sexta-feira, 27 de maio de 2016

INDY500, 100 EDIÇÕES


O Indianapolis Motor Speedway assistirá neste domingo à 100ª edição das 500 Milhas mais famosas do mundo da velocidade. Uma marca histórica a ser comemorada.

            Uma marca histórica será atingida neste domingo no mundo do esporte a motor. As 500 Milhas de Indianápolis, uma das provas mais famosas do mundo inteiro, terá a disputa de sua 100ª edição. Disputada desde 1911, a Indy500 é praticamente a mais antiga corrida de automóvel em disputa até hoje. Para se ter uma idéia, as 24 Horas de Le Mans, outra prova tão famosa e importante no meio quanto a corrida americana, terá este ano sua 84ª edição, sendo disputada anualmente desde 1923. Não fossem as interrupções provocadas pelas duas grandes guerras da primeira metade do século passado, a Indy500 poderia ter comemorado sua centésima edição bem mais cedo, certamente em 2010.
            Largarão 33 carros para as 200 voltas da corrida, que serão feitas no traçado de 2,5 milhas do Indianapolis Motor Speedway, que teve todos os seus ingressos vendidos, cerca de 350 mil, para a corrida deste domingo. Desde o início do mês, Indianapolis já respira velocidade, tendo inclusive a disputa de uma corrida no traçado misto que existe dentro do autódromo, prova que foi vencida pelo francês Simon Pagenaud, da equipe Penske. Mas agora o desafio é muito maior: serão mais de 800 Km de percurso, e não importa qual a posição de largada. Vencerá quem chegar em primeiro ao fim da corrida, e todos que compõem o grid tem chances de serem o felizardo vencedor que levará um prêmio milionário para casa no fim do dia, além de ter a honra de ver seu rosto gravado no troféu Borg-Warner, que reúne as faces de todos os vencedores da corrida.
            A data é para ser memorável, mas infelizmente, os tempos andam bicudos na Indycar, e nem mesmo a Indy500, com toda a sua fama e tradição, parecem conseguir ficar imunes a isso. A corrida deste ano, por exemplo, teve apenas 33 carros inscritos, de modo que todos já estavam automaticamente garantidos no grid. Uma diferença de tempos mais áureos, onde o número de carros inscritos para a disputa da prova chegava quase a 100, tornando a disputa da classificação algo dramático, onde nem mesmo times favoritos conseguiam dar um jeito na situação se não mostrassem sua velocidade na pista. Um exemplo é o fiasco da equipe Penske em 1995, quando não conseguiu classificar nenhum de seus pilotos para a corrida, após uma operação de guerra que fez o time utilizar inclusive o carro do ano anterior, e até chassis emprestados por outra escuderia.
            Os treinos de preparação para a Indy500 também não são mais como antigamente. Os pilotos praticamente passavam um mês inteiro em Indianápolis, e era costume alugarem casas, ao invés de ficarem em hotéis, para se prepararem para a corrida. Haviam dois finais de semana para classificação, sendo que o segundo sábado era o chamado Pole Day, onde eram definidas as primeiras colocações no grid. No segundo domingo, bem como no fim de semana seguinte, eram definidas as posições restantes no grid. Até o pole day, tínhamos praticamente duas semanas de treinos livres, sendo que parte dos dias da primeira semana eram dedicados à avaliação dos pilotos novatos para a corrida. Todo estreante em Indianápolis tinha de passar pelo crivo de pilotos e ex-pilotos da corrida, para mostrarem estar capacitados a correr no circuito oval, que tem seus truques, e costuma ser implacável com os pilotos que subestimam sua grandiosidade e desafio. Vencido o pole day, quem não tinha tempo teria nova chance no fim de semana seguinte, enquanto quem já tinha vaga garantida, usava a terceira semana de treinos para ajustar o carro para a corrida.
O grid da primeira edição das 500 Milhas de Indianápolis: 40 carros largaram em 1911, na prova que foi vencida por Ray Harroun (abaixo).
            Aliás, é bom que se diga: em Indianápolis, quem se classifica é o carro, e não o piloto. Antigamente, ocorria de um time inscrever vários carros, que depois eram “vendidos” a pilotos que quisessem disputar a corrida, e para garantir que largassem, geralmente o time tinha um piloto mais talentoso, que ia para a pista e fazia a classificação, se necessário, para garantir o carro no grid. Por isso mesmo, nos treinos seguintes ao pole day, quem já tinha vaga garantida tinha de ser cauteloso para não sofrer um acidente, e com isso, jogar sua classificação para a corrida pelo ar.
            Por isso mesmo, é um contraponto a esta edição histórica da Indy500 não termos mais candidatos à corrida como havia antigamente. São poucos os pilotos “extras” para a corrida, que perfizeram apenas os 33 carros do grid. Antes, haviam vários times que corriam apenas esta prova, não disputando regularmente o campeonato. E mesmo quem corria todo o certame sempre tentava disponibilizar um carro extra para a corrida das 500 Milhas. Havia quem exagerasse neste quesito. Lembro-me do caso da equipe Dick Simon, que competia com dois pilotos regularmente na competição, mas que chegou a tentar correr com até 6 pilotos na Indy500 em determinada ocasião, chamando pilotos que tivessem grana disponível para pagar pela sua participação, o que valeu o apelido de equipe “rent-a-car” por parte do pessoal. Era uma loucura: além de ter chassis disponíveis (muitas vezes usavam os carros reservas como titulares, e até recorriam aos chassis na oficina, recauchutando carros do ano anterior), o time tinha de contratar turmas de mecânicos para cada carro, em esquema às vezes de emergência. Como não podia deixar de ser, se a preparação dos carros já era meio deficiente com apenas dois carros durante o campeonato, em Indianápolis ficava ainda pior. Mas sempre tinha vários candidatos que queriam tentar a sorte e, quem sabe, entrar para o hall da fama da Indy500.
Capa da edição do Jornal "Indianapolis Star", com a notícia da primeira vitória nas 500 Milhas, obtida por Harroun, em 1911.
            A corrida por isso mesmo sempre atraía alguns nomes de quilate. Al Unser, pai de Al Unser Jr., correu várias edições da corrida mesmo depois de deixar de disputar o campeonato, por exemplo. E havia até o caso de piloto que disputava nada menos do que duas corridas no mesmo dia: Robby Gordon, que era piloto regular da antiga F-Indy, depois que deixou a categoria para correr na Nascar, ainda frequentou Indianápolis por mais alguns anos, e como a Stock Car americana tem no mesmo dia da Indy500 sua mais extensa corrida do calendário, as 600 Milhas de Charlotte, Gordon nem bem recebia a bandeirada em Indy e já se mandava para o aeroporto rumo à cidade onde a Nascar disputaria sua corrida. Ele praticamente corria mais de mil milhas no mesmo dia, isso quando conseguia completar a corrida.
            É algo que infelizmente não ocorre mais. Além de os times presentes não disponibilizarem mais carros extras como antigamente, sumiram também quase todas as escuderias que antes vinham para correr apenas aqui. Um destes times era Menard, que hoje tem sua participação reduzida ao patrocínio no carro de Simon Pagenaud, da Penske, mas que em 1992 e 1993, tentou competir com ninguém menos do que Nélson Piquet. O brasileiro sofreu um pavoroso acidente no primeiro ano, ficando de fora, e teve uma participação discreta no ano seguinte.
            Na edição deste ano, poucos times e pilotos estarão no grid apenas nesta corrida, como é o caso de Budy Lazier, que corre por seu próprio time, a Lazier, e apenas aqui. Ele larga apenas em 32° lugar. Outro é Bryan Clauson, pelo time Jonathan Bird. Times como a Carpenter, KV, Foyt, Rahal-Letterman-Lannigan, disponibilizaram carros extras para outros pilotos. Realmente, comparado ao que já vi há anos atrás, é muito pouco. Ainda mais por se tratar de uma corrida histórica para Indianápolis. Além dos motivos já citados acima, dependendo da modalidade, não há como chamar pilotos de quilate, ou não, para competir em Indy quando eles já tem seus campeonatos prioritários para competir.
            Ou alguém acha coincidência termos o Grande Prêmio de Mônaco no mesmo dia da Indy500? Já imaginou se um piloto de quilate da F-1 resolve se aventurar em Indianápolis, e se dá bem por lá? Antigamente, haviam até quem fizesse isso, mesmo sacrificando sua participação na corrida de Mônaco, como Jim Clark, que aqui veio e venceu em 1965, no mesmo ano em que também foi bicampeão da F-1. Bernie Ecclestone hoje teria um troço com um acontecimento desses, portanto, nada de um dos pilotos de seu categoria querer se aventurar em outras competições. Tanto que foi marcado para este ano uma corrida no mesmo fim de semana das 24 Horas de Le Mans. Muito provavelmente depois que Nico Hulkenberg, competindo pela Porsche no ano passado, venceu a corrida em Sarthe, quando também disputava a F-1 pela Force India.
Juan Pablo Montoya foi o último vencedor das 500 Milhas, no ano passado. Quem levará a vitória neste ano, em sua 100ª edição?
            Uma pena que isso ocorra. E é uma pena também que o prestígio da Indy500 já não seja mais tão forte quanto antigamente, quando isso fazia muitos outros pilotos arriscarem sua participação na prova, não importando como ou de que jeito iriam competir. As dificuldades econômicas infelizmente também contribuíram para a diminuição drástica do número de interessados na aventura. Mesmo assim, a tradição das 500 Milhas segue firme, e a 100ª edição já garante um lugar de destaque na história mundial do automobilismo a esta corrida que será a primeira a poder se chamar de prova centenária, sendo disputada ano após ano, ininterruptamente, com exceção dos anos em que ficou sem ser realizada, unicamente em razão das guerras mundiais. Neste domingo, com todas as arquibancadas lotadas neste circuito, todos os presentes estarão presenciando um momento único, que muitos fãs das corridas e do esporte a motor gostariam de vivenciar em primeira mão. Com problemas ou sem eles, as 500 Milhas continuam com sua mística, seu desafio. Largar pode ser até fácil; chegar à bandeirada final já será um desafio. Mais do que cruzar a famosa Brickyard Line, cada competidor aqui deve sobreviver à corrida acima de tudo. Uma prova que sempre pode apresentar surpresas, boas ou ruins, e que a competição mostra como os pilotos encaram esta corrida.
            Para os fãs do automobilismo, com a decisão da Bandeirantes de não transmitir mais os jogos do Campeonato Brasileiro, abriu um espaço em sua grade que será bem aproveitada para as transmissões ao vivo das corridas da Indycar, começando já neste fim de semana com as 500 Milhas de Indianápolis. Infelizmente, o tratamento dado pela emissora à corrida será apenas o básico, sendo que Téo José, que fará a narração da corrida, não estará em Indianápolis, fazendo o trabalho em estúdio. E, mesmo sabendo que a famosa corrida terá sua 100ª edição, mesmo assim, nenhum material especial sobre este acontecimento foi preparado. Inclusive, a programação da emissora mostra que eles entrarão ao vivo quase na hora da largada, ou seja, nem mesmo haverá tempo de se discutir antes da largada um pouco da história da corrida, que merecia um pouco mais de consideração por parte da Bandeirantes. Mas, como a emissora está com suas verbas meio apertadas, não houve muito esforço em valorizar o acontecimento histórico. Uma pena.
            Resta torcer por nossos pilotos na luta pela vitória. Hélio Castro Neves, três vezes vencedor nesta pista, vai em busca do seu 4° triunfo, o que o igualaria aos maiores vencedores da história da Indy500, A. J. Foyt, Al Unser, e Rick Mears. Tony Kanaan, vencedor na Brickyard Line em 2013, tentará seu segundo triunfo, mas a parada será difícil: tanto Hélio como Tony tiveram alguns problemas de velocidade com seus carros na classificação, e tiveram que fazer novos ajustes visando a corrida. Tony aparentemente melhorou seu ritmo, e espera combinar seu tradicional arrojo com cautela e paciência para avançar na corrida conforme as possibilidades e poupar combustível e equipamento. Velocidade é importante, mas a estratégia de corrida também costuma ser fundamental em Indianápolis. Helinho teve maiores dificuldades para melhorar seu ritmo para a prova, mas está confiante de obter um bom resultado, apesar de saber que a disputa será apertada.
            Que possamos ter uma corrida memorável, com muitas disputas e duelos, e que faça juz de ser a 100ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Que venha a bandeira verde!


Red Bull e Renault estrearam a nova versão da unidade de potência francesa ontem nos treinos livres de Mônaco, mas apenas nos carros de Daniel Ricciardo e Kevin Magnussem, uma vez que apenas duas unidades ficaram prontas para a corrida monegasca. Ricciardo terminou a quinta-feira com o melhor tempo, dando mostras de que os franceses estão a caminho de sua redenção, depois do péssimo desempenho de seus propulsores no ano passado, onde só ganharam mesmo das unidades da Honda. Mas será preciso esperar pela prova seguinte, no Canadá, um circuito onde a potência do motor é exigida, para ver quão grande foi a recuperação da Renault na comparação com as unidades da Mercedes e da Ferrari. Mas na melhor das hipóteses, a Red Bull pode começar a contestar a posição da Ferrari como melhor time depois da Mercedes no campeonato. Já a equipe oficial da montadora francesa precisa trabalhar muito no seu carro, que nas ruas de Monte Carlo, infelizmente não conseguiu mostrar muita coisa, evidenciando os problemas de estabilidade de seu chassi.


Como costuma ser praxe em Mônaco, erros de pilotagem não são perdoados. As ruas monegascas já são particularmente estreitas, e om carros de competição então... bem... os guard-rails são sempre bem convidativos, e tivemos vários pilotos beijando as muretas de proteção, dando bastante trabalho para seus mecânicos, especialmente aqueles que se acidentaram no primeiro treino livre, a exemplo de Felipe Massa, que obrigou a equipe Williams a correr para reparar o carro do brasileiro a tempo para o segundo treino livre. E houve também as tradicionais escapadas de pista, principalmente na Saint-Dévote, a primeira curva do circuito, ponto potencial de enroscos entre os pilotos na largada ou durante a corrida. A pequena igreja de Saint-Dévote que fica ali mais para o fundo precisa mesmo da ajuda de sua santa durante o fim de semana de GP, pois sempre alguém está escapando por ali. A igreja está sempre aberta para receber seus visitantes, mas não é preciso entrar com carro e tudo, dizem os mais bem-humorados quando se fala dos pilotos que ali ou escapam ou se acidentam. No ano passado, a curva viu o acidente entre Romain Grosjean e Max Verstappen, felizmente sem ferimentos para ambos, só prejuízo mesmo em seus carros e terem ficado fora da corrida. Mas o caso mais bizarro desta quinta-feira foi um pequeno bueiro da sarjeta ter sido levantado pela passagem de um carro, e acabou atingindo a McLaren de Jenson Button, que felizmente nada sofreu além do susto, escapando também de sofrer um acidente a alta velocidade na subida para o cassino. A peça foi recolocada no lugar e soldada para maior segurança. E ninguém se machucou nos incidentes, felizmente...

quarta-feira, 25 de maio de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - MAIO DE 2016



            Pois é: o mês de maio já está praticamente no fim, e quase metade de 2016 já foi embora, com o tempo andando com uma velocidade que parece tão veloz quanto as dos carros de competição em sua luta pelas melhores colocações. E todo fim de mês é momento para se fazer um balanço do que ocorreu nas últimas semanas. Portanto, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a tradicional avaliação do panorama do mundo da velocidade neste mês de maio que está nos deixando, no velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem mais...



EM ALTA:

Simon Pagenaud: O piloto francês da equipe Penske já tinha vencido duas corridas do campeonato 2016, mas resolveu mostrar que continua com a corda toda no certame da IRL, vencendo a prova do circuito misto de Indianápolis, e abrindo larga vantagem para os demais concorrentes, que terão de suar o macacão se quiserem alcançar o jovem francês, que até o presente momento vem dando pinta de ser o principal candidato ao título da temporada. Mas ainda é cedo para comemorar, ainda mais porque vem aí as 500 Milhas de Indianápolis, prova que terá pontuação dobrada, e sempre apronta algumas surpresas no seu decorrer. Mas é bom a concorrência ficar de olho em Simon, pois ele quer manter a boa fase, e aumentar ainda mais a sua vantagem. Os concorrentes que se virem e tratem de ir à luta...

Lucas Di Grassi: O piloto da equipe Audi ABT teve um fim de semana complicado na etapa de Berlim do campeonato da F-E, onde largou em 8° e conseguiu terminar em 3°, garantindo, assim, a permanência na liderança da competição, que com uma vitória irretocável de Sébastien Buemi, voltou a ficar bem apertada. Mas o piloto brasileiro também conseguiu enfim sua primeira vitória também no Campeonato Mundial de Endurance, ao vencer as 6 Horas de Spa-Francorchamps, pela equipe oficial da Audi. O sonho de Lucas agora não é nada modesto: ele quer chegar à vitória nas 24 Horas de Le Mans. Sonhar é preciso, e Lucas, se por um lado garantiu a primeira vitória de um piloto brasileiro desde que Raul Boesel venceu na antiga competição de Esporte-Protótipos em 1987, quando foi campeão da categoria, vai ter de dar duro para conseguir o seu intento de ser o primeiro piloto tupiniquim a vencer as míticas 24 Horas de Le Mans na categoria LMP1, pois os rivais da Porsche tem outros planos, e seus colegas no outro carro da Audi Sports também...

Max Verstappen: O intrépido piloto holandês teve uma reviravolta incrível em sua situação na F-1 no último mês. Se ele já impressionava andando com o carro da Toro Rosso, ser promovido para o time da Red Bull foi a antecipação de algo que já estava planejado para a próxima temporada, e ainda por cima, deu a sorte de ver os pilotos da Mercedes se enroscarem em Barcelona, o que lhe propiciou a chance, não desperdiçada, de vencer logo em sua estréia no novo time, e com isso, tornar-se o piloto mais jovem a vencer uma corrida na F-1 em todos os tempos. Se a sorte ajudou Max, por outro lado é inegável que ele teve méritos na vitória, especialmente depois do duelo com Kimi Raikkonem na parte final da corrida, onde todos davam como certa a vitória do piloto finlandês, mas que no final das contas, não conseguiu achar a brecha necessária para superar o novo astro da equipe Red Bull, que a partir de agora promete infernizar bastante o pelotão da frente nas corridas. Olho nele que o garoto não vai ficar apenas no que mostrou na corrida da Espanha...

Jorge Lorenzo: O piloto da equipe Yamaha já se decidiu por ir para a Ducati para a temporada de 2017, mas enquanto o próximo campeonato não chega, o atual campeão da MotoGp mostra que pretende ir para o time italiano na condição de tetracampeão mundial. E o piloto espanhol mostra que não está para brincadeira, ao vencer as duas últimas corridas, em Le Mans, e Mugello, onde travou um duelo acirradíssimo com Marc Márquez pela vitória, conquistando o GP da Itália na bandeirada de chegada com uma margem apertadíssima para Márquez por míseros 0s019, que só não levantou mais o público da pista italiana por causa do abandono de Valentino Rossi por quebra do motor de sua Yamaha. Lorenzo tem 10 pontos de vantagem para Márquez na competição, que tem dado de tudo para acompanhar o ritmo das motos da marca dos três diapasões. Mas o momento é de Lorenzo: ele venceu metade das 6 provas disputadas na atual temporada, e ainda temos 12 corridas pela frente até o encerramento da competição. Quem vai segurar o atual tricampeão?

Nico Rosberg: O piloto alemão teve o seu primeiro revés na temporada 2016 da F-1, ao abandonar o Grande Prêmio da Espanha em virtude da barbeiragem protagonizada em maior parte por Lewis Hamilton, mas até certo ponto ele saiu no lucro em Barcelona, pois Hamilton também ficou de fora, e sua vantagem na classificação sobre o parceiro inglês continua grande: 43 pontos, uma vez que venceu a corrida em Sochi, na Rússia, outra prova em que Hamilton enfrentou problemas e não conseguiu duelar pela vitória como pretendia. Com isso, passou-se mais um mês onde o piloto alemão está dando as cartas na competição, enquanto Hamilton vem tendo dificuldades de reverter a situação a seu favor, não tendo conseguido nenhum resultado melhor do que o do parceiro, que parece mesmo cada vez mais candidato ao título. E cada corrida que se mantém na frente é uma chance a menos de Hamilton reverter a situação, o que certamente deverá começar a influir no comportamento do piloto inglês, a exemplo do ocorrido em Barcelona. Será que chegou enfim a chance de Rosberg ser campeão? Tudo indica que os ventos estão a seu favor... Resta esperar que a sorte não o abandone, e ele continue fazendo o bom trabalho que tem desenvolvido até aqui...



NA MESMA:

Equipe Ferrari: O time de Maranello encerrou a primeira fase do mundial com a sensação frustrante de não se ver capaz de bater as Mercedes, tanto em ritmo de classificação, onde a diferença tem oscilado muito, quanto em ritmo de corrida, onde os carros prateados parecem ter ainda relativa folga de performance para a concorrência. Mas agora, para deixar a situação do time rosso ainda mais complicada, eis que a Red Bull dá mostras de que está mais competitiva do que nunca, após o seu período de domínio na F-1. O time dos energéticos encarou a esquadra rossa de igual para igual em Barcelona, e venceu pela primeira vez na temporada, algo que a Ferrari ainda não conseguiu. E como os rubrotaurinos assustaram correndo com uma unidade de potência que no momento é inferior à do time italiano, a preocupação tende aumentar quando a Renault passar a fornecer seu novo propulsor atualizado, o que deve complicar as pretensões de Maranello de ser a principal rival da Mercedes no campeonato. E com isso, dizem que Sergio Marchione, dirigente principal da Ferrari, já estaria com a paciência curta, o que pode significar que alguma cabeças em Maranello poderão rodar a qualquer momento...

Número de provas no campeonato da IRL 2016: O campeonato da Indy Racing League sofreu um revés com o cancelamento da etapa de Boston, que deveria ser uma das últimas da competição nesta temporada, mas a direção da Indycar conseguiu agir rápido, e já acertou uma prova substituta para repor a vaga em aberto. E todos acharam a solução mais do que satisfatória: o circuito de Waktins Glen, que estava fora do calendário nos últimos anos, que receberá novamente a categoria de monopostos americana, e certamente agrada muito mais aos times e pilotos do que o traçado que encontrariam na metrópole do nordeste dos Estados Unidos. O circuito passou por algumas reformas recentemente, e teve todo o seu asfalto recapeado, o que deve ser muito apreciado pelos pilotos e pelos fãs, que poderão ver algumas boas disputas no tradicional circuito que já recebeu a F-1 há muitos anos atrás.

Mundial de Rally: A situação no campeonato mundial de Rally deste ano até que está interessante, pelo menos do ponto de vista dos vencedores das etapas da competição. Sébastien Ogier, o atual campeão, venceu apenas 2 etapas das 5 já disputadas até aqui. Mas, se por um lado foi bom vermos pilotos como Kris Meeke, Hayden Paddon, e Jari-Matti Latvala vencerem, por outro lado, Ogier subiu ao pódio em todas as etapas, e continua disparado na classificação geral, com quase o dobro de pontos do vice-líder, que neste momento é Andreas Mikkelsen, que não venceu nenhuma etapa, mas é o segundo piloto mais regular da competição, tendo deixado de pontuar em apenas uma etapa. Os demais vencedores vem tendo uma campanha pra lá de irregular na competição, de modo que estão muito longe de promover uma disputa competitiva pelo campeonato a fim de abalar o favoritismo de Ogier, que no ritmo atual, tem tudo para conquistar mais um título nesta temporada...

Como está fica: Audi ABT e e.dams já anunciaram que manterão suas atuais duplas de pilotos para a próxima temporada da F-E, que se iniciará no segundo semestre. Lucas Di Grassi, um dos destaques do campeonato, chegou a ser sondado por vários times, mas acertou sua renovação com sua atual escuderia, acreditando no trabalho desenvolvido até aqui. Por sua vez, o time oficial da Renault também preferiu assegurar a continuidade dos trabalhos de Sébastien Buemi e Nicolas Prost por mais uma temporada. Quem também já renovou para mais uma temporada com sua atual escuderia é Nelsinho Piquet, que continuará na China Racing, que deverá ter todo um novo conjunto técnico para a próxima temporada da competição de carros elétricos, depois do fiasco que foi a atual temporada do time.

Sebastian Vettel: O tetracampeão alemão continua tendo seus percalços em pista nesta temporada, e a exemplo de Hamilton, vem perdendo a briga para seu companheiro de equipe, Kimi Raikkonem, embora por margem menor do que vem acontecendo na Mercedes. Em Barcelona, Vettel terminou mais uma corrida atrás de Kimi, que já tinha tido a oportunidade de pontuar bem na Rússia, onde Sebastian abandonou após o toque com Daniil Kvyat. Para complicar a situação, Vettel ainda está empatado em pontos com Daniel Ricciardo, com 48, enquanto Kimi é o vice-líder do campeonato com 61 pontos, e olhe que o finlandês nem está empolgando tanto assim. Como desgraça pouca é bobagem, o ferrarista está começando a atrair críticas pelas reclamações que tem feito sobre as disputas que tem travado com os rivais na pista: Na China, ele reclamou sem razão de Kvyat na disputa de posição na primeira volta, o que o levou a bater no próprio companheiro de equipe; e em Barcelona, achou as tentativas de ultrapassagem de Ricciardo muito forçadas e agressivas. Sinal de pressão por resultados, ou Vettel está começando a pegar maus hábitos de piloto campeão?



EM BAIXA:

Daniil Kvyat: O piloto russo da Red Bull, depois do seu momento de glória na China, quando subiu ao pódio em 3° lugar, foi direto para o inferno sem meio termo no GP da Rússia, onde acabou acertando Sebastian Vettel duas vezes, e levou uma rasteira de Helmut Marko, rebaixando-o para a Toro Rosso, entendendo que na prática estará a pé em 2017. Para piorar sua situação, Kvyat ainda teve de assistir a Max Verstappen, que assumiu seu carro no time matriz, vencer a corrida espanhola e ganhar manchetes em todo o mundo, enquanto ele, dispondo agora de um carro muito menos competitivo, só teve o sabor de marcar a volta mais rápida da corrida espanhola, o que não vai deixar Marko nem um pouco impressionado, que a esta altura está delirando com o sucesso de seu novo protegido. Melhor Kvyat começar a procurar emprego em outro lugar, porque na estrutura da Red Bull ele será apenas mais um a ser jogado no lixo em breve, e sem a menor dor de consciência por parte dos chefes do time.

Equipe Williams: O time inglês conseguiu um respiro na prova da Rússia, mas em Barcelona, a dura realidade bateu à sua frente de vez: a Red Bull passou definitivamente à frente na performance das escuderias, chegando a desbancar até a Ferrari. Valtteri Bottas chegou quase 50s atrás de Max Verstappen no circuito da Catalunha, que costuma expor os vícios e as virtudes de qualquer máquina da competição, e o que temos no momento é que a Williams terá de se contentar em ser a 4ª equipe no Mundial de Construtores, a menos que consigam uma reviravolta que parece muito pouco provável. E começam a pipocar fofocas de que a Williams só não vai cair mais porque McLaren e Force India não demonstram muita capacidade de alcançar em curto espaço de tempo os carros de Sir Frank, o que não quer dizer que a situação não possa mudar repentinamente. Mas que se eles não se mexerem vão ficar para trás, isso vão...

Lewis Hamilton: O atual tricampeão vem tendo mesmo uma temporada complicada. Teve problemas novamente na classificação da etapa da Rússia, e quando conseguiu se desvencilhar da concorrência, não teve como partir para o duelo contra Nico Rosberg pela vitória. Na Espanha, quando parecia que seria batido na classificação para o grid, mostrou novamente toda a sua velocidade, mas na largada, acabou se preocupando demais em fechar a porta para Nico e foi ultrapassado pelo parceiro. Na ânsia de querer recuperar a posição, embutiu na traseira do alemão, que defendeu-se um pouco tardiamente, e acabou indo para fora da pista, onde perdeu o controle do carro e acabou colidindo justo com o seu companheiro de time, tirando ambos da prova espanhola. Os ânimos não foram dos melhores na reunião a portas fechadas depois do incidente, mas começam a circular rumores de que Hamilton estaria mais interessado em suas baladas do que em poilotar com a devida concentração, o que estaria prejudicando o piloto inglês no atual campeonato, dado o número de equívocos cometidos até aqui, o que certamente pode ser considerado um exagero. Já falam até que o inglês poderia tirar um ano sabático em 2017, mas é muito pouco provável, pois seu contrato com a Mercedes vai até 2018. Mas é inegável que a atual temporada está ficando aquém do que o piloto esperava, tendo sido superado na classificação por Kimi Raikkonem, e vendo Rosberg aumentar cada vez mais sua dianteira no campeonato. Lewis vai precisar botar a cabeça no lugar e o pé direito no acelerador para recuperar sua condição de principal astro do time alemão, e sem direito a cometer mancadas como a de Barcelona, se quiser ter a chance de ser novamente campeão este ano...

Crise no esporte a motor no Brasil: Que a crise econômica no Brasil anda brava, ninguém discute. E ela finalmente bateu forte também no mundo do esporte a motor. O Campeonato Brasileiro de Motovelocidade deste ano acabou cancelado por pura falta de patrocinadores. Os que haviam se comprometido em apoiar a competição neste ano infelizmente tiveram de rever seus gastos, em virtude da piora do quadro econômico nacional, e a organização da categoria não teve outra opção além de cancelar a competição neste ano, preferindo centrar esforços em viabilizar o retorno do campeonato em 2017. Na Stock Car, o principal certame do automobilismo nacional, o grid encolheu com a ausência da RZ Motorsport, que sem receber de seu principal patrocinador, não esteve presente na etapa de Goiânia, assim como a Mico’s Racing, que também perdeu seu principal apoiador. A categoria já havia visto a ausência da Boettger, que saiu da competição neste ano, também por problemas financeiros. Alguns dizem que a crise só não é mesmo mais catastrófica porque o esporte a motor nacional hoje é uma sombra do que já foi, tendo um número bem reduzido de certames em competição em nosso país. Chega a ser ridículo concordar com isso, mas se houvesse muito mais competições, o baque da crise financeira de nossa economia produziria um cataclisma ainda pior, o que não serve se consolo para ninguém. E, enquanto nosso país não sair do buraco, quem ainda sobrevive na pistas terá de rebolar para não ser a próxima vítima da crise...

Andrea Iannone: Com o anúncio da contratação de Jorge Lorenzo para a próxima temporada, era questão de tempo até a Ducati se pronunciar a respeito de quem de seus atuais pilotos seguiria no time. E o felizardo acabou sendo Andrea Dovizioso, que terá a companhia de Lorenzo em 2017. Segundo algumas fontes internas, pesou a tentativa atrapalhada de Iannone na última volta do GP da Argentina, quando ele tentou ganhar a posição de seu companheiro de equipe Dovizioso e ambos acabaram batendo e caindo a duas curvas da bandeirada, quando o time italiano já praticamente comemorava o 2° e 3° lugares que iria conquistar naquela corrida. Dovizioso, aliás, tem andado forte neste ano, mas uma série de problemas o deixou sem pontuar em algumas etapas, sem culpa pelos incidentes, e a Ducati teria escolhido o piloto menos propenso a arrumar encrenca com o futuro companheiro de equipe. Pelo sim, pelo não, Iannone já se garantiu também para 2017, firmando contrato com a Suzuki, que tem planos de crescer de produção no curto prazo, mas que no atual momento não parece ter o mesmo potencial que a Ducati.