quarta-feira, 5 de julho de 2023

FLYING LAPS – JUNHO DE 2023

            E já estamos no mês de julho, iniciando a segunda metade do ano de 2023, que mais uma vez, como tantas vezes já mencionei, parece ter começado ontem, com o tempo parecendo continuar voando tão ou até mais rápido quanto os bólidos dos principais campeonatos do mundo da velocidade. Portanto, como é de praxe, todo início de mês é hora de mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns acontecimentos do mundo da velocidade ocorridos neste último mês de junho, com destaque para os andamentos da Stock Car e da Formula-E, e claro, um pouco da MotoGP, sempre com alguns comentários rápidos sobre os eventos citados. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início do próximo mês, já em agosto, avançando pelo segundo semestre deste ano...

Na visita da Stock Car à pista de Cascavel, no Paraná, Daniel Serra (Eurofarma) foi o vencedor da primeira corrida, tendo feito seu ataque decisivo na parte final da prova, superando Felipe Fraga (Blau Motorsport), que tinha largado na pole-position, e vinha comandando a corrida até então, tendo que se contentar com a segunda posição. Gabriel Casagrande (Mattheis Vogel) fechou o pódio, terminando em 3º lugar. Felipe Massa vinha para seu melhor resultado na temporada, quando um pneu furado acabou fazendo-o perder qualquer hipótese de pontuar, relegando-o à 23ª posição na classificação final. Quem também não teve o que comemorar foram Nelsinho Piquet e Tony Kanaan, que abandonaram a prova por problemas em seus carros.

 

 

Na segunda corrida do fim de semana, o triunfo acabou sendo de Dudu Barrichello (Full Time), que acertou na estratégia e garantiu sua primeira vitória na Stock Car, fazendo história para a família Barrichello, o que deixou seu pai, Rubens, extremamente feliz e orgulhoso do feito do filho. Rubinho, aliás, acabou abandonando a segunda corrida, onde teve problemas depois de ter sido acertado por Felipe Baptista, tendo um pneu furado, além de que pouco depois ele acabou se envolvendo em um acidente com outros pilotos quando perdeu o controle do carro. Outros pilotos que tiveram confusão e deixaram a corrida foram Sergio Jimenez, Nelsinho Piquet (mais um abandono) e Ricardo Zonta, entre outros, em uma corrida que foi bem agitada. Cacá Bueno (KTF Sports) fez uma grande corrida e fechou na 2ª colocação, enquanto Rafael Suzuki (Pole Motorsports) terminou em 3º lugar, completando o pódio. Vencedor da primeira corrida, Daniel Serra não teve muita sorte na segunda prova, terminando apenas em 17º lugar.

 

 

O grande vencedor da rodada dupla em Cascavel acabou sendo Gabriel Casagrande (Mattheis Vogel). O pódio na primeira prova, e mais um 5º lugar na segunda corrida levaram o piloto para a liderança do campeonato, com 135 pontos, passando à frente de Thiago Camilo (Ipiranga Racing), com 131 pontos. César Ramos, companheiro de equipe de Camilo, vem logo atrás, na 3ª colocação, com 115 pontos. Daniel Serra (Eurofarma), com a vitória na primeira corrida, ocupa agora a 4ª posição, com 102 pontos. Completando o TOP-5, temos o companheiro de equipe de Serra, Ricardo Maurício, com 86 pontos, empatado com Felipe Fraga (Blau Motorsport). Rubens Barrichello (Full Time), em um fim de semana de baixos resultados, é apenas o 7º, com 83 pontos. A próxima etapa do campeonato será em Interlagos, no dia 9 de julho. O circuito paulistano, aliás, completará a marca histórica de 150 corridas da Stock Car realizadas ali, desde que a categoria foi criada, há mais de 45 anos. Ricardo Maurício é o recordista de vitórias em Interlagos pela Stock, com 8 triunfos até aqui.

 

 

A Formula-E realizou sua prova na última corrida estreante da temporada 2023, no circuito de Portland, capital do Estado do Oregon, Estados Unidos, o mesmo utilizado pela Indycar, e Nick Cassidy (Envision) deu outro show de pilotagem, vencendo a prova, e colocando-se de novo como um dos favoritos na disputa pelo título. A pole-position da prova foi de Jake Dennis (Andretti), que fez uma corrida forte, mas acabou superado pelo rival, terminando em 2º lugar, mas assumindo a liderança do campeonato, por apenas 1 ponto sobre Cassidy, mostrando que a disputa do título segue renhida na categoria de carros monopostos elétricos. Quem acabou decepcionando foi Pascal Wehrlein, que mais uma vez largou lá atrás, e mesmo tendo de fazer uma corrida de recuperação, não foi além do 9º lugar, caindo para a 3ª posição na classificação, e correndo o risco de ficar como azarão na disputa pelo título, da qual era o grande favorito no início da temporada. E o problema não é apenas do carro da Porsche, mas do piloto em si, pois seu companheiro de time, Antonio Felix da Costa, chegou a liderar a corrida, e acabou terminando em 3º lugar, fechando o pódio. Logo atrás, em 4º lugar, ficou Mith Evans, que é o 4º colocado na classificação, e em teoria, o último dos candidatos ao título da temporada, precisando ir para o tudo ou nada nas etapas finais se quiser levantar a taça. O piloto neozelandês da equipe Jaguar tem 122 pontos, contra 138 de Wehrlein, enquanto Jake Dennis lidera com 154 pontos, e Cassidy tem 153. Ainda temos 4 corridas, com 116 pontos em jogo, de modo que a briga ainda está bem aberta entre os quatro pilotos, podendo até acontecer de mais alguém se intrometer na briga, mas é muito difícil que o título fique fora de alguém deste quarteto. Agora restam apenas as etapas de Roma e Londres para fechar a temporada 2023 da F-E, ambas em rodadas duplas, que serão disputadas neste mês de julho.

 

 

A corrida de Portland da F-e, aliás, foi alucinante. Correndo em um circuito misto permanente, com parte da pista sendo bem larga, a prova foi marcada pelo andamento parelho de boa parte do grid, em um bloco compacto como raramente se vê numa competição automobilística. Os carros chegavam a emparelhar em diversos pontos da pista, com destaque na reta dos boxes, que pela sua largura, chegou a ver até cinco carros lado a lado, antes da freada da primeira curva. Havia disputa entre todo o grid, e a prova contabilizou nada menos do que 403 mudanças de posição, um recorde que dificilmente será igualado ou superado nos tradicionais circuitos urbanos que o certame costuma utilizar preferencialmente para suas corridas. Havia tantas disputas que, em determinados momentos, era difícil apontar a posição de alguns competidores, e até mesmo a cronometragem da corrida parecia perdida em alguns momentos. Programada para 28 voltas, a corrida acabou tendo 32 voltas, uma vez que houve um período de Safety Car, decorrente da batida de Nico Muller, da ABT, que perdeu o controle do carro e saiu da pista, batendo no guard-rail. Houve algumas disputas mais acirradas na penúltima curva antes da reta dos boxes, com alguns pilotos escapando da pista, assim como na freada da primeira curva, mas nada de grave, o que foi um alento, diante de como os pilotos andavam todos juntos na pista, num espetáculo de competição de rara beleza, mas que tornou a corrida complicada para os pilotos, já que com todo mundo andando junto, e até lado a lado, era preciso cuidado redobrado para não bater em ninguém, o que ocorreu entre alguns pilotos, que felizmente não resultou em acidente, apenas em toques com leves danos nos carros. Para o público, foi um show impressionante, e Portland já está garantida na temporada 2024 da competição, tendo mostrado uma prova acima de todas as expectativas em termos de briga na pista. Nada mal para uma corrida que, a princípio, seria apenas um tapa-buraco na temporada deste ano, evitando que os Estados Unidos ficassem sem uma prova da competição...

 

 

Depois de enfrentar um verdadeiro calvário nas últimas corridas com a falta de competitividade da Mahindra, eis que Lucas di Grassi conseguiu voltar a pontuar na temporada 2023 da F-E. O piloto brasileiro fez uma classificação razoável em Portland, partindo da 13ª colocação, e conseguiu receber a bandeirada em 8º lugar, subindo para a 7ª posição devido a uma punição aplicada a Sam Bird, da Jaguar, que acabou tirando o inglês da zona de pontuação. Com isso, o brasileiro subiu para a 14ª colocação no campeonato, com 24 pontos, um resultado ainda bem modesto no ano, mas levantando uma pequena esperança de melhora no desempenho claudicante de seu time, que começa a ver seu time cliente, a ABT, parecer fazer mais progressos, já que sua dupla tem conseguido largar em posições melhores do que o brasileiro, e até conseguiu marcar alguns pontos nas últimas etapas, ainda que poucos. Na corrida, contudo, foi Lucas quem conseguiu se dar melhor, enquanto Robin Frijns, da ABT, classificou-se em 10º no resultado final. Mesmo assim, a temporada é desanimadora para a Mahindra, e muito mais para o piloto brasileiro, que viu o novo time que escolheu para defender acabar praticamente no fim do grid. Mesmo tirando leite de pedra e fazendo muitas recuperações nas corridas, marcar pontos tem se tornado uma missão extremamente difícil, e a meta é tentar terminar o ano com algum avanço que permita desenvolver melhor o equipamento para a próxima temporada.

 

 

Quem espantou um pouco a zica foi a Maserati. A marca italiana, em sua temporada de estréia no certame de carros monopostos elétricos, chegou com fortes expectativas depois de bons resultados na pré-temporada, mas estava tendo um azar dos diabos desde o início do campeonato, com problemas de todo tipo, incluindo seus pilotos, que pareciam estar em uma competição para ver quem errava mais. Bem, o panorama ruim parece ter começado a se dissipar com o pódio do 3º lugar de Maxximilian Gunther na primeira prova de Berlim, e de um 6º lugar do piloto na segunda corrida. Mas foi na rodada dupla em Jakarta, na Indonésia, que o time italiano finalmente mostrou a que veio, com uma pole-position de Gunther, que terminou mais uma vez no pódio, com outro 3º lugar. E coroando com mais uma pole-position na segunda corrida, agora com vitória de Maxximilian, levando a Maserati a sua primeira vitória na F-E. A boa maré da escuderia também foi partilhada por Edoardo Mortara, que terminou a primeira corrida em 6º lugar, e foi 4º na segunda, ajudando a catapultar o time para a 6ª colocação na temporada, com 95 pontos, deixando para trás a McLaren, outra estreante na competição, e ficando atrás apenas da Porsche, Envision, Jaguar, Andretti, e Penske. Gunther ainda marcou um 6º lugar me Portland, e assumiu a 7ª posição no campeonato, com 78 pontos, e Mortara, com resultados menos vistosos, é o 18º, com apenas 17 pontos, tendo sofrido outro abandono na etapa norte-americana. Mas, já é um belo alento, até porque outro time estreante, a McLaren, havia começado com bastante força, mas veio decaindo desde então, não conseguindo se impor como parecia, enquanto a equipe italiana vem subindo de produção, e pode se tornar uma das forças da próxima temporada, quando deve estar mais aprumada na competição.

 

 

Descontente com a situação atual da Honda na MotoGP, começaram a pipocar fofocas a respeito do destino de Marc Márquez na competição. O hexacampeão tem contrato com o time japonês até o fim de 2024, assinado ainda em 2020, e com uma pesada multa de rescisão, mas o mau desempenho da moto nipônica, aliado aos inúmeros tombos que levou no ano tentando obter melhores resultados estariam fazendo o piloto considerar uma troca de equipe, talvez já para 2024, encerrando prematuramente sua ligação com a Honda. Alguns boatos surgiram afirmando que Márquez teria se oferecido à KTM, algo que o piloto negou com veemência, alegando ser mentira, e até motivo de piada de um mecânico. Segundo o serviço de streaming DAZN, a KTM teria rejeitado a oferta do hexacampeão, por problemas de planejamento estratégico, embora a escuderia austríaca não tenha se pronunciado a respeito. Segundo Márquez, quando um piloto de ponta vai mal, logo começam a surgir boatos deste tipo, mas ele lembrou que tem contrato com a Honda, e pretende cumpri-lo integralmente. Bem, também é verdade que alguns boatos acabam virando verdade algum tempo depois. Só o tempo dirá se o casamento vitorioso da Honda com Marc Márquez, que rendeu 6 títulos mundiais na última década, acabará em divórcio prematuro. Já se cogita que a separação entre eles deve ser mesmo inevitável, caso a marca japonesa não consiga mostrar uma evolução satisfatória para a próxima temporada. Neste caso, Marc teria passe livre em 2025, a dúvida é onde ele conseguiria uma vaga competitiva à altura de seu currículo e de suas exigências...

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