quarta-feira, 30 de setembro de 2015

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - SETEMBRO DE 2015



            Chegamos ao final do mês de setembro, e o ano de 2015 está entrando em sua reta final, com algumas competições chegando às suas últimas etapas de competição e algumas delas já conhecendo os seus campeões. E, como é costume em todo final de mês, é hora de mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, fazendo a tradicional avaliação do panorama do mundo do esporte a motor neste mês. Então, uma boa leitura a todos, com o velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). E em outubro tem mais edição da Cotação Automobilística, podem apostar...



EM ALTA:

Scott Dixon campeão da IRL: contra tudo e contra todos, o piloto neozelandês da Chip Ganassi entrou de azarão na pista de Sonoma, na Califórnia, para a decisão do título da Indy Racing League 2015, e saiu de lá com a vitória e o título, para desespero de Juan Pablo Montoya, que veio liderando a competição desde a primeira corrida, e perdeu o título no critério de desempate por ter 2 vitórias contra 3 de Dixon. O neozelandês faturou o tetracampeonato e igualou-se a seu antigo parceiro Dario Franchiti como o único tetracampeão da categoria fundada em 1996. Como o escocês já se aposentou das pistas, Dixon agora ruma para se tornar o mais vitorioso e campeão da IRL, igualando-se aos grandes nomes da F-Indy original, dos quais o maior vitorioso é A. J. Foyt, com nada menos do que 7 títulos. Sem pensar em aposentadoria, Dixon pretende ir em busca de mais vitórias e títulos, e estejam certos de que ele vai conseguir.

Porsche no Mundial de Endurance: Depois de ver a Audi iniciar o campeonato deste ano vencendo, a Porsche reagiu vencendo as 24 Horas de Le Mans, e desde então não desceu mais do degrau mais alto do pódio, vencendo as etapas disputadas em Nurburgring e Austin, e deixando a Audi definitivamente para trás no atual campeonato. A Porsche já lidera o campeonato de construtores, com 220 pontos contra 184 da marca das quatro argolas, que ainda lidera o campeonato de pilotos com o trio Lotterer/Tréluyer/Fassler, mas os pilotos da rival estão chegando perto bem rápido, e poderão assumir a dianteira logo, logo.

Lewis Hamilton: O piloto inglês ruma firme para o tricampeonato, e após um percalço em Cingapura, onde enfrentou o seu primeiro abandono na temporada, Lewis partiu decidido para vencer a etapa do Japão, comandando a prova como quis, e reafirmar o seu domínio no campeonato deste ano. E ao vencer em Suzuka, Hamilton igualou o número de vitórias de seu grande ídolo Ayrton Senna, justamente na pista onde o piloto brasileiro conquistou seus 3 títulos na F-1. Para igualar-se ao brasileiro ainda mais, resta ser tricampeão, o que deve se efetivar antes mesmo do fim da temporada, e chegar ao seu número de poles, o que pode acontecer no próximo ano, se a Mercedes mantiver o seu ritmo de dominação. E Lewis deve se tornar também o piloto mais vitorioso da F-1 na atualidade se vencer as próximas duas corridas, quando chegaria então a 43 triunfos. Atualmente, Sebastian Vettel é o piloto com mais vitórias, 42, em atividade.

Pedro Piquet: O mais novo filho piloto de nosso tricampeão Nélson Piquet conquistou com sobras o bicampeonato da F-3 Brasil, com um retrospecto quase arrasador, tendo deixado de vencer apenas 2 das 12 corridas disputas até aqui. Piquet pai sabe que o filho teve à sua disposição o melhor equipamento da categoria, mas aproveitou a chance como deveria, preparando-se agora para trilhar o caminho do exterior, quando irá disputar em 2016 a F-3 Européia, onde sabe que o filho começará a mostrar realmente a sua capacidade como piloto. E fechar o título com antecipação já livrou o piloto da dor de cabeça de ter de defender o título de 2014 nas etapas que restam do campeonato, uma vez que ele se acidentou violentamente numa corrida da categoria GT3 Porsche Cup, e apesar de ter saído praticamente ileso, sofreu uma fratura na mão, e terá de ficar algumas semanas de molho em recuperação. E já começar o seu planejamento para 2016... onde o mais novo Piquet promete mostrar do que é capaz aos europeus.

Jorge Lorenzo: O piloto da equipe oficial da Yamaha continua lutando fortemente pelo campeonato da MotoGP deste ano, e depois de ficar sem marcar pontos em Misano, ele foi à luta e venceu a corrida em Aragón, obtendo o seu 6° triunfo na temporada, e ficando apenas 14 pontos atrás de seu companheiro de equipe Valentino Rossi, que vai precisar redobrar suas atenções na luta pelo campeonato da categoria. Lorenzo é o piloto que mais venceu no campeonato até agora, enquanto seu parceiro Rossi obteve apenas 3 vitórias, o mesmo que o atual bicampeão Marc Márquez. Ainda tem 4 provas até o fim da competição, e podem apostar que o espanhol da Yamaha pretende vir com tudo para esta reta final de campeonato. Valentino Rossi que se cuide...



NA MESMA:

Force India: Como está fica: seguindo o exemplo de várias outras escuderias, a equipe comandada por Vijay Mallya resolveu manter sua atual dupla de pilotos para o campeonato de F-1 de 2016. Primeiro foi Nico Hulkemberg a renovar, surpreendendo a muitos, que davam certa sua ida para a Porsche na Endurance; e agora foi o mexicano Sérgio Pérez a continuar no time na próxima temporada. Com a permanência de Sérgio, Mallya garante a permanência dos patrocinadores mexicanos à sua escuderia, e desprezar patrocínio nos dias de hoje é loucura, ainda mais com as finanças combalidas como está a escuderia...

Equipe Penske: O time do velho Roger viveu novamente a sina de dominar um campeonato na Indy Racing League, e perdê-lo na reta final. Will Power viveu isso por 3 anos consecutivos nos últimos tempos, Hélio Castro Neves também teve sua chance e sucumbiu na reta final, e agora foi Juan Pablo Montoya, que liderou todo o campeonato, ver o caneco escorregar de suas mãos na etapa final, em Sonoma, prova que foi vencida magistralmente por Scott Dixon, que faturou o tetracampeonato. A Penske foi o time mais poderoso do campeonato, mas foram várias as corridas onde a escuderia não conseguiu fazer valer a sua grande capacidade, com erros de estratégia, técnicos, e de seus pilotos. Chip Ganassi, que foi quem mais capitalizou com as derrotas da Penske nos últimos anos, agradece a Roger por mais um título, certo de que em 2016 haverá um novo duelo entre suas escuderias. Será que a Penske vai virar freguesa permanente, com o título de Power no ano passado sendo um resultado esporádico? A conferir no próximo ano...

McLaren/Honda: O time inglês e sua parceria nipônica continuam colecionando vexames na atual temporada. Se em Cingapura, pista de baixa velocidade onde Fernando Alonso e Jenson Button pensavam em conseguir algum resultado, o time viu seus dois carros apresentarem problemas de câmbio, em Suzuka, terra da Honda, foi ridículo ver os dois pilotos sendo ultrapassados com grande facilidade nas retas do circuito. Button chegou a sofrer uma ultrapassagem dupla nas mãos de Felipe Nasr e Max Verstappen, e Alonso, por mais que batalhasse, só conseguia adiar o inevitável. Sobrou até bronca de Alonso, ao mencionar no rádio que estava usando um motor de GP2, e não de um F-1, tamanha a falta de performance. Se é verdade que isso não pegou bem na Honda, também é verdade que a fábrica japonesa se superestimou em seu propalado retorno à categoria, certa de que iria enfrentar dificuldades na sua volta, mas não ao ponto de os carros equipados com seu motor largando a essa altura do campeonato quase que apenas à frente da Manor, que usa uma unidade Ferrari de 2014. A McLaren, por sua vez, também parece cair na real de que o chassi MP4/30 não é tão competitivo quando se poderia imaginar, pois também tem sofrido com quebras que só aumentaram os índices de abandonos da escuderia no ano. Se a situação não melhorar em 2016, a situação vai azedar em grande estilo, ou até pior...

Desrespeito da Globo para com os fãs de F-1: Desde que deixou de exibir os treinos de classificação das corridas na íntegra no ano passado, a emissora que detém os direitos da categoria máxima em nosso país vem indo de mal a pior. O cúmulo foram nas últimas duas provas, em Cingapura e no Japão. Na classificação na Cidade-Estado, a emissora transmitiu apenas metade do Q3, e no Japão, mesmo estando em plena madrugada no horário brasileiro, teriam sido cerca de 4 minutos, preferindo passar reprise do Rock in Rio que poderia ser jogado para após o horário do treino sem maiores problemas. Quem não tem acesso aos canais pagos do SporTV está fiando órfão de acompanhar os treinos de classificação, e não é de se admirar que o ibope da categoria esteja caindo, pois os fãs já começaram a protestar desligando a TV. E isso certamente vai dar à emissora a deixa cretina para largar de vez os treinos, sob alegação de não dar audiência. A Globo precisa mesmo levar alguns tombos para ver se aprende a fazer uma transmissão pelo menos séria...

Nico Rosberg: O piloto alemão da Mercedes vai ficando cada vez mais para trás na perseguição a Lewis Hamilton, e já vê Sebastian Vettel em seus calcanhares após a vitória do seu compatriota em Cingapura. A pole em Suzuka era uma chance de reverter a situação e mostrar a todos que ainda pode impedir, ou pelo menos dificultar o tricampeonato de Lewis, mas uma largada forte do inglês fez ruir as esperanças de vitória na corrida, e Nico precisou batalhar para pelo menos chegar em 2°, o que conseguiu fazer após duelar com Valtteri Bottas e Vetel na prova nipônica. Mas, com 48 pontos de desvantagem para seu companheiro de equipe, ou Nico pelo menos termina o campeonato de cabeça erguida, ou vai carregar em definitivo a pecha de segundo piloto na Mercedes, e talvez dizer adeus às suas esperanças de um dia ser campeão de F-1, e repetir o feito de seu pai, Keke Rosberg, que venceu o campeonato de 1982.



EM BAIXA:

Parceria Red Bull/Renault: O que muitos esperavam finalmente aconteceu, e a Red Bull e a Renault, mesmo tendo contrato válido até o fim de 2016, encerraram sua parceria na F-1, depois de muitos anos, em virtude dos maus resultados das últimas duas temporadas. Para a marca francesa, foi o desfecho da avalanche de críticas feitas pela escuderia dos energéticos, que não se conformou em virar coadjuvante no atual campeonato. Agora a Renault deve concretizar a recompra de seu antigo time oficial na categoria, atualmente batizado de Lotus, para centrar seus esforços de recuperação da imagem da marca na categoria máxima do automobilismo.

Toyota no Mundial de Endurance: Campeã de 2014, o time japonês vem tendo um desempenho sofrível na disputa do Mundial de Endurance deste ano, vendo não apenas a arquirrival Audi voltar a andar na sua frente, mas sendo literalmente atropelada pela velocidade da Porsche, que tem feito seus pilotos comerem poeira no campeonato. Só para fazer a comparação, a Toyota tem apenas 101 pontos no mundial de construtores, enquanto a Porsche já tem 220 pontos. Os japoneses já deram declarações que estão firmemente concentrados no campeonato do ano que vem, mostrando que não se deve esperar nenhuma reação deles este ano.

Brasil novamente fora do Mundial de Endurance: Não foi surpresa o Brasil não ter mantido sua etapa no campeonato de provas de longa duração no ano passado. A desculpa era de que Interlagos precisava passar pelas reformas necessárias para readequação de seu paddock para sediar as provas da F-1, e que a prova certamente voltaria ao calendário em 2016, já com a pista totalmente reformada. Bem, a direção do WEC divulgou o seu calendário para o próximo ano, e com uma boa notícia: ao invés das tradicionais 8 provas, serão 9 no próximo campeonato. Mas não será a etapa brasileira que irá ocupar esse novo lugar, e sim o México, onde os carros da Endurance irão competir no autódromo Hermanos Rodriguez, que este ano irá receber novamente a F-1. E asim, nosso país, que já deu o cano na Indycar, perdendo a etapa da categoria que deveria ter aberto o certame deste ano da IRL, nosso país vai ficando novamente de fora de outra competição automobilística internacional, e ainda se perguntam porque a MotoGP não volta para cá...

Brasileiros na IRL: O campeonato da Indy Racing League 2015 terminou, e para decepção da torcida, nossos pilotos não conseguiram vencer nenhuma corrida na competição esse ano. Tony Kanaan passou longe da briga pelo título, e ainda viu o parceiro Scott Dixon faturar o tetracampeonato, enquanto Hélio Castro Neves teve de ver seu companheiro Juan Pablo Montoya quase conquistar o título, e ver também Will Power terminar o certame melhor colocado. A última vez que isso aconteceu foi em 2011, onde também Tony e Helinho passaram toda a temporada sem vencer. Apesar do ano vago sem vitórias, ambos estão firmes em seus times e garantidos para a temporada de 2016 da categoria, e sem perspectivas de pretenderem se aposentar a curto prazo.

Marc Márquez: O atual bicampeão da MotoGP mostra que está andando o que pode e o que não pode nesta temporada, enfrentando uma oposição mais cerrada dos pilotos da equipe oficial da Yamaha. O resultado é que a "Formiga Atômica" vem beijando o chão com muita frequência na temporada, e em Aragón, na Espanha, palco da última etapa, acabou repetindo a dose, para profunda irritação do piloto da Honda, logo no início da corrida, após perder a dianteira com uma largada levemente lenta, perdendo a ponta para Jorge Lorenzo, que partia a seu lado. Com este abandono, Márquez praticamente dá adeus à luta pelo tricampeonato, estando 79 pontos atrás de Valentino Rossi, e com apenas 4 corridas para encerrar a competição deste ano. Seria preciso que ambos os pilotos da Yamaha abandonassem 3 corridas cada um para Marc voltar firme à disputa, cenário altamente improvável de acontecer. O mais jovem bicampeão da categoria precisa domar um pouco sua agressividade, e num campeonato mais ferrenhamente disputado, manter a cabeça fria para evitar erros como o da última etapa. Que leve estes conhecimentos para disputar o tricampeonato em 2016, ou pelo menos aproveite para infernizar os rivais ainda este ano, para mostrar que não é bicampeão por acaso...

 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

COM QUE MOTOR EU CORRO?


Os sorrisos e bom humor dos tempos de vitórias da Red Bull desapareceram com a falta de performance dos motores híbridos da Renault, acusada de ser a única culpada pelo insucesso. Parceria foi desfeita para 2016, e agora o time ameaça até deixar a F-1 se não tiver motores de primeira linha da Ferrari.

            A Fórmula 1 chegou a Suzuka, para a disputa do Grande Prêmio do Japão, tendo como assuntos principais da semana o dilema dos motores de duas escuderias de ponta: McLaren e Red Bull. Para o time comandado por Ron Dennis, o assunto é discutir a atual relação da escuderia com a Honda, sua fornecedora de unidades de potência, que estão sendo o grande mico da temporada, conseguindo conjugar não apenas falta de potência, mas também apresentando falta de fiabilidade, e falta de perspectiva de melhoras no atual momento. Já pelo lado do time dos energéticos, chamou atenção a intimação à Ferrari de que não terá aceitação receber motores de "2° categoria" da fábrica italiana, e com isso, ameaçando até sair da categoria se não tiver um motor decente para competir em 2016.
            A situação da Honda é ridícula pelo retrospecto do ano: os carros pretos de Woking pontuaram em apenas 3 etapas até aqui: Jenson Button marcou pontos em Mônaco e Hungria, e Fernando Alonso pontuou na Inglaterra e Hungria. A escuderia tem míseros 17 pontos no ano, e a falta de performance e resultados já começa a criar frissons na relação nipo-britânica. Para piorar o panorama, estamos em Suzuka, pista que pertence à Honda, e que, no aspecto geral, não vai favorecer nem um pouco o propulsor nipônico, sugerindo que as unidades poderão passar por um tremendo vexame justo em sua casa. Suzuka é uma pista de velocidade média alta, com um primeiro trecho cheio de curvas que exigem boa retomada de velocidade, e um segundo trecho de alta velocidade, com inclusive um longo trecho em subida, que exige forte potência da unidade. Para quem assistiu nesta pista às célebres atuações de Ayrton Senna em 1988 e 1991, além dos desempenhos demonstrados pela McLaren nas temporadas de 1989 e 1990, fica extremamente difícil acreditar que seja a mesma marca de motor.
            Para complicar a situação, o atual diretor do projeto da Honda para a F-1, Yasuhisa Arai, já refutou as sugestões da McLaren de procurar mão-de-obra especializada na atual tecnologia de motores nas outras fabricantes, visando obter maior intercâmbio de idéias e melhorar o seu conhecimento da atual matriz híbrida das unidades de potência utilizadas atualmente na categoria. O orgulho japonês está falando mais alto, quando afirma que seria "desonroso" fazer tal coisa. Isso seria um motivo de orgulho positivo há 25 anos atrás, quando a Honda era a marca por excelência dos motores na F-1, deixando todos os concorrentes comendo poeira, tendo feito isso na era turbo, e na nova era aspirada que havia se iniciado em 1989. No atual momento, diante das dificuldades apresentadas, esse orgulho pode complicar o futuro próximo da montadora na F-1, se não conseguirem resultados a curto prazo. Se no ano que vem as coisas não melhorarem, ou pelo menos derem perspectivas de evolução real, os japoneses poderão fazer sua sessão de harakiri em grande estilo pelo fracasso da empreitada, se forem levar a questão da honra ao extremo como se fazia antigamente.
            Já pelo lado da Red Bull, o clima com a Renault, que já não andava bom no ano passado, azedou de vez este ano, com a unidade de potência francesa novamente a deixar a desejar, a ponto de ambas as partes já rescindirem o contrato já para a próxima temporada, um ano antes de seu término. Sendo mais direto: Red Bull não terá mais o motor Renault em 2016. E depois de levarem um sonoro não da Mercedes com relação a fornecimento de suas unidades, restou a Ferrari como possível fornecedora de unidades para o time dos energéticos. Seria uma solução de compromisso bem aceitável, em se confirmando os boatos de que a Volkswagen compraria o time da Red Bull, e em 2018, faria sua estréia fornecendo motores que seriam construídos com base na tecnologia das unidades híbridas construídas pela Audi para o Mundial de Endurance. Só que a Volkswagen acaba de entrar em uma tremenda fria a nível mundial, com o escândalo de seu programa de computador que ludibriaria a medição de poluição de suas unidades diesel, que deve levar o conglomerado a alterar suas prioridades no curto e médio prazo, inclusive com o pagamento de multas bilionárias consumindo recursos que antes poderiam ser direcionados para o programa de F-1. E como desgraça pouca é bobagem, eis que Dietrich Mateschitz, proprietário da escuderia da Red Bull de F-1, deu a forte declaração de que o time austríaco só aceita receber as mesmas unidades que serão utilizadas por Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen, não aceitando receber unidades "defasadas", dando a entender que Maranello não iria fornecer aos rivais seus motores com as últimas atualizações. E que se isso não acontecer, ele retira seus times da categoria, uma vez que também possui a escuderia Toro Rosso. Seriam 4 carros a menos no grid de 2016. Algo muito negativo para a imagem da F-1, que já não anda das melhores.
            A Mercedes, antevendo que entregar para a Red Bull suas excelentes unidades de potência seria fortalecer demais uma de suas rivais, prefere fornecer motores para times menos capazes, como a Manor, que deve usar as unidades alemãs em 2016. E a Ferrari, diga-se de passagem também tem seu lado "empresarial" a ditar que seus times clientes, na teoria, tenham que se contentar com unidades que não contenham as últimas atualizações. Nesse aspecto, tanto uma quanto a outra agem de interesse próprio para manterem seu status quo, mesmo que esportivamente isso soe de forma bem negativa, prejudicando a competição em si. Por outro lado, é compreensível que cada uma não queira dar a um rival potencialmente forte as armas para derrotá-la.
            Diante dos problemas enfrentados pelas duas escuderias, que opções lhes restam? Para a McLaren, desfazer a união com a Honda seria traumático neste momento para ambas as partes. Para a Honda, seria a admissão tácita do fracasso de sua nova empreitada na F-1, o segundo consecutivo, depois da empreitada levada a cabo com time próprio de 2006 a 2008, onde obtiveram apenas 1 vitória, e dois anos tenebrosos com resultados quase tão pífios quanto os atuais. Seria desastroso para a imagem dos japoneses, tão obcecados pela perfeição e pela vanguarda tecnológica. Para a McLaren, depois de desfazerem a parceria com a Mercedes, com que motor iriam correr em 2016? E tem mais: sem conseguir um patrocinador master desde o ano passado, o time inglês vem tendo um déficit orçamentário que vem sendo coberto justamente pelo investimento feito pela Honda como parceria, além do uso de recursos de outras empresas do Grupo McLaren. E a perspectiva para o próximo ano é de aumentar a penúria financeira, uma vez que a escuderia deve ficar mesmo em penúltimo lugar no campeonato de construtores, o que vai render em premiação muito menos do que o recebido este ano, que foi em melhor posição obtida no campeonato de 2014. Além de ficar sem motor, perderiam sua principal fonte de recursos financeiros no atual momento, e isso é algo que a McLaren não pode prescindir.
A retomada da parceria entre McLaren e Honda até agora não mostrou a que veio, e a falta de resultados já está deixando a paciência curta em algumas pessoas no time inglês...
            Seria também um momento de derrocada para Ron Dennis, que no ano passado, demitiu Martin Withmarsh sob a alegação de falta de resultados, depois de Martin sucedê-lo como diretor da escuderia de F-1 nas temporadas mais recentes. Dennis reassumiu as rédeas do time prometendo "corrigir" os desvios de Withmarsh, que na sua opinião fizeram o time perder a sua força, especialmente depois de perder Lewis Hamilton para a Mercedes há dois anos atrás. Desde então, contudo, Ron Dennis não tem muito do que se orgulhar de seu retorno à administração da escuderia de F-1. O time perdeu patrocinadores importantes, e o acordo com a Honda, visto como salvação do time, e um potencial retorno às vitórias, até o momento está dando apenas vexames nas corridas. E, ao ter de utilizar recursos de outras áreas e empresas do Grupo McLaren para cobrir o orçamento da F-1, Dennis já se desentendeu com os demais proprietários do grupo, como o fundo barenita que adquiriu boa parte das ações do McLaren Group, bem como Mansour Ojeh, sócio proprietário da McLaren desde os anos 1980, e que hoje não fala a mesma língua que o inglês.
            Para a Red Bull, o panorama também não é dos melhores. Ao crucificar publicamente a Renault de forma intensa e veemente culpando-a pelos maus resultados de 2014 e 2015, em que pese tenham suas razões, a escuderia austríaca exibe uma arrogância e prepotência que desagrada não apenas à Renault, mas também aos outros fabricantes de motores que poderiam lhe fornecer seu produto. Com a ruptura com a Renault, e a negativa da Mercedes, sobrou mesmo a Ferrari, uma vez que os maus resultados exibidos pela Honda até agora fazem os propulsores nipônicos estarem longe de serem desejados por outros times. Só que nem mesmo o acordo saiu ainda, e vem essa intimação de que ou têm os melhores motores ou nada feito, já não indica um início de relação muito bom. Periga os italianos dizerem "ciao, bambini" ao pessoal da Red Bull, que teria de ir passear em outra freguesia, se existisse alguma. E, pelo temperamento demonstrado pela escuderia dos energéticos nos últimos tempos, o clima não deve melhorar muito o humor.
            Todo mundo já está antevendo que Bernie Ecclestone terá de entrar na parada, ajudando a costurar um acordo que seja aceitável para todas as partes envolvidas. Seria muito ruim para a F-1 perder dois times para 2016, de modo que o grid reduziria para 18 carros, uma vez que teremos a estréia da nova equipe norte-americana Hass. A Red Bull tem compromisso com a F-1 ainda por mais alguns anos, de acordo com o Pacto de Concórdia, que define os direitos e obrigações de todas as escuderias com a FOM e a FIA na F-1, mas mesmo as pesadas multas pelo seu rompimento, em caso de abandono, não seriam nenhum pesadelo financeiro para Mateschitz, cujo império dos energéticos é global e com faturamento na casa dos bilhões de dólares. Bernie, por sua vez, tem interesses óbvios em evitar que a F-1 sofra essa perda de dois times, sendo um deles grande e de muito sucesso em tempos recentes, e tem ainda sua opinião contra as atuais unidades de potência hibridas, que segundo ele são complicadas demais para serem entendidas pelo público da categoria, colaborando assim para a perda dos fãs. Ele está batalhando para em 2017 serem adotadas unidades com muito mais potência, achando que isso trará os fãs de volta. De um jeito ou de outro, Bernie sempre conseguiu ajeitar várias situações na F-1 e colocar panos quentes em várias crises que poderiam complicar a categoria. Resta saber se ele vai conseguir isso novamente.
            Para a F-1, o problema maior dos novos motores não são sua estrutura em si, mas as regras que impedem o desenvolvimento pleno das unidades, o que está sendo determinante para Renault e Honda não conseguirem reverter seus maus momentos. Um afrouxamento destas regras seria útil, mas difícil é convencer Mercedes e Ferrari disso. A marca alemã não quer perder sua dianteira, e a turma de Maranello mostrou este ano como conseguiu reverter seu projeto ruim de 2014 para se tornar a principal ameaça aos alemães, coroando um excelente e bem-feito trabalho de readequação de seu projeto. Portanto, se a Ferrari conseguiu se recuperar, em tese, Renault e Honda que se virem e tratem de melhorar também. Infelizmente, o panorama não pode ser visto apenas por este aspecto.
Afundada em dívidas, a atual Lotus tem como esperança de salvação ser recomprada pela Renault, a qual já foi equipe oficial da marca francesa há alguns anos atrás. Mas o negócio ainda não foi fechado...
            No que tange à Renault, sua única chance de permanecer na categoria agora é efetivar a recompra de seu antigo time de fábrica, que atualmente chama-se Lotus. As negociações nesse sentido estão adiantadas, e segundo dizem, faltam acertar detalhes para se concretizar a recompra, permitindo assim que a escuderia Renault volte oficialmente a existir. Na pior das hipóteses, se o negócio não sair, será também um desastre duplo: para a Lotus, que está altamente endividada, e já tendo problemas até para terminar o atual campeonato, e ainda tendo de se preparar para 2016, algo que, sem ser comprada pela Renault, parece algo extremamente difícil de ocorrer. E, sem ter novamente um time próprio de fábrica, a Renault poderia abandonar, mais uma vez, a F-1, tendo de aceitar o fracasso que foram suas unidades híbridas na categoria. Ironicamente, foi a Renault a maior defensora da introdução das novas unidades turbo V-6 e seus sistemas híbridos de recuperação de energia, e quem diria que seria justamente a fábrica francesa que teria o maior fracasso na empreitada? Aguardemos o que a Honda vai aprontar ano que vem para sabermos se eles vão superar os franceses na ruindade de seus propulsores...
            E sem a Renault, a Lotus pode ser outro time a cair fora da F-1, atolado em dívidas. Mas, mais importante, seria a categoria ficar sem mais um fabricante de motor, restando então apenas Mercedes, Ferrari, e Honda. mas, e se a Honda continuar ruim em 2016, e resolver também cair fora? A F-1 ficaria reduzida a duas marcas: Ferrari e Mercedes, e para a imagem da categoria, mostraria o descrédito que ela tem junto às montadoras automotivas. Duas importantes marcas que estiveram nesta competição na década passada, BMW e Toyota, já declararam não ter interesse em retornar. A Toyota está firme no Mundial de Endurance, onde já conseguiu ser campeã, inclusive, o que nunca conseguiu na F-1, tendo competido como equipe completa por quase uma década. E a BMW saiu quando estourou a crise financeira mundial em 2008/2009, e no momento, estuda investir justamente na Endurance, onde já estão a própria Toyota, e a Porshe e Audi.
            Em outras palavras, na pior das hipóteses, a F-1 pode correr o risco de se ver com apenas duas marcas de motores em um futuro muito próximo. E, pelo fato de ambas as marcas competirem com times próprios, as perspectivas de competitividade tendem a ser bastante prejudicadas pelo fato de que irão dar preferência dos melhores equipamentos a si próprios, do que a terceiros que podem se tornar rivais muito perigosos na pista. E então com que motor eles poderão correr?
            Espero não chegarmos a tanto...

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

HAVOC SERIES - CONFUSÕES DA PRIMEIRA VOLTA...E ALÉM



            De volta com as postagens de vídeos, o assunto hoje são as confusões que costumam ocorrer na primeira volta de uma corrida, às vezes, até mesmo no arranque da largada, local que costuma ser pródigo em confusões, quando algum piloto não consegue sair como devia e quem vem atrás acaba terminando de aprontar a confusão. Vejamos algumas situações onde as corridas começaram com mais emoção do que deveriam:

A primeira postagem, obviamente, vai para o espetacular acidente sofrido por Pedro Piquet no último domingo, quando participava da etapa de Goiânia da Porsche GT3 Cup. O carro do jovem Piquet acabou tocando numa das curvas após a largada, dando início a uma impressionante sequência de 9 capotagens que praticamente destruiu o carro, deixando a todos no autódromo, especialmente Nélson Piquet, que estava presente assistindo a corrida do filho, bastante apreensivos. Felizmente, apesar da violência do acidente, o jovem piloto de 17 anos saiu praticamente ileso da situação, tendo como maior ferimento uma fratura na mão, e já na segunda feira, estava em casa, tendo recebido alta do hospital. Pedro Piquet ficou com vários hematomas pelo corpo, inclusive no rosto, e em entrevista veiculada no Jornal Nacional, ao lado do pai, revelou que nas capotagens, seu braço acabou saindo um pouco pela janela do veículo, tendo muita sorte de não ter sido atingido pelo peso do carro nas pancadas que tinha no chão até parar de rolar. O vídeo é do usuário Jonathan Nascar, postado no You Tube:



O vídeo seguinte é da primeira volta da primeira corrida da etapa de Silverstone da categoria F-Renault 2.0. Na metade da primeira volta, quando os carros entram na reta dos boxes do paddock atualmente usado pela F-1 (a F-Renault usa os antigos boxes após a Woodcote), o carro do austríaco Ferdinand Habsburg, que foi surpreendido pela redução de velocidade de alguns competidores à sua frente, devido a acidente de Jehan Druvala entre as curvas Maggots e Becketts, onde seu carro foi parar literalmente em cima dos pneus, junto ao alambrado, acabou atingindo o carro de Ben Barnicoat, e seu monoposto literalmente decolou, sendo arremessado a cerca de cinco metros de altura. Apesar do vôo impressionante, o piloto escapou do acidente sem sofrer ferimentos graves. Ele deu sorte de o carro cair com as rodas para baixo, depois de ainda capotar, e de não ser atingido por mais ninguém que vinha atrás na pista, mas podia ter tido muito azar. O vídeo, postado no You Tube, é do usuário Jonathan Nascar:



O vídeo seguinte é do ano passado, na etapa da World by Series Renault, no circuito de Monza, na Itália. Ao completar a primeira volta, o piloto Marco Sorensen acabou tocando no carro de Jaafar, literalmente decolando e indo de encontro à mureta do lado dos boxes, onde felizmente não bateu de modo desfavorável, e o carro foi ralando no muro pelo restante da reta do boxes, com o piloto felizmente também não sofrendo nenhum ferimento de monta. E também foi sorte os pilotos que vinham atrás conseguirem não se envolver na confusão, que poderia ter tido consequências bem mais graves. O vídeo do You Tube foi postado pelo usuário TBK Light:



O vídeo seguinte é um compilação de vários acidentes ocorridos na categoria GP3, que deveria ser o degrau de acesso à GP2. Como a garotada anda cheia de energia e querendo mostrar serviço, é inevitável que surjam toques e enroscos entre os competidores. E enquanto eles não aprendem a controlar os limites da pilotagem, o jeito é torcer para que não exagerem demais na dose e possam sair ilesos destes acidentes. O vídeo foi postado pelo usuário hutterjoel no You Tube:



Fechando a postagem de hoje, o próximo vídeo é de uma corrida da categoria F-Renault UK, no circuito inglês de Oulton Park, em 2009. Vejam quantos competidores largando e andando todos juntos tentando ganhar posições. Os mais afobados, claro, vão saindo da pista, e mostrando serem solidários, quase sempre arrastam alguém junto, afinal, rodar ou sair sozinho da pista não tem muita graça. E felizmente ninguém se machucou feio nestas barbeiragens, embora os mecânicos das equipes tenham ficado bem chateados com o serviço extra que os pilotos andaram arrumando para eles. O vídeo do You Tube é do usuário kubicapanis:


E assim encerro esta postagem da Havoc Series, mas em breve trago mais vídeos de confusões nas pistas do mundo do esporte a motor para vocês apreciarem. Até lá então...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

TRICAMPEONATO ÓBVIO


Sébastien Ogier, ao lado de seu navegador, o francês Julien Ingrassia, comemoram a vitória na etapa do México deste ano, um dos 7 triunfos conquistados na atual temporada, que corou o tricampeonato do piloto da equipe Volkswagen Motorsport.

            Mais um campeonato mundial já tem o seu campeão de 2015. Sébastien Ogier faturou a conquista deste ano ao vencer o Rali da Austrália, no último fim de semana. Com 235 pontos, e com apenas 3 etapas restantes para encerrar o campeonato, o piloto francês da equipe oficial da Volkswagen não pode mais ser alcançado, e se quisesse, poderia ir descansar em casa assistindo a seus rivais se digladiarem nas provas restantes do ano. Mas, claro, não é isso o que vai acontecer, para azar dos concorrentes. Ogier faturou o título com 7 vitórias na competição, em um total de 10 etapas disputadas até agora. Seu domínio na competição foi tão acima dos rivais que sua conquista do título de 2015 era apenas questão de tempo. Título apenas, não, tricampeonato, isso sim.
            À maneira como o antigo "rei" do Mundial de Rali, Sébastien Loeb, que enfileirou 9 títulos consecutivos na competição, Sébastien Ogier vem deitando e rolando na competição depois que Loeb decidiu partir para outras paragens. Em 2013, o piloto levantou o seu primeiro caneco no Mundial de Rali, com nada menos do que 9 vitórias na competição, em um total de 13 etapas, garantindo o título para a Volkswagen, que passaria a colecionar títulos com Ogier, que não parou mais de vencer, até hoje.
            Seu "pior" resultado este ano foi no Rali da Argentina, onde classificou-se em 17°. Depois disso, em todas as etapas Sébastien terminou no pódio, ficando em 2° lugar nas etapas de Portugal e da Finlândia, e vencendo as provas de Monte Carlo, Suécia, México, Itália, Polônia, Alemanha, e Austrália, onde fechou com chave de ouro sua conquista matemática do título. Com tamanha performance, não é de se admirar que os concorrentes tenham sido arrasados pelo caminho, impotentes para deter o domínio do piloto francês e da equipe Volkswagen. Aliás, mesmo dentro da equipe da Volkswagen, a oposição a Ogier foi pífia, para dizer o mínimo. Jari-Matti Latvala, da Finlândia, ocupa a 2° colocação no campeonato, com 134 pontos, 101 a menos que Ogier, e conseguiu vencer apenas as etapas de Portugal e de seu país, muito pouco para tentar destronar o reinado imposto por seu próprio companheiro de time. Para piorar, Latvala teve dois abandonos, além de ter sido 15° colocado no México. Na 3ª colocação do campeonato, vem o norueguês Andreas Mikkelsen, também da Volkswagen, com 111 pontos, e cujo melhor resultado na competição foi o 2° lugar obtido no Rali da Polônia, seguido de 5 terceiros lugares em outras etapas, muito pouco diante do obtido por Ogier. Na 4ª colocação do campeonato vem o primeiro piloto "não-Volkswagen", o norueguês Mads Ostberg, da Citroen, com 90 pontos, apenas 4 de vantagem sobre o belga Thierry Neuville, da Hyundai. Em 6°, vem Kris Meeke, da Citroen, com 71 pontos.
            O massacre da equipe Volkswagen na competição só não é total porque o britânico Kris Meeke venceu o Rali da Argentina, na única vitória da Citroen, na primeira vitória da escuderia francesa na categoria desde 2013. Desnecessário dizer que a equipe da Volkswagen também já fechou matematicamente o campeonato de construtores, tendo até o presente momento 343 pontos, quase o dobro da segunda colocada, a Hyundai, que tem 177 pontos. A equipe sul-coreana, por sua vez, está numa batalha renhida com a Citroen, que está logo atrás, em 3° lugar, com 164 pontos. Na 4ª colocação, vem a M-Sport, com 148 pontos.
            O massacre imposto por Ogier aos concorrentes só indica que seu reinado vai durar ainda muito tempo, tal como aconteceu com o de Loeb. Mas nem sempre Sébastien esteve em posição tão privilegiada. Como todo novato na competição, ele já teve seus dias bem ruins na categoria. Ogier estreou no Mundial de Rali em 2008, na etapa do Rali do México, terminando em 8° lugar, que seria sua melhor classificação no ano, terminando em 18° lugar, com apenas 1 ponto, pelo time da FFSA - Equipe de France. No ano seguinte, competindo pela equipe júnior da Citroen, conquistaria seu primeiro pódio, com um 2° lugar no Rali da Grécia, e terminaria o ano em 8° lugar, com 24 pontos. Em 2010, ele iniciaria a disputa ainda no time júnior da Citroen, e chegaria à sua primeira vitória no Rali de Portugal, o que lhe valeu promoção para pilotar pelo time principal em algumas etapas na segunda metade do campeonato. Ele venceria ainda a etapa do Japão, e finalizaria o certame em 4/ lugar, com 167 pontos. O Mundial de Rali começaria a vê-lo com muito mais atenção, vendo ali um futuro campeão.
            Ogier não deixaria por menos nas expectativas: em 2011, como piloto em tempo integral da equipe principal da Citroen, o francês entrou fundo na disputa pelo título da categoria, obtendo 5 vitórias, e terminando o ano em 3° lugar, com 196 pontos, ficando atrás apenas do finlandês Mikko Hirvonen, da equipe Ford Abu Dhabi, com 214 pontos, além claro, de Sébastien Loeb, campeão com 222 pontos. Ogier mostrava que estava chegando, e que o título seria questão de tempo. Só que o ano de 2012 seria bem menos agradável do que esperava: estreando na equipe Volkswagen Motorsport, a temporada foi complicada, não conseguindo bons resultados. Foi um ano magro, em que terminou classificado em 10° lugar, com apenas 41 pontos, sem pódios ou vitórias.
            Mas em 2013 a equipe Volkswagen e o piloto engrenaram com tudo: veio o primeiro título, com 290 pontos, e 9 vitórias, além de mais 2 segundos-lugares. O brilho do primeiro título, contudo, ficou um pouco "manchado" pela desistência de Sébastien Loeb, o principal campeão da categoria na última década, estar abandonando o certame. Loeb disputou apenas 4 etapas naquele ano, e destas, venceu 2 e faturou mais um pódio na outra, e um abandono. Todos esperavam que Loeb decidisse competir a temporada toda, para então abandonar, talvez com 10 títulos em 10 anos de disputa, mas no fim, o que todos queriam mesmo era ver o embate titânico que ocorreria entre Ogier e Loeb, com seus dois times em excelentes condições. E Loeb infelizmente privou a todos desta batalha que teria tudo para ser épica. Só para ilustrar, em 3 das 4 etapas que Loeb disputou naquele ano, nas provas vencidas por Loeb, Ogier foi o 2° colocado, e na terceira, em que o eneacampeão foi 2° colocado, a vitória foi justamente de Ogier, que também venceu a 4° etapa, onde Loeb abandonou. O esperado duelo entre ambos não era mera expectativa: seria real mesmo. Sem Loeb, restou ao belga Thierry Neuville ser o principal rival de Ogier no campeonato, mas o piloto da Qatar World Rally Team foi vice-campeão com menos 114 pontos do que Ogier, não tendo conseguido vencer nenhuma etapa da competição.
            Sem Loeb, Ogier passou a reinar no Mundial de Rali, e o campeonato do ano passado ilustra bem isso: novo título, com nada menos do que 8 vitórias em 13 etapas, e um bicampeonato mais do que merecido, onde a Volkswagen praticamente dominou o campeonato, sendo que o finlandês Jari-Matti Latvala, vice-campeão, com 218 pontos, contra os 267 de Ogier, era companheiro do francês na escuderia alemã, e venceu 4 provas no Mundial de 2014. Mas, apesar de mostrar um bom desempenho, não conseguiu ser páreo para Sébastien, situação que só piorou este ano, com um domínio ainda mais arrasador do então bicampeão, que agora celebra o seu 3° título consecutivo.
            Com o campeão já definido, o campeonato agora terá como atrativo a luta pelo vice-campeonato, que parece restrita a Latvala e Mikkelsen, com vantagem para o finlandês, que já demonstrou ter uma melhor performance ao longo do campeonato do que o norueguês. Ainda teremos o Rali da Córsega (França) e da Catalunha (Espanha) no mês de outubro, e o fechamento do campeonato em novembro, com o Rali do País de Gales (Grâ-Bretanha). Mas não pensem que só porque já conquistou o título da temporada que Sébastien Ogier vai deitar ombros: ele vai em busca de mais vitórias, e certamente vai querer bater o seu recorde de triunfos na mesma temporada, obtido em 2013, de 9 vitórias. O francês já tem 7 troféus em 2015, e para bater sua meta, precisaria vencer as 3 provas restantes. Difícil? Talvez, mas nada impossível, como pudemos ver no cômputo geral da competição do Mundial de Rali deste ano.
            Aos rivais, só resta esperar mesmo é por 2016, mas sem esquecer que Ogier continuará firme, e agora, será em busca do tetracampeonato...


Outro campeonato que já conhece o seu campeão em 2015 é a F-3 Brasil. Pedro Piquet, atual campeão da competição, faturou a conquista do certame deste ano ao vencer as duas provas disputadas em Campo Grande, no fim de semana passado. O mais novo Piquet das pistas venceu 10 das 12 corridas realizadas até agora, e encerrou a disputa pelo título, conquistando o bicampeonato, com 4 provas ainda para encerrar o calendário. Faltam duas corridas em Curitiba e São Paulo, e Pedro certamente vai tentar encerrar o ano com o maior número de vitórias. Em contrapartida, a luta pelo vice-campeonato vai ser bem mais agitada, entre os pilotos Matheus Iorio, Carlos Cunha, Rodrigo Baptista, e Artur Fortunato. Iorio tem 87 pontos, contra 81 de Cunha, 72 de Baptista, e 70 de Fortunato. Pedro Piquet, o campeão, tem 153 pontos. O vencedor de cada corrida leva 15 pontos; o 2° colocado recebe 12 pontos, e o 3° colocado, 9 pontos. Para Nélson Piquet, pai de Pedro, o filho mostrou a que veio, mas lembra que ele competiu pelo melhor time da categoria, a equipe Cesário Fórmula, de modo que o garoto pelo menos fez bom uso dos recursos à sua disposição, lembrando que os rivais não tinham a mesma estrutura de competição por trás. Para Nélson, a hora da verdade do filho será no ano que vem, quando Pedro irá disputar a F-3 Européia, certame onde suas qualidades serão mais do que postas à prova, com competição bem mais acirrada e forte. Portanto, os excelentes resultados obtidos por Pedro nestes dois anos de competição na F-3 Brasil, um certame novo que ainda está encontrando o seu caminho, não podem dar uma idéia precisa da capacidade do mais novo Piquet do mundo do automobilismo. E é melhor que Pedro se prepare mesmo, porque a competição no certame europeu está sendo mesmo brava, mais brava até do que a FIA gostaria que fosse, pelos acidentes ocorridos em algumas etapas, que por pouco não resultaram em tragédias...


A Fórmula 1 chegou a Cingapura para a disputa do seu GP noturno da temporada, no circuito de rua de Marina Bay, sob a preocupação da forte névoa de fumaça que cobre o sudeste asiático, em razão das queimadas produzidas pela Indonésia, país vizinho à Cidade-Nação, que estava proporcionando um nível de poluição do ar muito superior ao verificado quando foram disputadas as Olimpíadas de Pequim. Felizmente, São Pedro ajudou, e mandou uma chuva que ajudou a limpar o ar, amenizando as preocupações quanto a esse problema. Por outro lado, a previsão para o fim de semana, de que pode chover, traz outras preocupações para pilotos e equipes, em relação à iluminação do circuito na chuva, uma vez que não apenas a corrida, mas todos os treinos, são realizados à noite. O sistema de iluminação da pista de Marina Bay é espetacular, mas até hoje isso não foi testado em tempo de chuva. Se o clima for mesmo molhado para o fim de semana, a corrida pode ficar bem mais interessante do que já é, uma vez que a pita de baixa velocidade deve favorecer os carros com motores menos potentes, como os Renault, e até o Honda, como aconteceu na prova da Hungria, onde Red Bull e McLaren conseguiram seus melhores resultados na temporada até aqui.


O Mundial de Endurance volta à pista neste fim de semana, com a disputa das 6 Horas do Circuito das Américas, em Austin, no Texas, Estados Unidos. A Porshe vai em busca de sua terceira vitória consecutiva na competição, depois de ter faturado as 24 Horas de Le Mans, e vencido também as 6 Horas de Nurburgring, onde fez dobradinha, deixando a Audi apenas em 3° lugar. Nos primeiros treinos, realizados nesta quinta-feira, a marca recordista de vitórias em Le Mans já mostrou que vem com tudo, tendo marcado os dois melhores tempos, deixando a Audi a quase 2s de distância na 3ª posição. A parada para os carros de Ingolstadt vai ser complicada...


O Rally Dakar 2016 está finalmente confirmado. A maior prova de rali do mundo estava com sua edição do próximo ano ainda indecisa em virtude de negociações com a Argentina referentes ao auxílio financeiro para viabilizar a competição no país portenho, que demandaria pelo menos mais US$ 6,5 milhões do que o combinado inicialmente pela empresa promotora do Dakar, e o governo argentino. Depois de várias negociações, onde o governo de Buenos Aires se recusava a pagar o valor adicional, com riscos até mesmo de cancelamento da prova do ao que vem, as partes conseguiram se acertar, e o Dakar 2016 será realizado. A prova do ano que vem será disputada apenas entre a Argentina e a Bolívia. O Chile já havia se retirado da competição, e o Peru também pulou fora. O rali terá sua largada no dia 2 de janeiro de 2016, em Buenos Aires, com fim previsto para o dia 16 de janeiro, em Rosário, também na Argentina, que verá a largada e o encerramento da competição. E o Brasil, mais uma vez, segue de fora da competição off-road mais famosa do mundo...

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - JUNHO DE 1997 - 06.06.1997



            Voltando com mais um antigo texto, este foi lançado no dia 6 de junho de 1997, e o assunto era as mudanças que o calendário da F-1 sofreria futuramente, com a inclusão de novas corridas, e a exclusão de outras. A primeira vítima acabou sendo o GP de Portugal, uma vez que as obras exigidas para readequação da pista do Estoril não foram realizadas, eliminando a corrida lusitana do calendário, sem retorno até hoje, uma vez que as altas taxas que passaram a ser cobradas por Bernie Ecclestone desencorajaram os portugueses de voltar a participar da competição. Malásia e China entraram para o calendário, alguns anos depois, e estão firmes até hoje, enquanto outras corridas européias, como a da França, acabou dizendo au revoirs. Bernie mandou a tradição para o espaço, e hoje o critério é de quem pagar mais leva, sendo que o GP da Itália, em Monza, pode ser a próxima baixa no calendário, se o manda-chuva da FOM não ceder em seus anseios por mais dinheiro. Como se vê, parte da desgraça atual de algumas corridas do calendário da F-1 já vem de longe... Apreciem o texto, e em breve tem mais histórias antigas por aqui na seção Arquivo...


MUDANÇAS DE CALENDÁRIO

            Enquanto o campeonato de Fórmula 1 segue em frente, uma nova discussão agita os bastidores da categoria no que tange às provas propriamente. Há algumas semanas atrás, a FIA comunicou o cancelamento do Grande Prêmio de Portugal devido ao fato de algumas obras de atualização do circuito até agora não terem sido iniciadas. Em seu lugar, foi marcado o GP da Europa, a ser disputado no circuito de Jerez de La Frontera, no dia 26 de outubro. Agora, a questão ganha novo impulso com a possibilidade do GP português voltar a integrar o calendário, só que no dia 9 de novembro. Ficará mantido o novo GP da Europa na data antes reservada para o GP de Portugal. Teremos então, este ano, 18 corridas da F-1.
            Já não é novidade que tanto Max Mosley como Bernie Ecclestone planejam ampliar o Mundial de F-1 para 18 provas a partir do ano que vem. Só que os últimos acontecimentos podem antecipar o novo número de GPs já para este ano. Isso já aconteceu em 1995, quando o GP do Pacífico, em Aida, no Japão, foi realocado para o fim do ano, junto ao GP do Japão, por causa do terremoto que atingiu a região de Kobe. Em seu lugar, só que em outra data, foi marcado o GP da Hungria, caso não houvesse condições de ser disputado o GP do Pacífico. No fim, todos os GPs foram disputados, e a temporada que teria apenas 16 provas, teve 17. Agora pode se repetir o mesmo caso, ampliando o mundial de 17 para 18 corridas.
            Ecclestone ainda confirma que há vários outros países na fila para sediar um GP de F-1, especialmente no sudeste asiático, como a Malásia e a China. Mas para a sua inclusão seria necessário tirar alguma outra prova do calendário atual, e isso não é fácil, pois muitas provas são tradicionais e os contratos de realização dos GPs são bem meticulosos na hora de serem assinados.
            Mas ainda há muito mais lenha a ser posta nesta fogueira do calendário. Novos entraves podem colocar vários GPs em situação difícil para seus organizadores e gerar uma verdadeira revolução no calendário da categoria. Um exemplo bem claro é a proibição da publicidade de cigarro em vigor na Alemanha, Inglaterra e França. Este tipo de proibição pode se estender ainda mais, pois o governo do Canadá também está aprovando uma lei parecida. Isso sem falar que a Comunidade Econômica Européia, em sua crescente unificação dos países-membros, podem adotar a mesma postura já vigente na França, Inglaterra e Alemanha para todos os demais países. Se isso se confirmar, a grande maioria dos GPs passará a não permitir mais nenhuma propaganda de cigarro. Atualmente os carros da F-1 tem seus logotipos de cigarro modificados para poderem correr nas etapas disputadas nos três países europeus citados acima, mas se essa postura se alastrar para muitos outros países, podem dar um duro golpe financeiro na F-1, visto que a grande maioria das escuderias tem patrocínios milionários das grandes indústrias do tabaco. Tomem como exemplo as equipes de ponta da categoria: Williams (Rothmans), McLaren (West), Ferrari (Marlboro), e Benetton (Mild Seven). Os investimentos das indústrias do gênero na F-1 superam a marca de US$ 250 milhões ao ano em dados estimativos. Além do patrocínio nas escuderias, várias corridas tem como patrocinador principal marcas de cigarros.
            Bernie Ecclestone já mencionou que, se estes entraves com relação à publicidade de cigarros se alastrarem, pode retirar do calendário todos os GPs onde vigorem estas proibições, e transferi-los para outros países. Se isso acontecer, países de longa tradição em corridas de F-1 podem ficar sem seus Grandes Prêmios, como a Inglaterra e a Alemanha, além da França.
            E como a fila de espera de outros países para sediar uma corrida de F-1 é significativa, Ecclestone pode usar isso como fator de pressão. Já imaginou a Inglaterra, que sempre foi considerada a pátria-mãe das corridas de automóvel, ficar sem seu GP de F-1? Imagine como ficariam os torcedores. Se a situação se alastrar, nem se fala: já pensaram se os torcedores italianos perderem seus GPs da Itália e de San Marino?
            Polêmicas à parte, na minha opinião a F-1 deveria ir buscar patrocinadores em outras áreas. Isso é uma solução totalmente lógica e fundamentada. Alguém aí se lembra de que anos atrás a Williams tinha forte patrocínio de empresas que não eram tabaqueiras. Só para lembrar, em 1987, o rol de patrocinadores dos carros de Frank Williams eram a Canon (patrocinador principal), Móbil, ICI, Tactel, etc... Havia um patrocínio dos cigarros Barclay, mas era pequeno. E hoje temos uma equipe que dá o exemplo deste tipo: a Stewart, que tem como patrocinadores o HSBC, a Bridgestone, a Ford, Sanyo, etc. Por estes exemplos, podem tirar suas próprias conclusões...


Mudanças de calendário também estão esquentando os bastidores da F-CART. Para 1998, já estão confirmadas mais duas provas no calendário da categoria: a prova do Japão, a ser disputada no circuito oval de Twin Ring Motegi; e a prova de Houston, no Texas, Estados Unidos. Estas novas etapas não irão substituir nenhuma outra do calendário atual, sendo que assim, em 1998, a F-CART deverá ter 19 provas. Mas a direção da CART, entidade que dirige a categoria, já adiantou que pretende chegar a 20 etapas para compor o seu calendário completo.
Para a nova temporada deve ser programada uma etapa na Europa, provavelmente na Alemanha, berço da Mercedes, que atua intensamente na categoria, fornecendo motores para diversas equipes. Ambas as etapas, européia e japonesa, serão em circuitos ovais, como determina o acordo da CART com a FIA. A nova etapa de Houston será disputada no centro da cidade, em um circuito de rua, assim como as provas de Long Beach, Vancouver, Detroit, Toronto e Surfer’s Paradise. Ficam mantidas as etapas de circuito misto em Portland, Laguna Seca, Mid-Ohio e Road America. As etapas ovais continuam as mesmas: Michigan, Brasil, Nazareth, Milwaukee, Fontana, Miami e Saint Louis, bem como a etapa que é disputada no aeroporto de Cleveland.
A imensa maioria das equipes filiadas à CART descarta qualquer tentativa de voltar a disputar as 500 Milhas de Indianápolis. Surgiu essa possibilidade depois que Tony George aboliu a regra que determinava que 25 das 33 posições de largada no grid seriam exclusivas para carros da IRL. Todos os donos de equipe são unânimes em afirmar que não seria vantajoso comprar um carro e motor apenas para disputar uma única prova. Segundo eles, a despesa ficaria acima de US$ 1,5 milhão. Isso porque a Indy Racing League adotou novos chassis, os Dallara e G-Force, além de motores atmosféricos da GM e da Nissan. Resumindo, as 500 Milhas de Indianápolis já são coisa do passado para o pessoal da CART.
Sem renegar o prestígio que Indianápolis deu por décadas ao calendário da categoria, a F-CART mostrou em 1996 que seu calendário é autossuficiente, e este ano vem confirmando isto totalmente. E com as novas provas a serem criadas em 98, o sucesso da categoria deverá ficar mais forte do que nunca.
Em meados de agosto a CART deverá divulgar o pré-calendário de 1998. Já o anúncio oficial deverá sair em setembro, provavelmente na etapa de encerramento do campeonato da F-CART. Tudo indica que deverão ser mesmo 20 provas para 98, pois se a etapa da Alemanha não se confirmar, deverá ser marcada uma etapa extra-campeonato no México ou na Argentina.