova configuração: saem os V-8 atmosféricos de 3,5 litros, entram os novos V-6 turbo de 2,2 litros. A Honda continua como fornecedora de motores, mas agora enfrentará a concorrência da Chevrolet – que volta à categoria depois de vários anos; e da Lótus, que estréia na IRL. Dos novos motores, a Chevrolet parece estar um pouco à frente, com seus novos propulsores construídos pela Ilmor Engineering, parceria que vem de longa data. Os novos Honda turbo aparecem logo atrás dos Chevrolet, com pouca diferença. Quem deve ficar na rabeira são os propulsores da Lótus. A fabricante esportiva associou-se a John Judd, que já construiu motores turbo para a F-Indy original no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, para a criação dos novos turbos V-6 da marca que pertence atualmente à malaia Próton.
            Os pneus continuam sendo os Firestone, marca que está presente há muitos anos na categoria. E que ameaçaram sair dela recentemente, mas foram convencidos a voltar atrás pela direção da Indycar. E o combustível utilizado agora é o etanol, depois de muitos anos utilizando o metanol. Mais tóxico, e oferecendo o perigo de chamas invisíveis em caso de incêndio, o metanol foi abandonado há poucos anos em favor do etanol, um combustível mais ecológico.
            A disputa do campeonato deve ser interessante, e embora a teoria aponte que os dois maiores times da categoria, Ganassi e Penske, devam dominar a luta pelo título, a adoção dos novos chassis da Dallara podem bagunçar um pouco o status de força destes dois times, uma vez que todas as escuderias ainda estão batalhando para entender todo o potencial dos novos carros. Isso pode causar algumas surpresas na pista em algumas provas. Mas não se pode subestimar a capacidade técnica tanto da Penske quanto da Ganassi, que podem superar todos os percalços inesperados e manterem seu tradicional domínio da categoria. Dario Franchiti, tetracampeão da IRL e o piloto mais vitorioso da categoria, é o homem a ser batido, assim como a Ganassi. Will Power, vice-campeão nos dois últimos anos, está com o escocês entalado na garganta, e com muita vontade de enfim vencer o campeonato.
            Para os brasileiros, teremos 3 representantes na competição. Hélio Castro Neves, na Penske, é quem tem melhores condições de brigar pelo campeonato, e Helinho quer mais do que nunca apagar o péssimo ano de 2011, onde ficou sem vencer pela primeira vez desde que chegou ao time de Roger Penske. Na KV Racing, a grande sensação da pré-temporada: Rubens Barrichello! O ex-piloto da F-1 chega à IRL com condição de superastro, e nos testes realizados em Sebring, andou entre os primeiros e mostrou força e adaptação rápida. A seu lado, Tony Kanaan, que realizou um campeonato surpreendente no ano passado, terminado em 5° lugar no certame, embora não tenha conseguido disputar o título. Tony elevou o patamar da KV, que mostrou um grande crescimento de performance em 2011, mas que ainda está abaixo das toda-poderosas Ganassi e Penske. Com o reforço de Barrichello, a KV aposta em continuar crescendo e quem sabe passar a lutar por vitórias. Disputar o título ainda pode ser prematuro.
            O campeonato terá 16 provas. Destaque para a prova da China, na cidade de Qingdao, em um circuito de rua, que substitui Motegi, no Japão. Para 2013, prevê-se a volta de Surfer’s Paradise, na Austrália, ao calendário. O Brasil sediará a 4ª etapa do campeonato, no circuito montado junto ao Anhembi e o Sambódromo em São Paulo. As provas ovais diminuíram, ficando apenas 5 corridas, duas delas em superspeedways: Indianápolis e Fontana (encerramento da temporada).
            Até o fechamento desta matéria, 25 pilotos estavam confirmados para disputar todo o campeonato, mas podem surgir novos competidores em algumas corridas. Bia Figueiredo, por exemplo, acertou com a Andretti Motorsports para correr o GP do Brasil e a Indy500. Se conseguir patrocínio, pode correr em mais algumas provas. Paul Tracy é outro que pode retornar a qualquer momento em alguma corrida.
            Tentando recuperar seu espaço no cenário automobilístico, a IRL pelo menos já contabiliza um ponto positivo para 2012: terá seu campeonato transmitido em TV aberta nos Estados Unidos, cuja transmissão será dividida entre as emissoras ABC e NBC. No ano passado, a maioria das corridas foi transmitida por um canal pago chamado Versus, de alcance limitado, o que derrubou a audiência. A volta à TV aberta é considerado um passo fundamental para se recuperar o prestígio e charme que o nome “Indy” já desfrutou no mercado americano.
            Para os brasileiros, fica a esperança de que a Bandeirantes, que detém os direitos de transmissão, faça um trabalho melhor do que o dos últimos anos, com uma transmissão decente e clara, e não uma roleta russa misturando as corridas em seus canais abertos e pago. Em 2011, fez o maior estardalhaço na estréia, em São Petesburgo, com transmissão no canal aberto, para na prova seguinte quase ignorar a competição, relegando-a ao canal pago Bandsports. Fez novo oba-oba no GP Brasil, e uma cobertura razoável da Indy500, para depois simplesmente exibir compactos revezando com provas na TV aberta e transmissões na TV fechada. A chegada de Rubens Barrichello à categoria parece ter renovado os ânimos da emissora, que certamente quer capitalizar com seu novo astro na categoria. Resta saber se fará a coisa direito, ou vai continuar destratando os torcedores do automobilismo. 
PILOTOS E EQUIPES DA TEMPORADA 2012: 
EQUIPE
MOTOR
PILOTOS
Andretti Autosport
Chevrolet
Marco Andretti
Ryan Hunter-Reay
James Hinchcliffe
A. J. Foyt Enterprises
Honda
Mike Conway
Dale Coyne Racing

Justin Wilson
James Jakes
Ed Carpenter Racing
Chevrolet
Ed Carpenter
KV Racing Technology
Chevrolet
Tony Kanaan
Rubens Barrichello
Ernesto Viso
HVM Racing
Lotus
Simona de Silvestro
Dragon Racing
Lotus
Katherine Legge
Sebastien Bourdais
Dreyer & Reinbold
Lotus
Oriol Servia
Panther Racing
Chevrolet
J. R. Hildebrand
Rahal-Letterman-Lannigan Racing
Honda
Takuma Sato
Sarah Fisher Hartman Racing
Honda
Josef Newgarden
Chip Ganassi Racing
Honda
Scott Dixon
Dario Franchitti
Penske Racing Team
Chevrolet
Will Power
Ryan Briscoe
Hélio Castro Neves
Team Barracuda
Lotus
Alex Tagliani
Schmidt-Hamilton Motorsports
Honda
Simon Pagenaud
Nordisk Central Chip Ganassi
Honda
Charlie Kimball
Graham Rahal
CALENDÁRIO 2012 DA INDY RACING LEAGUE 
DATA
PROVA
CIRCUITO
TIPO DE CIRCUITO
25/03
GP de São Petesburgo
São Petesburgo
Urbano
01/04
GP do Alabama
Barber Motorsport
Misto
15/04
GP de Long Beach
Long Beach
Urbano
29/04
GP do Brasil
São Paulo (Brasil)
Urbano
27/05
500 Milhas de Indianápolis
Indianapolis Motor Speedway
Oval
03/06
GP de Detroit
Belle Isle Park
Urbano
09/06
GP do Texas
Forth Worth Speedway
Oval
16/06
GP de Milwaukee
Milwaukee Mile
Oval
23/06
GP de Iowa
Iowa Speedway
Oval
08/07
GP de Toronto
Toronto
Urbano
22/07
GP de Edmonton
Edmonton
Misto
05/08
GP de Mid-Ohio
Mid-Ohio Sports Car Course
Misto
18/08
GP da China
Qingdao (China)
Urbano
26/08
GP de Sonoma
Infineon Raceway
Misto
02/09
GP de Baltimore
Baltimore
Urbano
15/09
GP da California
California Speedway
Oval