quarta-feira, 31 de julho de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JULHO DE 2013



            E o mês de julho praticamente chegou ao fim. E, como sempre acontece todo fim de mês, chegou a hora de fazermos mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com um pequeno balanço do que andou agitando o mundo da velocidade nas últimas semanas. O esquema do texto segue o padrão de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e no mês que vem, estarei de volta com mais uma edição da Cotação. E até breve com novos textos por aqui...



EM ALTA:

Marc Márquez: O garoto prodígio da MotoGP andava um pouco cabisbaixo depois de sua primeira vitória na categoria, em Austin, e parecia ter sido dominado por Dani Pedrosa dentro da equipe da Honda. Mas com Pedrosa tendo seus problemas, Márquez partiu para o ataque, e venceu de forma contundente as duas últimas etapas, assumindo a liderança do campeonato e já livrando 16 pontos de vantagem sobre seu companheiro de equipe e deixando até mesmo Jorge Lorenzo, que também teve seus momentos ruins neste mês de julho, a 26 pontos de distância. Ainda tem muito chão pela frente até o encerramento da competição, em Valência, e é cedo para apontar o garoto como favorito destacado ao título, mas Marc voltou a se tornar o protagonista do campeonato, e os rivais vão ter novamente de encarar um osso duro pela frente.

Scott Dixon: O piloto neozelandês da equipe Chip Ganassi deu uma verdadeira arrancada neste mês de julho no certame da Indy Racing League, ao vencer consecutivamente as corridas de Pocono, e as duas provas realizadas em Toronto. Além de levar o time do velho Chip a vencer novamente, Dixon assumiu a vice-liderança da competição, que até então era disputada pelos pilotos do time de Michael Andretti, e se torna a mais nova e séria ameaça ao líder da competição, o brasileiro Hélio Castro Neves, que tem mantido a cabeça fria a pontuado em todas as provas de forma consistente. Bicampeão em 2003 e 2008, Dixon havia ficado na sombra de seu companheiro de equipe Dario Franchiti nas últimas temporadas, mas do ano passado para cá, parece ter recuperado a velha forma e vem mostrando muito mais desempenho que o escocês. E se mantiver o ritmo demonstrado nas últimas etapas, podem apostar que Scott vai buscar o tricampeonato.

Lewis Hamilton: Quando o campeão de 2008 trocou a segura McLaren pela incerta Mercedes, todos apostavam que Lewis iria passar um bom tempo longe das glórias das vitórias. Pois o atual campeonato está mostrando que, apesar de algumas previsões de que dias difíceis esperavam pelo inglês no time alemão, também demonstra que a aposta de Hamilton está se pagando: ele venceu a prova da Hungria com autoridade, e apesar de ainda não poder falar abertamente em lutar pelo título, está muito mais à vontade na Mercedes do que jamais esteve na McLaren em muito tempo. Pilotando com a mesma garra e tenacidade de sempre, Lewis mostra que a Mercedes fez bem de contratá-lo, e embora ele não tenha a mesma capacidade de liderança de Fernando Alonso, está conseguindo ajudar a levar sua nova escuderia para a frente na luta pelas vitórias. Se o modelo W04 conseguir ser mais dócil com os pneus, vai dar muito trabalho aos concorrentes.

Daniel Ricciardo: O piloto australiano foi eleito por Christian Horner, o chefe da Red Bull, como uma das opções para substituir Mark Webber no time em 2014, além de Kimmi Raikkonen. Isso significa que Jean-Eric Vergne no momento está descartado para subir ao time principal, e deu uma tremenda moral a Ricciardo, que até o presente momento, não pareceu ser muito melhor do que seu companheiro francês na Toro Rosso, tendo inclusive marcado menos pontos que Vergne. Mas é preciso ser realista: a Red Bull quer alguém para comboiar Sebastian Vettel, e não para dividir espaço com o atual tricampeão. Uma parceria com Raikkonen, em que pese a amizade do finlandês com Vettel, poderia ser explosiva, e apesar de sua aparente postura liberal e jovial, o time dos energéticos já andou pegando os vícios da F-1, e certamente vai querer alguém que ande bem, mas não tão bem quanto Sebastian. Claro que Ricciardo pode surpreender e até se mostrar muito mais incômodo do que Raikkonen, mas no momento, só de ser cogitado como uma das duas únicas opções já é um tremendo feito para Daniel.

Rali dos Sertões: A edição 2013 da maior prova de competição cross-country do Brasil mostra que a competição cresce a cada ano, não apenas em número de participantes, mas também em prestígio internacional. Só este ano largaram mais de 180 competidores em mais de 120 veículos, divididos em 5 categorias, e contando com nomes renomados do gênero a nível internacional, como Stéphane Peterhansel, Cyril Despres, e Marc Coma, nomes com larga experiência no maior rali do mundo, o Dakar. Peterhansell, ao lado de seu navegador, Jean-Paul Cottret, aliás, foram os campeões do Dakar 2013, e encabeçam a lista dos favoritos para vencer o Rali dos Sertões. Nas motos, Despres também é o principal favorito, tendo vencido já duas edições da prova nacional. Para a edição deste ano, os competidores tiveram mais de 4 mil quilômetros de percurso, nos Estados de Goiás e Tocantins, divididos em 10 etapas. É a 21ª edição da competição, que já se tornou uma das mais importantes do Brasil e até mesmo do mundo no gênero.



NA MESMA:

Ferrari: O time de Maranello parece seguir a mesma sina este ano vista nas últimas temporadas: não consegue ter um carro com desempenho constante. Se no ano passado começou com um modelo que deixava até seus pilotos incapazes de disputar o Q3 nas classificações, e depois conseguiu evolui-lo ao ponto de em determinado momento ser o melhor carro da temporada, para novamente perder desempenho, este ano o time italiano começou o campeonato muito melhor, mas em contrapartida, pareceu perder fôlego nas últimas provas, a ponto de ter sido superado em performance por Mercedes e Lótus, e vendo a Red Bull se distanciar ainda mais no campeonato. O time promete reagir a partir da Bélgica, mas o discurso já vem sendo repetido nas últimas corridas, e o que temos visto foi Alonso apenas colher as sobras dos adversários...

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro da Penske segue liderando o campeonato da Indy Racing League, procurando sempre chegar em boas posições pontuáveis, como fez na rodada dupla de Toronto. Mas Helinho tem de procurar voltar a vencer para neutralizar com mais força os eventuais rivais, que continuam fortemente à espreita, e que acaba de ganhar o reforço de Scott Dixon, um adversário talvez ainda mais perigoso do que Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, ou James Hinchcliffe. Helinho tem procurado correr com a cabeça, e procurado ficar longe de encrencas nas corridas. Tem funcionado, mas em algumas provas, precisa melhorar seu desempenho, mesmo que não visando a vitória, como em Pocono, onde teve uma performance apenas mediana. Aumentar a diferença na classificação é vital, e para sua sorte, seus adversários até agora não conseguiram demonstrar a mesma constância do brasileiro. Mas isso pode mudar, e as chances de finalmente conquistar o título, ficarem novamente adiadas...

Equipe Williams: O time de Frank Williams finalmente saiu do zero este ano, graças ao 10° lugar de Pastor Maldonado no GP da Hungria, mas não há razão para comemorar: o carro continua, como diria Nélson Piquet, uma merda. Maldonado só pontuou graças ao abandono de Nico Rosberg, e à punição de Nico Hulkenberg, que com certeza terminariam à sua frente, e nem citei Adrian Sutil, que também não teve o resultado que esperava na corrida. E Frank Williams ainda teve que ver seu outro piloto abandonar com o motor fumegante, andando sempre no pelotão de trás. O time contratou Pat Symonds para dar um jeito na área técnica da escuderia, mas este ano já foi literalmente para o vinagre, e o time precisa agora ver se vai chegar a 2014, quando terá motores Mercedes turbo.

Felipe Nasr: Nosso futuro candidato a piloto de F-1 segue na luta para tentar o título da GP2, e pelo menos teve um fim de semana produtivo na Hungria, quando conseguiu reduzir a desvantagem para Stefano Coletti para apenas 6 pontos. Mas o problema principal é que Nasr até o momento não venceu este ano na GP2, e apenas manter a constância e regularidade pode não ser o suficiente para chegar ao título. Com os times da F-1 observando o que acontece na competição, a falta de vitórias também pode comprometer um pouco a impressão que se tem do piloto brasileiro. Felipe faz bem em esquecer a F-1 e preferir se concentrar em vencer o campeonato da GP2 por enquanto, pois o título da categoria é certamente um belo cartão de visitas para quando chegar a hora de negociar sua entrada na categoria máxima do automobilismo. Espera-se que essa concentração o faça conseguir as vitórias que faltam para definitivamente credenciar-se como vencedor para tentar vaga na F-1. O duro é que, para entrar na F-1 hoje em dia, o dinheiro está valendo muito mais do que o talento apenas...

Equipe Lótus: O time de Enstone voltou a fazer ótimas corridas na Alemanha e na Hungria, e Kimmi Raikkonen assumiu a vice-liderança na classificação com dois pódios em 2° lugar. A escuderia também se aproxima rapidamente da Ferrari na tabela de construtores, e parece ter boas chances de manter-se firme na luta entre os primeiros colocados. Mas, se os resultados andam bons nas corridas, as classificações precisam ser melhores, a fim de capitalizarem com a excelente performance de economia de pneus que o chassi E21. Na Hungria, Raikkonen teve de partir de 7° lugar para chegar ao pódio, e a luta com os demais pilotos certamente fez perder tempo para chegar aos ponteiros. O time também precisa que Romain Grossjean tenha ou mais sorte, ou não se meta em confusões na corrida, como aconteceu em Hungaroring, onde teve falta de sorte e quase arruma confusão séria em disputa de posições. O ponto positivo é que seu maior trunfo, Raikkonen, tem tudo para permanecer no time, apesar da tentadora vaga que se abrirá na Red Bull em 2014...



EM BAIXA:

Will Power: O piloto australiano da equipe Penske decididamente não consegue se acertar nesta temporada na IRL. Sem vencer há mais de um ano, o australiano por vez ainda tem conseguido um ou outro resultado satisfatório, mas vem levando um banho de Hélio Castro Neves na atual temporada, e isso parece ter mexido com seus brios. Prova disso foram as corridas da rodada dupla de Toronto, onde sempre esteve perto de ser um dos vencedores da prova, ou terminar no pódio, mas que no finalzinho, andou cometendo erros crassos que não apenas fizeram naufragar suas chances de um bom resultado, como ainda o jogaram bem para trás na classificação de ambas as provas. Como resultado, Power é apenas o 10° colocado na classificação, com 273 pontos. Helinho, seu companheiro na Penske, lidera a competição, com 425 pontos. Será que Power ainda consegue reagir?

GP de F-1 em New Jersey: E ainda não será em 2014 que a Costa Leste americana terá seu tão sonhado (por Bernie Ecclestone, claro) Grande Prêmio de Fórmula 1. Na incerteza de sofrer outro cancelamento por falta de verbas para pagar suas exorbitantes taxas de direitos para sediar uma corrida, o chefão da FOM resolveu aceitar a oferta de Dietrich Mateschitz e levar a F-1 de volta a Zeltweg, na Áustria, onde o dono da Red Bull reformou o antigo autódromo A-1 Ring. A força dos dólares garantidos dos energéticos enfim dobrou o velho Bernie, que ainda queria ver a nova corrida americana, mas com um limite na casa das 20 corridas por temporada, e com mais uma prova para estrear no ano que vem, era preciso jogar pelo seguro. Resta agora saber quem vai dançar para a entrada dos russos em 2014...

Saúde financeira na F-1: E a crise econômica por pouco não fez mais um time de F-1 fechar. A Sauber acabou fechando uma parceria com um grupo de investidores da Rússia, e com isso, a escuderia suíça, que no ano passado teve sua melhor participação no campeonato, escapou de praticamente fechar as portas. Um sinal pra lá de preocupante, pois se mesmo com todo o bom desempenho em 2012, só conseguiu patrocínios decorrentes da presença de Esteban Gutierrez em seu carro este ano, imagine se não conseguisse mostrar resultados? E podem surgir mais vítimas: a Williams pode perder o patrocíonio polpudo da PDVSA se Pastor Maldonado se cansar da baixa performance dos carros de Grove. E se o venezuelano partir, quem vai segurar os papagaios de Frank Williams? Valtteri Bottas conta com algum aporte financeiro, mas o grosso do time neste momento está sendo bancado pela estatal venezuelana de petróleo. Tendo sido, há anos atrás, a escuderia mais poderosa da F-1, sem dúvida os últimos tempos têm sido implacáveis com a Williams. O horizonte não parece muito animador, infelizmente, a se continuar gastando tanto na F-1, ainda mais com a escassez de patrocinadores dos últimos tempos...

Felipe Massa: O piloto brasileiro está de volta àqueles dias em que as coisas não dão certo como deveriam. Felipe vem tendo vários problemas nas últimas corridas: sofreu acidentes em Mônaco e Montreal, e acabou sendo uma das vítimas dos estouros de pneu na Inglaterra, além de sofrer uma rodada logo no início do GP da Alemanha e ficar de fora da corrida. E na Hungria, uma disputa de posição mais ferrenha com Nico Rosberg fez com que seu bico ficasse ficasse danificado, comprometendo parte de sua performance, e ainda por cima seu time ainda insistiu em não trocar a peça. Com isso, os rumores de que o brasileiro pode, de novo, estar com os dias contados em Maranello voltaram, e a presença de nomes potenciais disponíveis no mercado para 2014 só ajuda a apimentar os boatos. Massa, claro, diz que não está preocupado com isso, e ainda tem um bom número de provas para reverter esse momento desconfortável, que nem chega perto do que o brasileiro viveu no ano passado, e que conseguiu superar com méritos na fase final do campeonato. Mas não deixa de ser novamente incômodo voltar a ter sua posição teoricamente em risco na Ferrari. Infelizmente, Massa declarou na Hungria que prefere sair da F-1 se não tiver um carro que lhe permita vencer, e no momento, opções em outros times estão bem escassas, e com Felipe em aparente desvantagem por não estar sendo considerado sequer como opção por outras escuderias, se não renovar com a Ferrari, Massa pode realmente ficar de fora da categoria.

Jorge Lorenzo: o atual bicampeão da MotoGP teve um mês de julho para esquecer. Acidentou-se forte em Assen, fraturando a clavícula, foi operado, e correu na base do sacrifício, no fim de junho. Mas na corrida seguinte, em Sachsenring, na Alemanha, acidentou-se de novo, ferindo a mesma clavícula, e precisando se submeter a nova cirurgia, ficando de fora da corrida. Voltou a competir em Laguna Seca, onde foi 6° colocado. Ainda em recuperação, viu o rival Marc Márquez vencer as últimas corridas e abrir uma boa vantagem na classificação, e a expectativa, pelo menos ainda para a próxima corrida, em Indianápolis, é de pelo menos tentar minimizar o prejuízo, uma vez que somente em setembro o piloto espanhol deverá estar recuperado totalmente. Isso se pelo menos não sofrer nenhum novo acidente, o que complicaria a situação. As quedas podem ter determinado o fim das chances de lutar pelo tricampeonato este ano. Se por um lado Dani Pedrosa também se acidentou e também está se recuperando neste momento, por outro lado, Márquez está aproveitando como nunca a chance de abrir vantagem, que poderá ser muito difícil de reverter mais adiante. Ah, e para aumentar o calvário de Lorenzo, Valentino Rossi já está a apenas 20 pontos atrás, e querendo muito passar à frente na classificação do campeonato. Desgraça pouca é bobagem...

 



sexta-feira, 26 de julho de 2013

CHARADA HÚNGARA



Circuito de Hungaroring: muitas curvas e um fortíssimo calor esperam os pilotos da F-1.

          Depois de 3 semanas, eis que a Fórmula 1 está de volta, e chegamos ao circuito de Hungaroring, nas cercanias de Budapeste, reconhecidamente a mais bela capital do leste europeu. Mas, se a cidade encanta pela sua beleza, o mesmo não se pode dizer do circuito que desde 1986 sedia a prova húngara: pista travada e sem maiores atrativos, as corridas por aqui raramente oferecem muita emoção, e mesmo atualmente se podendo contar com o sistema do DRS e o Kers, as possibilidades de ultrapassagens ainda ficam abaixo do que normalmente se gostaria que fossem.
            Por vezes, isso possibilita algumas corridas bem disputadas, como foi em 1990, quando Thierry Boutsen venceu aqui largando da pole e tendo de se virar com uma turma feroz logo atrás, que incluía nomes como Ayrton Senna e Nigel Mansell, que não tinham medo de partir para o ataque. Em outras ocasiões, o clima ajudou a deixar a corrida mais agitada, como foi em 2006, quando Jenson Button conquistou nesta pista sua primeira vitória na categoria. Mas, na maioria das vezes, a corrida tem sido monótona, e é preciso saber usar bem da estratégia para salvar um bom resultado na corrida, se tiver feito uma má classificação. Portanto, largar na frente sempre é fundamental nesta pista.
            Todos os times chegaram à Hungria com algumas novas dúvidas na cabeça. Se o teste feito em Silverstone semana passada ajudou a confirmar a maior durabilidade dos novos compostos disponibilizados pela Pirelli, o forte calor do verão europeu certamente vai dar mais trabalho do que todos imaginavam. E, por isso mesmo, apesar de saber que contarão com pneus que certamente não sofrerão as agruras vistas durante o GP da Inglaterra, as escuderias não sabem exatamente como os novos pneus irão reagir ao forte calor húngaro. Os compostos deste final de semana serão os macios e os médios, na prática os compostos intermediários do rol de opções da fábrica. O problema é que a temperatura está mesmo forte, e a previsão de tempo é que possa chegar perto dos 40 graus no domingo, e não estamos falando do calor no asfalto do circuito.
            Normalmente, um forte calor assim já torna o acerto aerodinâmico um pouco mais complicado: o ar quente é mais leve, e portanto exige acertos mais refinados no ajuste aerodinâmico. Nada exatamente complicado, mas na pista de Hungaroring os carros já usam praticamente todo o apoio aerodinâmico possível nas asas, devido ao excesso de curvas e a velocidade final não ser muito elevada. Tração é fundamental para sair bem nas curvas. O problema é acertar tudo de forma a não comprometer exageradamente a velocidade do carro na reta dos boxes, praticamente o único ponto favorável de ultrapassagens. A asa móvel traseira ajuda, mas se não conseguir entrar na reta bem próximo do adversário, o esforço pode ser inútil.
            O forte calor também preocupa os times pela necessidade de refrigeração dos sistemas. O ar quente faz os radiadores trabalharem a fundo, e por isso mesmo, todo ar mais fresco é bem-vindo. E, para isso, convém ficar o menos possível perto do adversário que vai à frente, pois a baforada de ar quente que os carros soltam não é nenhuma brisa. Só que, sem embutir no adversário, não se fazem ultrapassagens. Portanto, é preciso caprichar no acerto para que o carro receba todo o ar fresco possível.
            Mas os pneus ainda vão concentrar a maior atenção dos técnicos. Se por um lado os compostos não dêem possibilidade de furos ou estouros anormais como os vistos na Inglaterra, os times estão entrando hoje na pista quase que a zero no conhecimento dos novos compostos. Os treinos feitos em Silverstone semana passada já deram uma boa base para os times, mas Silverstone é Silverstone, e estamos em Hungaroring, com perfil de curvas, velocidade, e asfalto com características diferentes. E o forte calor ainda vem botar, literalmente, mais lenha na fogueira. Ninguém sabe exatamente qual vai ser a durabilidade “ideal” dos pneus, e saber tal informação é crucial para se planejar a estratégia de corrida. Embora não se espere o mesmo número elevado de pit stops vistos em Barcelona, ninguém pode afirmar que duas paradas bastarão para se chegar ao fim da corrida. É plausível afirmar que o número ideal será de 3 paradas, mas os carros que tratarem os pneus de forma mais suave talvez possam arriscar fazer apenas 2 trocas.
            Neste ponto, quem sai perdendo é a Mercedes, que não pôde treinar semana passada cumprindo pena pelo teste “secreto” da Espanha em maio. Todos os demais times já tem algumas idéias do que os novos pneus podem apresentar, e isso já lhes dá uma boa vantagem. Por outro lado, é preciso também considerar que a relação de forças vista até agora pode sofrer mudanças com os novos pneus. Ao mudar ligeiramente a construção dos compostos, e voltar a utilizar o kevlar e não o aço na cinta dos pneus, quem possuía carros com boa adaptação aos compostos desde o início do campeonato pode passar a não ter o mesmo comportamento a partir de agora. Ferrari, Lótus e Force Índia tinham chassis que sabiam lidar bem com os pneus. Isso irá se manter agora? Pelo seu lado, a Mercedes entra na pista hoje com câmeras de sensor térmico instaladas nos flaps de suas asas dianteiras, com o objetivo de vigiar os pneus dianteiros, e permitir ao pessoal do Box acompanhar em tempo real as condições dos compostos. E há quem tema que, por usar uma construção mais similar à do ano passado, a Red Bull, que já tem conseguido se distanciar com Sebastian Vettel na classificação, fique ainda mais poderosa, e que o campeonato perca parte de sua competitividade com isso. A conferir na pista hoje.
            Por todas as dúvidas apresentadas pelo calor e pelos novos pneus, os treinos livres de hoje deverão ser bem aproveitados. Todas as escuderias precisam ter noção mais exata do que os novos pneus poderão render no forte calor da Hungria, e ver se seus carros reagem aos novos pneus da forma como é esperada. Dos dados obtidos hoje deverá sair a resposta mais clara para se decifrar a charada húngara deste fim de semana. E o fim de semana deve ser mesmo de muito trabalho: depois de domingo, inicia-se o período de “férias” da F-1, que só voltará a se reunir praticamente daqui a um mês, em Spa-Francorchamps. Embora as fábricas das escuderias fechem em parte deste período, vai ser um mês cheio de estudos no restante do tempo, e para tal, toda a informação que puder ser obtida aqui no GP da Hungria será crucial para abastecer as planilhas e sistemas de estudos visando aprimorar o comportamento dos carros para a fase seguinte do campeonato, que terá a maioria de suas provas disputadas longe da Europa.
            Este é o momento mais importante para se colher dados que poderão significar continuar evoluindo no atual campeonato ou passar a ser figurante. E, complicando ainda mais o panorama, os times também precisam focar seus estudos para os projetos da próxima temporada. Dos times de ponta, a McLaren é quem já definiu que 2013 é um ano perdido, e passará a focar mais seu projeto de 2014. Mesmo assim, o time de Woking continuará promovendo melhorias nos carros, mas sem a mesma prioridade do projeto 2014. Para os demais times, em especial Ferrari, Lótus, Red Bull e Mercedes, a batalha com certeza continuará mais centrada ainda este ano, pelo menos por mais algumas semanas.
            Diante dos desafios que a prova da Hungria está apresentando, fica a dúvida: veremos uma boa prova no fim de semana, por conta dos novos pneus, ou será que teremos mais uma corrida sem grandes disputas? Acho que só saberemos mesmo no domingo, e espero que os novos pneus ajudem a deixar a competição mais agitada – no bom sentido, claro. E brigas na pista nunca são demais...


Avisando a quem ainda não sabe: a TV Globo rifou a corrida húngara de sua programação de domingo. A emissora carioca vai transmitir a missa do Papa Francisco, que está no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude. Quem quiser ver a corrida de F-1 precisará recorrer ao canal pago SporTV, que pelo menos mostrará a prova ao vivo.


Lewis Hamilton venceu a corrida da Hungria no ano passado. Hoje na Mercedes, o inglês demonstra não ter o mesmo entusiasmo de 2012, devido ao fato de não se sentir “confortável” o suficiente no carro. O inglês também não pode afirmar que lutará pela vitória, uma vez que a Mercedes não tem maiores informações de como seu carro reagirá aos novos pneus, mas certamente a situação mais adversa é da McLaren, que no ano passado venceu aqui com Hamilton, e neste ano se contentará se puder marcar pontos, devido ao péssimo rendimento do modelo 2013...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – AGOSTO DE 1996 – 02.08.1996



            Em mais um texto da seção Arquivo, trago este que foi publicado no dia 02 de agosto de 1996. O assunto era um pequeno balanço da disputa dos títulos dos campeonatos da F-1 e F-Indy naquele ano. Finda a prova da Alemanha na F-1, havia apenas 5 corridas para fechar o ano, muito diferente dos dias de hoje. Na F-Indy, também havia muita expectativa na disputa do título, em um momento de alta popularidade de um certame que hoje não existe mais, tendo sido substituído pela rival IRL. Completando a coluna, algumas notas sobre os acontecimentos recentes do momento no círculo do automobilismo. Uma boa leitura a todos...


HORA DE FAZER CONTAS

            Findo o Grande Prêmio da Alemanha de Fórmula 1, e faltando agora apenas 5 provas para terminar o mundial de 1996, começam os cálculos para estimar até onde a disputa do campeonato pode se prolongar. Na F-Indy, o clima é igual, faltando apenas 4 etapas a se findar o torneio.

            Começando pela F-1, ninguém mais duvida que o título de construtores seja da Williams. Se marcar apenas mais 2 pontos na próxima etapa do campeonato, na Hungria, o time de Frank Williams assegurará matematicamente o título de construtores. O time mais próximo, a Benetton, precisaria vencer todas as corridas faltantes em dobradinha, e ainda torcer para que a Williams não marcasse mais nenhum ponto para levar o título por uma diferença mínima. No momento, a Williams soma 125 pontos, contra apenas 47 da rival que a derrotou em 95.

            Já no que se refere ao campeonato de pilotos, apenas na Bélgica o campeonato poderá ser decidido matematicamente. Damon Hill tem 21 pontos de vantagem sobre Jacques Villeneuve, e só poderá ser superado, na melhor das hipóteses, por ocasião do GP da Itália. A liderança do inglês, entretanto, deve aumentar nas próximas etapas. Se vencer em Budapeste, Hill ficará a apenas 9 pontos do título, se Villeneuve não conseguir marcar nenhum ponto.

            E os demais pilotos? Não podem fazer mais nada além de assistir à luta particular dos pilotos da Williams. Jean Alesi está a 42 pontos de desvantagem de Hill, enquanto Michael Schumacher, o atual campeão mundial, encontra-se 47 pontos atrás do inglês. As chances matemáticas existem, mas só um milagre permitiria a reação de ambos no campeonato. Com isso, eles tratam de se preocupar mais é com suas posições no certame. Entre Alesi, 3º no mundial, e Berger, seu colega de equipe e 7º colocado na classificação, tudo pode mudar nas próximas 5 etapas. Alesi está apenas 15 pontos na frente de Berger, e entre estes 15 pontos encontra-se Michael Schumacher, David Couthard, e Mika Hakkinem. O mesmo vale para suas equipes: Benetton, McLaren e Ferrari estão bem equilibrados na tabela de construtores.

            Já pelos lados da F-Indy, a coisa ainda mais complicada. Jimmy Vasser está com Al Unser Jr. em seus calcanhares. A diferença é de apenas 1 ponto (Vasser tem 112 e Al Jr., 111). Com 4 etapas ainda pela frente, com 88 pontos em jogo, ainda estão na disputa Gil de Ferran (com 92 pontos), Christian Fittipaldi (com 87), Michael Andretti (73), Alessandro Zanardi e Greg Moore (ambos com 72 pontos), André Ribeiro (71), e mais vários outros pilotos. O grosso da disputa, entretanto, deve ficar mesmo entre Al Unser Jr. , Gil de Ferran e Jimmy Vasser. O piloto da Chip Ganassi, porém, perdeu em Michigan a melhor oportunidade para aumentar a sua vantagem. Todas as provas restantes serão disputadas em circuitos mistos, onde a concorrência tem se dado muito melhor. Um pouco por fora, vem a dupla da equipe Newmann/Hass, Christian Fittipaldi e Michael Andretti, que podem embolar a situação nas etapas finais.

            Independente de todas estas contas, os pilotos aceleram fundo nas corridas finais, tanto na F-1 quanto na F-Indy. Afinal, a esperança é a última que morre, e no automobilismo, nenhum piloto que se preze desiste de lutar até o fim.





Émerson Fittipaldi, felizmente, já passa bem, depois de sofrer o mais violento acidente de toda a sua carreira, durante a disputa das 500 Milhas de Michigan, pela F-Indy. O acidente, motivado de maneira irresponsável por Greg Moore, por pouco não teve conseqüências mais graves. Nosso campeão, entretanto, só deverá voltar a competir, na melhor das hipóteses, em 97. A recuperação deve levar cerca de 2 meses, no mínimo.





Agora é definitivo: Gil de Ferran muda de equipe para 97 na F-Indy. A equipe ainda não está definida. O motivo é que Jim Hall resolveu mesmo fechar a sua escuderia ao término desta temporada, e se aposentará do automobilismo. A opção mais plausível é a Walker, que perderá Robby Gordon, mas ganhará o motor Honda, caso contrate o piloto brasileiro.





A Penske não gostou muito do resultado das 500 Milhas de Michigan. Apesar do 4º lugar de Al Unser Jr. na corrida, o acidente com Émerson Fittipaldi deixou Roger Penske muito indignado com a atitude de Greg Moore, e está exigindo uma punição para o canadense. Isso sem falar que Paul Tracy, o outro piloto do time, bateu forte no treino de sábado e teve o pescoço imobilizado, com ferimentos similares aos de Émerson, mas menos graves. Fora os danos nos pilotos, lá se foram também dois carros, o que deve manter os mecânicos da fábrica da Penske bem ocupados nos próximos dias.





Só para refrescar a memória: não foi a primeira vez que Greg Moore se envolveu em confusões com os Fittipaldi; em Long Beach, o piloto canadense acertou o carro de Christian Fittipaldi numa tentativa estúpida de recuperar sua posição, perdida instantes antes para o brasileiro. Ambos foram parar no muro. Émerson, que passava pelo local pouco depois, acabou levando as sobras, ao passar por cima de pedaços da suspensão do carro do sobrinho, e ter de abandonar a corrida por causa disso. Christian, que ficou bravo à beça no momento, quase partiu para a briga com Moore, mas os fiscais de pista apartaram os dois.





“Eu devia tê-lo nocauteado em Long Beach!”, declaração de Christian Fittipaldi em relação ao que Greg Moore aprontou desta vez em Michigan...





O treino de classificação do GP da Alemanha de F-1 reservou boas surpresas em seu final. Quando a torcida e Michael Schumacher preparavam-se para comemorar a pole na corrida, Damon Hill surgiu do nada e, numa volta demolidora, como Ayrton Senna costuma fazer, derrubou a concorrência. O ânimo da torcida esfriou ainda mais quando Gerhard Berger, logo a seguir a Hill, tirou o alemão da primeira fila de largada. Na corrida, a emoção ficou por conta de Hill e Berger, que lutaram roda a roda pela vitória até o motor do austríaco deixá-lo a pé quase no finalzinho da corrida. Destaque para Schumacher, que conseguiu chegar ao final da prova, mas com atuação pífia. Não fossem as quebras de Berger e Mika Hakkinem, o bicampeão teria amargado um 6º lugar irrisório perante sua torcida...





Rubens Barrichello confiava na força do motor Peugeot para atingir um bom resultado em Hockeinhein, mas finda a corrida, estava desiludido: o carro estava sem tração e sem estabilidade. “Se não fomos bem aqui, onde mais iremos?”, declarou o piloto brasileiro, em desânimo.





Gerhard Berger anda mesmo azarado. Depois do estouro do motor Renault que jogou por terra sua magnífica atuação em Hockeinhein, agora foi a vez do piloto ter o seu jato particular apreendido pelas autoridades austríacas, sob alegação de falta de pagamento de alguns impostos...





Heinz-Harald Frentzen e Rubens Barrichello são os nomes mais cotados no mercado de pilotos para a próxima temporada. Tudo dependerá, entretanto, se a Williams dispensar Damon Hill e se a nova motivação de Gerhard Berger fazer Flavio Briatore mantê-lo no time da Benetton em 1997...

quinta-feira, 18 de julho de 2013

DIXON NA COLA



Dixon: três vitórias consecutivas e a vice-liderança no campeonato.

            O campeonato da Indy Racing League promete pegar fogo no restante do ano. Se Hélio Castro Neves continua liderando a competição, o brasileiro da Penske ganhou um novo adversário potencialmente perigoso após a rodada dupla disputada no último final de semana em Toronto, no Canadá. O neozelandês Scott Dixon venceu com categoria as duas provas disputadas no centro da metrópole canadense, e levando em consideração que ele já havia vencido a corrida disputada em Pocono, na semana passada, o retrospecto sugere uma ameaça potencial fortíssima, afinal, foram 3 vitórias consecutivas do piloto da Ganassi.
            Com o resultado, Dixon assumiu a vice-liderança do campeonato, com 396 pontos. Helinho lidera o certame, com 425 pontos, uma diferença que pode ser considerada pequena, se lembrarmos que uma vitória vale 50 pontos. Até as etapas de Toronto, a maior ameaça a Hélio vinha dos pilotos da Andretti: Ryan Hunter-Reay e Marco Andretti vinham se revezando nos bons resultados, e ora um era o vice-líder, ora o outro. Um pouco mais atrás, o canadense James Hinchcliffe também era uma ameaça potencial, pois havia vencido 3 corridas e só não estava tão perto do brasileiro porque não tinha a mesma constância dos demais colegas de time. Mantendo-se sempre em bons lugares na pontuação, Hélio vinha sustentando a liderança da competição, aproveitando que os rivais não conseguiam manter a mesma regularidade.
            Mas a trinca de vitórias de Dixon preocupa. Se o neozelandês venceu com base na estratégia a primeira corrida de Toronto, na segunda prova ele praticamente venceu a etapa de ponta a ponta. Helinho também fez uma boa apresentação sobretudo no domingo, quando afirmou que teve seu melhor carro no ano. De fato, o brasileiro assumiu a segunda posição na largada, e lá ficou a prova inteira, sem ser ameaçado por ninguém, mesmo nas relargadas. Mas Helinho foi incapaz de ameaçar Dixon na luta pela vitória: o piloto da Ganassi simplesmente detonou toda a concorrência. Bicampeão da IRL, Dixon pode ser um adversário mais perigoso que os demais pilotos, pela experiência, e também pela estrutura da Ganassi, que parece ter finalmente se entendido com o novo chassi DW-12, utilizado desde o ano passado. Dixon ficou na sombra no time nos últimos anos, quando foi eclipsado por Dario Franchitti, que venceu 3 campeonatos consecutivos em 2009, 2010, e 2011, mas no ano passado o escocês não exibiu a mesma forma com o novo carro, ao passo que Dixon parece ter tido mais sintonia com as reações do novo modelo adotado pela categoria.
            Tanto é que, no ano passado, Dixon foi 3º colocado no campeonato, com 2 vitórias, enquanto Franchitti foi apenas o 7º colocado, vencendo apenas a Indy500. Este ano, Scott já assumiu a vice-liderança, venceu 3 vezes, e Franchitti ocupa só a 7ª posição, sem ter vencido nenhuma corrida. Poderia se dizer que o resultado em Toronto seria derivado de um excelente acerto do time da Ganassi para a pista de rua da cidade, mas a vitória anterior, obtida com uma trinca da Ganassi no pódio de Pocono, foi conseguida em um oval gigante. A próxima corrida do campeonato é em Mid-Ohio, e foi lá que Dixon venceu pela última vez no ano passado. Se a Ganassi mostrar boa forma no circuito de Lexington, estará confirmada que é uma nova e potencial ameaça ao possível título de Hélio Castro Neves.
            Independente de quem seja o adversário, a Penske e Helinho precisam melhorar de ritmo. O brasileiro tem apenas uma vitória no campeonato, enquanto os rivais mais próximos, Dixon e Hunter-Reay, já venceram mais de uma corrida. Para afastar qualquer ameaça dos concorrentes chegarem mais perto, o brasileiro precisa vencer novamente, e a Penske tem que conseguir dar a seu piloto um carro nas melhores condições possíveis, além de ter sempre uma boa estratégia para as corridas. Ainda tem muito chão pela frente até o encerramento do campeonato em outubro, na pista de Fontana, e quanto mais dianteira Helinho puder conseguir, melhor para suas disputas, podendo evitar alguns riscos potenciais, como se envolver em algum acidente. E, o mais importante: não perder a cabeça em nenhum momento.
            Falando em perder a cabeça, Will Power, companheiro do brasileiro na equipe Penske, está mostrando que este não é mesmo seu ano. Disputando sua pior temporada desde que virou titular integral na Penske, o australiano jogou para o alto duas oportunidades de bons resultados na rodada dupla de Toronto: na primeira corrida, em disputa estabanada com Dario Franchiti pelo terceiro lugar, errou feio a freada no fim da reta oposta e acertou a barreira de pneus, despencando para a 15ª posição na classificação final da prova de sábado; no domingo, o australiano vacilou na relargada a 2 voltas do final, patinou com seu carro e acabou provocando um engavetamento que levou também Ryan Hunter-Reay e Takuma Sato, e jogando fora um possível 3° lugar para acabar classificado apenas em 18°. Depois de 3 temporadas em que deixou Helinho na sobra dentro da Penske, o brasileiro este ano já está mais de 150 pontos na frente. Ainda há tempo de Power se recuperar para tentar uma reação e apagar a má temporada, mas se não puser a cabeça no lugar, vai ser difícil. Perder os últimos 3 campeonatos sempre na última corrida parece ter deixado Power meio fora de foco.
            E perder o foco é algo que dificilmente acontecerá com Dixon. O neozelandês costuma sempre manter a cabeça fria, e não é de desperdiçar oportunidades. Se a Ganassi enfim encontrou o rumo para acertar seus carros, será o mais forte adversário contra o piloto brasileiro. A favor de Helinho, está o fato de poder esperar que seus rivais troquem lutas entre si, enquanto procura marcar o maior número de pontos possível. Mas, como já mencionei, é vital voltar a vencer corridas, para minimizar os riscos.
            Desde que chegou à Penske, Hélio já foi vice-campeão da IRL em duas oportunidades, enquanto viu seus companheiros de equipe conquistarem 3 campeonatos. Gil de Ferran foi bicampeão da F-Indy original em 2000 e 2001; e Sam Hornish Jr. foi campeão da IRL em 2006, naquela que foi a última conquista da Penske de um campeonato. Disputando seu melhor campeonato dos últimos anos, o brasileiro tem que caprichar para finalmente conquistar o tão sonhado título da categoria. Uma oportunidade que não pode ser perdida.


Principal rival de Helinho na luta pelo título até Toronto, o atual campeão da IRL, Ryan Hunter-Reay teve um fim de semana para esquecer nas etapas da cidade canadense, com resultados pífios que o fizeram ficar mais distante do brasileiro na classificação do campeonato, além de perder a vice-liderança para Scott Dixon. Mas é bom não subestimar o poderio da escuderia de Michael Andretti, que apesar de não ter tido um bom fim de semana em Toronto, ainda é a equipe que mais venceu no ano, com 5 vitórias.


Enquanto isso, na F-1, a equipe Marussia confirmou esta semana que usará os novos motores Ferrari V-6 turbo a partir de 2014. A escuderia é a única que ainda usa os motores Cosworth V-8, depois que a Hispania faliu no fim do ano passado. Sem recursos para desenvolver um motor turbo, a Cosworth deixará a F-1 pela segunda vez na última década. No próximo ano, a F-1 terá apenas 3 marcas de motor nas equipes do grid: Mercedes, Renault, e Ferrari.


O péssimo ano da Williams já teve seu primeiro “crucificado”: Mike Coughlan, diretor técnico desde 2011 do time inglês, foi demitido esta semana. Para seu lugar, foi contratado Pat Symonds. Como de costume, Frank Williams disse que Symonds tem todas as condições de elevar a capacidade técnica do time. Coughlan também foi recebido com elogios deste tipo quando chegou à escuderia em 2011. Nada como um dia depois do outro...

quarta-feira, 17 de julho de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JULHO DE 1996 – 26.07.1996



            Novamente com a seção Arquivo, o texto de hoje é do dia 26 de julho de 1996. Era o fim de semana do Grande Prêmio da Alemanha, e o clima de expectativa entre os torcedores de Michael Schumacher não era dos melhores, em virtude da avalanche de problemas mecânicos e resultados ruins que haviam surgido nas últimas etapas, depois de verem o então bicampeão mundial vencer a prova da Espanha, debaixo de chuva, e ter dado impressão momentânea de que a Ferrari iria sim disputar o título, o que acabou não acontecendo, pelo menos naquele ano. De quebra, ainda várias notas rápidas sobre outros acontecimentos do esporte a motor naquela semana. Uma boa leitura a todos, e semana que vem tem mais...


OU VAI OU RACHA

            A Fórmula 1 retorna à Alemanha para a 2ª e última prova do ano em terras germânicas. Depois do GP da Europa, disputado no circuito de Nurburgring, agora é a vez do Grande Prêmio da Alemanha, a ser disputado no belo circuito de Hockeinhein, localizado ao lado da cidade de mesmo nome. O clima da torcida local é de total apreensão e incerteza. Um clima bem diferente do vivido em abril, durante o GP da Europa.

            Em Nurburgring, a torcida alemã foi à loucura ao ver seu ídolo nacional, Michael Schumacher, lutando pela vitória curva a curva com a Williams de Jacques Villeneuve. Para melhorar, Damon Hill, o maior rival de Schumacher nos últimos anos, ficara em 4º lugar, sem conseguir ameaçar os líderes. A vitória foi de Villeneuve, mas a torcida comemorou como nunca.

            Agora, entretanto, o clima que impera na torcida alemã não é dos mais agradáveis. Para piorar o ânimo dos torcedores de Schumacher, a Williams está afinada como nunca para o veloz circuito alemão, que só perde para Monza em velocidade média alta. Até a Benetton já mostra mais poderio, insuficiente para ameaçar os carros de Frank Williams, mas o bastante para superar a Ferrari de Schumacher. Como se desgraça pouca é bobagem, a escuderia vermelha anda novamente às voltas com aquela nuvem negra que vive pairando sobre o time e parece não querer sair de lá. Desde a última corrida disputada aqui na Alemanha, os fãs do bicampeão mundial foram ao céu, e depois disso, desceram direto para o inferno, sem escalas...

            Na prova seguinte, em San Marino, Schumacher conseguiu a pole e acabou em um convincente 2º lugar. Depois, veio Mônaco, onde o alemão assombrou a todos com uma pole demoníaca, digna de Ayrton Senna. Um erro infantil do piloto, contanto, frustrou seus fãs: Schumacher bateu logo na primeira volta. Em Barcelona, veio a redenção de Michael: debaixo de uma chuva torrencial, o alemão massacrou a concorrência e ainda viu Hill cometer vários erros e abandonar a corrida. Estava concretizada a primeira vitória de Schumacher na Ferrari, e tudo indicava, que daí para a frente, retornar à luta pelo título e a novas vitórias já era uma realidade. Coitados. Daí em diante, Schumacher, Irvinne, e a própria Ferrari, passaram a viver um inferno astral que ainda não acabou. Tanto Schumacher quanto Irvinne nem conseguiram terminar as últimas 3 corridas. Para piorar, o desempenho do time vermelho começou a decair. Na França, então, foi o cúmulo do ridículo: Schumacher nem conseguiu largar, com seu motor estourando na volta de apresentação e forçando o bicampeão a dar adeus à corrida antes mesmo dela começar, ainda mais após conquistar, no braço, mais uma pole-position. Desgraça de uns, festa de outros: Damon Hill venceu novamente, enquanto Michael amargava um dos piores vexames de toda a história da Ferrari. Já em Silverstone, outra atuação pífia, com abandono logo no início da corrida...

            Os piadistas do circo não deixaram escapar: já apelidaram a equipe italiana de “esquadrilha da fumaça”. Houve quem dissesse que o time de Maranello, apesar dos pesares, havia evoluído: se na França Schumacher nem conseguiu largar, em Silverstone o alemão pelo menos conseguiu andar 2 voltas na pista antes de quebrar, e andam estimando que domingo o bicampeão consiga dar pelo menos 5 voltas antes de pifar em Hockeinhein...

            Mais ainda: outro motor foi pro brejo durante testes em Monza na semana passada. Análise da situação: se fosse o GP da Itália, a torcida italiana iria querer linchar alguém na Ferrari. Com certeza, a crise está novamente nas vizinhanças de Maranello.

            Pelo balanço do GP da Inglaterra, a coisa tende a piorar para o lado de Schumacher. A Benetton já mostra seu avanço e superou a escuderia italiana no campeonato de construtores, sem falar que a McLaren vem se aproximando rápido. Não vai ser um fim de semana tranqüilo para o bicampeão alemão, que aqui em Hockeinhein tem muitas satisfações para dar à sua fiel torcida. Prevê-se excelente público para domingo, mas dependendo do que acontecer nos treinos de hoje e amanhã, parte do público pode desaparecer antes mesmo de chegar.

            Para Schumacher, não há meio termo: ou consegue um bom resultado aqui ou vai ter muita frustração para agüentar até o fim do campeonato. Depois de tantos resultados de sucesso na Benetton nos últimos dois anos, será que o piloto alemão vai conseguir segurar essa barra? E a torcida alemã, igualmente acostumada às vitórias de seu ídolo. Para os torcedores e seu ídolo, vai ser um final de semana na base do vai ou racha. E tudo indica que poderá rachar mesmo...





Balanço do campeonato até aqui para os pilotos da Williams: Damon Hill tem 6 vitórias, e Jacques Villeneuve, apenas 2. Contra o canadense pesa-se o fato de que apenas a vitória de Hill na Austrália foi obtida em cima de problemas do filho de Gilles em seu carro, enquanto as duas vitórias do piloto canadense foram obtidas em corridas onde seu companheiro inglês teve problemas. Nos confrontos diretos, Hill ganhou quase todas.





O brasileiro Tarso Marques vai ser piloto de testes da Arrows até o fim do ano. Tarso terá a incumbência de desenvolver os novos pneus da Firestone, que tem planos de estrear na F-1 em 1998, mas possivelmente em 97 ainda . Mas é só para ser piloto de testes do time. O próprio piloto brasileiro já avisa que não há nenhuma previsão de pilotar para a Arrows como titular no campeonato de F-1.





Michael Schumacher já avisa: deve renovar contrato com a Ferrari até o fim de 1998. Apareceram especulações de que a Mercedes teria oferecido cerca de US$ 38 milhões para colocá-lo na McLaren em 98, mas o próprio piloto alemão tratou de desmentir o boato.





E a Peugeot confirma: para 97, seus motores continuam exclusivos da equipe Jordan. Isso esfria as pretensões dos times que disputavam a preferência de segunda equipe oficial da fábrica francesa na categoria. Para 98, entretanto, tudo continua em aberto.





A F-Indy volta às pistas neste fim de semana. Disputam-se as 500 Milhas de Michigan. O favoritismo vai para os carros com motor Honda e pneus Firestone. No leque dos requisitos, temos: André Ribeiro, Jimmy Vasser, Alessandro Zanardi, e Adrian Fernandez, este último com a moral em alta pela vitória na última corrida, em Toronto. Por fora, mas mantendo o favoritismo dos motores Honda, vem Gil de Ferran.





Damon Hill está a fim de recuperar o favoritismo no campeonato, e as próximas pistas são favoráveis ao inglês. Jacques Villeneuve não conhece as pistas de Hockeinhein (onde a F-1 corre neste fim de semana), Hungaroring (Hungria), e Spa-Francorchamps (Bélgica). Já em Monza (Itália) e no Estoril (Portugal), a parada promete ser dura.





Gary Anderson, projetista da Jordan, vai ter suas funções diminuídas na equipe. Eddie Jordan está ampliando o staff técnico da escuderia, e Gary vai se concentrar apenas no projeto do novo EJ197, carro para a temporada do ano que vem. A centralização das decisões técnicas em Anderson estava dificultando a evolução técnica da escuderia.