sexta-feira, 29 de agosto de 2014

AZEDOU!


Premeditada ou não a batida, não foram apenas estilhaços que voaram do toque entre os carros das Mercedes. Ali uma amizade azedou, e o clima na equipe vai pelo mesmo caminho. Agora pode ser guerra declarada mesmo entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg pelo título...

            Quem esperava um novo passeio da equipe Mercedes no retorno da Fórmula depois das "férias" de agosto, certamente ficou surpreso com o que se passou no Grande Prêmio da Bélgica, domingo passado. Com um domínio nos treinos que deixou todo mundo assustado principalmente na chuva do sábado, o time alemão certamente tinha motivos para sorrir no domingo. Mas a alegria virou apreensão logo na segunda volta, com o toque de Nico Rosberg em Lewis Hamilton, que fez com que o alemão tivesse parte do spoiler danificado, enquanto o inglês teve o pior rescaldo: um pneu furado e a maior parte da pista belga para percorrer em baixa velocidade até conseguir alcançar o box e poder trocar o composto. Para Hamilton, suas chances na corrida acabaram de vez ali, enquanto Rosberg ainda retornou à prova e só não venceu porque novamente Daniel Ricciardo surpreendeu a todos, assim como a Red Bull, com seu carro rendendo mais do que todo mundo esperava, além de uma pilotagem inspirada como poucos do australiano, que chega assim à sua 3ª vitória no ano.
            O clima na Mercedes já tinha ficado pesado em Hungaroring, mas em Spa o caldo azedou de vez. Se Nico e Lewis estavam liberados para lutar na pista, Rosberg acabou fazendo justamente aquilo que o time mais pediu a ambos para evitarem: atingir um ao outro! Manobra voluntária ou não, seria um simples acidente de corrida, não fossem os dois pilotos companheiros de equipe, e que por acaso disputam o título de 2014, dominando o campeonato como poucas vezes se viu. E, se até aqui muitos apontam que Hamilton vem sendo muito "chorão" no campeonato, por vezes insinuando até que algo anda "acontecendo" com ele que não é normal, em virtude das quebras que já sofreu no ano, muito mais frequentes que as do companheiro de equipe, e que sob pressão costuma desandar, explicando assim alguns dos erros cometidos pelo inglês nas últimas corridas, podemos ver que Nico também não tem a cabeça tão assim no lugar como muitos acreditam.
            Basta lembrar que na Hungria, quando quis passar o companheiro pelo fato de estar com uma estratégia diferente, ele demonstrou ter ficado bem contrariado quando Hamilton não abriu passagem, e até reclamou disso no rádio. No resultado final da corrida, ele que largara na frente, enquanto o companheiro partia dos boxes, acabou atrás dele. Foi uma derrota que ele aparentemente não digeriu nem um pouco direito. E em Spa, novamente largando na pole, foi superado no arranque para a La Source não apenas por Hamilton mas também por Sebastian Vettel. Se o tetracampeão saiu da frente pelo erro na Les Combes, o ritmo com que Rosberg procurou logo superar Hamilton deu mostras de parecer ter sentido o golpe de ficar novamente para trás. Havia necessidade de arriscar tanto por dentro da Les Combes? Não, tanto que Hamilton não fez movimento errado nenhum, nem uma fechada mais agressiva. Seria apenas questão de tentar em outro ponto da pista com mais oportunidade, que certamente não faltaria nas outras 42 voltas da corrida ainda a se disputar.
            Depois, na reunião com o time, a tal declaração sobre "provar um ponto"...que ponto exatamente é esse? Se for sobre o fato de Hamilton ser extremamente agressivo e duro na disputa de posição, qual a novidade? Nico nunca viu como o amigo se comporta na pista? Hamilton sempre foi "atirado" e um páreo duríssimo em ultrapassagens e defesas de posição. Falar que em outras ocasiões sempre "recuou" para evitar um acidente e que agora, aparentemente, não vai mais "recuar", é uma argumentação besta. Porque, se ele novamente "não recuar", como fez na Bélgica, será Rosberg quem terá culpa no cartório, e não Hamilton, caso o inglês esteja na frente na pista. O parceiro inglês é muito duro e agressivo? E daí? Será que ele, Rosberg, não sabe encontrar meios de superar o parceiro sendo mais eficiente na pista? É o que ele deveria fazer, não ficar com essa guerrinha de "marcar posição" ou seja lá o termo exato que disse durante a reunião. Dá para superar Lewis na pista, e num circuito como Spa, seria apenas questão de estudar as trajetórias e planejar onde surpreender o parceiro. O belíssimo duelo que ambos travaram no Bahrein, que eletrizou a platéia, com os dois andando a milímetros um do outro, sem se enroscarem, é prova disso, não importa o quanto Rosberg fique falando da "agressividade" do parceiro.
            Lewis Hamilton, é verdade, tem sua cota de enroscos em tentativas de ultrapassagens. Felipe Massa que o diga, quando em uma temporada recente andou se encontrando diversas vezes com o inglês, então piloto da McLaren. Na maioria das vezes, saiu faísca, além dos pilotos irem parar fora da pista nas divididas. Exageros à parte, a melhor resposta é vencer o oponente duro de roer em um duelo forte e limpo na pista. Rosberg agora quer mostrar os dentes, mas que o faça sabendo das consequências, como por vezes Hamilton já fez. O jogo psicológico do alemão em cima do inglês faz parte do jogo, e não é de hoje que isso é usado na F-1: quantas vezes Nélson Piquet lançou futricas sobre Nigel Mansell no tempo em que dividiram a equipe Williams em 1986 e 1987? Mansell, estabanado e maluco como ele só, tinha o hábito de partir para uma ultrapassagem por vezes sem pensar nas consequências: certa vez em Spa, tentou uma dividida com Ayrton Senna que terminou com ambos fora da pista. Já Piquet raramente se envolvia em confusões nas divididas de curvas, pelo menos era mais limpo que muitos pilotos, e nunca tocou rodas demasiado agressivamente com Mansell, pelo menos a ponto de os carros se enroscarem.
            Até a Bélgica, Nico Rosberg, tirando o despiste "suspeito" para alguns em Mônaco, vinha fazendo uma temporada perfeita, conseguindo reverter o jogo da disputa do título que muitos imaginavam terminar antes da hora depois das 4 vitórias consecutivas de Hamilton. Até ali, o alemão ficara com a fama de só ter chance de vencer se o inglês tivesse problemas. O triunfo em Monte Carlo pode não ter significado muito, mas a performance no Canadá, uma pista onde todos imaginavam ver Hamilton dando as cartas, deu o lance de que Rosberg voltava ao páreo. Dali em diante, ele não largaria mais a liderança, e apesar dos chiliques do parceiro campeão de 2008, era visto como o "mocinho" da disputa. Até Spa-Francorchamps. Ali, Nico mudou o panorama. Mostrou uma face que, se não é de vilão, também não é do "herói". Não por acaso foi vaiado pela torcida quando subiu ao pódio. Para ela, neste domingo, Rosberg foi o culpado da vez.
            Certamente a Mercedes está tendo uma semana complicada. Toto Wolf e Niki Lauda certamente estão tendo de discutir muito que atitudes tomar para manter as rédeas firmes na escuderia. Se lançarem mão das ordens de equipe, o time alemão perderá seu maior mérito do ano: o da disputa na pista. Por outro lado, dependendo da animosidade entre seus pilotos, as ordens de equipe só deixarão o clima ainda pior. Se Hamilton sentir que vai ser prejudicado, vai mandar a ordem - e quem a der, às favas; e podem apostar que Nico não fará muito diferente. Virou uma guerra onde quem recuar será o derrotado. Mas ninguém quer arredar, nem Hamilton, e nem Rosberg. O time precisa se impôr para evitar o combate fraticida, que pode descambar, na pior das hipóteses, para a eliminação de ambos os seus pilotos numa futura dividida de posição, que pode vir já em Monza, semana que vem. E, se antes eles estavam com folga na classificação, sabendo que apenas um dos dois seria o campeão do ano, o terceiro triunfo de Ricciardo em Spa acendeu o alerta amarelo: o australiano da Red Bull já está "apenas" 35 pontos atrás de Lewis Hamilton, mesmo que Nico Rosberg esteja outros 29 pontos à frente de Hamilton, um possível abandono numa próxima corrida, resultado de outro toque entre ambos, poderia fazer a vantagem da pontuação cair vertiginosamente, e com 7 provas pela frente, sendo que a corrida de Abu Dhabi terá pontuação dobrada, a possibilidade dos prateados perderem um título que todos consideravam remota e até impossível depois de Mônaco passa a ser bem real, e uma possibilidade que, se acontecer, repetiria os panoramas vistos em 1986 e 2007, com um terceiro concorrente faturando o título enquanto dois pilotos de um mesmo time se engalfinham nas pistas.
Para a torcida, quanto mais lenha na fogueira, melhor. Para a equipe Mercedes, um pesadelo para administrar os egos de seus pilotos...
            Para a torcida, nada melhor. Se a competição andava chata pelo fato de a Mercedes dominar o ano, mesmo com algumas vitórias pontuais da Red Bull com Daniel Ricciardo, nada como uma luta desenfreada entre os pilotos do time germânico para incendiar as atenções. Quanto mais os pilotos se pegarem, melhor, o torcedor quer ver mesmo é o circo pegar fogo, e que se dane a moda das "ordens de equipe". Para a escuderia alemã, um inferno passar por tal situação. Poderiam ter criado um clima menos belicoso dentro do time? Talvez. Mas, como disse Flávio Gomes, do site Grande Prêmio, nesta semana, o pior desta história toda é ver uma amizade de longa data entre os dois ir para o vinagre, vítima da competição pelo título. Nico Rosberg e Lewis Hamilton dividiram bons momentos em suas carreiras, antes e depois de chegarem à F-1.
            Hamilton leva vantagem no carisma. Rosberg não é lá de levantar o torcedor na arquibancada, como costuma acontecer com os pilotos "frios" e cerebrais. Já competidores de sangue "quente", que saem falando pelos cotovelos, e ainda por cima se mostram arrojados e audaciosos na pista, ainda que por vezes não terminem a corrida, costumam fazer a alegria da galera que curte corridas. Hamilton, com suas falhas, mostra não ser perfeito. Mas mesmo assim vai à luta, muitas vezes tentando o tudo ou nada. Mas torcida e carisma não ganham corridas nem campeonatos. Tanto Rosberg quanto Hamilton agora precisam aprender a conviver novamente sob o mesmo teto, e ao mesmo tempo, tentarem competir pelo menos de maneira a não criar novas controvérsias desnecessárias com seus atos dentro da pista.
            Eles tem como fazer isso? Capacidade e inteligência eles tem. Resta saber se não vão ligar o foda-se e partir para a pista dispostos a tudo ou nada em cada curva que percorrerem. Agora, vejamos o que eles aprontam em Monza...


Will Power já perdeu 3 títulos na corrida final do campeonato, em 2010, 2011, e 2012, na IRL. Agora, novamente tem tudo para ser campeão...mas melhor não comemorar antes do tempo, só por garantia...

Neste sábado a Indy Racing League encerra seu campeonato, com a disputa das 500 Milhas da Califórnia, no circuito oval de Fontana. A corrida será transmitida ao vivo pela Bandeirantes, a partir das 22:30 Horas. A Penske deve finalmente sair da fila em que se encontra desde 2006, quando o time de Roger conquistou seu único campeonato na categoria. Will Power, com 51 pontos de vantagem, tem tudo para fazer uma corrida de marcação sobre Hélio Castro Neves, na hipótese de não querer arriscar para enfim comemorar seu tão sonhado título. Para o brasileiro, é tudo ou nada, e ainda vai precisar torcer para um mal resultado do companheiro de equipe para levar a taça, algo complicado de acontecer, uma vez que o australiano não abandonou nenhuma corrida no ano, e vem mantendo uma média de resultados superiores aos de Helinho nas últimas corridas, que lhe deram uma boa vantagem, e que só não o creditam a ser campeão já porque as corridas de 500 milhas este ano tem pontuação dobrada, então o vencedor em Fontana leva 100 pontos ao invés dos tradicionais 50 das demais provas. E, além desse diferencial, corridas de 500 milhas são sempre imprevisíveis. É contando com a imprevisibilidade que Simon Pagenaud conta para tentar levar o troféu do campeonato. Mas o francês da equipe de Sam Schmidt tem uma tarefa quase impossível nas mãos, precisando vencer e ainda torcer para tanto Will quanto Hélio terem um corrida desastrosa ao extremo, para ter chances efetivas de anular os 81 pontos de desvantagem para Power. Não é impossível, mas certamente muito improvável de acontecer.


Pelo retrospecto das corridas de 500 milhas do campeonato deste ano da IRL, Hélio Castro Neves teve melhores resultados entre os pilotos da Penske, sendo 2° colocado em Indianápolis, e repetindo o feito em Pocono, conquistando 198 pontos. Juan Pablo Montoya venceu em Pocono, mas na Indy500 foi 5° colocado, faturando 184 pontos. Já Will Power foi 8° em Indianápolis e 10° em Pocono, marcando apenas 126 pontos. Não chega a ser lá uma garantia de que o panorama se repetirá em Fontana, mas é preciso ter pensamento positivo. Não pode é desistir da luta antes do tempo. Mas mesmo assim, a situação é complicada para o brasileiro, devido à grande desvantagem na pontuação.


O alemão Andre Lotterer teve uma estréia bem breve como piloto titular na F-1 domingo passado na Bélgica. Apesar de ter conseguido se classificar com mais de 1s de vantagem em relação ao tempo de Marcus Ericson, Lotterer ficou a pé logo no final da 1° volta, com problemas no carro da Caterham, que ficou sem força na unidade de potência da Renault, para variar. Com certeza Andre deve ter sentido uma saudade tremenda do possante modelo da Audi que tem à disposição como piloto da escuderia alemã no Mundial de Endurance. Ericson, pra variar, terminou em último lugar entre os que chegaram ao final da corrida belga, em 17° lugar, com 1 volta de desvantagem para o vencedor, Daniel Ricciardo, o que não foi lá um resultado assim tão ruim para o pouco competitivo carro do time. Mas ainda assim, perdeu novamente para a Marussia, que com Max Chilton de novo ao volante depois do primeiro treino livre de sexta, ainda terminou a corrida em 16°.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - AGOSTO DE 2014



            E mais um mês está terminando, e seguindo a tradição, é hora de mais uma nova edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, fazendo a tradicional avaliação de alguns dos acontecimentos que andaram agitando neste mês de agosto o mundo do esporte a motor. E não esquecendo do velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e no mês que vem, tem mais cotação...



EM ALTA:

Daniel Ricciardo: O piloto australiano da Red Bull continua com a corda toda, e se já estava com a cotação em alta pela vitória conquistada no GP da Hungria de F-1, agora começa a ameaçar - imaginem só, a vice-liderança de Lewis Hamilton na classificação, depois de vencer de maneira brilhante a corrida da Bélgica. Verdade que o imbróglio causado por Nico Rosberg logo no começo da corrida entre ele e seu companheiro de equipe Hamilton ajudou o time alemão a perder a prova, mas mesmo assim, Ricciardo andou forte o tempo todo, dando um baile em seu companheiro de equipe Sebastian Vettel, que saiu de Spa-Francorchamps certamente bem contrariado por ter ficado apenas em 5° lugar, a mais de 50s de desvantagem para seu parceiro de time. Tudo bem, Ricciardo ainda está 35 pontos atrás de Hamilton, mas desde o início do campeonato, ninguém imaginava ser possível alcançar os carros prateados. Mais algumas confusões como a da Bélgica, e novos shows de pilotagem de Daniel, e podemos contar com algumas surpresas no fim do campeonato...

Will Power: O piloto australiano da equipe Penske está bem próximo de enfim conquistar o seu primeiro título na Indy Racing League. Power venceu de maneira contundente a etapa de Milawukee, e em Sonoma, apesar do resultado não ter sido tão bom quanto esperava, ainda saiu do Infineon Raceway com 51 pontos de vantagem para Hélio Castro Neves, que parece destinado a ficar novamente na fila, amargando mais um vice-campeonato, sensação que Power viveu por 3 temporadas consecutivas, de 2010 a 2012. Mas, assim mesmo, pelo histórico de derrotas na última etapa, Power vai para a etapa final, em Fontana, com precaução. Não fosse a etapa no California Speedway ter pontuação dobrada, por ser uma prova de 500 milhas, e só largar já daria o título ao australiano. Será que agora Will desencanta? Está muito perto disso, mas só vai comemorar mesmo depois da bandeirada de chegada...

Equipe Penske: Roger Penske só conquistou até hoje um título na Indy Racing League, em 2006, com Sam Hornish Jr. De lá para cá, vem batendo na trave em todos os últimos campeonatos, perdendo os títulos na última corrida para pilotos de equipes rivais como a Ganassi ou a Andretti. Este ano, contudo, o risco é bem menor, uma vez que Roger tem dois pilotos ocupando as duas primeiras posições no campeonato. Na hipótese remota de Will Power perder o campeonato, as chances de Hélio Castro Neves faturar o caneco devem garantir o título de 2014 para a Penske. Os rivais de outras equipes encontram-se este ano mais distantes, e praticamente fora de combate: Simon Pagenaud e Ryan Hunter-Reay estão mais de 80 pontos atrás de Will Power, e não tem como descontar a diferença. E, com um pouco de sorte, pode fazer 1-2-3 no campeonato, uma vez que Juan Pablo Montoya tem chances de terminar a competição em 3° lugar.

Scott Dixon: O atual campeão da IRL vem tendo um ano complicado, longe da disputa pelo título. Mesmo assim, já conseguiu marcar presença este ano com duas vitórias conquistadas na base da estratégia e inteligência, nas pistas de Mid-Ohio e Sonoma. Conseguindo manter um ritmo forte sem comprometer o consumo de combustível, Dixon conseguiu a proeza de largar em último em Lexington e vencer a prova. Em Infineon, o neo-zelandês não teve uma corrida dão dramática, mas novamente fez um planejamento meticuloso para averbar seu segundo triunfo na temporada, estando em 5° no campeonato e com chances de subir mais algumas posições, mostrando que seu tricampeonato não é para ser subestimado.

Equipe Red Bull: Mesmo com um motor que ainda está mais de 50 HPs abaixo da potência dos Mercedes, o time comandado por Christian Horner e que tem Adrian Newey nas pranchetas não pode ser subestimado, e a prova disso foi que eles conseguiram vencer a corrida da Bélgica, mesmo em uma pista onde a potência do propulsor é fundamental para se ter desempenho nos trechos de subida. Aperfeiçoando o equilíbrio do modelo RB10, a escuderia conseguiu contrabalançar a falta de potência com uma asa traseira menor, o que fez dos carros do time os mais velozes nos trechos de reta, sem comprometer demasiadamente nos trechos de curva. Basta ver que Ricciardo conseguiu vencer a corrida com quase 30s de vantagem para Valtteri Bottas, e certamente daria trabalho para as Mercedes, se estas não tivessem se enrolado consigo mesmas. O time segue para a Itália, em Monza, com a moral em alta, exceto pelo desempenho de Sebastian Vettel na Bélgica...



NA MESMA:

Mundial de MotoGP: OK, a invencibilidade de Marc Márquez na temporada 2014 finalmente foi quebrada, com a vitória na etapa da República Tcheca indo parar nas mãos de Dani Pedrosa, que até então vinha fazendo um campeonato apagado em comparação com a exuberância do parceiro. Mas vai ser difícil tirar o bicampeonato de Márquez: ele ainda tem 81 pontos de vantagem para Pedrosa, que mesmo que vencesse as próximas 3 provas e Marc abandonasse todas, nem assim perderia a liderança da competição. Para os rivais, nada muda, pois a Honda continua vencendo tudo na temporada 2014. Valentino Rossi e Jorge Lorenzo estão apertando o ritmo, mas ainda não conseguiram destronar o time rival do degrau mais alto do pódio. E Pedrosa, mesmo com a vitória, não consegue tirar Rossi de seus calcanhares. O jeito é torcer para a prova de Brno significar uma mudança de rumo no campeonato, a exemplo do que está ocorrendo na F-1, onde o passeio da equipe Mercedes começa a ficar mais árduo do que muitos imaginavam...

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro certamente vai amargar mais um vice-campeonato na IRL em 2014. As últimas corridas foram de resultados ruins, alguns por problemas alheios a seu controle, é verdade, mas infelizmente é preciso saber fazer a sorte trabalhar a seu favor, e não vem conseguindo nestas etapas finais do campeonato. Nem tudo está perdido, mas depois do resultado de Sonoma, Helinho vai precisar de toda a sorte dos últimos anos para levantar o caneco de campeão em Fontana. Melhor ir se preparando para se divertir na festa da conquista do título pelo parceiro Will Power. Na pior das hipóteses, o brasileiro pode até despencar no campeonato, se os concorrentes derem sorte na etapa final, já que sua pontuação dobrada pode mudar as posições de vários pilotos na tabela.

Mundial de Rali: A equipe da Volkswagen finalmente teve sua invencibilidade quebrada na temporada 2014, ao ver seus dois pilotos, Sebastien Ogier e Jari-Matti Latvala, abandonarem o Rali da Alemanha, cuja vitória acabou ficando com o belga Thierry Neuville. Mas o panorama da competição continua praticamente inalterado, com Ogier ainda disparado na liderança, enquanto Latvala tenta diminuir a diferença para seu companheiro de equipe. Mesmo com a vitória na etapa alemã, Neuville está mais de 100 pontos atrás de Ogier. E, na classificação de construtores, a Volkswagen tem mais do que o dobro da Citroen, que vem na 2ª colocação. Com o triunfo na Alemanha, a Hyundai assumiu a 3° posição. Mas tanto a marca francesa quanto a coreana precisariam de um milagre para alcançarem os alemães.

Fila furada da Red Bull: No ano passado, todo mundo ficou surpreso quando Helmut Marko "furou" a fila de pretendentes a ser piloto da Toro Rosso, promovendo o jovem russo Dannil Kvyat para ser companheiro de Jean-Éric Vergne nesta temporada. Com o sucesso do piloto russo, Marko resolveu novamente promover uma furada na "fila" do programa de pilotos da empresa, e agora é outra jovem promessa, Max Verstappen, que irá ter a chance de estrear na F-1, em 2015, ainda com apenas 17 anos. Com isso, não dá para ficar esperando pelo cumprimento de promessas que porventura tenham sido feitas a Carlos Sainz Jr. e Antônio Félix da Costa, que eram tidos como próximos nomes a serem promovidos pela empresa no seu programa de jovens pilotos, especialmente em relação ao português, que pelo segundo ano consecutivo se vê preterido por Marko na escolha dos pilotos da Toro Rosso.

Equipe Lotus: O calvário da escuderia de Enstone em 2014 continua. Na Bélgica, para variar, Pastor Maldonado bateu de novo nos treinos, e novamente largou lá atrás, enquanto Romain Grosjean remou, remou, e acabou abandonando quando viu que não ia a lugar nenhum na prova. Para complicar, os problemas de competitividade do carro parecem insolúveis, não se limitando apenas à falta de potência da unidade turbo da Renault e aos sistemas do ERS. Parece que o jeito vai ser cumprir tabela este ano e tentar voltar melhor em 2015. Maldonado está confirmado para o próximo ano, mas não se sabe o que será de Grosjean. Ah, e pensar que Maldonado deve ter sentido de novo a pulga atrás da orelha, ao ver seu ex-time subir novamente ao pódio, com Valtteri Bottas. Se arrependimento matasse...



EM BAIXA:

Nico Rosberg: Por mais que Lewis Hamilton tenha fama de chorão e de ficar meio desestabilizado quando a situação fica ruim, quem saiu da etapa da Bélgica com rótulo de culpado foi mesmo o líder do campeonato de F-1. Hamilton liderava a prova belga, e na freada da Les Combes, defendeu-se de forma limpa do parceiro de equipe, que intencionalmente ou não, poderia ter evitado o toque que azedou por completo o clima na escuderia Mercedes. O piloto alemão dá mostras de que vai endurecer o jogo daqui para a frente, e com contrato renovado por mais 3 anos, parece disposto a marcar sua posição no time, de preferência batendo de frente com Hamilton, na luta pelo título da F-1 em 2014. Ele deu sorte de o toque não lhe render maus bocados na pista, e mesmo não tendo vencido a prova de Spa, abriu quase 30 pontos de vantagem na classificação. Se isso valeu as vaias que recebeu no pódio, frente aos torcedores, é outra história...

Equipe Mercedes: Seus carros ainda são os modelos a serem batidos na pista no campeonato deste ano da F-1, mas não no sentido literal da palavra. O toque de Nico Rosberg em Lewis Hamilton arruinou a corrida do inglês, e certamente contribuiu para a perda da vitória na prova belga, que ficou com a Red Bull. A direção da escuderia, se vinha ganhando méritos até aqui por deixar a disputa entre seus pilotos aberta, como manda a boa tradição do esporte, por outro lado, vai ter problemas na administração dos egos de seus pilotos, uma vez que Nico Rosberg está demonstrando poder ser uma fonte de problemas tão grande quando Lewis Hamilton. Depois do inglês ter tido seus chiliques nas classificações das últimas duas corridas, ele vinha fazendo as coisas sem alarde em Spa: assumiu a liderança da corrida e certamente seria um páreo duro pela vitória, até ter o pneu furado e dar adeus às suas chances na prova. Foi a primeira briga entre seus pilotos que acabou dando a vitória à concorrência, e se eles não tomarem providências, o que muitos imaginavam impossível pode acabar acontecendo: perder o campeonato de pilotos. O triunfo de Daniel Ricciardo acendeu a luz amarela, mostrando que a concorrência pode sim aprontar para cima dos carros alemães, se estes fizerem besteira na pista. Na primeira oportunidade, já conseguiram mais um triunfo. Ainda temos 7 corridas até o fim do campeonato, e cada etapa é um risco potencial daqui para a frente. A escuderia agora terá de intervir na briga, e o pior é a categoria perder o renhido duelo pelo título que estávamos vendo e curtindo, sendo substituído por uma preferência do time sobre quem vai ganhar de fato...

Equipe Marussia: O pequeno time de F-1 protagonizou um caso que certamente não ajuda na imagem da categoria: anunciou Alexander Rossi para disputar o GP da Bélgica no lugar de Max Chilton, por razões financeiras (o que até aí pelo menos fazia sentido, uma vez que Chilton é o piloto de menos resultados no time), e depois do primeiro treino, acabou trazendo Max de volta, aparentemente com as pendências financeiras sanadas, e Rossi voltando ao ostracismo. E sem dar explicações coerentes para o episódio. Tivessem dito que o americano iria disputar apenas o primeiro treino livre, e tudo bem. Começaram bem com as explicações, mas depois já não falavam exatamente coisa com coisa. O time estava indo tão melhor do que a Caterham este ano. Agora, podem mostrar que também sabem fazer bagunça fora da pista, como o ex-time verde de Tony Fernandes vem demonstrando...

Felipe Massa: O piloto brasileiro teve outro fim de semana para esquecer. Felipe até andou forte nos treinos, mostrando que o carro da Williams tinha potencial para lutar pelo menos pelas primeiras posições abaixo do pódio, mas na corrida, teve o azar de colher restos do pneu furado de Lewis Hamilton que tiraram o equilíbrio de seu carro enroscando-se no assoalho. Pior de tudo é que, quando finalmente removeram os detritos, Massa passou a andar no mesmo ritmo dos líderes, mas já era tarde para reverter o prejuízo, e ficou fora dos pontos, e ainda por cima vendo o parceiro Valtteri Bottas subir ao pódio na 3ª colocação. É preciso acabar com a má fase, mas parece que vai ser meio complicado tirar a uruca de cima do piloto tupiniquim...

Equipe Force India: O time comandado por Vijay Mallya sempre teve uma performance regular nos últimos campeonatos, mas este ano, depois de um bom início, vem perdendo força no pelotão intermediário, e nem mesmo na Bélgica, uma pista onde o carro da escuderia costumava render bem e fez até pole em 2009, o time conseguiu um bom resultado, tendo de suar para chegar na zona de pontuação. A situação só não fica pior porque a Sauber está tendo um ano horrível, e a Toro Rosso, a exemplo do que costuma fazer, promete muito e rende pouco, e a Lotus virou uma bagaça este ano, sem perspectivas de melhora. Assim, deve pelo menos manter a 6ª posição na classificação de construtores, mas já virou a última equipe na classificação abastecida pela Mercedes, o que não é nem um pouco agradável.

 



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

DE VOLTA À F-1



A região de Spa, na primeira metade do século passado, e atualmente. E a casa ali ao lado do córrego Eau Rouge continua firme ali no mesmo lugar. Nada como apreciar a beleza da região para revigorar os ânimos no retorno da F-1...

            Depois das férias européias, a Fórmula 1 está de volta, e nada como encarar minhas corridas favoritas no campeonato. Chegamos a Spa-Francorchamps, circuito preferido por 9 entre 10 pilotos da categoria (o 10° piloto, geralmente, não gosta da pista porque ou bateu na Eau Rouge, ou escapou da pista em outro ponto...), desafiadora em todos os aspectos, e com o belíssimo visual das Ardenhas. E depois daqui vamos diretamente para Monza, templo mítico do automobilismo mundial e com o clima da torcida italiana que contagia todo mundo. Se todos os lugares fossem assim, seriam muito mais prazeiroso cobrir a categoria máxima do automobilismo...
            Além do assunto mais manjado, que é o duelo Lewis Hamilton X Nico Rosberg, a semana teve algumas novidades interessantes. A Caterham, agora sob nova direção, resolveu rifar, ainda que "oficialmente" apenas por esta prova, o japonês Kamui Kobayashi, dando seu lugar para o piloto Andre Lotterer, piloto oficial da Audi no Mundial de Endurance, e que vai tentar se divertir um pouco na F-1 neste fim de semana. Se ele vai apreciar a experiência é outra história, pois o carro da Caterham certamente não vai deixar muitas saudades para alguém que dispõe de um dos melhores carros de competição do mundo no WEC. De positivo mesmo em relação ao ex-time de Tony Fernandes, apenas o fato de terem apresentado um bico novo, pelo menos mais bonito e elegante do que aquela tromba esquisita que vinham usando até a Hungria, embora seja uma melhoria apenas visual, e ainda assim não é lá muita coisa. Certo, o bico anterior era um design diferenciado e pessoal, que ajudava a mostrar uma exploração das regras técnicas, mas que era feio demais, isso era...
            Quem também estará com piloto novo em Spa é a Marussia, mas ao contrário da Caterham, quem foi rifado na etapa belga foi Max Chilton, o piloto de menor performance e resultados. Em seu lugar, o time terá o americano Alexander Rossi. E, embora tenha afirmado que Chilton voltará o mais "breve" possível, tem quem diga à boca pequena que Rossi vai ficar mais tempo do que muitos esperam, dando a entender que Max "dançou" no time. Pelo menos a escuderia foi sincera ao afirmar que o americano vai estrear por uma questão de grana. E todos sabemos como patrocínios andam escassos hoje em dia. E, para piorar, não tem carro com a carenagem mais limpa em todo o grid do que a Marussia. Competir é preciso, mas é preciso grana para competir, daí...
            Não posso deixar de mencionar também o assunto do dia na sala de imprensa e no resto do paddock: o anúncio do jovem Max Verstappen para ser o companheiro de Dannil Kvyat na Toro Rosso em 2015. Contratação relâmpago depois dos bons resultados nas poucas corridas da F-3 disputadas até aqui, o filho de Jos Verstappen vai ser o mais jovem piloto a estrear na F-1 em todos os tempos, tendo apenas 17 anos quando alinhar no grid da próxima temporada. Todo mundo se pergunta se Helmut Marko, o homem-forte na departamento de pilotos da Red Bull, não está exagerando na dose desta vez, colocando alguém tão jovem tão rápido na F-1. Só saberemos de fato no ano que vem. A sensação foi um pouco parecida com Kvyat, e o jovem russo está correspondendo às expectativas muito bem até agora. O perigo é Max acabar se queimando com uma estréia tão precoce assim. Mas Jos Verstappen, seu pai, conhece bem o risco, e estava presente na assinatura do contrato com a Toro Rosso, então deve ter, imagino eu, pesado bem os prós e contras, e tido certeza pelo menos garantida, de não estar colocando o garoto numa tremenda fria, por mais talentoso que seja.
            Jos teve azar de estrear na F-1 logo como companheiro de Michael Schumacher. Em 1994, o parceiro do alemão seria o finlandês Jirky Jarvi Letho, porém ele sofreu um violento acidente na pré-temporada, e sem ter tido chance de se recuperar completamente, a Benetton colocou Jos Verstappen em seu lugar. Nem é preciso dizer que o holandês comeu o pão que o diabo amassou naquele ano. O modelo B194 não era um mau carro, mas tinha uma particularidade: era concebido unicamente para o estilo de pilotagem de Michael Schumacher, que tinha predileção por carros com comportamento arredio. Com seu enorme talento, Schumacher conseguia levar o carro a desempenhos impressionantes, ainda que guiasse quase sempre no fio da navalha. Só que ninguém mais conseguia andar assim com o mesmo carro. Sem possuir um talento comparável ao do alemão, Jos não tinha como domar aquele monoposto, e as cobranças por resultados eram praticamente nas mesmas expectativas do que Schumacher conseguia, por mais que Flavio Briatore conhecesse as particularidades do carro, concebido, aliás, por suas ordens para o estilo do alemão, a fim de potencializar ao máximo sua performance. Deu no que deu: sem resultados à altura, Jos acabou despedido da Benetton, e dali em diante nunca teve a chance de pilotar um carro competitivo, o que acabou com suas chances na F-1. Disputou 105 GPs, obtendo um total de 17 pontos entre as temporadas de 1994 e 2003, não tendo competido em 1999 e 2002. Depois da Benetton, defendeu as equipes Simtek, Arrows, Tyrrel e Stewart.
            Pelo histórico dos pilotos que defenderam a Toro Rosso, Max terá duas temporadas para mostrar o que sabe na escuderia "B" da Red Bull. Vai ter vida dura pela frente: mesmo que se adapte logo de cara, Dannil Kvyat vai ser um companheiro de equipe duríssimo, e se ele não mostrar qualidades (leia-se resultados) no embate, corre o risco de ser rifado sem dó nem piedade por Marko, que já riscou inúmeros pilotos de seu caderno de opções em pensar duas vezes. Pelos cálculos, Max aos 19 anos poderá se ver com duas opções: ou estará sendo piloto titular na Red Bull ou poderá já estar na condição de desempregado precoce. Vai depender dele, e do humor por vezes instável de Helmut Marko, que com o anúncio do jovem holandês já confirmou que Jean-Éric Vergne está a pé em 2015, e que terá de procurar emprego em outra freguesia.
            Ao menos Vergne terá chance de batalhar por um lugar. Alguns anos atrás, Sebastien Buemi e Jaime Alguerssuari foram demitido sumariamente no final do ano, sem terem chance de procurarem outro lugar. Buemi ainda conseguiu voltar à função de piloto de testes da Red Bull, mas Alguerssuari teve sua carreira na F-1 encerrada, e saiu soltando os cachorros sobre a atitude pouco ética de Marko, não sem razão. Max Verstappen pode ter muito talento, como mostram seus bons resultados na F-3 Européia este ano, com 8 vitórias em 27 corridas disputadas, e sendo o 2° colocado na competição, atrás apenas do francês Esteban Ocon, que também venceu 8 vezes, mas vai precisar de um bom equilíbrio emocional para aguentar o tranco de pressão que a F-1 exerce em seus competidores. Melhor ele começar a se preparar bem para o desafio, que nunca é fácil, mas que pode ter dimensões ainda maiores dada sua pouca idade.
            Saindo do paddock para a pista, o traçado de Spa, com suas subidas e descidas, é um prato cheio para os motores da Mercedes, de longe os mais potentes e eficientes do grid. Se falar que Lewis Hamilton e Nico Rosberg são favoritos destacados é chover no molhado, torna-se óbvio também deduzir que a Williams deve andar muito bem nesta pista. Aliás, pelas declarações do time de Frank, andam prometendo até chance de vitória. Não seria impossível, mas seria difícil, especialmente se os carros da Mercedes estiverem bem calibrados e nada de errado acontecer com eles. As longas retas do circuito certamente favorecem o desempenho do modelo FW36, e isso deve dar a Valtteri Bottas e Felipe Massa boas oportunidades de colher um resultado expressivo. A Force India, que sempre costuma andar relativamente bem aqui desde 2009, quando foi pole-position com Giancarlo Fisichella, é quem tem chance de impressionar, se acertar o carro novamente. E quem sabe a McLaren também esboce uma reação?
            Pela exigência do motor, os times equipados com os Renault devem penar por aqui, especialmente no trecho Eau Rouge-Raidillon, uma subida pra propulsor nenhum botar defeito. O excelente equilíbrio do chassi de Adrian Newey deve ajudar a Red Bull, mas muito provavelmente há o perigo de eles terem o mesmo desempenho pífio de Zeltweg, onde em nenhum momento conseguiram andar entre os primeiros. E isso abre chances para a Ferrari tentar se posicionar um pouco melhor. Mas antes dos carros irem para a pista hoje, é difícil apontar quem vai andar bem ou não. Todos os times chegaram no circuito com novidades nos carros, providenciadas pelos seus departamentos de engenharia, para tentar incrementar sua performance. Como de costume, alguns melhoramentos podem funcionar, enquanto outros não. Por isso, fica a expectativa de surpresas na performance de alguns carros, na esperança de termos mais equilíbrio e disputa. Se bem que pode acontecer o inverso. Ano passado foi aqui que Sebastian Vettel, que até então fazia um campeonato bom, mas nada espetacular, iniciou um massacre que o levou a vencer as 9 corridas restantes do campeonato, só não levando o título muito antes do final porque teve que recuperar-se de sua desvantagem na classificação do certame.
            Será que algum time conseguirá dar um pulo parecido em termos de resultados? Pode acontecer. Mas que ninguém fique muito alegre: a Mercedes, depois de perder 2 corridas este ano, e ver seus carros apresentarem problemas de confiabilidade nas últimas corridas, trabalhou com afinco para solucionar quaisquer problemas que possam surgir, além de melhorar ainda mais sua performance. É a chance de voltarem a ser campeões com time próprio, o que ocorreu pela última vez em 1955, com Juan Manuel Fangio. de lá para cá, a Mercedes foi campeã de pilotos apenas como fornecedora de motores, em 1998, 1999, e 2008 (McLaren), e 2009 (Brawn). Depois de tanto investimento nos últimos anos desde a aquisição da Brawn, e com tudo dando certo este ano, fruto do trabalho empenhado nos últimos anos, eles não vão querer perder a chance.
            Então, vamos para a pista conferir quem voltou melhor ou pior das férias. A F-1 inicia sua segunda "metade" com tudo...


Precisando de um bom resultado para retomar a liderança no campeonato 2014 da Indy Racing League, Hélio Castro Neves infelizmente teve um fim de semana frustrante na prova de Milwaukee. Além de ter terminado em um simplório 11° lugar, ainda viu o parceiro de equipe Will Power largar na pole e liderar a maior parte da corrida, vencendo a prova no pequeno oval de West Allis com um domínio contundente. Com o resultado, o australiano abriu 39 pontos de vantagem para o colega brasileiro, que apesar do mau resultado, diz que não é hora de se desesperar e manter firme a luta pelo título. Hélio não poderia ter outra atitude: enquanto houver chances matemáticas, não pode desistir da briga. Mas certamente a parada ficou mesmo muito difícil, e nem mesmo a pontuação dobrada que haverá em Fontana pode ser um trunfo a se utilizar para fazer uma reviravolta na situação. Como desgraça pouca é bobagem, a corrida deste final de semana, a penúltima do campeonato, é no circuito de Infineon Raceway, em Sonoma, na Califórnia, uma pista mista onde, no balanço dos últimos anos, Hélio sempre teve resultados piores do que Power. O retrospecto em Milwaukee não era lá muito favorável ao australiano, e ele contrariou todas as previsões. Hélio confia em dar o troco neste final de semana. Se vai conseguir, é outra história, e na pior das hipóteses, pode acabar sendo vice pelo segundo ano consecutivo...


Tirando a prova apagada de Hélio Castro Neves em West Allis, a Penske não teve do que reclamar da corrida: além de Will Power ter vencido, Juan Pablo Montoya foi o 2° colocado, garantindo mais uma dobradinha para o time. O colombiano, em 5° lugar na classificação, tem 488 pontos, contra 602 de Power e 563 de Helinho, e matematicamente ainda tem chances de título, embora seja muito difícil disso acontecer. Mas nada impede Montoya de ser o 3° colocado e garantir para a Penske a trinca no campeonato, com seus 3 pilotos nas 3 primeiras posições. Para isso, Juan Pablo precisa superar Ryan Hunter-Reay, logo à sua frente, com 494 pontos, e Simon Pagenaud, com 510, meta mais do que viável de ser alcançada. Depois de deixar a Nascar no ano passado por baixo, com perspectivas até de encerrar a carreira prematuramente, o colombiano deu a volta por cima ao ser contratado por Roger Penske para seu time na IRL este ano. Juan Pablo já se aclimatou perfeitamente à categoria, e certamente vai ser um páreo duríssimo para seus colegas de equipe em 2015. Neste ano, ele já conseguiu sua maior vitória: renascer sua carreira de piloto.


Ainda não foi dessa vez que Tony Kanaan conseguiu vencer em seu novo time, a Ganassi. O brasileiro, que largou na 2° posição no oval de West Allis bem que tentou fazer uma aposta na estratégia, mas não deu certo, e acabou a corrida em 3° lugar, fechando o pódio atrás dos pilotos da Penske. Com a vitória de Scott Dixon em Mid-Ohio, o time de Chip Ganassi pelo menos afastou o temor de passar o ano completamente em branco, mas Tony não vai sossegar enquanto também não conseguir vencer. A escuderia cresceu de performance nas últimas corridas, mas não do mesmo modo como fez em 2013, quando levou Dixon de azarão ao tricampeonato. Kanaan ainda tem duas chances para desencantar no campeonato, vamos ver se ele consegue fazer tudo convergir a seu favor...

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - FEVEREIRO DE 1997 - 21.02.1997



            Voltando com mais um antigo texto, trago hoje esta coluna, do dia 21 de fevereiro de 1997, dissertando sobre o início do julgamento sobre o acidente que vitimou Ayrton Senna no trágico GP de San Marino de 1994. Nada a adicionar sobre o texto, ele fala por si. Uma boa leitura a todos...


O CASO SENNA

            Começou ontem em Ímola, na Itália, o processo criminal do caso Ayrton Senna. O processo é presidido pelo juiz Antonio Constanzo; Maurizio Passarini ataca na promotoria. Alguns dos réus em julgamento: Frank Williams, Patrick Head, Adrian Newey, da equipe Williams. Roland Bruynseraede também está na lista. O processo visa apurar os responsáveis pela morte do piloto Ayrton Senna, ocorrida durante a realização do Grande Prêmio de San Marino de 1994.
            Esta semana, com a aproximação do início do processo, boa parte da imprensa internacional, especializada ou não, tratou de colocar o assunto novamente em evidência. Alguns, como o Sunday Times, chegaram até a colocar novas hipóteses em discussão, algumas até no limite do ridículo, como a possibilidade de Ayrton ter desmaiado dentro do carro pouco antes de entrar na curva Tamburello. Já a hipótese do pedaço de carenagem que teria feito seu carro perder o controle é até mais coerente, mas não chega a convencer, pois Senna não foi o único piloto a passar por cima dos pedaços da peça na reta dos boxes.
            Longe de defender alguém, afirmo que é impossível apontar culpados para o que ocorreu. Mesmo na época do acidente, eu já afirmava que era mais uma fatalidade do automobilismo. Por uma coincidência incomum de fatores, Ayrton morreu em um acidente até certo ponto comum a tantos outros já ocorridos. Um processo criminal para apurar os fatos é realmente necessário, mas pra dizer a verdade, estão fazendo muito teatro em cima disso. E não acredito que qualquer um dos “réus” acabe sendo condenado.
            As justificativas são várias. Desde que começou, o automobilismo é um esporte de alto risco por sua própria natureza. É impossível impedir que acidentes ocorram. O máximo que se pode fazer é evitar as circunstâncias que os favorecem, mas nem isso é possível em sua totalidade. A segurança hoje em dia no automobilismo é incomparável se olharmos para trás. Basta ver o que aconteceu em corridas nas décadas de 1960 e 1970. O número de acidentes era tal que praticamente não havia temporada sem que vários pilotos se machucassem seriamente, ou até morressem na pista. Nos últimos anos, a segurança, tanto dos circuitos como dos carros, melhorou muito. Talvez o fato que mais tenha marcado o ocorrido em Ímola em 1994 foi o choque causado pelos acontecimentos. Desde 1982 que não ocorriam acidentes com vítimas fatais em um fim de semana de Grande Prêmio de Fórmula 1. Desde então, a segurança melhorou muito, e os acidentes que ocorreram desde aquele GP até 1994 tinham sido até espetaculares em alguns casos, mas felizmente sem conseqüências sérias, fora o grande susto. O episódio de San Marino serviu para lembrar que nada pode ser totalmente previsível neste esporte, nem mesmo os acidentes. Uma forte lição, que serviu para se trabalhar em áreas mais específicas para melhorar a segurança passiva dos carros, bem como de diversas pistas. Foram feitos progressos, mas isso não quer dizer que um novo acidente poderá ter menos conseqüências, dependendo de como ele ocorrer.
            E, para afirmar isso, cito o acidente que matou o piloto Jeff Krosnoff durante o GP de Toronto da F-CART em julho do ano passado. Um acidente espetacular que resultou não só na morte do piloto como de um fiscal de pista, e por pouco não teve também maiores vítimas, pois pedaços de seu carro voaram para todos os lados, por pouco não atingindo os carros de outros pilotos.
            Mas, respostas são exigidas. E o processo pretende satisfazer esta necessidade. Como se trata de algo que aconteceu a um dos maiores ídolos esportivos do mundo, há todo esse agito. Curioso é que, em todos os noticiários que li a respeito do assunto, praticamente não vejo menção sequer sobre a morte de Roland Ratzemberger, que estreava na F-1 pela pequena equipe Simtek, e que morreu no sábado anterior à corrida, em um acidente visualmente até mais brutal do que o de Ayrton Senna. Será que sua morte também não deveria ser investigada, ou pelo menos lembrada? Façam seus próprios julgamentos a respeito desta questão...


O Mundial de F-1 aproxima-se de seu início, por isso, relaciono aqui os motores utilizados pelas escuderias nesta temporada:

ESCUDERIA
MOTOR
ESCUDERIA
MOTOR
Williams
Renault RS9 V-10
Benetton
Renault RS9 V-10
Ferrari
Ferrari V-10
McLaren
Mercedes-Benz V-10
TWR-Arrows
Yamaha V-10
Stewart
Ford Zetec-S V-10
Tyrrel
Ford EC V-8
Ligier
Mugen-Honda V-10
Jordan
Peugeot V-10
Minardi
Hart 830 V-8
Sauber
Petronas V-10 (Ferrari V-10 96)
Lola
Ford Zetec-R V-8


Williams e Benetton tiveram uma semana cheia no autódromo do Estoril. Cada uma das escuderias disputou os melhores tempos em todos os dias. O resultado aponta para uma equiparação de forças entre ambos os times, o que indica bons níveis de competição para o Mundial. Outra equipe a também andar bem foi a Jordan, mas depois do que aconteceu com o time nos últimos dois anos depois dos resultados da pré-temporada, fica a dúvida se a história não vai se repetir...


O piloto brasileiro Cristiano da Matta fez bonito nos testes coletivos da Indy Lights realizados semana passada no circuito de Homestead. Da Matta acabou com o segundo melhor tempo dos testes. Mais uma fera brasileira para deixar os americanos arrepiados...


Já os testes coletivos da F-CART no circuito de Laguna Seca, na Califórnia, foram dominados amplamente pelo italiano Alessandro Zanardi, da equipe Chip Ganassi. Nem mesmo Jimmy Vasser, seu companheiro de equipe e atual campeão da categoria, conseguiu acompanhar seu ritmo. Mas ele bem que resolveu tentar, o que resultou em algumas saídas de pista e uma forte batida com o carro, sem conseqüências para o piloto, felizmente...


Do time de brasileiros da F-CART, quem anda com a cotação em alta e entusiasmo idem é Maurício Gugelmim. Tanto em Homestead quanto em Laguna Seca, o piloto da equipe PacWest foi uma sombra permanente nos pilotos da Ganassi. Tentando conter a euforia, Gugelmim diz que não vê a hora do campeonato começar e poder medir forças a nível real com os adversários.