sexta-feira, 28 de julho de 2023

EXPECTATIVAS, FRUSTRAÇÕES, E RECORDES

Quem esperava alguma disputa melhor na Hungria ficou a ver navios logo na largada, quando Max Verstappen resolveu acabar com a brincadeira e assumiu a liderança logo após a primeira curva.

             Todo grande prêmio de F-1 traz expectativas, seja por parte dos profissionais que trabalham nele, seja por parte dos torcedores. É algo plenamente natural, e sempre haverá os dois lados: o dos frustrados, e o dos satisfeitos. Por vezes, o panorama não permite muitas especulações, de modo que a realidade se impõe de tal forma, que todos já anteveem uma situação, que muitas vezes pode se confirmar, ou não. Nestas últimas, costumam ocorrer por vezes as maiores surpresas, pois foram totalmente inesperadas, enquanto em outros momentos, elas podem ocorrer ou não. Como não poderia deixar de ser, o GP da Hungria, domingo passado, foi cheio de expectativas. Mas, claro, por mais otimistas que algumas circunstâncias possam ter sido apresentadas, parte do resultado foi muito mais do mesmo.

            A nova classificação do grid, testada pela FIA, não foi de todo ruim, exceto por um detalhe: diminuição dos jogos de pneus disponíveis para cada piloto, de 13 para 11, o que só ajudou a diminuir ainda mais as atividades nos treinos livres, o que não foi nem um pouco bom para quem assistiu. O limite de 13 jogos já não era muito, mas reduzir em mais 2 jogos, sob a justificativa de economia “ambiental”, soa ridículo, em uma competição onde já aprontam tantas restrições, que só falta mandarem os pilotos para a pista com os carros sem poderem treinar um minuto sequer. A tentativa de alterar, ainda que artificialmente a relação de forças, pode até surpreender em um primeiro momento, mas depois, na hora da corrida, não tem dado resultados condizentes com o desgaste a que a FIA se expõe procurando “animar” a competição. Foi assim com a mudança nas regras das provas Sprint adotadas para esta temporada, que até aqui não se mostrou positiva como se esperava. E no caso da nova sistemática de classificação, o fato dos pilotos terem menos pneus no fim de semana prejudica as atividades nos treinos livres, já que todo mundo quer poupar seus compostos. No caso da Hungria, como eles tiveram o primeiro treino com chuva forte, não houve exatamente um prejuízo tão patente das atividades nos treinos livres restantes, mas ninguém gostou de ter de economizar mais pneus do que já o fazem.

            Já em relação à classificação, quem conseguiu largar bem mais à frente do que normalmente costuma fazer só brilhou mesmo no treino, despencando a olhos vistos na corrida, como foi o caso da Alfa Romeo, que surpreendeu todo mundo, mas as coisas começaram a dar errado já no arranque do grid, caindo lá para trás e por lá ficando. Nem mesmo o que poderia ser a a única surpresa efetiva do fim de semana húngaro, a pole-position de Lewis Hamilton, a 104ª na carreira, ampliando um recorde que já era dele. Da McLaren, que já havia surpreendido em Silverstone, ao menos se viu que a evolução do carro é realmente efetiva, com os carros do time de Woking mantendo um bom desempenho em Hungaroring, circuito de características completamente opostas às de Silverstone, uma pista de alta velocidade, enquanto o circuito húngaro é o mais travado do calendário, depois de Mônaco.

Lewis Hamilton conquistou sua 104ª pole-position, depois de mais de um ano e meio sem largar na primeira posição do grid.

            Só os mais iludidos poderiam sonhar com uma vitória de Lewis Hamilton, diante da improvável pole-position obtida pelo heptacampeão. Apesar de ter feito uma largada que não foi ruim, isso foi o que pareceu de fato, porque Verstappen foi ainda melhor, e na dividida da primeira curva, deixou o piloto da Mercedes em posição vulnerável permitindo que ele fosse superado pela dupla da McLaren, o que comprometeu boa parte da corrida de Lewis. Mas, sejamos realistas: mesmo que Hamilton tivesse segurado a liderança, ele a perderia pouco tempo depois, devido à diferença de ritmo que seu carro ainda apresenta frente à Red Bull, e no momento atual, até mesmo ao carro da McLaren. Max Verstappen, mesmo ciente da vantagem que tinha de ter o melhor carro, preferiu não arriscar, e foi decidido para resolver tudo na primeira curva. E dali em diante, livre na frente, sem tráfego algum, assistimos a outro baile do bicampeão holandês, que não deu chances a nada nem a ninguém, rumando para mais uma vitória tranquila. Na base da estratégia, Hamilton ainda salvou o 4º lugar, minimizando um pouco o prejuízo, ainda que no final estivesse quase em posição de discutir o pódio com Perez, e quem sabe, com Lando Norris, se a corrida tivesse ainda algumas voltas.

            O triunfo de Max Verstappen na Hungria estabeleceu o novo recorde de vitórias consecutivas de uma mesma escuderia na F-1. A marca anterior era da McLaren, obtida em 1988, com 11 triunfos consecutivos obtidos por Alain Prost e Ayrton Senna entre as provas do Brasil e da Bélgica, sendo que naquele ano o time de Woking venceu 15 das 16 corridas da temporada, falhando apenas na Itália, quando Prost abandonou por quebra mecânica, e Senna, ao se apressar em superar um retardatário, bateu com ele na primeira chicane, e abandonou a corrida, deixando para a Ferrari vencer a corrida, justamente em casa. Com a vitória de Verstappen, a Red Bull atingiu seu 12º triunfo consecutivo, novo recorde de vitórias consecutivas na competição, obtido na vitória em Abu Dhabi, no encerramento da temporada passada, até domingo passado, em Hungaroring, com 10 vitórias do holandês e duas de Sergio Perez. Uma marca que tem tudo para aumentar ainda mais, no ritmo do que estamos vendo no ano, onde não vemos chance de alguém destronar a Red Bull efetivamente. Mesmo a chance de ocorrer uma zebra parece cada vez menor, e mesmo quando isso ocorre, nem tem feito diferença, como costumava ocorrer anteriormente. Teremos sem dúvida um novo recorde de vitórias consecutivas, que novamente vai demorar muito para ser batido, como o foi a marca da McLaren, conseguida há 35 anos atrás.

Lando Norris fez outra excelente corrida e conquistou seu segundo pódio consecutivo com a McLaren atualizada.

            Curiosamente, o momento atual da Red Bull guarda um paralelo com a temporada de 1988, em relação à supremacia da McLaren naquele ano, quando foi dito que o problema não era a McLaren ser boa demais, mas os adversários que eram muito ruins. É o que estamos vendo este ano, com o time rubrotaurino deitando e rolando, e os demais concorrentes potencias tropeçando neles mesmos. Aston Martin, Mercedes, e agora, McLaren, todos se revezando durante o ano na posição de segunda força, real ou teórica, com a Ferrari correndo meio por fora dessa disputa, mas todos, igualmente falhando em conseguir representar uma ameaça real à Red Bull de fato. Tanto que Toto Wolf até falou que estamos vendo um campeonato de times da F-2 contra um time de F-1, para ilustrar a diferença estabelecida pela Red Bull para o restante do grid. E admitindo que o time dos energéticos fez melhor o seu trabalho do que todos os outros, simples assim.

            Mas, recordes são para serem batidos. Jim Clark por muito tempo foi o maior pole-man da história da F-1, com suas 33 largadas na posição de honra do grid. Até Ayrton Senna desbanca-lo, e ampliando a marca recorde para 65, número que muitos consideravam insuperável. Mas, Michael Schumacher conseguiu, chegando a 68 poles. E então, Hamilton esticou ainda mais esse número, agora com sua 104ª largada em primeiro no grid. Esse número poderá ser batido? Provavelmente, em algum momento do futuro, se as circunstâncias se ajudarem para propiciar tal feito. Da mesma maneira, assim como Jackie Stewart teve seu recorde de vitórias (27) quebrado por Alain Prost, que chegou a um novo recorde de 51 triunfos, a marca do francês também foi pulverizada anos depois por Schumacher, com o alemão alcançando incríveis 91 vitórias na categoria máxima do automobilismo. Até Hamilton novamente deixar essa marca para trás, com 103 triunfos, e com o inglês ainda querendo mais.

            Ainda temos o recorde de 9 vitórias consecutivas de Sebastian Vettel, obtido em 2013, e que já está na mira de Verstappen, pelo andar do holandês, que já enfileirou 7 triunfos consecutivos, e pode obter o seu 8º já neste domingo, no GP da Bélgica, deixando-o ainda mais perto não apenas de igualar, mas de superar a marca obtida pelo tetracampeão.

Depois de 35 anos, o recorde de 11 vitórias consecutivas da McLaren, obtido em 1988, foi finalmente superado, com a 12º vitória consecutiva da Red Bull.

            No campeonato deste ano, tirando a Red Bull, poderíamos dizer que a F-1 até está “parelha”. Tivemos Aston Martin dando as cartas, depois Mercedes, e até a Ferrari dando um pouco o ar da graça, e agora é a McLaren, depois de um início desastroso, conseguir corrigir o rumo, e surpreender mais uma vez na Hungria, onde teoricamente eles não teriam um desempenho tão satisfatório como vimos em Silverstone. Mas eles conseguiram, e ajudaram a apimentar a disputa pela F-1 “B”, assumindo o posto de segunda força do grid. A Ferrari volta e meia assusta, mas não efetiva sua ameaça. O carro da Mercedes, apesar de suas atualizações, continua instável em sua performance, e a Aston Martin decaiu com suas últimas atualizações, se comparado aos concorrentes, que parecem ter conseguido avançar mais. E a Alpine se vê no meio do pelotão, tentando não cair para trás, mas também não conseguindo avançar à frente, pelo menos até o presente momento. O que poderemos esperar mais?

            Talvez nada, talvez alguma coisa. Vamos ver o que a F-1 consegue nos mostrar neste fim de semana, com o GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps, última prova antes da categoria ter suas “férias” de versão. E será a primeira vez que a Bélgica terá uma prova Sprint, com o grid da corrida de domingo sendo definido já hoje, enquanto amanhã teremos apenas a classificação para a corrida curta, bem como a mesma. Curiosamente, a prova belga este ano foi antecipada em um mês em relação aos anos anteriores, mas mesmo assim, a previsão para hoje é de chuva na região das Ardenhas, o que tem tudo para deixar o único treino livre ainda mais bagunçado, pela importância que terá devido à prova Sprint.

            A chuva poderia até dar maiores expectativas em relação à corrida do fim de semana, mas até mesmo São Pedro parece incapaz de deter Max Verstappen e a Red Bull no atual momento. Mesmo assim, sonhar ainda é válido, mas sejamos francos: o momento atual é do holandês, e de ninguém mais... Melhores perspectivas, só mesmo em 2024, e olhe lá...

 

 

Daniel Ricciardo, de volta ao cockpit de um F-1, teve um retorno honesto e até decente na Hungria. Mesmo sem conhecer a fundo o carro da Alpha Tauri, cumpriu seu objetivo, ficando à frente de Yuki Tsunoda tanto na classificação quanto no resultado final da corrida. É o que ele tem de mostrar até o fim da temporada, começando a partir deste fim de semana em Spa-Francorchamps. Vejamos se ele mantém a performance...

Daniel Ricciardo voltou ao grid com o pé direito no acelerador firme, dentro das possibilidades da Alpha Tauri. Falta agora manter a forma no restante da temporada.

 

 

A Formula-E chegou a Londres para o encerramento da temporada 2023, e a decisão do título da competição. O palco é o Excel Arena, circuito que tem como principal característica ser montado parte dentro do imenso pavilhão de eventos, e parte do lado de fora. Com 2,09 Km de extensão, a pista possui 20 curvas, e as duas provas da rodada dupla serão realizadas com duração diferente, com a primeira corrida sendo disputada em 36 voltas, e a segunda corrida em 34 voltas. A fim de obrigar os pilotos a efetuar uma corrida mais estratégica, com maior gerenciamento da energia disponível, a carga de energia disponível aos pilotos será a menor já registrada na história da categoria, com apenas 27 kWh ao longo de cada prova. Segundo a direção da categoria, a intenção é evitar uma corrida “pé embaixo” dos pilotos, e valorizar a capacidade de cada piloto ser rápido economizando energia ao mesmo tempo. Por mais que seja interessante a justificativa, essa iniciativa pode ser um tiro no pé, inibindo demais a competição na pista, em prol dos pilotos tentarem chegar ao fim da corrida. Tal medida também deve favorecer os equipamentos com melhor consumo de energia, caso dos trens de força da Jaguar, e também da Porsche, em detrimento dos demais trens de força do grid, especialmente Mahindra e NIO, que se já não tinham boas perspectivas de desempenho, devem ficar ainda mais alijadas da disputa. Mesmo assim, pode ser um tiro no pé até mesmo para eles, a depender de como se dará o desempenho dos pilotos. Em um momento onde a F-E começa a deixar para trás o “rótulo” de lenta, graças aos novos trens de força, muito mais potentes, e às novas baterias, forçar uma redução tão drástica de velocidade pode ser contraproducente para a imagem da competição, até porque a redução da quantidade de energia é muito grande. Só para se ter uma idéia, a média de força disponibilizada para as demais provas tem ficado na casa de 38 kWh. O traçado montado no Excel Arena ajuda a minimizar a preocupação com o consumo de energia, mas mesmo assim, a redução determinada para a rodada dupla parece radical demais, o que vai obrigar os times a trabalharem bastante para superar essa limitação. A idéia é tentar fazer com que times e pilotos variem as estratégias de corrida na busca por uma vantagem. Pode ser um objetivo interessante, como forma de oferecer maior atrativo para as corridas da rodada dupla. Se vai funcionar, isso é outra história, e não é difícil certas iniciativas se mostrarem completamente furadas na prática, apesar de positivas na teoria. As duas provas terão transmissão ao vivo do Bandsports na TV por assinatura, e pelo site Grande Prêmio em seu canal no You Tube, com largada a partir das 13:00 Hrs., horário de Brasília, tanto no sábado quanto no domingo.

A pista montada no pavilhão de exposições do Excel Arena recebe a rodada dupla que encerra a temporada 2023 da Formula-E.

 

 

Jake Dennis, da Andretti, é o grande favorito para levantar a taça de campeão. O piloto da equipe Andretti saiu de Roma, onde venceu a segunda corrida da rodada dupla disputada na capital italiana, com 24 pontos de vantagem na classificação. Teremos 58 pontos em jogo, 25 pela vitória, 3 pela pole-position, e 1 pela volta mais rápida da corrida. Por maior que seja a vantagem do piloto inglês, é preciso cautela, pois basta um azar na primeira prova, e uma vitória de Nick Cassidy, para inverter a situação, e fazer a disputa pegar fogo na corrida final, no domingo. Mith Evans e Pascal Wehrlein, embora ainda com chances matemáticas, na prática têm poucas chances de conquistar o título, precisando vencer as corridas e torcer para Dennis e Cassidy abandonarem, na melhor das hipóteses. Mesmo assim, não dá para descartar a possibilidade de termos uma reviravolta completa nesta rodada final, uma vez que a F-E costuma ser pródiga em algumas surpresas, e nada está decidido até a bandeirada final. De qualquer forma, mantido o duelo entre Jake e Nick, será uma situação inédita na F-E, que verá não apenas novos campeões, mas novos times conquistando o título. A Andretti, apesar de ter tido alguns bons momentos ao longo da história do campeonato de carros monopostos elétricos, em especial quando foi o time oficial da BMW, nunca chegou de fato a uma decisão do título, e a Envision, apesar de ter um bom histórico na categoria em termos de resultados, também sempre negou fogo na reta final das temporadas, ficando sem faturar nenhuma conquista. A situação ficou complicada depois de Roma, mas não impossível. De qualquer forma, só pode haver um campeão, e a F-E verá um novo nome na sua lista de pilotos campeões da categoria, uma escrita que só Jean-Éric Vergne conseguiu quebrar, sendo até hoje o único bicampeão da F-E. Mesmo que Evans e Wehrlein ainda estivessem firmes na briga, também seria ótimo, pois seus times, Jaguar e Porsche, também nunca foram campeões, assim como os próprios. Mas parece que eles terão de continuar na fila, em que pese o fato de que uma delas será campeã com seu time cliente, já que a Andretti usa o trem de força alemão, e a Envision o trem de força britânico.

Líder do campeonato, Jake Dennis pode conquistar o seu primeiro título na Formula-E, assim como da equipe Andretti na categoria.

 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

COTAÇAO AUTOMOBILÍSTICA - JULHO DE 2023


E já chegamos ao fim do mês de julho, e nos preparamos para o mês de agosto, onde a F-1 “curte” um pequeno período de férias, enquanto outros certamos, como a MotoGP, retorna à ativa depois de “folgar” neste mês, e outras competições seguiram seu curso sem interrupções, como a Indycar e a Formula-E. Então, com o fim do mês, é chegada a hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos diversos e vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade que pudemos vivenciar neste mês, com alguns comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, aproveitem o texto e tenham todos uma boa leitura, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no final do mês de agosto, avançando pelo segundo semestre de 2023...

 

EM ALTA:

 

Max Verstappen: Não há muito o que discutir a respeito da atual supremacia da Red Bull na Fórmula 1, e principalmente, de Max Verstappen, que vem ganhando todas as corridas desde Miami, e é sério candidato a pulverizar o recorde de vitórias consecutivas na categoria que por acaso é de Sebastian Vettel, também com a Red Bull, obtidas em 2013. O piloto holandês poderia até ter tido alguns percalços na prova húngara, diante de uma pole inesperada de seu grande rival Lewis Hamilton, mas tratou logo de colocar ordem na casa, assumindo a dianteira logo na largada, e dali em diante repetindo o cenário que já virou rotina na categoria máxima do automobilismo, disparando na frente e deixando o resto do pessoal se virando como podia, sem conseguir fazer mais nada. Max abriu a maior vantagem já vista na história da F-1 de um líder para o vice-líder na classificação, e pode ficar sem pontuar pelas próximas quatro corridas que nem assim perderia a liderança do campeonato. Um domínio sem igual, de um grande piloto, e de uma grande equipe que tem o melhor carro do ano, e facilitado pela incompetência dos rivais, que não conseguem representar um desafio para os atuais campeões mundiais. De quebra, ainda fez com que o time dos energéticos quebrasse o recorde de vitórias consecutivas de uma mesma equipe, que era da McLaren invencível de 1988, com 11 triunfos, passando a nova marca de 12 da Red Bull, e que tem tudo para aumentar ainda mais ao estado de graça de Verstappen nas próximas etapas. Já se perguntam quando ele conquista matematicamente o tricampeonato, e olha que apenas chegamos à metade do campeonato. Impossível brecar Max? Não, mas é extremamente difícil no momento...

 

Equipe McLaren: O time de Woking vinha sendo uma das grandes decepções da temporada atual da F-1, uma vez que esperava-se uma melhor compreensão das novas regras técnicas implantadas no ano passado. Mas, a escuderia soube fazer a lição de casa, e aprender onde havia errado. As novas atualizações implantadas a partir da prova da Áustria conseguiram um raro milagre na categoria máxima do automobilismo, e de um time que chegou a largar no fim do grid no início do ano, chegou a disputar a pole-position nas últimas duas etapas, e só não venceu as provas porque o domínio de Max Verstappen e da Red Bull segue inabalável. Lando Norris mostrou uma performance impressionante com o carro revisado do time inglês, e Oscar Piastri também fez boas apresentações. A McLaren parece assumir agora o posto de segundo melhor carro do grid, assumindo a posição que até alguns GPs atrás era da Aston Martin, e tem tudo para, na toada atual, chegar a alcançar os times à frente, ajudando a embolar a disputa na competição, e a deixar para trás os times com o qual se digladiava desde o início do ano, em especial a Alpine, que já se vê superada pelo time de Woking na briga pela temporada. A McLaren vinha tendo desempenhos sólidos e constantes nos últimos anos, terminando quase sempre no TOP-3, em uma escalada lenta mas gradual para voltar a disputar vitórias, e quem sabe o título da F-1. Mas a temporada de 2021 foi de queda para o time, que despencou um pouco mais no ano passado, e começou 2023 revivendo os piores momentos da malfadada parceria com a Honda na década passada. Mas, parece ter conseguido colocar a casa em ordem, e parece preparada para retomar o curso traçado há alguns anos, e voltar ao estrelato, se a Red Bull permitir. Uma surpresa mais do agradável para as disputas da temporada atual, ainda que tardia, mas muito bem-vinda para ajudar a agitar as brigas na competição.

 

Álex Palou: O piloto espanhol da equipe Chip Ganassi ruma firme para o bicampeonato na Indycar na temporada deste ano. Entre fofocas de sua ida para a McLaren na Indy, ou até a Alpha Tauri na F-1, Palou engatou uma sequência de três vitórias consecutivas nas etapas de Detroit, Road America e Mid-Ohio, disparando no campeonato, enquanto os rivais tropeçavam neles mesmos. Nem mesmo uma reagida de Josef Newgarden na rodada dupla de Iowa abalou muito a liderança do campeão de 2021, que ainda ostenta impressionantes 80 pontos para o bicampeão da Penske, que terá muito trabalho para anular a desvantagem de Álex nas cinco provas finais da competição, mesmo tendo sido o único piloto a vencer 4 provas no ano até aqui, mesmo número de vitórias de Palou no ano. Mas o piloto da Ganassi tem conseguido manter uma regularidade impressionante, onde além dos 4 triunfos, ainda subiu mais 3 vezes ao pódio, tendo como piores resultados dois 8ºs lugares até aqui, uma constância que tem faltado aos potenciais desafiantes, como o próprio Newgarden, ou Scott Dixon, que sempre foi mestre neste tipo de campanha. E Palou também tem tido sorte, por ficar livre de acidentes, tendo como maior percalço ter ficado com o bico de seu carro avariado na prova de Toronto, e mesmo assim ter terminado em 2º, com a peça ameaçando cair a qualquer momento, o que poderia ter complicado sua situação. Sorte de campeão? Sim, mas ninguém é campeão sem sorte, isso é fato, e não desmerece Palou em nada. Os concorrentes que corram atrás...

 

Jake Dennis: O piloto da equipe Andretti deu um grande passo para a conquista do título da Formula-E com sua vitória na segunda prova da rodada dupla de Roma, abrindo uma importante vantagem na classificação para poder decidir a parada já na primeira prova da rodada final em Londres, no próximo final de semana. O piloto britânico, que já vinha se sobressaindo com facilidade sobre seu companheiro de equipe na Andretti, recuperou a constância, e desde a segunda prova de Berlin, esteve sempre no pódio ou perto dele, voltando a figurar na luta pelo título, e conseguindo se manter livre de problemas, enquanto seus adversários tiveram sua dose de reveses, em especial Nick Cassidy e Mith Evans, que acabaram se enroscando na segunda prova de Roma por culpa do piloto da Jaguar, o que facilitou as coisas para Dennis, visto que Cassidy era seu principal oponente na luta pelo título. A vitória também foi importante para Jake reafirmar sua posição como protagonista do campeonato, uma vez que ele só tinha vencido na primeira corrida, no México, e dali em diante, apenas mantendo-se constante nos resultados, depois de algumas provas sem pontuar, enquanto os rivais venceram mais corridas, e podiam colocar o inglês em risco se ele não se impusesse com um resultado de maior monta. Dennis também conseguiu efetuar uma performance firme na segunda prova de Roma, resistindo à pressão dos rivais, que sempre estiveram na sua cola, para triunfar, não tendo sido uma vitória fácil. E agora tem tudo para ser o primeiro inglês campeão da categoria de carros monopostos elétricos, e de dar à Andretti seu primeiro título de pilotos na categoria.

 

Daniel Ricciardo: O piloto australiano sofreu um belo revés na sua carreira, ao ser dispensado pela McLaren no ano passado, diante dos resultados aquém do esperado no time inglês, tendo sido superado por Lando Norris de forma incontestável, muito pouco para quem deveria liderar o time na pista. Aceitando dar um passo atrás, ao assumir o posto de piloto reserva e de testes da Red Bull, o mesmo time de onde saiu em 2018 por ver que não teria as mesmas condições de Max Verstappen na escuderia, imaginava-se se a Red Bull daria a Daniel uma chance real de voltar a pilotar para o time, ou se sua presença se resumiria a uma ameaça velada a Sergio Perez para o mexicano apresentar melhores resultados. Bem, o fato de Sergio ter decaído após a etapa de Miami deixou a cúpula rubrotaurina em dúvida se deveria reefetivar Ricciardo, e diante dos maus resultados de Nyck De Vries no time B, resolveu que seria necessário testar o australiano depois dos bons tempos obtidos por ele no teste de pneus da Pirelli em Silverstone, visando, quem sabe, a uma substituição de Perez no próximo ano. Bem, o desafio da Alpha Tauri seria complicado, por ser um dos piores carros da temporada, e no qual De Vries, um piloto campeão da F-2 e da F-E, não teve a chance de mostrar o que poderia render, e nem contou com a paciência de Helmut Marko e Christian Horner. Mas, eis que Daniel, em seu primeiro GP de retorno à F-1 após sua dispensa pela McLaren, não só conseguiu largar à frente de Yuki Tsunoda, como terminar à frente do nipônico na prova da Hungria, ainda levando-se em conta o toque que o australiano levou de uma Alfa Romeo na largada, que poderia ter complicado sua situação. Ainda é cedo para cravar que Ricciardo está de volta, efetivamente, e no caminho para voltar à Red Bull no futuro como titular, mas não deixa de ser de nota que sua reestreia foi positiva, pois ele conseguiu atingir o objetivo, que era ficar à frente de Tsunoda, que já conhecia o carro e estava muito mais familiarizado com ele, o que é importante para a Red Bull avaliar a viabilidade de seu retorno. Foi o primeiro passo, é verdade, mas muito importante para marcar presença. Resta agora Ricciardo manter o desempenho, e garantir seu cartão de visitas para a cúpula da Red Bull, que pode optar ou não pelo seu retorno ao time principal.

 

 

 

NA MESMA:

 

Sergio Perez: Depois de várias corridas falhando em chegar ao Q3 nas classificações, eis que Sergio Perez deu sinal de vida na prova da Hungria, inclusive voltando ao pódio, de onde só esteve presente na etapa da Áustria mais recentemente. Mas, mesmo que tenha tido um resultado mais positivo, e reafirmado sua posição na vice-liderança do campeonato, o mexicano não pode comemorar totalmente. Se por um lado a queda da Aston Martin tem impactado na ameaça de Fernando Alonso na classificação, assim como de Lewis Hamilton, que vinham se aproximando de Sergio na classificação do campeonato, por outro lado Perez cometeu outro erro crasso no primeiro treino livre, batendo novamente seu carro, o que poderia ter comprometido todo o seu fim de semana mais uma vez. E, mesmo que tenha chegado ao pódio, o fato de não ter conseguido superar a McLaren de Lando Norris, e fazer uma nova dobradinha, ainda pesa um pouco na conta do mexicano, que segue pressionado, enquanto Max Verstappen vai enfileirando vitórias uma atrás da outra. Pelo carro que possui, o time não está errado de cobrar melhores resultados de seu piloto. Mas, numa escuderia voltada para Verstappen, é preciso dar atenção também a seu segundo piloto quando necessário. Sergio confessou sua perda de confiança a partir de Mônaco, sendo que até ali ele vinha desempenhando com méritos sua função de piloto da escuderia, ficando bem próximo do bicampeão holandês. Cabe à Red Bull oferecer as ferramentas e compreensão necessárias para que Perez volte a mostrar aquelas performances, mas também é preciso que o piloto colabore nesse objetivo. Sergio parece ter dado um passo importante na Hungria, mas é preciso mais, a fim de convencer novamente fãs e principalmente sua escuderia, de que ele merece estar lá. Ele estará tendo estas chances, e precisa aproveitá-las, mais do que nunca, se não quiser ser mais um da lista de “crucificados” da Red Bull, que não é pequena, e pode crescer ainda mais, se ele não colaborar...

 

Equipe Mercedes: a propalada “evolução” da versão revisada do modelo W14 parece ter se mostrado tão manhosa quanto a versão original do carro, apresentado no início da temporada. Ora o carro parece promissor, ora parece não levar a ficar mais perto da imbatível Red Bull de Max Verstappen. E, se parecia ainda dever performance para uma Aston Martin que se mantinha à frente graças ao talento e braço de Fernando Alonso, agora o problema é a McLaren, cuja evolução graças a um novo pacote de atualizações colocou o time de Woking como mais próximo desafiante do time dos energéticos, e capaz de bagunçar a relação de forças da “F-1 B”, que no momento vê uma queda da Aston Martin, e uma Ferrari ainda claudicante, que ameaça, mas não avança de fato. Tanto que o time já fala em se concentrar no projeto de 2024, que não deverá mais se basear nos conceitos equivocados desenvolvidos desde o ano passado, e adotar uma abordagem mais convencional, segundo James Alisson, que reassumiu a chefia do setor técnico do time alemão. Diante de mais uma temporada que já se dá por perdida, pode ser a escolha mais lógica a se fazer, uma vez que no ano passado, a insistência em entender o funcionamento do modelo W13, acreditando que era só questão de tempo até desenvolvê-lo adequadamente, fez com que a escuderia acreditasse ter resolvido seus problemas quando venceu no Brasil, o que foi uma mera ilusão do momento, e não um crescimento de fato da performance do carro alemão. Desse modo, só resta ao time confiar na capacidade de sua dupla de pilotos para se manter firme na luta pelo vice-campeonato, enquanto a Ferrari patina, a Aston Martin parece cair, e a renascida McLaren ainda está bem atrás na pontuação para ameaçar de fato na classificação do campeonato. Outro fator a justificar concentrar as atenções para a próxima temporada é o teto de gastos, que impossibilita que o time desenvolva adequadamente as correções necessárias no projeto do W14 sem que comprometer o limite do regulamento.

 

Equipe Envision: Parece que ainda não vai ser desta vez que a Envision vai chegar ao título na F-E, pelo menos, não no campeonato de pilotos. Com a atropelada que recebeu de Mith Evans na segunda prova de Roma, Nick Cassidy agora chega para a decisão como azarão na rodada final da temporada, em Londres. Tudo ainda é possível, mas com 24 pontos de desvantagem para Jake Dennis, a situação do piloto e da Envision é complicada. Não seria a primeira vez, embora em 2023 seja a melhor temporada da escuderia desde que a Formula-E passou a ser disputada, ainda com o nome de Virgin. Em alguns outros anos o time até entrou na briga, mas perdia fôlego na reta final, o que não aconteceu exatamente agora, embora a situação tenha ficado mais difícil por um fator externo. Se serve de consolo, o time poderá pelo menos levar o título de equipes, já que lidera a competição nesse quesito, com 253 pontos, contra 243 da Porsche. Curiosamente, o time sempre ficou no TOP-4 das temporadas da F-E, com exceção dos dois últimos certames, onde finalizou na 5ª posição. Parece que resolveram compensar este ano, e as chances até que são boas, de pelo menos, sair com a moral em alta, mesmo perdendo o título de pilotos. Na pior das hipóteses, ficará mais um ano na fila, mesmo tendo feito um serviço melhor como time cliente do que a própria escuderia oficial da marca de seu trem de força, a Jaguar. Ainda há esperança, mas é preciso combinar com os adversários, algo muito complicado de ocorrer, ainda que não impossível.

 

Audiência estagnada da F-1 na Band: Já vem de algumas corridas que o índice de audiência das provas transmitidas pela Bandeirantes tem deixado a emissora paulista apenas na 4ª colocação da audiência, perdendo para Globo, SBT, e até Record. Os motivos, claro, é pelo domínio de Max Verstappen, que há sete corridas vence todas as provas, sem que os concorrentes consigam oferecer alguma disputa, e melhor atratividade na competição, mesmo que, tirando o holandês, as brigas no restante do grid tenham se mantido em bons níveis, com Mercedes, Ferrari, Aston Martin, e agora McLaren, se digladiando pelo posto de segunda força do grid. De qualquer maneira, a F-1 ainda é um produto lucrativo para a emissora, que comercializou todos os pacotes de patrocínio, e tem garantida a transmissão das próximas duas temporadas. Mas obviamente que os índices de audiência atuais impactarão nos valores de patrocínio para a próxima temporada, o que pode comprometer o nível de qualidade que a emissora vem demonstrando desde que passou a veicular a competição, ainda superior ao que a Globo vinha apresentando, e com mais respeito ao telespectador, fatores que são importantes para a Liberty Media. Se as disputas melorarem, os índices também devem subir, embora os valores atuais também configurem que a audiência é mais qualificada, de fãs que curtem a categoria, não importa como ela esteja em termos de disputa.

 

GP da Hungria na F-1: Se a corrida da Hungria se caracteriza muitas vezes por ser monótona, devido ao traçado travado que dificulta as ultrapassagens, por outro lado, o GP ainda vai ter vida longa no calendário da competição, tendo acabado de renovar seu contrato, garantindo a presença de Hungaroring no calendário da F-1 até 2032, o que significa mais 9 anos de GP por lá, que é realizado ininterruptamente desde 1986, quando a corrida por si só conseguiu a proeza de “romper” a Cortina de Ferro, como eram chamados os países do bloco comunista sob a esfera da União Soviética. O público húngaro gostou da novidade “capitalista”, sendo que a primeira corrida teve um público de cerca de 200 mil pessoas em todo o fim de semana, números estrondosos para a época, e desde então, mesmo com o país deixando o legado comunista após a queda do Muro de Berlim, sempre esteve presente no calendário, ora apresentando boas provas, ora apresentando corridas pra lá de maçantes. A edição de 2023 não foi das mais inspiradas, já que mesmo após Max Verstappen garantir a liderança já na primeira curva, houve poucas disputas relevantes no restante do grid. Mas, a exemplo de Mônaco, a Hungria segue firme no grid, e vamos ver o travado circuito ainda sediar muitas corridas.

 

 

 

EM BAIXA:

 

Equipe Ferrari: A escuderia de Maranello parece vive numa gangorra na temporada de 2023 da F-1. Ora o time parece capaz de andar na frente, ora parece andar para trás. E não consegue achar uma direção que indique para onde vai na próxima corrida. Depois de uma apresentação mais razoável na Áustria, o time rosso ficou a ver navios na Inglaterra, e se poderia dar um troco na Hungria, esqueceram o dinheiro em Silverstone, pois em nenhum momento sua dupla de pilotos conseguiu se colocar em disputa pelas primeiras posições. Além da performance que parece não vir quando se precisa, erros de estratégia, e dos pilotos, parecem colocar tudo a perder. E, se antes a disputa era tentar alcançar a Aston Martin e a Mercedes, agora o dilema é se verem superados em performance pela McLaren, que conseguiu dar o salto de desempenho tão sonhado pelos italianos. Se sobra de consolo, a queda da Aston Martin pelo menos diminui parte do sofrimento ferrarista, mas isso não é o suficiente. Com os recursos que tem à disposição, é gritante ver como a Ferrari decaiu do ano passado, quando desafiou abertamente a Red Bull em parte da temporada, e agora mal consegue chegar perto do time dos energéticos, e ainda se vê numa briga com a Mercedes, que por sua vez ainda se vê enrolada com um carro remendado que não rende o que deveria, mas se mantém à frente da dupla rossa graças a seus pilotos, que tem se mostrado muito mais confiáveis na pista. Pegou mal também na Hungria os carros vermelhos perderem na classificação para os carros da Alfa Romeo, que vinham demonstrado desempenho pífio até agora no ano, o que coloca mais dúvidas sobre a condição do modelo SF-23. Quanto aos pilotos, boatos sobre mudanças da dupla ferrarista para outros times em futuro próximo só ajudam a indicar que o clima nos bastidores de Maranello não deve andar nada fácil, e como diz o ditado, onde há fumaça, há fogo... Resta saber se isso não vai significar outra crise incendiária no time italiano, tão comum em momentos de baixos resultados na história da escuderia...

 

Equipe Aston Martin: O time inglês sediado ao lado da pista de Silverstone parece ter atingido o seu limite na temporada 2023 da F-1. Uma das grandes surpresas da temporada, tendo se colocado como segunda força da competição, em especial pelos resultados obtidos por Fernando Alonso, a Aston Martin já poderia se considerar no lucro a performance obtida este ano, uma vez que pretendia obter tais resultados mais em 2024, mas se viu na sorte de chegar lá antes, ainda mais contando com um piloto aguerrido e capaz como Alonso, que voltou a mostrar do que é capaz com um carro competitivo, deixando Lance Stroll na sobra dentro da escuderia. Mas, a boa temporada da escuderia dependia de como ela conseguisse evoluir o modelo AMR23, e parece que isso se revelou o calcanhar de Aquiles da equipe, que depois de implantar novidades após o Canadá, não vem tendo o mesmo desempenho de antes, especialmente a partir de Silverstone, casa do time, onde a escuderia esteve longe de batalhar pelos primeiros lugares, como vinha conseguindo fazer na grande maioria das corridas até então. Um resultado que se repetiu na Hungria, pista completamente diferente de Silverstone, mostrando que a perda de desempenho não era algo relacionado às particularidades do circuito. Com a infeciência de Stroll, a Aston Martin já tinha ficado para trás em relação à Mercedes no campeonato de construtores, e agora, vê Lewis Hamilton chegando perigosamente perto de superar Fernando Alonso no campeonato de pilotos. Como desgraça pouca é bobagem, a Ferrari está ali por perto, pronta para superar o time na classificação de construtores, se a Aston Martin bobear, apesar de estar também se enrolando por si mesma. Se quiser recuperar o desempenho, e até manter uma boa base para a próxima temporada, a Aston Martin tem de saber efetuar o seu trabalho de desenvolvimento do carro com maior competência, ou pode se ver atropelada pelos rivais na segunda metade da temporada, o que nunca é bom para o moral de uma equipe e seus pilotos.

 

Equipe Alpine: O time francês, que vinha em um duelo particular com a McLaren na temporada, acabou atropelada pelo time inglês nas últimas duas provas. O azar foi duplo, onde não apenas o novo pacote de atualizações da escuderia de Woking fez a performance do carro dar um salto, deixando a escuderia da Renault para trás, como esta ainda viu seu desempenho despencar, sem mencionar que percalços de corrida também contribuíram para que o time ficasse zerado tanto em Silverstone quanto em Hungaroring, sendo que nesta última prova, sua dupla de pilotos acabou eliminada logo na largada, sem ter chance de fazer coisa alguma. Tanto Esteban Ocón quanto Pierre Gasly já cobravam uma resposta mais firme do time na evolução do carro, mas agora a necessidade tornou-se emergencial, em uma batalha que já se prevê como perdida, diante da escalada da McLaren em termos de performance, chegando a batalhar pelo pódio, enquanto o time francês aparece longe de conseguir providenciar o mesmo milagre. A situação só não é pior porque os demais times atrás na tabela podem até assustar, mas ainda estão longe de ameaçar a posição da Alpine na classificação de construtores. Mas, novamente, fica nítida a percepção de que mais uma vez, a escuderia francesa, que sempre promete deslanchar, fica novamente pelo caminho, incapaz de produzir um carro mais competitivo, e no caso deste ano, chegando a regredir em comparação com a temporada do ano passado, quando a escuderia promoveu evoluções agressivas, mesmo comprometendo a fiabilidade, visando ter melhores bases para a temporada deste ano, o que não ocorreu. A menos que a Alpine consiga um milagre de atualização igual ao concebido pela McLaren, será um ano muito abaixo das expectativas iniciais. Será que eles conseguem? Parece difícil, mas se a McLaren conseguiu, quem sabe...?

 

Nyck De Vries: O holandês, campeão da F-2 e da F-E, conseguiu apresentar uma excelente impressão no ano passado, quando chamado às pressas para substituir Alexander Albon no GP da Itália, conseguiu até pontuar com o carro da Williams, reconhecidamente pouco competitivo. Disputado por alguns times, a Red Bull venceu a parada, e o colocou para liderar seu time B, a Alpha Tauri, que estava perdendo Pierre Gasly para a Alpine. Parecia um bom negócio, diante do currículo de De Vries. Mas, novamente tendo produzido um carro pouco competitivo, o caldo começou a entornar para Nyck, que se viu batido frequentemente por Yuki Tsunoda, que nunca foi um piloto de encantar ninguém, e que conseguia, com muito esforço, pontuar, ou quase isso, com o carro problemático que tinha em mãos, enquanto o holandês nem isso conseguia. E aí, a impaciência de Helmut Marko, que parecia adormecida em tempos recentes, voltou com tudo, e De Vries já tinha data para ser defenestrado da equipe italiana, se não apresentasse meloras. Mas acabou acontecendo até antes do tempo, por uma conjugação de fatores que não ajudaram Nyck, que viu sua carreira na F-1 encerrada após 11 provas. A alegação de Marko, de que não via evolução no trabalho do holandês pode parecer exagerada, dado o pouco tempo na categoria máxima do automobilismo, para não falar de sua conhecida impaciência e tendência a “fritar” pilotos ao longo da última década no time dos energéticos, mas a reestreia de Daniel Ricciardo, mesmo com todos os problemas que o modelo AT-04 poderia oferecer, com o australiano superando Tsunoda tanto na classificação como na corrida, acabam jogando contra De Vries, e justificando sua substituição, que se fosse em um time menos impaciente, duraria pelo menos até o final da temporada. Agora De Vries junta-se a uma longa lista de pilotos que se deram mal na F-1, mesmo tendo brilhado em outras categorias, sendo apenas o último a sofrer disso, até o presente momento, mas que certamente veremos outros nomes no futuro...

 

Pascal Wehrlein: O piloto da equipe Porsche, que foi um dos favoritos ao título da temporada 2023 da Formula-E, chega à reta final do campeonato praticamente sem chances efetivas de conquistar a taça. Depois de um início de temporada meteórico, com pódios e vitórias, a campanha de Pascal minguou conforme o campeonato se desenvolvia, com os rivais, em especial os da Jaguar, dificultando a competição, e entrando também na briga, fosse com o time oficial, ou com seu time cliente (Envision). Com um problema crônico de aproveitar todo o potencial do carro nas classificações, Wehrlein teve de fazer corridas de recuperação na maioria das provas do ano, o que não era um problema inicialmente, quando o carro da Porsche apresentava uma performance mais destacada. Mas, com a concorrência se aprimorando, tornou-se mais difícil superar os rivais na pista largando lá de trás, de modo que, mesmo pontuando com frequência, a grande vantagem aberta no início do ano não apenas se esvaiu, como o piloto ficou para trás, caindo para a 4ª posição do campeonato, e com chances apenas matemáticas de conquistar o título, dependendo mais do azar dos rivais do que de si próprio. Mesmo uma reação do piloto, que venceu a primeira corrida em Jakarta, apenas adiou o inevitável, já que foi um resultado excepcional do momento, e não a tônica da campanha da temporada, marcada mais por resultados medianos do que por pódios e vitórias, cruciais para um pretendente ao título. Mas pior ainda é ver que o provável campeão será um piloto que usa o trem de força da Porsche (Jake Dennis, da Andretti), o que indica que o problema é mais do time do que do próprio piloto, haja visto que seu companheiro de equipe também não tem conseguido melhores resultados, o que não deixa de ser uma derrota para Pascal também, por não conseguir compensar a deficiência de seu time.