quarta-feira, 4 de agosto de 2021

FLYING LAPS – JULHO DE 2021

            E já estamos no mês de agosto, seguindo firme pela segunda metade do ano de 2021, ainda aos trancos e barrancos, com os percalços da pandemia ainda varrendo boa parte do mundo, e complicando nossas vidas em muitos aspectos, mas com a esperança de dias melhores com a vacinação seguindo em frente em muitos lugares, inclusive aqui no Brasil, apesar de todos os pesares que estamos passando. E o mundo da velocidade segue em frente, com o andamento de seus campeonatos aqui e ali, com alguns deles, como o da MotoGP e da Indycar tendo uma pequena pausa de meio de ano, mas prontos para retomarem as atividades muito em breve. E já que estamos no início de um novo mês, é hora de mais uma costumeira sessão Flying Laps, reportando alguns acontecimentos do mundo do esporte a motor mundial ocorridos neste último mês de julho, sempre com alguns comentários rápidos a respeito, desta vez com mais enfoque no campeonato da F-E, que se encerra neste mês de agosto. Portanto, novamente desejo uma boa leitura a todos, e espero vocês por aqui na próxima sessão Flying Laps no mês de setembro...

 

Maximilian Guenther faturou a vitória na primeira corrida da rodada dupla de Nova Iorque da Formula-E. O piloto da equipe BMW Andretti se aproveitou de um enrosco nos momentos finais da prova entre Jean-Éric Vergne e Nick Cassidy para assumir a primeira posição, e seguir firme até a bandeirada de chegada. Cassidy, que liderava a corrida até então, acabou caindo para a 4ª posição, possibilitando ao brasileiro Lucas Di Grassi subir para a 3ª posição, enquanto Vergne conseguiu manter a 2ª colocação. Cassidy havia largado na pole-position, e desde o início sempre foi acossado por Vergne, que largara na primeira fila, em 2º lugar. Foi o 2º triunfo do time de Michael Andretti na atual temporada da F-E, com Jake Dennis tendo vencido uma das provas na pista e Valência, na Espanha. Sérgio Sette Câmara teve mais um dia para esquecer, levando uma punição por seu carro estar com o mapa de aceleração de seu carro irregular, derrubando-o para o fim do pelotão, onde acabou recebendo a bandeirada de chegada em último lugar.

 

 

Na segunda corrida da F-E em Nova Iorque, Sam Bird foi a grande estrela, com o piloto da Jaguar largando na pole-position, e praticamente dominando a prova de ponta a ponta, apesar de alguns duelos com seu companheiro de equipe Mith Evans, que largara em 2º lugar e acabou perdendo a disputa, sendo que no final da corrida acabou perdendo várias posições depois de um toque no muro, terminando apenas em 13º lugar. Lucas Di Grassi, na disputa por posições para avançar na corrida, acabou tocando no carro de Sébastien Buemi, e por causa disso, tomou uma punição de 10s, fazendo com que o piloto brasileiro fosse apenas o 14º colocado. Quem também não teve motivos para comemorar foi Sérgio Sette Câmara, que largou bem, na 5ª posição, porém foi perdendo rendimento durante a corrida, tendo finalizado em 11º lugar, fora da zona de pontos. Nick Cassidy desta vez não deixou o pódio escapar, terminando a corrida em 2º lugar, enquanto Antonio Felix da Costa fechou o pódio com a 3ª posição. Depois de subir ao pódio em 2º lugar na primeira corrida, Jean-Éric Vergne ficou fora de combate na segunda prova, tendo de abandonar logo no início com problemas no seu carro, que ficou parado no grid de largada. Maximilian Guenther, que vencera a primeira prova, foi apenas o 10º colocado nesta segunda corrida. E se teve um time que passou completamente zerado nas duas corridas da “Big Apple” foi a Mercedes: Nick De Vries e Stoffel Vandoorne terminaram fora dos pontos.

 

 

Depois de alguns anos, a F-E retornou a Londres, para disputar mais uma rodada dupla, e o grande destaque foi o novo local da corrida, ocupando o Excel Centre, um pavilhão de exposições na capital britânica, com parte do traçado montado dentro do pavilhão, e o resto do lado de fora. Lembrando uma pista de kart indoor tamanho família, os pilotos foram unânimes em dizer que o circuito não seria favorável às ultrapassagens, pedindo por mudanças no traçado para a prova em 2022. E, de fato, apesar da idéia ter sido interessante, e do traçado, pelo menos no papel, parecer viável, as corridas ficaram marcadas pelas confusões resultantes nas ultrapassagens, com poucas disputas ocorrendo sem que houvessem toques ou enroscos entre os competidores. Na primeira corrida do fim de semana, Alex Lynn largou na pole-position, com Jake Dennis logo atrás. Mas o piloto da BMW Andretti conseguiu fazer bom uso do moto ataque para superar o rival da Mahindra, e uma vez na liderança, foi-se embora, garantindo uma vantagem folgada que Lynn não conseguiria mais tirar. Pior, Alex acabou sucumbindo na disputa com Nick De Vries, que com uma corrida combativa, parecia ter uma receita exclusiva de ultrapassagens no circuito, tendo largado em 9º lugar para finalizar em 2º. Enquanto não conseguia avançar mais à frente, tendo largado em 7º, e terminado apenas em 6º, Lucas Di Grassi viu seu companheiro de equipe René Rast sair em 13º para terminar numa satisfatória 5ª posição. Sérgio Sette Câmara, por outro lado, viu outra excelente classificação com o 4º lugar no grid virar fumaça no domingo, enfrentando problemas no carro, e despencando para trás durante toda a corrida, que finalizou apenas em 17º lugar. E a Nissan e.dams viu sua dupla de pilotos acabar sendo desclassificada por ter usado mais energia que o permitido durante a corrida. Quem também zerou foi a Jaguar, com Sam Bird a abandonar a corrida logo no início, e Mith Evans ter ficado fora da zona de pontos.

 

 

A segunda corrida da rodada dupla da F-E em Londres teve o brasileiro Lucas Di Grassi, da equipe Audi, como principal destaque, mas não de forma positiva. O brasileiro e sua equipe tentaram uma manobra que, apesar de não ser exatamente proibida, era tremendamente desleal: em um momento onde a corrida estava com o Safety Car na pista, Lucas, então 6º colocado, aproveitando que o ritmo atrás do carro de segurança era muito lento, entrou nos boxes, com a Audi argumentando que seria para investigar um possível pneu furado. Mas Di Grassi tão logo parou, já retornou à pista, mas como o limite de velocidade no pit lane era superior ao ritmo na pista sob o Safety Car, o brasileiro voltou ao traçado praticamente na frente, tornando-se o novo líder da corrida. E lá ficou, tão logo a prova foi reiniciada. Mas, manobra tão descarada logo ficou na mira da direção de prova, que certamente não iria deixar isso passar batido daquela maneira. E veio o comunicado, com a punição de um drive through para Lucas. Mas a Audi não informou seu piloto sobre a punição, tentando argumentar que a parada no box seguiu as regras, só que, para ser bem exato, o brasileiro não parou o seu carro completamente no pit lane na posição que deveria, de modo que sua parada no local não foi total. Isso deu a brecha para a punição ao piloto brasileiro, apesar da equipe alegar que, com o piso do lugar, o carro teria escorregado lentamente, o que justificaria sua parada não ter sido total. Bem, a FIA não engoliu a desculpa, e na pista, Di Grassi seguiu firme liderando a corrida, e recebendo a bandeirada na frente de Alex Lynn, da Mahindra. Mas, por não ter cumprido a punição do drive through, Lucas acabou punido com a adição de 20s ao seu tempo de corrida inicialmente, derrubando-o para o 8º lugar, e coroando Lynn o vencedor da prova, tendo Nick de Vries da Mercedes terminando em 2º lugar, e Mith Evans, da Jaguar, fechando o pódio. Mas a situação envolvendo Di Grassi e a equipe Audi ainda não havia terminado: havia a possibilidade de desclassificação do piloto, e isso veio se confirmar algumas horas depois. Allan McNish, chefe de equipe da Audi, confessou que a manobra foi feita para o brasileiro ganhar posições, e que a passagem pelo box não era proibida pelo regulamento. A equipe e o piloto acabaram multados pela FIA, e isso deixa uma bela mancha na reputação tanto da Audi quanto de Di Grassi, pela tentativa de ganhar posições de forma irregular. A FIA e a direção da F-E devem modificar as regras do regulamento que deram essa brecha a fim de evitar que tal situação ocorra novamente. E é importante frisar um detalhe curioso: normalmente os trechos de pit lane costumam ser mais extensos que o trecho de pista logo em frente. No caso da F-E, seus circuitos montados em áreas urbanas geralmente costumam ter áreas de pit lane muito extensas em relação à pista onde estão, de modo que tal procedimento nunca seria viável, já que, mesmo com velocidade limite maior eventualmente do que a velocidade na pista atrás do Safety Car, por ser o trecho no box mais longo, não haveria como ganhar posições assim. A manobra em Londres só foi possível porque o circuito montado no Excel Centre tinha a particularidade do setor de box ser praticamente rente à pista, com uma extensão praticamente igual, de modo que a velocidade maior no pit lane realmente trazia um ganho em relação aos carros na pista atrás do carro de segurança. E o fato desse pit lane ser praticamente igual em tamanho em relação à pista é porque não havia espaço para dar um traçado diferente e mais longo dentro do pavilhão. Foi um dia ruim para a Audi e seus pilotos, já que René Rast, voltas antes, havia se estranhado com Sébastien Buemi, com os dois pilotos tocando seus carros, e levando Rast a abandonar a prova. Mas Rast sai ileso dos acontecimentos do fim de semana, depois desta manobra pouco esportiva por parte da Audi, com complacência de Lucas Di Grassi, que talvez pudesse ter evitado sair queimado do episódio se a equipe o tivesse comunicado a respeito do drive through, e que cumprindo a punição, ao menos evitaria o vexame de ser desclassificado, como ocorreu depois. Para a Audi, que deixa a F-E após a rodada dupla de Berlim, que encerra a atual temporada da categoria de carros elétricos, pode ser que tal mancha não interfira muito com os projetos da montadora alemã, mas Di Grassi, que ainda quer permanecer na competição, ter participado deste tipo de manobra pouco esportiva pode acabar com suas chances de obter um lugar em outro time par seguir na F-E em 2022. E, até o presente momento, Di Grassi não tem lugar para ficar na F-E 2022...

 

 

Com o resultado da segunda prova em Londres, Nick de Vries assumiu a liderança do campeonato da F-E, com 95 pontos. Robin Frijns, com o 4º lugar, foi para a vice-liderança, com 89 pontos. Sam Bird, que chegara a seu país na liderança da competição, caiu para a 3ª posição, mantendo seus 81 pontos, empatado com Jake Dennis. Antonio Felix da Costa poderia estar melhor do que a 5ª posição e seus 80 pontos, mas o português acabou prensado no muro por Andre Lotterer quando tentava ultrapassar o piloto da Porsche, tendo de abandonar a corrida. Com a vitória, Alex Lynn passou a ocupar a 6ª colocação, com 78 pontos. Entre os brasileiros, Lucas Di Grassi é o 14º, com 62 pontos. Sérgio Sette Câmara conseguiu finalmente voltar a marcar pontos, com um 8º lugar, e é apenas o 22º colocado, com 16 pontos. Resta agora apenas a rodada dupla em Berlim para fechar a temporada de 2021, no circuito montado dentro do antigo aeroporto de Tempelhof. As corridas na capital alemã, aliás, voltarão a usar o diferencial de cada uma das corridas ser disputada em um sentido da pista, com a segunda corrida sendo realizada no sentido inverso, de forma a diferenciar as provas, e proporcionar mudanças na disputa entre os times e pilotos. Serão 58 pontos em jogo, sendo 50 pela vitória, seis pelas pole-positions, e mais dois pontos pelas melhores voltas, se o piloto terminar dentro dos 10 primeiros colocados.

 

 

Hélio Castro Neves acertou o seu retorno integral à Indycar para 2022. A Meyer Shank firmou contrato com o piloto brasileiro para correr toda a temporada do próximo ano como titular da escuderia, onde estreou este ano com uma vitória espetacular nas 500 Milhas de Indianápolis. O acordo para este ano previa disputar 6 provas, e Hélio estará de volta à competição já na próxima corrida, em Nashville, e indo junto com a escuderia até o encerramento da temporada, em Long Beach, com exceção da corrida em Gateway. A Meyer Shank está se estruturando para correr a temporada de 2022 com dois carros em tempo integral, mas o time não terá seu atual piloto Jack Harvey no próximo ano, uma vez que o contrato não foi renovado. E o Brasil terá representantes no grid em todo o restante da atual temporada, já que em Gateway, última pista em oval do ano, teremos a presença de Tony Kanaan e de Pietro Fittipaldi, competindo respectivamente pelas equipes Ganassi e Dale Coyne. Para 2022, não se sabe se algum dos dois irá disputar alguma corrida até o presente momento, mas é bom ver que depois de dois anos com presenças apenas pontuais dos pilotos brasileiros, a Indycar voltará a ter um de nossos representantes competindo em todo o campeonato com Hélio Castro Neves, que mostra que ainda tem muita gasolina para queimar, antes de pensar em pendurar o capacete...

 

 

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