quarta-feira, 31 de agosto de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - AGOSTO DE 2016



            Fim das férias da MotoGP e da F-1 no meio das temporadas, e várias outras categorias seguem firmes no mundo do esporte a motor, inclusive com algumas, como a Indy, já em sua reta final. E, como acontece sempre ao fim de cada mês, é novamente a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo mundo da velocidade ao redor do mundo nestas últimas semanas, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a tradicional avaliação do panorama deste mês que estamos deixando para trás, no velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem mais...




EM ALTA:

Equipe Penske na IRL: Roger Penske não poderia estar mais feliz em ver que seu time, no seu aniversário de 50 anos de fundação, deve garantir mais um título na Indycar. Simon Pagenaud venceu a prova de Mid-Ohio, e Will Power venceu as 500 Milhas de Pocono. Os dois pilotos estão com uma confortável dianteira sobre todos os concorrentes, e devem disputar entre si o título da categoria, a exemplo do que aconteceu em 2014, quando o mesmo Power foi o campeão, em cima de Hélio Castro Neves, outro piloto da Penske. A comemoração só não vai ser completa porque Juan Pablo Montoya vem fazendo um campeonato mediano, e está longe das primeiras colocações na classificação. Já Hélio Castro Neves vem batalhando para pelo menos terminar o campeonato na terceira colocação, já que até mesmo o vice-campeonato já ficou distante para o piloto brasileiro.

Lewis Hamilton: O piloto inglês caminha rumo ao tetracampeonato, e em Spa-Francorchamps, mesmo largando do fundo do grid, para pagar as punições pelo uso de novas unidades em seu motor e sistemas de recuperação de energia, fez uma corrida de recuperação ímpar e ainda contou com problemas ocorridos durante a prova para chegar ao pódio em 3° lugar e minimizar o prejuízo perante Nico Rosberg, que agora está 9 pontos atrás do atual tricampeão na classificação. Ainda tem muito chão pela frente, mas mesmo não vencendo, Hamilton foi o vencedor moral da prova belga, para azar de Rosberg, que esperava não ver seu companheiro de equipe tão bem no fim da corrida.

Marc Márquez: A “Formiga Atômica” continua sua jornada rumo ao tricampeonato na classe rainha do motociclismo. Vitimado por um tombo feio em um dos treinos na Áustria, o piloto da Honda contentou-se com um 5° lugar na corrida de Zeltweg, mas quem levou a vitória foi a Ducati, que fez uma dobradinha e impediu que a dupla da Yamaha descontasse muitos pontos de sua vantagem na classificação do campeonato. E, na corrida da República Tcheca, Marc voltou ao pódio, e para sua sorte, Jorge Lorenzo foi novamente um zero à esquerda em mais uma corrida disputada em piso molhado. Com o rival mais próximo zerado, Márquez nem se incomodou de ser “apenas” o 3° colocado, já que a vitória foi de Carl Crutchlow, com Valentino Rossi em 2°, conseguindo apenas tirar a vice-liderança de Lorenzo, mas estando a 53 pontos do piloto da Honda, que continuará na liderança da competição pelas próximas duas etapas mesmo que abandone ambas.

Daniel Ricciardo: Depois de levar uma chacoalhada de Max Verstappen desde que o jovem holandês estreou pela Red Bull no GP da Espanha, inclusive vencendo em sua estréia pela escuderia, o piloto australiano teve de se mexer, e engatou três corridas no pódio nas últimas três provas, com um 3° lugar e dois 2°s, tratando de mostrar que o novo garoto sensação da F-1 pode ser realmente uma sensação, mas que ele não está morto e muito menos enterrado. Sem cometer erros ou se envolver em confusões na pista, Ricciardo já é o terceiro colocado no Mundial de pilotos, tendo deixado a dupla da Ferrari bem para trás, e aberto vantagem sobre seu novo parceiro de equipe, a quem muitos já apostavam que iria superar Daniel em poucas corridas. Não fosse o domínio esmagador da Mercedes, Daniel poderia muito bem ser um dos pretendentes ao título, e ele vem sendo o “melhor do resto” na categoria máxima do automobilismo, e mostrando que o jovem e atrevido Max vai ter de comer muito feijão ainda se quiser cantar de galo no terreiro dos energéticos...

Josef Newgarden: O piloto da equipe de Ed Carpenter é uma das sensações do campeonato 2016 da IRL, a ponto de seu nome ser considerado para várias equipes de maior potencial. O piloto americano venceu a etapa de Iowa, e é o 5° colocado na classificação do campeonato, estando inclusive à frente de vários pilotos de reconhecida capacidade como Scott Dixon, Ryan Hunter-Ray, e Graham Rahal. E as últimas conversas falam que ele poderá integrar a equipe Penske em 2017, muito provavelmente no lugar do colombiano Juan Pablo Montoya, que não vem tendo um ano muito positivo na escuderia de Roger Penske. E vale lembrar que dois anos atrás, o velho Roger bateu o olho no francês Simon Pagenaud, e ele está liderando a competição, e é um dos favoritos ao título. Para Newgarden, a chance de pilotar para o maior time da categoria não pode ser desperdiçada. A única dúvida é quem perderá seu lugar na Penske... Se bem que a resposta não está sendo muito difícil de ser especulada...



NA MESMA:

Nico Rosberg: O piloto alemão teve a chance de aproveitar a punição por trocas de peças na unidade de potência do carro de Lewis Hamilton, e fez o que dele se esperava no GP da Bélgica, marcando a pole-position, e vencendo a corrida após liderar praticamente de ponta a ponta a corrida. Mas a boa prova de Hamilton foi uma ducha de água fria para Nico, que não conseguiu recuperar a liderança do campeonato, estando agora a 9 pontos do piloto inglês, que contando com novas peças e unidades de motor, certamente vai tentar continuar na liderança da competição e marcar o seu 4° título. Ainda tem muito chão pela frente, e Rosberg vai precisar se desdobrar para virar o favoritismo novamente a seu favor. O problema é combinar isso com Hamilton...

Equipe bagunçada: A Ferrari perdeu a disputa com a Red Bull nas últimas corridas, e nem mesmo a pista de alta velocidade de Spa-Francorchamps foi capaz de dar um alento ao time de Maranello, que novamente acabou superada na pista pelo time dos energéticos. Só que parte dessa derrota acabou ocasionada por Sebastian Vettel, que na largada espremeu novamente Kimi Raikkonen, agora na curva La Source, no momento em que Max Verstappen também tentava superar a dupla ferrarista. Com carros demais para pista de menos, os três se tocaram, ocasionando danos nos bicos de Verstappen e Raikkonen, que também teve um pneu furado, além de Vettel ter rodado e caído para as últimas posições. Com isso, o time italiano acabou perdendo uma boa oportunidade de melhores resultados, já que sua dupla de pilotos precisou fazer corridas de recuperação. Vettel ainda salvou um 6° lugar, mas tinha chance de chegar à frente da dupla da Force India. Raikkonen se estranhou na pista com Verstappen, que ajudou a complicar a corrida do finlandês, que acabou com um irrisório 9° lugar, frustrado com o ocorrido na prova. E, como desgraça pouca é bobagem, Sergio Marchionne está novamente cobrando melhores resultados da escuderia, já que a próxima prova é justamente em Monza, na Itália, e a torcida irá cobrar o time mais do que nunca. Se eles não se embanarem sozinhos no fim de semana, até podem fazer bonito, porque a concorrência não vai perdoar novas falhas do time rosso.

Equipe Sauber: OK, o time suíço tem um novo proprietário, que está pagando as contas, e a escuderia até conseguiu levar atualizações para seu carro na corrida da Bélgica. O desempenho até melhorou, mas os problemas continuam para os pilotos da escuderia de Hinwill. Marcus Ericsson teve que fazer mudanças no carro, e com isso largou dos boxes, enquanto Felipe Nasr enfrentou problemas com a fiabilidade, e não conseguiu nada mais do que chegar em último lugar na pista, devido a um pneu furado, em 17°. Ericsson, por sua vez, não conseguiu nada melhor, abandonando a prova devido a problemas no câmbio. E, claro, a Sauber perdeu novamente o duelo para a equipe Manor. Conseguir pontuar vai continuar sendo bem complicado, e a Sauber deve ter o seu pior ano desde que estreou na F-1. Restará esperar por dias melhores apenas em 2017, porque este ano já está perdido por completo...

Parceria McLaren/Honda: O time inglês vem fazendo progressos em seu chassi, assim como a Honda bem apresentando um melhor desempenho de sua unidade de potência. Mas resultados mais concretos só deverão ser vistos mesmo em 2017. Na Bélgica, os japoneses usaram novas fichas no desenvolvimento do motor, mas Fernando Alonso ficou pelo meio do caminho nos treinos com mais uma quebra, precisando trocar componentes novamente e largando em último. O ponto positivo é que, num circuito onde a potência era mais necessária do que nunca, Jenson Button conseguiu chegar ao Q3, largando em 9° lugar, e Fernando Alonso, mesmo saindo em último, andou forte o tempo todo, perdendo posições só na parte final da prova, caindo da 5ª para a 7ª posição. Mesmo assim, o desempenho em corrida precisa melhorar: Alonso fez apenas a 15ª melhor volta da corrida, o que demonstra que voltar a disputar posições na frente ainda está um pouco distante. Mas pelo menos o time inglês volta a vislumbrar dias melhores no horizonte próximo.

Max Verstappen: O intrépido piloto holandês mostrou que está disposto a peitar meio mundo e mais um pouco para mostrar que é a bola da vez na F-1. E, em que pese ninguém negar seu talento e velocidade, Max vem se caracterizando também por seu atrevimento, talvez excessivo para tão pouco tempo na categoria máxima do automobilismo. Na etapa da Bélgica, o piloto da Red Bull deu uma ziguezagueada brusca quando se defendia de Kimi Raikkonen, a ponto do finlandês sair da pista para evitar uma batida. Ao saber das críticas do piloto da Ferrari, Verstappen simplesmente disse que o problema era dele (Raikkonen), se não havia gostado do que ele fez. Continuando com essa postura, da próxima vez que for dividir uma freada, o jogo vai ser ainda mais duro, e cada vez menos pilotos vão aliviar para o holandês nessa hora. Ou ele aprende a ter um pouco mais de polidez e respeito, ou seu estilo arrojado pode causar alguma encrenca num futuro bem próximo. E ser um pouco mais calmo e polido na pista não significa deixar de ser lento... Só precisa mesmo é deixar de ser meio kamikaze...



EM BAIXA:

Equipe Williams: O time do velho Frank viveu bons momentos nas duas últimas temporadas, mas este ano, está fazendo o temido caminho inverso, vendo seus rivais melhorarem, e eles ficarem parados. É o que seu viu no retorno da F-1 após as férias de agosto, onde a escuderia britânica levou um baile de sua adversária mais direta, a Force India, que marcou bons pontos em Spa-Francorchamps e assumiu a 4ª colocação no campeonato de construtores. Ocupando a 5ª colocação agora, seria exagero dizer que o time de Frank pode cair mais na competição, até porque quem está atrás é a McLaren, com menos da metade dos pontos da Williams. Mas, do jeito que as coisas estão andando, os mais pessimistas já apontam que a escuderia de Woking termina o ano à frente da casa de Grove...

Kevin Magnussen: O piloto dinamarquês não vem fazendo uma temporada de encher os olhos na equipe Renault este ano, e tanto ele quanto Jolyon Palmer podem muito bem engrossar a lista dos desempregados da F-1 para 2017. Para complicar a situação, o piloto ainda bateu forte em Spa, na saída da temida curva Eau Rouge, e até onde parece, por erro do próprio piloto. O piloto parece vir tendo azar nos últimos tempos, e nesse acidente ele teve até sorte de não se machucar quase, uma vez que seu carro ficou praticamente destruído na pancada. Mas não vai ajudá-lo a garantir melhores esperanças de permanecer no time francês na próxima temporada. E, para piorar a situação, lugares mais promissores estão sendo muito disputados a esta altura do campeonato para 2017...

Bruno Senna: O piloto brasileiro acabou rifado pela equipe Mahindra para a próxima temporada da F-E, que começa em outubro, em Hong Kong. Para o seu lugar, o time contratou o sueco Felix Rosenqvist para ser o parceiro do alemão Nick Heidfeld no campeonato de carros elétricos monopostos. As opções de Bruno agora é seguir no Mundial de Endurance, na categoria LMP2, mas para 2017, não há nada garantido. Bruno chegou a afirmar que a Indycar poderia ser uma opção, mas sem disputar as provas em pistas ovais, o que certamente irá jogar contra suas pretensões de conseguir um bom lugar na categoria americana.

Jorge Lorenzo na chuva: Depois de ter duas atuações pífias em corridas disputadas com chuva na temporada antes das férias de meio da temporada, bastou chover de novo, agora na etapa da República Tcheca, para o atual campeão da MotoGP novamente sumir da disputa pelos primeiros lugares. Definitivamente, Lorenzo e São Pedro não estão mais se entendendo ultimamente, e no circuito de Brno, o piloto espanhol da Yamaha terminou a corrida na última colocação entre os que cruzaram a linha de chegada. Como consequência, Lorenzo não apenas viu Marc Márquez distanciar-se ainda mais na liderança do campeonato, como ainda viu sua vice-liderança ser tomada por Valentino Rossi, que foi o 2° colocado na etapa. Se a moda pega, Márquez e Rossi vão reservar hora nos fins de semana dos GPs para fazerem sua sessão de dança da chuva...

Um carro a menos na Rebellion: A divisão LMP1 do Mundial de Endurance ficou com um carro a menos na competição para o restante da temporada. A equipe Rebellion, justificando concentrar recursos para desenvolver o projeto de competição para a temporada de 2017, onde haverá mudança de regulamento, retirou o carro N° 12 do campeonato, e seguirá no restante do ano apenas com o carro N° 13, pilotado pelo trio Dominik Kraihamer, Alexandre Imperatori e Matheo Tuscher. A escuderia também justificou que é uma forma de tentar superar a Bykolles na classificação da categoria LMP1 do Mundial de Endurance, concentrando seus recursos de desenvolvimento em apenas um bólido. Com isso, Nicolas Prost e Nick Heidfeld ficam a pé no WECem 2016. E um carro a menos é sempre ruim em qualquer categoria de competição.