sexta-feira, 29 de julho de 2016

UM LAMPEJO DE ESPERANÇA


Em Silverstone, Nico Rosberg recebeu ajuda para driblar um problema no câmbio de seu carro e acabou punido por isso. Agora, a F-1 libera a comunicação total via rádio, numa rara decisão de bom senso, ou no mínimo, mais racional.

            Hoje, quando os carros entrarem na pista aqui na pista do mutilado circuito de Hockenhein (desculpem-me, mas depois da “amputação” que fizeram nesta pista na década passada, não posso mais considerar este circuito de outra maneira), a F-1 pelo menos terá se livrado, ao menos até a sua próxima besteira, de duas imbecilidades que só ajudaram a fazer a imagem da competição perder adeptos e ficar cada vez mais fresca e sem graça. Numa decisão que quase todo mundo considerou surpreendente, o Grupo de Estratégia decidiu ontem, em reunião em Genebra, acabar com a restrição da comunicação de rádio na categoria, bem como da “tolerância zero” com os limites de pista.
            Nas últimas duas provas, tivemos exemplos de punições baseadas nestas proibições que chegaram a níveis ridículos, para não dizer de critérios inconsistentes, que só ajudou o público a ficar ainda mais decepcionado com o excesso de controle que a F-1 tenta impor a seus participantes. Fernando Alonso, em tom de desabafo, disse que os pilotos “mal tinham permissão para respirar”, tamanho o número de regras de “não pode isso, não pode aquilo”, que infesta a categoria nos últimos anos.
            Como exemplo de como essas regras só complicaram as coisas, basta lembrar que em Silverstone, Nico Rosberg enfrentou problemas com uma de suas marchas. O piloto recebeu instruções do box para evitar usar aquela marcha, o que o permitiu continuar na corrida. Uma das justificativas que a FIA usou para limitar o uso do rádio foi que os pilotos andavam “sob controle remoto” dos engenheiros no box, que os diziam praticamente como pilotar, a rigor. Até aí, eu concordo com a proibição, pois o piloto tem de tomar as decisões de pilotagem por si só, sem instruções específicas do tipo “use marcha x no ponto Y, faça a curva mais apertado no trecho 2”, e por aí vai. Mas comunicações visando evitar problemas no carro, que podem envolver até a segurança do mesmo em relação aos demais competidores na pista nunca deviam ter entrado nessa equação. Ao querer proibir tudo, a FIA se enrolou nos critérios, e isso acabou gerando situações ridículas, com os engenheiros tendo de verificar o que podia e o que não podia ser dito.
            No caso de Nico na Inglaterra, resultou que ele “recebeu ajuda”, o que muita gente considerou equivocada a punição que o fez perder 10s em seu tempo de corrida, e o fez perder a 2ª colocação para Max Verstappen. O avanço de ambos era tanto que o prejuízo de Rosberg até foi pequeno, mas poderia ter sido pior. Como desgraça pouca é bobagem, a entidade que comanda o automobilismo mundial resolveu revisar as regras do uso do rádio, e o que já não era bom, ficou ainda pior, exigindo que o piloto que enfrentasse problemas no carro que pudessem ser solucionados com instruções do rádio fosse imediatamente aos boxes para resolver a pendenga, ou então abandonasse a corrida. E calhou de Jenson Button ser o escolhido para pagar o mico da nova interpretação da regra. Daí que sua corrida, que já estava complicada, foi para o vinagre de vez, o que deixou o campeão de 2009 bem chateado, e não sem razão.
            Mas, e o que dizer dos “limites de pista”. A FIA andou querendo impor tolerância zero para quem abusasse das áreas “extras” dos circuitos, e passou a ficar de olho em quem escorregava demais fora da linha branca. O resultado foi visto na classificação em Silverstone, onde vários pilotos tiveram que correr de volta para a pista para marcar tempo porque suas marcas acabaram anuladas pelos comissários, que resolveram enquadrar quem deixava o carro escapar demais em determinados pontos, e por tabela, violando o espaço em que deveriam conduzir seus carros. Lewis Hamilton foi um deles, e viu o seu tempo da pole-position ir para o brejo com isso. O inglês voltou à pista e, como que em resposta à frescura da regra, marcou um tempo ainda melhor do que a volta que perdera. Na Hungria, só para, mais uma vez, complicar, eis que a FIA resolveu adotar “tolerância zero” com os pilotos que fossem abusados demais no uso de áreas “extras”, implantando sensores para flagrar no ato quem saísse dos trilhos. E novamente, vários pilotos acabaram se enrolando nisso na classificação, pra não dizer que houve várias advertências a pilotos “rebeldes” que estavam andando fora dos limites.
            Sobre os rádios, infelizmente, em alguns aspectos, eles são essenciais na F-1 hoje em dia. Por mais que eu deteste, os engenheiros e a própria categoria transformaram os carros hoje em monstrengos que são complicados de ajustar. Se antigamente o felling do piloto podia lhe dizer com clareza quando o carro estava com algum problema, na era da pura mecânica, hoje em dia essa habilidade de nada vale em sistemas eletrônicos, muito mais sutis e delicados do que se pensa. Na impossibilidade de fazerem ajustes via telemetria, recurso que foi banido há tempos para que o box “não influenciasse” no andamento da corrida de maneira indevida, sobrou transformarem os volantes dos carros em verdadeiras centrais de ajustes, com trocentos botões que o piloto deve memorizar para otimizar a performance do bólido. São comandos demais para os pilotos, que em algumas pistas, como a da Hungria, nem deixam tempo para o piloto respirar direito, pois tem que estar atentos a todo tempo às informações da tela do volante informando dados de consumo, temperatura do motor, pneus, etc. Na Áustria, Sérgio Perez teve problemas nos freios, mas não pôde receber ajuda dos boxes para pelo menos mitigar a situação, e como consequência, sofreu um acidente na volta final, quando perdeu completamente os freios de seu carro, e felizmente, não se machucou nem envolveu ninguém em sua saída de pista, apesar da batida que sofreu.
            Chegou-se a um impasse, na opinião de muitos na mídia especializada: ou se proibia por completo o rádio, ou se liberava tudo. Proibir o rádio seria o ideal, mas a imagem da categoria não deixaria de passar vergonha, tendo de recorrer às velhas placas na frente dos boxes para informarem as coisas aos pilotos. Optou-se, então, pelo menos danoso: hoje, quando os carros já forem para a pista, as comunicações estão amplamente liberadas. Está mantida a proibição de comunicação apenas na volta de apresentação, para que os pilotos não tenham ajuda do box quanto aos procedimentos de largada. Menos mal. É um problema a menos.
Em outra decisão razoável, a FIA também acabou com a "tolerância zero" para algumas escapadas de pista, mas isso ainda vai ser analisado neste fim de semana em Hockenhein...
            Já com relação a “exceder” os limites da pista, a parada será um pouco mais complicada. Não haverá mais o rigor que a FIA tencionava implantar a partir da Hungria. Mas, em compensação, os pilotos serão observados neste fim de semana para ver como se comportam. A idéia é que eles não andem fora do traçado para ganhar vantagem, mas se exagerarem nesse quesito, talvez a entidade continue regulando essa situação. Já falei na semana retrasada que, para ser desse jeito, que se acabasse com as áreas externas e colocasse ou grama ou brita logo depois da linha branca, e quem saísse da “pista” que se virasse com as consequências. Havia prós e contras em relação a isso, mas minha opinião até acabou validada por Daniil Kvyat, que disse em tom alto e claro que, se não é pra sair da pista, que se coloque ali grama e brita a rodo, e pronto, e não aqueles sensores da FIA. Na opinião do russo, é preferível sair da pista e atolar na brita, para ver que fez besteira, do que dar o seu máximo e ver seu esforço jogado fora pela medição de alguma traquitana tecnológica momentos depois.
            A FIA também parece ter esquecido que sair dos “limites” da pista muitas vezes não é vantagem propriamente dita. Com menos borracha, e muitas vezes pintada, a área extra não tem o mesmo grau de aderência, e por consequência, o piloto compromete sua performance durante alguns momentos, até que consiga limpar seus compostos de pneus e retome sua faixa ideal de rendimento. Algumas vezes, dependendo do ângulo, o carro até pode sair um pouco mais veloz pela maneira como contorna a curva, mas isso nem sempre é garantido. Na Áustria resolveram fazer as zebras ficarem mais altas para que ninguém as usasse com o propósito de ganhar tempo, mas, novamente, fizeram besteira, e os dispositivos, mais altos do que deveriam ser, proporcionaram as quebras das suspensões de alguns carros, levando um deles a se acidentar até, na tomada para a reta dos boxes.
            Esse rigor com relação aos limites da pista só ajudou a “podar” parte das disputas de posição na categoria. Não que fosse regra geral, mas antigamente, em disputas mais ferrenhas de posição, os pilotos chegavam a extrapolar os limites da pista nos duelos. Mas ninguém fazia escândalo com isso. Há alguns anos atrás, quando a F-1 disputou o GP do Japão na pista de Fuji, assistimos a uma briga espetacular entre Felipe Massa e Robert Kubica nas voltas finais por posições, com ambos os pilotos escapando com seus carros para além dos limites do traçado. Nada exatamente premeditado ou antidesportivo: era apenas o calor da disputa entre ambos os pilotos, levando seus carros aos limites, em um pisto que estava molhado. E que empolgou quem estava na arquibancada, bem como quem assistia pela TV. Hoje, em parte pela dificuldade patente de se ultrapassar um carro na pista em determinados circuitos, os pilotos também tinham que se policiar para não excederem a “pista” propriamente dita. E com isso, as disputas não são levadas a seus extremos, porque os pilotos preferem garantir suas posições a acabarem exagerando, e depois perderem o esforço sendo punidos.
            Então, me veem à mente a fabulosa ultrapassagem feita por Alessandro Zanardi, na F-Indy original, sobre Bryan Herta na pista de Laguna Seca, há 20 anos atrás, na última volta, quando o italiano atacou Herta na curva Saca-rolhas, e fez a ultrapassagem na curva cega em descida praticamente pela terra do lado de fora da pista. O público foi ao delírio com a manobra, sinal do arrojo e combatividade de Zanardi, que pegou Bryan com a guarda baixa na curva, e aproveitou a oportunidade, escapando da pista, involuntariamente, mas segurando o carro e conseguindo voltar na frente. Na F-1 de hoje, o italiano seria desclassificado, poderia levar uma multa, e até ser suspenso da próxima corrida, do jeito que as coisas estavam. Em Spa-Francorchamps, muitas vezes os pilotos faziam a curva La Source pelo lado de fora, retomando o traçado. Por ser uma curva fechada, muitas vezes os pilotos ali escapavam, indo para a área de escape, ou tendo de fazer a curva por fora para evitar colidir com algum outro carro. Embora os carros voltassem à pista mais embalados, o fato de terem de fazer um contorno maior contrabalançava eventuais ganhos de tempo ao descerem mais embalados na reta rumo à Eau Rouge. Mas isso entrou no rol de “abusos” dos pilotos, nos últimos tempos, para desgraça do público que anseia por ver os pilotos andarem a fundo nos circuitos, extrapolando eventualmente os limites da pista, como qualquer atividade que exige andar no limite extremo.
            E domingo passado, após cumprir meus afazeres em relação à corrida da Hungria, fui assistir pela TV ao restante da prova do Mundial de Endurance em Nurburgring, onde vi diversas ultrapassagens e disputas entre os competidores, inclusive com os carros escapando na primeira curva após a reta dos boxes, e retornando ao traçado, em brigas por vezes ferrenhas, levantando o público, e ajudando a animar a corrida. E ninguém fez nenhuma polêmica em torno disso de saírem da pista.
            Oxalá que a FIA mantenha o bom senso, raro, visto ontem, e deixe de lado essa frescura do limite da pista, mas que também promova ajustes nos circuitos, colocando grama ou brita nos pontos mais indicados para se prevenir que se saia da pista deliberadamente para ganhar tempo, de forma a punir quem exceder o seu limite, mas que afetaria indistintamente qualquer um que o fizesse, e não se ficaria dependendo de sensores ou de comissários, estes por vezes com interpretações divergentes a respeito dos limites.
            É um passo na direção certa para se acabar com o excesso de regras que empesteiam a F-1 atualmente, e que em nada ajudam a deixá-la mais agradável e menos complicada de se entender. É um daqueles raros momentos em que as decisões certas, ou as menos equivocadas, são tomadas, para felicidades daqueles que anseiam que a competição possa ser mais livre, mais autêntica, e menos enfadonha. O público paga caro para ver a F-1 em muitos lugares, e exige que isso possa ser pelo algo agradável e emocionante, algo que a categoria não está conseguindo ser no atual momento. Se é verdade que antigamente nem sempre as disputas eram melhores, a F-1 seduzia por ter menos firulas e frescuras do que nos dias de hoje. Ainda há muito o que fazer, entretanto, para se deixar a categoria máxima do automobilismo menos engessada e mais livre tecnicamente, pois o número de regras excessivamente inúteis que o regulamento contém continua alto, e não será a eliminação de apenas dois itens que irá transformar a F-1 de hoje em algo muito mais agradável.
            Espera-se que este seja apenas o primeiro de vários passos que ajudem a conduzir a competição a um ambiente mais simples e compreensível para o público. Um novo passo deverá ser dado em 2017, quando deverá cair o limite de desenvolvimento dos motores, bem como do número de unidades permitidas por piloto por temporada. Mas, a respeito destes outros itens do regulamento, que nos últimos tempos também só ajudam a prejudicar a imagem da F-1, ainda é preciso esperar para ver como será no próximo ano. Mas, depois do “milagre” que vimos esta semana, reacende a esperança de que a F-1 volte a reencontrar o seu bom senso e se livre de parte da camisa de força que se autoimpôs nos últimos anos.
            Ah, sim: outro ponto positivo decidido ontem em Genebra foi o adiamento do uso do dispositivo do Halo como novo instrumento de segurança dos pilotos nos carros da F-1, que era esperado para 2017. Agora, deve ficar só para 2018. O negócio exige mais estudos, e outras soluções deveriam ser levantadas, de modo a poder se chegar a um consenso, e a uma estrutura que seja realmente prática e segura em todos os aspectos para se conferir uma evolução de fato na proteção que os carros oferecem aos pilotos. Do jeito como a situação estava, tudo indicava que a F-1 iria ter de adotar o Halo enfiado goela abaixo pela FIA já no próximo ano. Agora, que se use esse novo tempo de forma inteligente para se descobrir a melhor forma de se implantar ou não tal coisa nos bólidos. Parece que ainda há vida inteligente no pessoal que conduz as decisões da F-1. E isso dá sempre esperança de dias melhores, quem sabe... Só gostaria de ficar mais contente quando eles tomam as decisões mais corretas em benefício do esporte, porque pela experiência prévia, sei de antemão o quanto elas andam escassas...
A adoção do Halo também foi postergada, em outra decisão de bom senso. A peça será mais avaliada, antes de ser ou não adotada na F-1 para aumentar a proteção dos pilotos.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - JULHO DE 2016



            Nem bem iniciamos o segundo semestre de 2016, e o mês de julho já está ficando para trás. O mundo do esporte a motor não pára, e seus diversos campeonatos realizados por todo o mundo seguem em frente, com a disputa firme pelo título da competição. E, como é de praxe ao final de todos os meses, é novamente a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo mundo da velocidade ao redor do mundo nestas últimas semanas, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo sempre a sua tradicional avaliação do panorama do mês no velho esquema de sempre já conhecido por todos: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima avaliação no mês que vem...



EM ALTA:

Lewis Hamilton: O atual tricampeão mundial engatou três vitórias consecutivas neste mês de julho, e com o último triunfo, na Hungria, assumiu a liderança do campeonato de F-1 de 2016, superando Nico Rosberg por 6 pontos. Ainda tem muito chão pela frente, e o inglês prefere adotar uma postura cautelosa, não comemorando antes do tempo, no que faz bem. Mas o favoritismo da luta pelo título agora está pendendo para o lado de Hamilton, que recuperou-se de uma desvantagem de 43 pontos exibida para seu parceiro de equipe após o GP da Rússia. Resta saber se ele vai permitir a reação de Rosberg nesta segunda metade do campeonato. Mas as probabilidades de a F-1 ver um novo tetracampeão mundial ao fim da temporada começam a aumentar, e se Lewis faturar seu quarto título, se tornará o piloto mais vitorioso da F-1 atual, superando Sebastian Vettel, que apesar de ter menos vitórias que o inglês, tem quatro títulos no currículo.

Max Verstappen: O piloto holandês, desde que foi alçado à Red Bull numa manobra polêmica de Helmut Marko, vem mostrando que está aproveitando a oportunidade como ninguém, marcando pontos com consistência e fazendo até Daniel Ricciardo perder o seu costumeiro sorriso com a postura atrevida do rapaz, que chegou no time principal dos energéticos provocando um verdadeiro terremoto. Dois pódios na Áustria e Inglaterra mostraram a fibra do pequeno holandês, que na Hungria deu outro show na defesa de sua posição perante uma Kimi Raikkonen agressivo na disputa na pista. Ricciardo, se não se cuidar, vai ser atropelado por Verstappen no fim do ano. O australiano deu o troco em Hungaroring, mas Max não vai dar moleza até Abu Dhabi. E os rivais na pista que se cuidem, porque ele vem com tudo mesmo...

Marc Márquez: A “Formiga Atômica” vem comandando a classificação no campeonato da MotoGP com uma nova característica ao seu estilo de pilotar: a cautela. Conhecido até então por seu excesso de arrojo e perícia, depois de vários tombos, o bicampeão espanhol parece ter aprendido que quando não dá para ganhar, o importante é marcar pontos. Assim, debaixo da chuva e na pista traiçoeira de Assen, na Holanda, o piloto da Honda se contentou em marcar pontos enquanto seus rivais diretos ou caíam ou ficavam muito lá atrás. Mas que ninguém se engane: Márquez não está deixando de acelerar fundo, e quando vê as oportunidades, ele vai para cima, como ocorreu na Alemanha, onde fez a troca de moto no momento certo e veio acelerando fundo para assumir a liderança e vencer novamente. Mas a disputa pelo tricampeonato ainda vai longe, e a dupla da Yamaha ainda pode aprontar das suas. Mas vai ter de se aplicar para neutralizar a grande vantagem na pontuação aberta por Márquez, que segue firme na liderança.

Will Power: O piloto australiano da equipe Penske venceu em Toronto, obtendo sua 3ª vitória na atual temporada da Indycar, e reduzindo paulatinamente a vantagem para o líder da competição, Simon Pagenaud, que ainda está confortável, mas que pode se reduzir ainda mais se Power continuar em sua atual escalada na classificação. Há algum tempo atrás, Power era considerado o piloto a ser batido na categoria, em especial em pistas mistas. Com apenas duas provas em pista oval a serem disputadas no restante da atual temporada, o australiano certamente vai dar trabalho a Pagenaud na disputa pelo título da competição.

Sebástien Buemi: Numa decisão que foi eletrizante, e ao mesmo tempo, anticlimática, o piloto suíço sagrou-se campeão da F-E na segunda prova da rodada dupla final de Londres. Buemi havia perdido o duelo para Lucas Di Grassi na primeira corrida, mas reagiu para empatar a classificação com a pole na segunda prova. Um erro grosseiro de Lucas acabou tirando ambos da luta pela vitória, e ao suíço restou somente retornar para fazer a volta mais rápida e marcar o ponto extra que lhe daria o troféu do campeonato, o que conseguiu com sobras para o brasileiro, que tentou a mesma manobra mas não conseguiu ter o mesmo desempenho do piloto da e.dams. Depois de perder o título também em Londres no ano passado, Buemi lavou a alma este ano, e já se coloca como principal favorito para a disputa da terceira temporada do certame de carros elétricos, que começa em outubro.



NA MESMA:

Lucas Di Grassi: O piloto brasileiro chegou pelo segundo ano consecutivo com chances de conquistar o título da F-E, e acabou novamente perdendo a parada. Lucas havia conseguido manter-se firme na disputa na primeira corrida da rodada dupla final, em Londres, mas errou feio na prova de domingo e causou um acidente que tirou ele e seu rival, Sebástien Buemi, da luta pela vitória e até por lugares pontuáveis na prova. Sobrou tentar ganhar o ponto pela volta mais rápida, luta na qual o brasileiro perdeu, ficando com o vice-campeonato da competição. Tal como em 2015, pesou a vitória perdida com a desclassificação na Cidade do México, onde Lucas não teve culpa por seu carro ter ficado abaixo do peso regulamentar mínimo. O piloto brasileiro segue firme no time Audi ABT, esperando ter melhor sorte no próximo campeonato da categoria.

Duelo Ferrari/Red Bull: O clima anda esquentando na Ferrari, após os resultados apenas medianos obtidos na Inglaterra, e pior de tudo, vendo a Red Bull chegando mais perto do que nunca na luta pelo posto de segunda força da F-1 na classificação do campeonato de construtores. E o resultado na Hungria, confirmando a teoria, mostrou que a pressão em Maranello vai continuar em alta. Não apenas os carros vermelhos foram batidos na classificação como sua dupla de pilotos terminou a corrida em duelo direto com a dupla do time dos energéticos, que levou a melhor, apesar do ritmo melhor dos carros vermelhos. Sebastian Vettel ficou de fora do pódio, batido por Daniel Ricciardo, enquanto Kimi Raikkonen empacou na pilotagem aguerrida de Max Verstappen, que defendeu sua posição com unhas e dentes até a bandeirada. Fosse outro circuito, talvez o resultado fosse favorável ao time vermelho, mas se tratando da Hungria... Não importa, o problema é que a Ferrari agora está apenas um ponto à frente da Red Bull na classificação de equipes, enquanto no campeonato de pilotos Ricciardo já assumiu a 3ª posição, à frente da dupla ferrarista, e com Max Verstappen chegando rápido nos dois. As férias de agosto vão ser complicadas para os lados de Maranello e muito comemoradas em Milton Keynes...

Equipe Mercedes na F-1: O ano até que começou com ares promissores de que seria um pouco mais competitivo do que no ano passado. Mesmo com as vitórias de Nico Rosberg no início, dava a impressão de que o time alemão vinha tendo seus percalços, e que poderia a qualquer momento ser surpreendido pela concorrência. Mas o campeonato foi avançando, avançando, e o que vemos hoje é um domínio tão ou até maior do que o do ano passado, onde a Mercedes falhou em vencer em 3 corridas, com méritos reais dos adversários, no caso, a Ferrari. Este ano, entretanto, houve apenas uma vitória não-Mercedes, que ocorreu somente na Espanha, onde a dupla prateada se envolveu em um acidente e se eliminou da competição. Nas demais corridas, não deu pra ninguém: foram 5 vitórias de Lewis Hamilton e 5 vitórias de Nico Rosberg, um palmarés respeitável e equilibrado que demonstra que a Mercedes só perde para ela mesma. Pelo isto, o domínio prateado não será abalado neste ano na F-1. Quem sabe em 2017 as coisas mudem...

Porsche no Mundial de Endurance: Depois de conquistar uma vitória que parecia improvável em Le Mans, tudo indicava que talvez víssemos a Porsche passar a enfrentar oposição mais consistente no Mundial de Endurance, mas em Nurburgring, novamente os carros da marca alemã sobraram na na corrida, e só não fizeram dobradinha porque um deles se envolveu em confusões pelo caminho. Com isso, o outro carro rumou solitário para a vitória, com quase 1 minuto de vantagem para o concorrente mais próximo, da Audi, que subiu ao pódio na classe LMP1 em Nurburg com seus dois carros. E a Toyota? Não teve nem de longe o mesmo brilho de Le Mans, terminando com 1 volta de atraso em relação ao vencedor em seu melhor carro. Na classificação de construtores, a Porsche tem 164 pontos, contra 129 da Audi, e apenas 97 pontos da Toyota. Com 5 corridas pela frente, ainda tem muito chão a ser percorrido até o encerramento do campeonato, mas tudo indica que a atual campeã da WEC tem tudo para repetir o título do ano passado, para azar dos rivais...

Brasileiros sem vitória na Indycar: O campeonato 2016 da Indycar já teve praticamente dois terços cumpridos até o momento, e Tony Kanaan e Hélio Castro Neves, apesar de estarem bem classificados, ainda não conseguiram vencer nenhuma corrida, tendo como melhores resultados segundas colocações nas provas de Indianápolis (circuito misto), Elkhart Lake, e Toronto. Hélio já largou duas vezes na pole-position na atual temporada, mas nem assim conseguiu converter a posição de honra da largada em vitória. Se a situação de Kanaan não anda fácil, a de seu companheiro Scott Dixon não anda tão melhor assim, mas o neozelandês já venceu uma corrida este ano. Por outro lado, em relação a Helinho, ele é o único piloto do quarteto da Penske que não venceu até agora na temporada, sendo que até Juan Pablo Montoya, que não vem fazendo uma temporada brilhante, já conseguiu pelo menos vencer uma corrida. Ainda temos 5 provas pela frente, e Tony e Helinho precisarão se aplicar para não passarem outro ano em branco em termos de vitórias na categoria...



EM BAIXA:

Peter Sauber: A F-1 perdeu um de seus últimos garagistas. Para garantir a sobrevivência de sua escuderia, Peter Sauber vendeu seu time a um grupo de investimentos suíços que assumirá todo o time daqui para a frente. Com isso, o agora ex-proprietário está se aposentando do automobilismo, onde começou há décadas atrás, e resistia bravamente aos tempos bicudos da F-1 atual, onde seu time não atravessava um bom momento e poderia fechar antes mesmo do final da atual temporada. O nome do time certamente permanecerá na próxima temporada, por questões contratuais exigidas pela FOM, mas para 2018, é muito provável que desapareça da categoria. Resta esperar que os novos proprietários permitam que a escuderia renasça na F-1, onde vem tendo um desempenho pífio neste ano, com um carro que é um dos piores do grid.

Equipe Williams: De candidata a terceira força da competição na F-1, o time do velho Frank teve um mês de julho para esquecer. Se não era surpresa ter uma performance risível numa pista travada como a da Hungria, como explicar a queda de rendimento vertiginosa nas pistas de alta velocidade de Zeltweg e Silverstone? O time inglês, que já deu por perdido o duelo com a Red Bull, agora se vê às voltas com a aproximação perigosa da Force India, que no patamar atual, tem tudo para superar a Williams em breve, estando apenas 20 pontos atrás. Será que acabou o “gás” do time do velho Frank, que passou por temporadas terríveis recentemente, e renasceu em 2014, dando pinta de que voltaria a disputar pódios com regularidade, e até vitórias? A sorte da Williams é que a McLaren ainda está tendo muitos problemas em sua nova parceria com a Honda, do contrário, poderia ter até mais problemas...

Frescuras do regulamento da F-1: A categoria máximo do automobilismo anda um porre no que tange aos seus regulamentos e à aplicação de regras questão dando o que falar, além de procedimentos que beiram a covardia naquela que deveria ser o maior campeonato automobilístico do mundo. O lance das regras sobre o que pode ou não ser dito pelo rádio aos pilotos fez Nico Rosberg e Jenson Button de vítimas na Inglaterra e na Hungria, respectivamente. Se pra Button a situação em nada se alterou, para Rosberg significou a perda de seu 2° lugar em Silverstone, após receber instrução para evitar uma marcha que estava dando problemas e poderia causar o seu abandono. Outra chateação foi sobre os limites da pista, com a FIA fazendo marcação cerrada e enchendo o saco de pilotos e do público sobre “excessos” cometidos em determinadas áreas da pista. E a gota d’água foi a covardia de enfiarem o Safety Car em Silverstone durante quase todo o tempo de pista molhada, irritando pilotos e público presente, que queriam ver a prova se desenrolar, e que foi liberada quando já estava quase tudo seco. Risível, para não dizer ridículo...

Jorge Lorenzo e a chuva: Definitivamente, Jorge Lorenzo e São Pedro não estão combinando nesta temporada. O tricampeão da Yamaha teve dois desempenhos vergonhosos nas provas da Holanda e da Alemanha, não conseguindo se entender com o piso molhado. Em Assen, Lorenzo foi com muito custo o 10° colocado, e isso porque à sua frente vários pilotos caíram no traiçoeiro asfalto molhado, entre eles seu próprio companheiro de equipe Valentino Rossi. Em Sachsenring foi ainda pior: Jorge terminou a prova em 15°, e ne mesmo a troca de motos na parte final da prova, com o piso já seco, conseguiu ajudar a melhorar a sua fraca atuação. A sorte de Lorenzo é que Rossi teve problemas nas duas corridas sob chuva, cometendo erros que minaram suas possibilidades de um bom resultado, mas em compensação, Marc Márquez vai disparando na liderança, com praticamente uma vitória de diferença de vantagem para o piloto da Honda, que segue firme para o tricampeonato. No que depender de Lorenzo, São Pedro terá sua credencial cassada para futuras etapas da categoria rainha do motociclismo...

Daniil Kvyat: Decididamente, os tempos não andam bons para o piloto russo que iniciou a temporada correndo pela Red Bull e acabou “removido” para a Toro Rosso, sob a desculpa furada de não expô-lo a mais pressão, quando tudo o que queriam era segurar o holandês Max Verstappen de qualquer jeito. E, se Max está aproveitando a chance que sua promoção lhe deu, a “remoção” de Kvyat também se mostra igualmente cruel, com o piloto sem conseguir marcar os mesmos resultados de Carlos Sainz no time “B” dos energéticos. Tanto que já começam a circular rumores de que ele será mesmo dispensado ao fim da atual temporada, indo juntar-se ao rol de pilotos expurgados sem dó nem piedade por Helmut Marko, que não está nem aí com essa turma, desde que consiga extrair o seus queridinhos no meio do processo. No momento em que mais precisaria mostrar reação, Daniil infelizmente parece estar mesmo é em queda livre no que tange aos resultados na pista. O piloto russo vai precisar agora cavar lugar em outro time, onde poderá tentar refazer sua carreira na F-1, se quiser permanecer na categoria máxima do automobilismo. E isso pode ser complicado, quando se é preciso mostrar resultados...