sexta-feira, 21 de julho de 2023

DISPUTA MAIS RESTRITA

Jake Dennis venceu a segunda corrida do ePrix de Roma, e comemorou no pódio, inclusive com a presença de Michael Andretti, que vê seu time ter a chance de ser campeão pela primeira vez na Formula-E.

            Faltando duas corridas para encerrar a temporada da Formula-E, a disputa pelo título se afunilou após a rodada dupla disputada em Roma, semana passada. Jake Dennis, da Andretti, foi o grande vencedor do fim de semana na capital italiana. Não apenas venceu a segunda corrida como ainda viu dois adversários na briga pelo título se enroscarem na prova e facilitarem sua vida na briga pelo caneco de campeão. E fez o pacote completo: fez a pole, liderou de ponta a ponta, e venceu, além de ter feito a volta mais rápida.

            Mith Evans, da Jaguar, era o grande azarão na classificação, mas contava com o bom retrospecto do ano passado para tentar virar o jogo, e entrar firme na disputa pelo título, O neozelandês da equipe Jaguar até que cumpriu bem o seu objetivo na primeira prova do fim de semana, fazendo a pole-position, marcando a volta mais rápida, e principalmente, vencendo a corrida. O resultado era crucial para diminuir a desvantagem para os rivais, e o primeiro passo havia sido dado. Pascal Wehrlein, da Porsche, foi apenas o 7º colocado, e Jake Dennis o 4º. O maior desafio foi que Nick Cassidy, da Envision, terminou em 2º, e mantinha ainda uma grande vantagem na liderança do campeonato, mas as esperanças permaneciam. Quem começava a ratear ali era justamente o piloto da Porsche, que precisava de uma resposta mais sólida à escalada dos rivais, e via o título ficar cada vez mais distante.

            Na segunda corrida, contudo, eis que Mith Evans colocou praticamente tudo a perder, ao provocar um acidente, e atingir Nick Cassidy. O piloto da Jaguar literalmente subiu por cima do carro da Envision do compatriota, após perder a freada em uma curva. Mith ainda tentou continuar na corrida, que já estava arruinada, voltando no fim do pelotão, mas seu carro havia sofrido danos, e ele precisou abandonar, de modo que sua saída da corrida também significou praticamente o fim das esperanças de chegar ao título da temporada. Nick Cassidy, por sua vez, até conseguiu se manter na corrida, já que seu carro sofreu poucos danos, mas suas chances de um bom resultado também foram para o brejo, com o piloto finalizando a prova em 14º, sem marcar pontos. Pascal Wehrlein, por sua vez, repetiu o desempenho mediano do sábado, terminando novamente em 7º lugar, e assim como Nick, dando também adeus às chances de vencer o campeonato de fato.

            Na prática, a briga agora fica restrita entre Jake Dennis e Nick Cassidy, com larga vantagem para o piloto britânico do time de Michael Andretti. Com 195 pontos, ele tem 24 de vantagem para Cassidy, com 171 pontos. Mith Evans tem 151, e Pascal Wehrlein, 150. Como a etapa final, em Londres, é uma rodada dupla, temos ainda 58 pontos em disputa, o que em tese ainda dá chances matemáticas tanto ao piloto da Jaguar quanto ao da Porsche. Mas, na realidade, a briga está mesmo apenas entre Dennis e Cassidy, pois seria preciso acontecer todo tipo de azar com eles para que Evans e Wehrlein tivessem chances efetivas de brigar pela taça. É verdade que tudo pode acontecer, mas não dá para se fiar apenas na possibilidade disso acontecer. E mesmo para Cassidy, a disputa já vai ser bem difícil.

            Até porque, embora não se possa prever quem será mais competitivo em Londres, Cassidy precisa partir para o ataque, enquanto Dennis pode jogar com alguma folga, marcando o adversário, e procurando evitar riscos desnecessários, de modo a garantir a conquista do título. Ainda mais se outros times e pilotos se mostrarem mais fortes no fim de semana londrino. E cuidado será essencial, até para se evitar um enrosco como o visto na segunda prova de Roma, justamente entre dois postulantes ao título, o que acabou por facilitar e muito a situação de Dennis.

            E, com o piloto inglês, a Andretti chega para a última etapa do campeonato pela primeira vez em condições de disputar o título, pelo menos, a título do campeonato de pilotos, algo que nunca conseguiu nem mesmo quando era time oficial da BMW. Agora, a situação é diferente, e por isso mesmo, ainda mais elogiosa para a escuderia dos Estados Unidos, pois é um time cliente, utilizando o trem de força da Porsche, e está perto de conquistar o título com um de seus pilotos, enquanto o time de fábrica da marca alemã vai ficar na fila, tendo como único consolo o fato de, no campeonato de equipes, ainda brigar pelo título de campeã. A Porsche tem 243 pontos, contra 253 da Envision, que lidera a competição. Aliás, este é outro ponto em comum entre os times que ainda seguem firme na briga pelo título de pilotos: elas estão melhores que os times oficiais de fábrica. A Envision usa o trem de força da Jaguar, que deve ficar novamente na fila, e no campeonato de equipes, também está perdendo para seu time cliente, neste caso, o contrário do que ocorre com a Porsche em relação à Andretti.

Do céu ao inferno: Mith Evans venceu a primeira corrida em Roma (acima) no sábado, mas no domingo, fez uma tremenda barbeiragem atingindo Nick Cassidy (abaixo), e abandonou a corrida e as chances de ser campeão da temporada 2023.


            No time oficial da marca britânica, a escuderia só foi engrenar de fato a partir da etapa do Brasil, onde obteve a primeira vitória com Evans, que repetiria a dose na primeira prova de Berlim, e começou a engrenar bons resultados que o levaram a ter a esperança de disputar o título. A Jaguar terá a lamentar o fato de ter ficado além do que poderia ter alcançado por culpa de seus pilotos, em especial Sam Bird, que em duas ocasiões provocou acidentes que levaram ao seu próprio abandono, mas levando também o companheiro de equipe Mith Evans, levando à perda de pontos que seriam muito importantes na luta pelo título. Como resultado, Bird não terá o seu contrato renovado com a escuderia, mais porque não teve resultados à altura não apenas neste ano, mas também no ano passado, do que pelos acidentes que provocou. Se o time teve isso a lamentar, infelizmente Mith Evans também teve seu erro, e ele ocorreu em um momento ainda mais crucial, domingo passado, quando perdeu o controle do carro e atropelou o rival Nick Cassidy, acabando com a corrida de ambos, e em especial com suas chances de título, talvez um erro ainda mais crítico, pela pressão que tinha de tentar se manter firme na briga, e onde quem quer vencer o campeonato praticamente perde o direito de errar.

            Jake Dennis, por sua vez, teve seu momento de baixa, quando ficou quatro provas zerado, onde não apenas teve azar como sofreu alguns erros. Mas conseguiu colocar as coisas nos eixos a partir da segunda prova de Berlim, e desde então, marcou presença fixa no pódio, com exceção da primeira corrida de Roma, mas compensando com a vitória no domingo. E o local da decisão, em Londres, por mais incerto que possa ser o panorama por lá, é um lugar querido por Jake, não apenas por ser em seu pais, mas porque ele venceu lá no ano passado. Se Mith Evans reprisou uma vitória em Roma, a exemplo de 2022, nada impede que Dennis faça o mesmo na Inglaterra, o que sacramentaria a conquista do título, caso vença a primeira corrida.

            Nick Cassidy, a exemplo de Evans, também começou um pouco devagar o ano, mas desde a etapa da Índia, veio para cima, conquistando três vitórias e vários pódios que o levaram até a liderar o campeonato. Mas sair zerado de Roma, infelizmente, significou um forte revés, que limita muito suas chances de inverter a situação e conquistar o título. Mas, a Pascal Wehrlein? A Porsche apresentou um pacote muito competitivo, mas o desempenho em classificações foi o calcanhar de Aquiles do time, assim como a evolução do desempenho dos rivais. Se antes, mesmo largando atrás, Pascal escalava o pelotão com facilidade para até vencer, conforme a temporada foi avançando, tal feito começou a ser muito mais difícil, pela melhoria dos outros times, de modo que as provas de recuperação passaram a não render como antes. Na melhor posição de largada da temporada, na primeira corrida de Jakarta, Wehrlein conseguiu ir para a briga sem delongas, conquistando sua terceira corrida na temporada, e voltando ao jogo com força total. Mas, infelizmente, nas últimas corridas, voltando a largar mais lá atrás, não conseguiu voltar a se impor como seria necessário para marcar terreno na briga pelo título.

Um forte acidente tirou seis carros da primeira corrida da F-E em Roma, mas felizmente ninguém se feriu, apesar da violência da batida.

            Dali para trás, na classificação do campeonato, ninguém pode incomodar na briga pelo título, mas tentarão buscar fechar o ano com a moral em alta, o que certamente poderá influir na briga nas duas provas finais. O favoritismo está com Jake Dennis, mas é prematuro antecipar o resultado, por mais que a sorte pareça estar a seu favor. Corridas e campeonatos só terminam na bandeira final, e na F-E, não se pode esquecer disso, mesmo nos momentos mais óbvios.

            Com relação aos brasileiros, a temporada tem sido uma grande decepção. A Mahindra não consegue sair da péssima performance, apesar dos esforços de Lucas Di Grassi, tanto que um de seus pilotos, Oliver Rowland, resolveu pular fora a meio do campeonato, vendo que dali não sairia nenhuma solução. Lucas deve permanecer na escuderia em 2024, e esperar-se que possa melhorar o seu equipamento. Já Sergio Sette Câmara, por sua vez, teve uma temporada mais de baixos do que de altos em seu novo time, a NIO, que hora parece ser razoavelmente competitiva, hora não sai da segunda metade do grid. Sergio não tem tido sorte em várias etapas, enquanto seu parceiro de time, Dan Ticktun, até tem se saído melhor. Apesar das dificuldades, tanto Lucas quanto Sergio esperam pelo menos encerrar o ano com um resultado mais razoável em Londres.

            A primeira temporada dos novos carros Gen3 pode ter começado um pouco claudicante, mas deverá terminar com mais um campeonato extremamente disputado, e com várias boas corridas que empolgaram firmemente o público, e isso é uma grande vitória para a categoria.

 

 

A F-1 inicia hoje os treinos oficiais para a etapa da Hungria, no já conhecido circuito de Hungaroring. Depois de duas provas realizadas em circuitos de alta velocidade, vamos para um dos mais travados circuitos do calendário, com poucos pontos de ultrapassagem. Enquanto Max Verstappen segue desgarrado na dianteira, e com chances amplas de vencer fácil mais uma vez, a concorrência atrás dele se acirra. Sergio Perez precisa reagir e mostrar que não está na Red Bull apenas por sorte, estando praticamente uma centena de pontos atrás do bicampeão holandês. O mexicano já acumula 5 provas sem ir ao Q3, e para quem tem o melhor carro da temporada, isso é inaceitável, tanto que já surgiram boatos de que Sergio poderia ser substituído por Daniel Ricciardo no próximo ano, por mais que a cúpula da Red Bull negue. Mas o australiano, que volta a ser titular neste final de semana, ocupando a vaga de Vyck De Vries na Alpha Tauri, tem a árdua tarefa de mostrar que ainda pode ser cotado para voltar ao time principal dos energéticos. Apesar de ter mostrado excelente desempenho no simulador da escuderia, e de ter feito tempos competitivos no teste de pneus da Pirelli semana passada em Silverstone, será o desempenho real na pista com o carro do time B que irá decidir as possibilidades futuras de Daniel. O carro é um dos piores do ano, e a Alpha Tauri é a última colocada no Campeonato de Construtores, com apenas 2 pontos conquistados por Yuki Tsunoda, que conseguiu deixar De Vries na sombra na disputa interna. E Ricciardo, ciente das dificuldades que terá com o modelo AT-04, terá como meta principal superar o piloto japonês, que nunca foi considerado um grande talento, e permanece ali mais pelo apoio da Honda do que por méritos próprios, apesar de ser se mostrado um piloto bem esforçado este ano. Mesmo que não seja possível marcar pontos, o importante é não ficar atrás de Tsunoda, tanto em classificação quanto em corrida. E do resultado desse embate poderemos ver se Ricciardo estará no grid em 2024, ou se a Red Bull irá dar chance a outro piloto, seja no seu time B, ou no principal, a curto prazo...

 

 

Na pista, depois de surpreender com excelentes atualizações no seu carro na última corrida, a McLaren não espera render tão bem em Hungaroring, justamente pela natureza contrária da pista, em comparação com Silverstone. A traçado travado da pista húngara deve voltar a expor os defeitos do carro de Woking, segundo Lando Norris, ainda que seu desempenho já deva ser melhor do que em relação ao início do ano. Mas a briga pelo posto de segunda força segue aberto. Enquanto a Red Bull traz atualizações que prometem ampliar sua performance, e deixar os adversários ainda mais para trás, Mercedes, Aston Martin e Ferrari devem continuar sua batalha atrás do time dos energéticos. A Ferrari melhorou em volta lançada, mas o ritmo de corrida, ainda mais com a conservação dos pneus, precisa ser aprimorado, se quiser avançar de fato na briga por melhores resultados. A Aston Martin decaiu nas últimas duas corridas, mas é preciso ver se não foi apenas a casualidade das pistas de alta, onde o modelo AMR23 não rendeu como se imaginava. E a Mercedes, por sua vez, depois de uma evolução nítida, pareceu ter empacado também nas últimas duas provas. A prova da Hungria tem largada para as 10:00 Hrs. neste domingo, com transmissão ao vivo pela TV Bandeirantes.

 

 

A Indycar disputa neste final de semana sua única rodada dupla na temporada 2023. É a prova de Iowa, penúltimo palco em circuito oval do ano. Apesar de não ter vencido em Toronto, Álex Palou, da Ganassi, segue firme na liderança do campeonato, com 90 pontos de vantagem para o segundo colocado, Scott Dixon. O destino do piloto espanhol para 2024 ainda é incerto. Apesar de garantirem que já há um pré-contrato assinado com a McLaren, caso conquiste o título, é bem possível que a Ganassi tente convencê-lo a ficar. Até porque o time de Chip vem demonstrando mais capacidade técnica que a McLaren, que mesmo tendo pilotos de qualidade, como Patrício O’Ward, não vem conseguindo desencantar no ano, ao passo que a Ganassi está na luta firme pelo título com Palou, e agora ainda tem Dixon como vice-líder. Como a ida de Daniel Ricciardo para a Alpha Tauri na F-1 deve inviabilizar seus planos de competir na F-1 a curto prazo, o mais provável é que Álex permaneça na Indycar, onde pelo menos tem um esquema de ponta, e pode disputar tanto vitórias quanto o título da competição, o que dificilmente conseguiria fazer na F-1. Ainda é cedo, contudo, para cravar a conquista do título do espanhol este ano, apesar de sua grande vantagem, e os concorrentes ainda podem aprontar, ainda mais por se tratar de uma pista oval curta, onde surpresas podem ocorrer. A corrida deste sábado tem largada às 16:00 Hrs., enquanto a prova de domingo começa às 15:00 Hrs., ambas com transmissão ao vivo pela TV Cultura, ESPN4, e Star+.

 

A pista oval de Iowa recebe duas provas da Indycar neste final de semana.

 

Ainda vetado pelos médicos para voltar à competição, Simon Pagenaud desfalca a Meyer Shank em Iowa, que terá novamente Conor Daly como companheiro de Hélio Castro Neves no fim de semana. Daly já havia substituído o francês em Mid-Ohio, e domingo passado, o segundo carro do time ficou com Tom Blomqvist. Diante do desempenho capenga da escuderia, não parece fazer muita diferença qual piloto defenderá o time, que vem tendo uma performance muito aquém no ano.

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