quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

FLYING LAPS – JANEIRO DE 2023

            Pois bem, mal começamos o ano de 2023, e o mês de janeiro já se foi, dando o início das atividades do mundo da velocidade neste novo ano, que espero traga muitas emoções e disputas nos mais variados campeonatos por todo o planeta. Então, é hora de fazer a mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns dos acontecimentos ocorridos no mundo do esporte a motor neste primeiro mês do ano, com destaque para o rali Dakar, e também as 24 Horas de Daytona, que agitaram a expectativa dos fãs e torcedores pelo sucesso dos pilotos nas competições. Uma boa leitura a todos, e nos encontramos novamente por aqui no próximo mês em mais uma edição da Flying Laps...

Nasser Al-Attiyah venceu a edição deste ano do Rali Dakar, e conquistou seu 5º título na categoria carros do rali mais perigoso do mundo. O piloto catariano já tinha se sagrado campeão na edição do ano passado, defendendo a equipe da Toyota, pela qual foi novamente campeão agora. Nasser Al-Attiyah já tinha vencido o rali nas edições de 2011, 2015, 2019, e 2022. A regularidade foi um grande trunfo do piloto, mantendo sob controle os rivais mais próximos, em especial o francês Sébastien Loeb, da equipe Bahrain Raid Xtreme, que arrepiou a concorrência ao conseguir a incrível marca de seis vitórias consecutivas nas etapas especiais do rali. Não fossem percalços que fizeram o eneacampeão do mundial de rali perder muito tempo no início da competição, ele poderia ter endurecido a disputa com Al-Attiyah, ao invés de ficar a 2ª colocação no rali, com 1hrs.20min49s de atraso para o catariano. Mas quem surpreendeu nesta edição 2023 do Dakar foi a 3ª colocação de Lucas Moraes, da equipe Overdrive, que fez a melhor campanha até hoje de um piloto brasileiro no rali mais famoso do mundo. Até então, a melhor posição de um competidor do Brasil no Dakar havia sido o 8º lugar obtido por Klever Kolberg na edição de 2002. Moraes finalizou o Dakar com 1hrs.38min31s de atraso para o vencedor, e tinha chances de chegar em 2º lugar até, não fosse a escalada monstruosa de Loeb durante várias etapas, que permitiram ao francês superar o carro do brasileiro na reta final. Mas não deixa de ser um desempenho impressionante, e quem sabe com um pouco mais de sorte, não consegue um resultado melhor ainda no futuro? Quem não deu sorte na edição deste ano foi Carlos Sainz. “El Matador” sofreu um forte acidente com seu Audi na etapa do dia 10 de janeiro, o que provocou o seu abandono, e fim das esperanças de tentar o tetracampeonato na competição. Infelizmente, as agruras de Sainz não se limitaram ao abandono. Exames médicos realizados pelo piloto após retornar a Madri apontaram para fraturas em duas vértebras, devido à pancada do acidente. Mas, ao menos por hora, apesar de não indicar um tempo de recuperação, o piloto confirmou que as vértebras estão estáveis, o que indica que não deverá precisar de uma intervenção cirúrgica para corrigir o problema. E que podemos esperar por seu retorno na edição 2024 do Dakar, que seguirá sendo realizado na Arábia Saudita.

 

 

Lamentavelmente, o Dakar voltou a fazer vítimas fatais na edição deste ano. No dia 10 de janeiro, a organização da competição comunicou o falecimento de um torcedor italiano que teria sofrido um acidente em um percurso do rali em uma duna. Mesmo tendo sido levado para o hospital, ele veio a óbito, mostrando que apesar de todas as precauções, as competições off-road sempre podem nos trazer momentos trágicos. E o Dakar tem um grande e triste histórico de vítimas fatais ao longo de suas edições.

 

 

Já na disputa entre os UTVs, o título do Dakar 2023 ficou com o polonês Eryk Goczal, da Energylandia Rally, que fez sua estréia na competição, em parceria com o navegador espanhol Oriol Mena, conseguindo levar o título na categoria praticamente no último dia, superando o rival lituano Rokas Baciuska que vinha na liderança. Aliás, tivemos mais uma participação positiva nesta categoria no Dakar, com o brasileiro Bruno Conti de Oliveira terminando em 6º lugar, em parceria com o português Pedro Prata. Mas disputa apertada mesmo ocorreu na categoria motos, onde a KTM fez a dobradinha na competição, com o argentino Kevin Benavides levando o título do Dakar 2023 por uma diferença de apenas 43s, e para o seu próprio companheiro de equipe, o australiano Toby Price. Benavides já havia sido campeão na categoria motos da edição 2021 do Dakar. Já nos caminhões, o título da competição ficou para o trio Janus Van Kasteren/Darek Rodewald/Marcel Snijders, da equipe De Rooy Iveco. Com a invasão da Rússia na Ucrânia, a Kamaz, tradicional favorita nas competições dos peso-pesados no rali Dakar teve que ficar de fora da competição este ano, após criticar a postura da FIA em relação aos competidores russos.

 

 

Enquanto isso, na estréia da temporada 2023 do Mundial de Rali, o octacampeão Sébastien Ogier deitou e rolou na prova de Monte Carlo, conquistando um novo recorde na categoria: foi sua 9ª vitória na etapa de Monte Carlo. Não estivesse apenas disputando parte das etapas do campeonato, o piloto francês muito provavelmente poderia ir em busca de mais um título. Para seu time, a Toyota, contudo, melhor resultado impossível, pois a equipe fez a dobradinha, já que em segundo lugar ficou Kalle Rovanperä, o atual campeão da categoria. Thierry Neuville acabou fechando o pódio, em 3º lugar. Depois de ser afetado pela pandemia da Covid-19 nos últimos anos, assim como as demais categorias de competição do mundo automobilístico, a temporada do Mundial de Rali deste ano contará com 13 etapas, tendo começado pela etapa de Monte Carlo, nos últimos dias 19 a 22 de janeiro. O encerramento está previsto para os dias 16 a 19 de novembro, com a etapa do Japão. A próxima etapa será o Rali da Suécia, previsto para os dias 9 a 12 de fevereiro.

 

 

Nas 24 Horas de Daytona de 2023, deu novamente vitória da Meyer Shank Racing, competindo com o modelo Acura ARX-06. O carro Nº 60 já tinha ganhado ares de favorito, quando o brasileiro Hélio Castro Neves havia feito o melhor tempo nos treinos livres, e Tom Blonqvist marcou a pole-position para a principal prova do endurance norte-americano. Mas provas de longa duração sempre podem ser uma incógnita, e depois de alguns percalços, mesmo após liderar a maior parte da corrida, a vitória foi garantida por uma margem de apenas 4,19s para o carro Nº 10 da equipe Wayne Taylor, uma margem até pequena, levando-se em consideração que foi preciso reconstruir a vantagem na pista, após a última bandeira amarela na prova, que realinhou o pelotão, e promoveu uma retomada dos pegas na parte final da corrida. Contando com o quarteto Simon Pagenaud, Tom Blomqvist, Colin Braun, e Hélio Castro Neves, a Meyer Shank comemorou o triunfo em Daytona, sendo que a conquista significou a terceira vitória consecutiva de Hélio nas 24 Horas de Dayton, já que ele havia vencido a corrida no ano passado, e também no ano anterior, sendo que em seu primeiro triunfo na prova ele defendeu a equipe Wayne Taylor Racing, que este ano acabou com o 2º lugar, contando com os pilotos Ricky Taylor, Filipe Albuquerque, Louis Deletraz, e Brendon Hartley, competindo também com o modelo Acura ARX-06. O pódio foi fechado pela Ganassi, com seu carro Cadillac V-LMDh Nº 1, com Sébastien Bourdais, Renger van der Zande, e Scott Dixon, que cruzaram a linha de chegada 9s63 atrás do carro vencedor. Ainda na classe GTP, a principal, a Action Express, com o carro Nº 31, também um Cadillac V-LMDh, com o brasileiro Pipo Derani, Alexander Sims, e Jake Aitken, finalizou em 5º lugar, com 12 voltas de desvantagem para a Meyer Shank. Outro brasileiro, Augusto Farfus, terminou em 6º lugar, com a equipe BMW, com o modelo BMW M Hybrid V8, com 15 voltas de atraso, em conjunto com os pilotos Philipp Eng e Marco Wittmann. Ainda na classe GTP, a Penske, com seu modelo Porsche 963, teve vários problemas com seu carro Nº 7, com o trio Matt Campbell, o brasileiro Felipe Nasr, que havia largado em 2º lugar, e Michael Christensen, recebendo a bandeirada em 14º lugar, com 34 voltas de desvantagem.

 

 

Tricampeão nas 24 Horas de Daytona, Helinho não deixou por menos: arrastou seus companheiros de corrida até o alambrado da pista, onde no seu melhor estilo “Homem-Aranha”, escalou a grade, acenando para o público junto dos companheiros. No ano passado, o triunfo do brasileiro na pista de Daytona foi o seu melhor momento no ano, já que na Indycar, os resultados ficaram a desejar, não tendo conseguido nem mesmo repetir a performance exibida nas 500 Milhas de Indianápolis no ano anterior, quando obteve sua 4ª vitória na Brickyard Line. Veremos se Hélio tem melhor sorte este ano, até porque sua performance irá definir a continuidade de sua participação na Indycar em 2024, seja pela Meyer Shank, ou qualquer outra equipe...

 

 

Dentre os pilotos que iriam disputar as 24 Horas de Daytona este ano, Kevin Magnussen e Will Power tiveram que mudar seus planos e desistir de suas participações na corrida. Magnussen precisou operar um dos pulsos, depois de sentir dores no local, onde exames constaram a presença de um cisto, e não teria como se recuperar a tempo para a prova do endurance norte-americano, onde iria correr ao lado de seu pai, Jan Magnussen, pela equipe MDK Motorsports, na classe GTD Pro. Kevin preferiu então concentrar sua recuperação para a temporada da F-1. Já Will Power, que faria sua estréia na famosa corrida, iria participar pela equipe Sunenergy, também na classe GTD Pro, mas preferiu ficar em casa, acompanhando a recuperação de sua esposa, que passou por uma cirurgia nas costas, e acabou passando dois dias na UTI do hospital, tendo ficado praticamente uma semana internada. Necessitando de uma longa recuperação, Will resolveu apoiar sua esposa neste momento difícil, ao invés de participar da corrida.

 

 

Os demais brasileiros na corrida não tiveram um dia muito produtivo. Na classe LMP2, Pietro Fittipaldi ficou classificado em 12º lugar, com 25 voltas de atraso para os vencedores, competindo com o modelo Oreca LMP2-07 da equipe Crowdstrike Racing by APR. Já Daniel Serra, que defendeu mais uma vez a AF Corse, ao volante de uma Ferrari 296 GT3, na classe GTD Pro, ficou pelo caminho, quando o carro apresentou problemas no assoalho, obrigando ao abandono. Melhor sorte no ano que vem.

 

 

O grande duelo das 24 Horas de Daytona neste ano foi a chegada da classe LMP2, com a vitória sendo definida praticamente na linha de chegada, com o carro Nº 55 Oreca LMP2-07 da Proton Competition guiado por James Allen superando o carro Nº 4 da Crowdstrike Racing by APR conduzido por Bem Hanley por míseros 0s16, numa inversão de posição eletrizante, depois de uma corrida tão longa. Os dois carros cruzaram a linha emparelhados, com Allen conseguindo colocar o carro ligeiramente na frente ao cruzar a reta de chegada, para comemoração de seu time, e obviamente frustração da escuderia adversária.

 

 

Depois de uma ausência de praticamente mais de 50 anos, a Ferrari estará de volta ao mundial de corridas de longa duração, na sua principal categoria de competição, no caso do WEC 2023, o Mundial de Endurance, os Hypercars. O novo modelo de Maranello foi batizado de 499P, e a escuderia terá dois carros no campeonato, com as numerações 50 e 51. No carro Nº 50, o trio de pilotos será composto por Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen. Já o carro 51 terá ao volante os pilotos Alessandro Pier Guidi, James Calado e Antonio Giovinazzi. Na temporada deste ano teremos um total de 13 carros na categoria Hypercars, e além do retorno da Ferrari, teremos também a volta da Porsche, e a participação da Cadillac. Outro nome clássico que estará de volta às competições é a Vanwall, em uma equipe coordenada por Colin Kolles, utilizando o nome da primeira campeã de construtores da história da F-1. Toyota, Peugeot, Glickenhaus, Proton, e Team Jota completam a lista dos times desta categoria, que promete os melhores duelos de que se tem notícia nos últimos tempos para o campeonato do WEC.

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