sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

AÇÃO SEM NOÇÃO

Bernie Ecclestone e Carlos Reutemann foram um dos assuntos mais discutidos entre os fãs da F-1 na Argentina nos últimos dias, com as filhas do ex-piloto agora querendo reverter a decisão do título da temporada 1981, numa ação inverossímel baseada em apenas um depoimento esquisito do ex-chefão da categoria máxima do automobilismo.

            É incrível como algumas coisas criam polêmica por pouca coisa no mundo atual. Uma tendência que, infelizmente, parece estar virando uma praga, por alguns assuntos serem completamente sem pé nem cabeça, em termos da repercussão gerada, enquanto outros assuntos, mais proeminentes e objetivos, além de realmente importantes, muitas vezes passam batidos, e são até vilipendiados, como se fossem frescura besta.

            Um destes assuntos, por incrível que pareça, agora vem das filhas do ex-piloto argentino Carlos Reutemann, que iniciaram um esforço para tornar seu pai, falecido em 2021, ser reconhecido como o verdadeiro campeão da temporada de 1981 da Fórmula 1, onde terminou como vice-campeão, perdendo o título para o brasileiro Nélson Piquet por apenas 1 ponto de diferença.

            O estopim da polêmica veio após Bernie Ecclestone, ex-mandatário da F-1, e que à época era proprietário da equipe Brabham, time do piloto brasileiro, e também presidente da FOCA, a Associação de Construtores da Fórmula 1, ter declarado em uma série recente sobre sua vida que favoreceu o piloto de seu time em um caso envolvendo um massagista na corrida de Cesar’s Palace, nos Estados Unidos, que definiu o título naquela temporada. O que deveria ser uma simples declaração repercutiu como uma bomba no país vizinho, gerando revolta em muitos torcedores da F-1, e motivando a declaração das filhas do ex-piloto argentino, especialmente Cora, que afirmou que sua iniciativa é “uma luta pela verdade”, e uma reparação a uma injustiça histórica, ao anunciar que a derrota naquele campeonato machucou seu pai até o fim de seus dias. Além de dizer que sabia da história do massagista, ela ainda declarou que a Brabham era um carro irregular, utilizando um recurso de maximização do efeito-solo proibido pelo regulamento.

            A afirmação de que o título de Reutemann teria sido, assim, “roubado” do piloto argentino, por conta de ilegalidades no carro da Brabham, além de uma obscura acusação de favorecimento por parte de suborno de um massagista, foi veiculada pelos principais canais de notícias da Argentina, e inflamou a ira de muitos torcedores, que obviamente manifestam apoio à iniciativa das filhas de Reutemann. Mas, isso é mesmo o que ocorreu de fato? E ainda pedir que se mude um título decidido há mais de 40 anos atrás? Ou, mesmo sem mudar, alterar a posição do ex-piloto, de vice-campeão, para “campeão moral”, como insinuaria ser o objetivo mais “possível” de ser alcançado, alegando uma reparação histórica obrigatória para com seu pai e com o esporte, ainda que nem tenha dito como faria isso acontecer? Cora também afirma que seu pai era muito superior como piloto a Alan Jones, de forma que tinha pleno direito de reinvindicar primazia do time para si, ainda que seu contrato com a Williams estipulasse o australiano como primeiro piloto.

            Parece-me mais um caso de reação completamente sem noção, e um inconformismo histórico, isso sim, e nada mais. Ecclestone, de um instante para o outro, teria maculado toda a temporada de 1981 da F-1, fosse com o suposto suborno do massagista, ou com as alegações de que o carro da Brabham correu de forma ilegal naquele ano. Por essa ótica, Reutemann teria tido uma competição completamente desleal contra Piquet, por conta de trapaças perpetradas pela equipe Brabham e também por Ecclestone, que além do malfadado caso do massagista, ainda teria obrigado a Williams a trocar de fornecedor de pneus durante o meio da temporada, com o propósito óbvio de sabotar a escuderia de Frank Williams, e favorecer seu time na luta pelo título.

Carlos Reutemann abriu grande vantagem a meio da temporada, mas não conseguiu mantê-la, diante de uma forte reação de Nélson Piquet, que levou a disputa para a última corrida, em Las Vegas.

            As acusações de trapaça, infelizmente, não se sustentam. E, no caso do tal massagista, chegam a ser hilárias. Analisado tudo sobre o assunto, de forma objetiva, percebe-se que é mais choro de perdedor do que qualquer outra coisa, ainda mais esperneando a esta altura, passados mais de 40 anos sobre o ocorrido. Muito provavelmente tentando aproveitar uma declaração do velho mandatário da F-1, que sempre fez declarações polêmicas ao longo de sua carreira no automobilismo, para colocar sob judice a temporada daquele ano, além do fato de a imagem de Nélson Piquet andar em baixa atualmente devido ao seu apoio a Jair Bolsonaro no governo anterior do Brasil, lembrando que o ex-presidente era de vertente política contrária ao atual governo argentino. Carlos Reutemann foi o melhor piloto argentino a passar pela F-1, depois da lenda Juan Manuel Fangio, mas assim como muitos outros pilotos que passaram pela categoria máxima do automobilismo, nunca conquistou um título, que até seria merecido, não fossem as circunstâncias se mostrarem desfavoráveis às suas pretensões. Tentar mudar a história agora, mais de quatro décadas depois, com base apenas em uma declaração de um suposto favorecimento de um massagista, pegando na carona teorias da conspiração, e acusações infundadas de que a Brabham correu com um carro ilegal, é completamente ridículo.

            A tal suspensão hidropneumática, criada por Gordon Murray, projetista da escuderia, usada pela Brabham para driblar o regulamento técnico, permitindo que o carro corresse um pouco mais baixo do que o usual, foi uma daquelas invenções geniais que passaram a ser copiadas pelos demais times, vendo como ela era eficiente. O carro era ilegal? Na prática, até poderia dizer que sim, mas legalmente, de acordo com as regras vigentes, não. Os engenheiros da categoria máxima do automobilismo sempre se especializaram em contornar o regulamento técnico, inventando e desenvolvendo recursos que driblassem as regras, sem no entanto infringi-las. Havia várias brechas no regulamento, de forma que estes contornos não podiam justificar que os carros eram irregulares, porque as regras assim não os consideravam, por não prever este tipo de circunstância, o que é muito diferente de dizer que o carro era ilegal, pois isso só pode ser afirmando quando algum carro estivesse de fato infringindo as regras de fato estabelecidas. E todo mundo fazia isso, gerando de tempos em tempos procedimentos que passavam a ser adotados por todo mundo, devido à criatividade e genialidade, e claro, à melhoria do desempenho dos carros.

            Dizer também que Bernie Ecclestone não admitiria perder, já que era “dono” da FOCA e por tabela da própria F-1, e que faria uso de sua influência para ganhar o campeonato de qualquer jeito é completamente surreal. Se Ecclestone fosse assim tão sujo, porque ele então “perdeu” o campeonato de 1980, onde Piquet perdeu o título para Alan Jones? Ou então, ele teria mexido seus pauzinhos para levar a Brabham a vencer a temporada de 1982, então... Bernie não era exatamente santo, mas chegar a isso, convenhamos...

            Carlos Reutemann perdeu o campeonato de 1981 para si próprio. A temporada teve 15 provas, e o argentino dominou a primeira metade do campeonato, chegando a ostentar, por volta do GP da Inglaterra, a 9ª etapa do certame, uma vantagem de 17 pontos sobre Piquet, em uma época onde o vencedor marcava 9 pontos, contra 6 do segundo colocado, e só os primeiros seis colocados pontuavam. Era uma vantagem confortável, para os padrões da época. Mas, dali em diante, as coisas começaram a desandar para o piloto da Williams, enquanto Piquet foi à luta, e conseguiu reverter quase toda a desvantagem na briga. A 10ª prova, na Alemanha, foi crucial para inversão de expectativas, onde Piquet venceu em Hockenhein, enquanto Carlos sofria um abandono por problemas mecânicos. E naquela época, isso era bem comum, ao contrário de hoje. Só isso fez a desvantagem de Nélson cair para 8 pontos, menos da metade. Na corrida seguinte, na Áustria, Piquet comeu mais um pouco da desvantagem, ao terminar em 3º, enquanto Reutemann foi 5º. Menos 2 pontos na conta, agora em desvantagem de 6. Na Holanda, outra corrida onde Piquet praticamente eliminou a desvantagem, ao terminar em 2º lugar, enquanto Carlos amargava um novo abandono, mas desta vez por acidente e por culpa própria, ao se envolver em uma ultrapassagem estabanada sobre a Ligier de Jacques Laffite. Naquele momento, ambos ficaram com 45 pontos, mas Nélson liderava o campeonato por ter 3 vitórias contra 2 do argentino. Faltavam então 3 corridas para encerrar o campeonato, e tudo poderia acontecer.

Reutemann largou na pole com a Williams (acima) em Las Vegas, mas foi perdendo ritmo, e logo acabaria por ser superado por Piquet (abaixo, antes da ultrapassagem).


            Reutemann teve um respiro em Monza, na Itália, terminando em 3º lugar, enquanto Nélson foi 6º, recuperando a liderança, mas por apenas 3 pontos sobre o brasileiro. Mas, no Canadá, problemas de novo para Carlos, que foi apenas o 10º, enquanto Piquet, com um 5º lugar, recuperava 2 pontos, e chegaria para a corrida final, em Las Vegas, apenas 1 ponto atrás. Tudo ainda estava completamente indefinido. Nos treinos, tudo parecia corroborar para o título de Reutemann, com a Williams a dominar a primeira fila do grid, enquanto o piloto da Brabham largava em 4º lugar. Mas o argentino estava praticamente sozinho em sua luta, após desentender-se com Alan Jones desde o início da temporada, pela primazia do time, e a própria Williams, pelos mesmos motivos. E não deu outra: Jones tratou de fazer sua corrida, e dominou a prova de ponta a ponta, conquistando sua última vitória na F-1, enquanto Reutemann foi caindo pelas tabelas durante a corrida, até terminar em um modesto 8º lugar, vendo Piquet, fazendo uma prova cautelosa e apenas constante, terminar em 5º, e conquistar o título, com 50 pontos, contra os 49 do argentino.

            Piquet teve 4 abandonos na temporada, além de uma corrida onde terminou fora dos pontos, ficando então zerado em 4 GPs. Reutemann, por sua vez, abandonou 3 vezes, mas terminou 3 corridas fora da pontuação, sendo 2 delas as duas últimas corridas da temporada, ou seja, falhou justo no momento mais crítico da temporada, quando precisava dar uma resposta contundente à reação de Piquet no campeonato. E olha que o argentino quase acabou perdendo também o vice-campeonato, pois Jones foi o 3º colocado, com 46 pontos, apenas 3 a menos que Reutemann. Ele poderia ter sido mais inteligente se tivesse administrado melhor seu conflito com a Williams e seu companheiro de equipe, minimizando as rusgas, e combinado esforços para neutralizar Piquet, e duelarem entre si para ver quem levaria o título, na melhor das hipóteses, ainda mais em um campeonato onde a Williams foi o melhor time do ano, mas travou um duelo equilibrado com Piquet. E, nessa briga parelha, qualquer deslize poderia ser fatal para as expectativas de título. O brasileiro teve os dele, e Reutemman também teve os seus. Mas o argentino não conseguiu administrar a vantagem acumulada na primeira metade da temporada, enquanto Piquet lutou até o fim com mais determinação e talento. E claro que um pouco de sorte. Afinal, ninguém é campeão sem um pouco de sorte, o que não quer dizer fazer maracutaias na disputa, como passaram a apregoar agora.

            Outro “prego” no caixão de Reutemann naquele ano foi sua relação com Alan Jones, que azedou após o argentino colocar em xeque sua condição de primeiro piloto da Williams, desrespeitando o que o contrato do australiano lhe garantia. Sentindo que precisaria de ajuda na parte final da temporada, diante de uma reação de Nélson Piquet que começava a preocupa-lo, Carlos procurou tentar fazer as pazes com Jones, a fim de contar com seu auxílio na disputa para trazer o título para o time, no que o australiano teria dito para ele enfiar aquilo “naquele lugar”, faltando apenas dizer abertamente que se dependesse dele, Piquet já poderia comemorar o título. E a Williams, já escaldada pelo péssimo clima interno desencadeado pelo argentino desde o início da temporada, também não se esforçou além do normal para fazê-lo campeão, deixando-o praticamente sozinho na luta contra Piquet.

            E onde entra então o massagista nesta história pra lá de absurda? Bem, comecemos pelo fato de que a pista montada no imenso estacionamento do hotel Caesar’s Palace, em Las Vegas, foi um dos palcos mais medonhos que a F-1 já correu em toda a sua história. Além de um piso horroroso, o traçado, com muitas curvas em sentido anti-horário, seriam um desafio físico imenso para os pilotos, pouco acostumados com este sentido de direção. Não deu outra: vários pilotos tiveram um desgaste físico além do previsto, e Reutemann teria contratado os serviços de um massagista para amenizar as dores do corpo no fim de semana. Segundo Bernie, ele descobriu, e teria ido atrás do profissional, e o “convencido a favorecer Piquet”, seu piloto na Brabham. Mas, como ele teria feito isso? A única hipótese seria o massagista ter feito um trabalho melhor no brasileiro do que no argentino, já que dificilmente um massagista teria feito o então piloto da Williams tomar algum medicamento duvidoso, o que poderia ser muito arriscado, caso algo desse errado. Mas Reutemann, pelo que me consta, nunca mencionou algo anormal no trato com o tal massagista, de modo que, se houve algum favorecimento, só pode ter sido mesmo de ele ter feito um trabalho melhor com Piquet do que com Carlos. E nada mais. Dada a largada, foi cada um por si, e o desempenho do argentino foi risível naquela prova final, já que largara na pole-position, e foi terminar em um pífio 8º lugar. Piquet, que teve também uma prova difícil, terminando em 5º lugar, o suficiente para lhe dar o título por apenas 1 ponto de diferença. Pelas condições em que cada um terminou a corrida, com Reutemann de pé, e Piquet mal se aguentando para conseguir sair do carro, diria que a sessão do massagista para favorecer Piquet, como Ecclestone insinua na sua declaração, parece mais um deboche irônico para dar risada, pois o brasileiro estava com dores terríveis nas costas, depois de uma prova extremamente complicada. Na pressão pelo título, aliás, Carlos também sofreu um acidente com sua Williams nos treinos, o que complicaria sua situação no resto do fim de semana, entre escolher o carro titular, acidentado, ou o reserva, com consequências variadas, como os problemas de câmbio que o afligiram em parte da prova. Mas, ao que parece, Cora Reutemann está se esquecendo deste detalhe, assim como dos vários outros mencionados acima.

Alan Jones deu uma banana para Reutemann e venceu sua última corrida na F-1 em Las Vegas, tendo Alain Prost e Bruno Giacomelli ao seu lado no pódio (acima). A pista do Caesar's Palace era um horror, e foi um desafio para os pilotos da F-1 (abaixo).


            Não adianta ela dizer que seu pai saiu do carro como um verdadeiro campeão, de pé, inteiro, enquanto Piquet, esgotado, levou mais de 10 minutos para conseguir deixar seu carro, tamanho o desgaste sofrido na prova, mais uma vez enaltecendo o seu pai. Isso apenas torna ainda mais notável a prova do brasileiro, que mesmo naquele estado físico, ainda conseguiu terminar a corrida à frente do rival argentino, que apesar da condição física, não teve forças para lutar como deveria pelo título, por si, ou por conta de seu time.

            Não se pode também alegar que a “trapaça” da temporada de 1981 fez Carlos Reutemann abandonar a F-1. Ele seguiu na Williams na temporada seguinte, mas ocorreu outro evento que desgastou ainda mais sua já tensa relação com Frank Williams: a Guerra das Malvinas, onde a Argentina, em uma manobra tresloucada do regime militar do país, resolveu invadir as Falklands, nome inglês das ilhas que ficam no Oceano Atlântico Sul, território pertencente à Grã-Bretanha. Teve início uma breve guerra, que culminou com uma derrota humilhante dos argentinos perante os britânicos, comandados na época por Margaret Tatcher, a “Dama de Ferro”, algo que feriu o orgulho argentino, e é motivo de ressentimentos até hoje para los Hermanos. As Falklands continuam sendo britânicas, para sorte do povo que lá vive, até hoje. Mas, como Reutemann teria clima, ele um argentino, defendendo um time inglês, no meio daquela confusão? Tudo se somou para ele decidir desistir da categoria máxima do automobilismo, mas acima de tudo, ele desistiu mais por si do que por outra coisa.

            E, curiosamente, o destino ainda lhe pregou outra peça. No início da temporada de 1982, Reutemann foi 2º colocado justo no GP da Argentina, que abria a temporada. Ele abandonou aqui no Brasil, e então largou a F-1. E a Williams conquistaria o título da temporada com o finlandês Keke Rosberg, que venceu apenas uma corrida naquele ano, e nas duas provas iniciais, que teve a companhia do argentino, Keke foi desclassificado no Brasil, e marcado um 5º lugar na Argentina. Reutemann teria excelentes chances de disputar novamente o título, e quem sabe, até chegar a conquista-lo, diante de tudo o que aconteceu naquela temporada. A Williams substituiu o argentino pelo irlandês Derek Daly, que marcaria apenas 8 pontos em todo o ano, apenas 2 pontos a mais do que Carlos conquistou com seu pódio em Buenos Aires.

            Sabe-se lá como as filhas de Reutemann farão para levar adiante seu intento. Se a F-1 já não mudou o resultado de corridas, como foi o caso do GP de Singapura, que muitos defendem como a causa determinante da perda do título de Felipe Massa em 2008, o que também não é verdade, muito menos fará algo em relação a um campeonato de mais de quatro décadas atrás, onde os motivos alegados não são fortes o suficiente para motivar tal decisão. Reutemann, aliás, nunca revoltou-se com o ocorrido, apenas tocou a vida, mantendo-se por mais um tempo competindo em outras categorias, e depois enveredando-se pela política, tendo cumprido vários mandatos de governador e senador na Argentina. Muito provavelmente ele não concordaria com essa ação esdrúxula que suas filhas pretendem fazer.

            Infelizmente, a Argentina virou um país de ressentidos. De uma das nações mais ricas do início do século passado, o país enveredou pelo populismo com Perón, e desde então, só despencou no ranking mundial de nações, nunca mais encontrando seu rumo novamente. Até hoje eles se revoltam com a derrota para a Grã-Bretanha no caso das ilhas Falklands, e no futebol, Maradona sempre foi maior do que Pelé, algo que só eles afirmam, sem arredar pé do favorecimento ao seu ídolo. Um país que hoje vive de crise em crise, teimando em não encontrar uma saída para seus dilemas, algo muito mais importante a tentar resolver, do que um inconformismo da derrota de seu piloto em um campeonato de F-1 de tempos atrás, baseado em suposições inverídicas. A memória de Carlos Reutemann, como piloto, não merece essa presepada que está ocorrendo agora...

            O mundo atual parece perder cada vez mais o seu rumo, e isso é muito preocupante...

 

 

Talvez o maior inconformismo de Reutemann em sua derrota da temporada de 1981, tenha sido, como ele mesmo afirmou à época, ter perdido “para um cara que limpava a carenagem do meu carro nos boxes durante o GP Brasil”. Anos antes, quando Piquet ainda era quase desconhecido, ele veio a São Paulo, e conseguiu um serviço para ajudar nos boxes justamente da equipe do argentino, a Brabham, em Interlagos. Era um aprendizado para Nélson, que anos depois se mandou para a Europa, com a cara e a coragem, e desbravou o automobilismo europeu, sendo campeão da F-E Inglesa em 1977, e chegando à F-1 no mesmo ano. Curioso que anos depois, ele seria derrotado não apenas por aquele jovem auxiliar, como pelo seu antigo time... Coisas da vida...

 

 

Estamos a uma semana da pré-temporada da F-1 2023, e cada vez mais ínfima, novamente reduzida a míseros 3 dias no Bahrein, na semana que vem, para onde todos embarcam, e ficam já por lá, para a abertura do campeonato, no dia 5 de março. Vamos ver como será a disputa este ano. Esperemos que melhor do que a do ano passado, onde as expectativas não se confirmaram como se esperava...

Um comentário:

Anônimo disse...

Quero parabenizar o Sr Adriano pelo texto e pela postagem pontual a respeito desse tema! Eu só acho que o título de 1981 de Nelson Piquet poderial ter sido conquistado de uma maneira menos sofrida em consequência de alguns erros, assim como opções equivocadas em estratégias nos GPS da primeira metade daquela temporada. A vantagem de 17 pontos de diferença em favor de Carlos Reuteman na altura do gp de Siverstone se deve ( em minha humilde opiniao) as seguintes performances de Nelson Piquet nos seguintes gps:
Em Long Beach se não tivesse ficado 28 voltas atrás deDidier Pironi fatalmente alcançaria a dupla da Williams e no mínimo ficaria com o segundo lugar (terminou em terceiro)
No gp do Brasil por pole position e veio a optar pelos pneus click no encharcado autódromo de Jacarepaguá.
Em Mônaco estava prestes a se tornar o primeiro vencedor brasileiro nas ruas do badalado principado mas infelizmente por uma infelicidade toca em Patrick Tambay e abandona.Em Zolder fazendo uma excelente prova Alan Jones o joga para o guarda rail, em Dijon Prenois estava absoluto, soberbo quando veio a chuva e como consequência a prova sendo interrompida. Com a retomada da prova, equipes como McLaren e Renault equiparam os seus bolidos com pneus macios para o restante da prova a Brabham de Piquet ( por incrível que possa parecer ) estava sem pneus apropriados e como consequência apenas o terceiro posto. E por fim no gp de Silverstone com início de prova promissor a batida no muro no início da reta dia vocês
Não fossem todos esses imprevistos, não seria exagero afirmar que Nelson Piquet teria vencido ao mínimo sete GPS naquela temporada.
Mas o que importa é que no final o Nosso Mestre coroou - se Campeão Mundial com Todos os Meritos