quarta-feira, 2 de março de 2022

ESPECIAL MOTOGP 2022

            Depois da Indycar dar a largada para o seu campeonato de 2022, chegou a vez da turma das duas rodas entrar em ação. Chegou a hora da MotoGP mandar ver nas pistas do mundo inteiro, começando pela tradicional prova noturna na pista de Losail, no Qatar, neste final de semana, onde os ases da classe rainha do motociclismo está preparada para mais uma luta pelo título mundial, que ficou com Fabio Quartararo e a Yamaha na temporada passada, e que agora tem o desafio de repetir o feito, diante de uma concorrência mais preparada e disposta a estragar os planos dos atuais campeões. Portanto, nada melhor do que um pequeno texto especial, colocando todos a par do que podem esperar em mais uma temporada onde a emoção deverá estar presente em cada curva de cada pista do campeonato. Uma boa leitura a todos, e vamos acompanhar mais um campeonato emocionante do mundo do esporte a motor...

 

MOTOGP 2022

 

Temporada deste ano não terá Valentino Rossi no grid do maior calendário da história da classe rainha do motociclismo, que promete muitas disputas

 

Adriano de Avance Moreno

Abram alas para os ases das duas rodas em mais uma temporada da MotoGP.

 

         Chegou a hora de acelerar nas duas rodas. A MotoGP inicia a temporada de 2022 com um número recorde de provas em um mesmo campeonato, com vários pilotos candidatos a protagonistas da luta pelo título. Quem vai corresponder às expectativas, e quem vai ficar pelo caminho, só saberemos com o andamento da competição, que promete, mais uma vez, várias disputas na pista. E o que não falta é piloto querendo mostrar a que veio.

         Mas, um nome não estará presente no grid de largada este ano. Depois de 26 temporadas, Valentino Rossi, heptacampeão mundial da classe rainha, pendurou o capacete, pelo menos nas duas rodas. O italiano de Tavulia ajudou a moldar a MotoGP ao seu formato e status atual, sendo uma das categorias mais valorizadas do mundo do esporte a motor mundial, e ajudou a arrastar multidões de fãs para os quatro cantos do mundo para torcer pelas disputas nas duas rodas. Mas Rossi ainda estará presente na competição, só que do lado de dentro dos boxes, como dono da equipe VR46 Racing Team, que terá na pista os pilotos Luca Marini e Marco Bezzecchi, pilotando motos fornecidas pela Ducati. Multicampeão na carreira dentro da pista, está na hora de Rossi mostrar se terá sucesso como dono de equipe, desafio que costuma ser muito diferente de apenas pilotar. O time, estreante, vem com o excelente equipamento da Ducati que estará disponível para seus pilotos, mas como todo time que inicia a competição, será preciso ver como irá evoluir. A enorme torcida que acompanhava Valentino nas pistas agora terá a tarefa de torcer por seu novo time, mas será preciso mostrar resultados na pista para manter o fervor dos fãs na nova empreitada de seu grande ídolo.

         E disputa na pista é o que não deve faltar na temporada, já que a MotoGP tem sido pródiga em oferecer boas disputas e duelos ferrenhos nos últimos anos, deixando o público eletrizado com as brigas por posições na pista. E deveremos ter vários pilotos protagonizando estes duelos pelas melhores posições, e quem sabe, na luta pelo título da competição.

         Fabio Quartararo, o atual campeão, é o alvo a ser batido, e a tarefa do piloto francês, que conseguiu levar a Yamaha de volta ao topo na temporada passada, vai ser complicada. Fabio se queixou da pouca evolução do seu equipamento, diferente do ocorrido na concorrência, que para ele, avançou bem mais do que o time dos três diapasões, especialmente em se tratando da potência do motor. Não é de hoje, aliás, que a Yamaha sofre com este detalhe, mas a marca nipônica procurava compensar a falta de potência com uma moto mais ágil e equilibrada. Valentino Rossi já se queixava da falta de potência em suas últimas temporadas, onde o propulsor de quatro cilindros em linha da marca dos três diapasões não rendia a mesma cavalaria que as motos dos adversários. Isso acabou contribuindo para deixar a Yamaha de fora da luta pelo título em alguns anos, mas a marca continuou insistindo em não resolver o problema, confiando em equalizar a competitividade do equipamento com melhor desenvolvimento do chassi. Isso funcionou em alguns momentos, mas o problema é que a concorrência está se aprimorando. A Ducati, que tem o motor mais potente do grid, sofria com o equilíbrio de seu equipamento, mas a marca italiana fez enormes progressos, e a Desmosédici terminou 2021 como a melhor moto da competição, com Francesco Bagnaia tendo feito um arranque incrível na reta final do campeonato, que só não comprometeu o título de Quartararo porque o francês tinha conseguido abrir uma imensa vantagem ao longo do ano, enquanto os rivais tinham altos e baixos, de modo que o piloto pôde se dar ao luxo de administrar a vantagem quando não tinha condições de vencer os rivais.

O time dos três diapasões está pronto para lutar por mais um título, com o atual campeãom Fabio Quartararo (abaixo), mas a tarefa promete ser mais difícil este ano.


         Mas estaria a Yamaha tão vulnerável assim, ou seria jogo de cena para tirar o favoritismo de cima das costas, e aliviar a pressão por resultados, por ser o atual campeão da classe rainha? Um eventual incômodo com a competitividade da máquina não faria Quartararo chegar a anunciar estar com o futuro “em aberto”, alegando que precisa pensar no que é melhor para sua carreira. Para alguém que acabou de chegar ao time principal, e foi campeão logo de cara, isso parece ser um indicativo de que a Yamaha vai ter problemas de fato para repetir sua luta pelo título. E chegar ao título é um desafio diferente de repetir o feito, já que Quartararo é o principal alvo dos rivais do grid, justamente por ser o atual campeão da categoria. Fabio vai ter de ralar para defender seu posto de campeão, e diferente do que ocorreu no ano passado, quando conseguiu abrir uma vantagem na primeira metade da temporada, desta vez a pressão dos rivais deve vir com tudo já desde a primeira corrida da competição.

         E a principal ameaça à renovação da coroa por parte do piloto francês vem justamente da Itália. A Ducati terminou o ano passado com o título de construtores, e com a moto de melhor desempenho do grid. Não fosse a nova dupla do time oficial ter levado um tempo para se acertar na pista e fora dela, e talvez a conquista do título por parte do piloto da Yamaha teria sido bem mais complicada. O time italiano havia dispensado Andrea Dovizioso e Danilo Petrucci, e promovido Bagnaia e Jack Miller, que apesar de já competirem com a Ducati em time satélite, levaram alguns tropeções na escuderia de fábrica, a ponto de alguns afirmarem que se Dovizioso tivesse sido mantido, talvez o italiano tivesse até sido campeão. Intrigas e suposições à parte, Bagnaia inicia o ano como principal nome do time de Borgo Panigale, e pronto para ir à “caça” do título, inclusive já iniciando a temporada de contrato renovado com a escuderia, que resolveu se mexer para garantir o seu principal homem já para as temporadas de 2023 e 2024. A Ducati, aliás, é a maior força do grid, não apenas pela qualidade do equipamento, mas também pela quantidade. Além da escuderia oficial de fábrica, outros três times competirão com as motos Desmosédici: além da já tradicional Pramac, teremos a volta da Gresini como time satélite de Borgo Panigale, e a nova VR46 de Valentino Rossi.

A Ducati foi campeã de construtores em 2021, e quer o título em 2022, tendo Francesco Bagnaia (abaixo) como sua principal arma na pista, mas não a única.


         Mas a equipe de Bolonha quer evitar o salto alto, assim como Bagnaia, que rejeita o rótulo de favorito, apesar dos bons indicadores de performance do equipamento. O objetivo é evitar criar expectativas antes da hora. A própria Ducati revela não ter conseguido explorar todo o potencial da nova GP22 na pré-temporada, então, um pouco de prudência vai bem. E, por melhores que tenham sido os prognósticos, sempre pode ocorrer alguma surpresa. De qualquer forma, impossível não deixar de manter a atenção no time italiano, e em especial em “Peco” Bagnaia, que tem tudo para liderar a escuderia, mas cuja força não se resume somente a ele.

         Jack Miller, que foi o primeiro a vencer na Ducati no ano passado, caiu de produção na segunda metade da temporada, quando Bagnaia fez um arranque espetacular, e ainda precisa mostrar a que veio no time italiano, até para ter seu contrato renovado para 2023. Por isso mesmo, e contando com a moto oficial, o australiano não pode ser descartado da briga pelo título. E, se a disputa com as Ducatis oficiais já acende um sinal de alerta para Quartararo, é bom lembrar que a Yamaha também tem Franco Morbidelli no time principal. O ítalo-brasileiro foi vice-campeão em 2020, deixando justamente Quartararo comendo poeira no time satélite da SRT, e no ano passado, acabou promovido ao time de fábrica após Maverick Viñales se desentender com a Yamaha. Franco ainda teve parte da temporada comprometida numa recuperação de uma cirurgia no joelho esquerdo feita a meio do ano que o tirou de várias etapas, complicando sua adaptação ao time oficial, que já tinha Quartararo líder destacado no campeonato. Recuperado, e começando a temporada agora no time principal da marca dos três diapasões, Morbidelli não vai querer ficar na sombra de Fabio, e pretende voltar à sua melhor forma. Resta saber se isso não vai desencadear uma luta fraticida dentro da Yamaha. No confronto com o companheiro de equipe em 2020, Quartararo se perdeu na segunda metade do campeonato, a ponto de ficar até fora da luta pelo título, da qual era o favorito destacado após as primeiras etapas. Será que se acabar superado novamente pelo parceiro de time pode desandar novamente? Por outro lado, é positivo para a Yamaha ter outro piloto forte na disputa, para não ficar dependente apenas do atual campeão, ainda mais com a expectativa da disputa este ano ser mais acirrada do que a do ano passado.

         A Pramac até teve seus momentos de brilho no ano passado, especialmente com Johaan Zarco, que lutou pela vitória em algumas oportunidades, mas sem conseguir subir ao degrau mais alto do pódio, honra que ficou com o companheiro Jorge Martin. Mas faltou maior constância à dupla, que embora tenha começado a temporada melhor que o time oficial de fábrica, acabou ficando para trás conforme o campeonato progredia. Mas, com um pouco mais de regularidade, pode dar trabalho aos demais times. Zarco, depois de um tempo em baixa, voltou a ter bons desempenhos, e tem tudo para vencer sua primeira corrida, se conseguir aproveitar o bom desempenho da Desmosédici. A equipe tem tudo para continuar sendo a principal equipe satélite da Ducati em termos de desempenho, e pode infernizar seus adversários mais diretos.

Marc Márquez e a Honda prometem lutar para recuperar os títulos da MotoGP. O hexacampeão quer mais vitórias e títulos, depois de dois anos complicados dentro e fora das pistas.

        
E a Honda? O time nipônico parece ter caído na real, e se dado conta de que sua dependência extrema de Marc Márquez cobrou seu preço quando se viu impossibilitada de contar com o hexacampeão, caindo para o meio do pelotão, e até mais para trás, com seus demais pilotos incapazes de extrair do equipamento o rendimento que a “Formiga Atômica” conseguia. Era preciso modificar o projeto, de modo que a moto fosse competitiva com todos os seus pilotos, e não apenas com um deles. Até porque Márquez, apesar de recuperado, ainda não parece estar no mesmo nível de antigamente, quando o piloto conseguia seus extraordinários resultados levando o equipamento ao limite, e até um pouco além, compensando o comportamento arredio da RC213V com seu enorme talento, e com isso, expondo-se mais aos riscos de quedas e acidentes. Se Marc tiver uma moto competitiva, ele não precisará forçar tanto sua pilotagem, e consequentemente, ficar menos exposto aos riscos de sofrer um novo acidente por exagerar na condução da moto. E pelo que se viu na pré-temporada, parece que a Honda conseguiu grandes avanços neste campo, a ponto de Pol Spargaró terminar o último dia de testes na frente da tabela de tempos. Márquez chegou a dizer que não precisa estar 100% recuperado para lutar pelo título, lembrando de que ele chegou a vencer corridas no ano passado, mesmo sem estar em sua melhor condição, num recado claro aos adversários de que ele está muito melhor do que em 2021, embora ele mesmo ainda não tenha voltado a estar completamente em forma, devido ao período de descanso forçado, precisando recuperar a forma física em sua totalidade para pilotar no mais alto nível. E o piloto confirma as mudanças no comportamento da moto, ao afirmar que precisa adaptar seu estilo de pilotagem para as mudanças feitas. Depois de dois anos ruins para o hexacampeão, 2022 é visto claramente como o ano da retomada na competição, e os concorrentes que se preparem, pois não é bom subestimar o hexacampeão.

         Pol Spargaró, claro, prefere manter os pés no chão, para evitar decepções, mas é inegável que o bom desempenho do equipamento novo enche a escuderia de esperança por melhores dias. Mas o próprio Pol precisa melhorar, se não quiser sucumbir ao companheiro de equipe hexacampeão. Afinal, no ano passado, mesmo disputando toda a temporada, o piloto acabou terminando o ano em 12º lugar, com 100 pontos, enquanto Marc Márquez, mesmo sem estar plenamente recuperado, e tendo perdido quatro etapas, finalizou em 7º lugar, com 142 pontos, sem mencionar ter abandonado outras quatro provas. Se o mais novo dos irmãos Spargaró não quiser ser massacrado na Honda, é melhor se empenhar a fundo para ao menos acompanhar o ritmo de Márquez, ou sofrer o mesmo destino que vitimou Dani Pedrosa e Jorge Lorenzo como ex-companheiros da “Formiga Atômica”.

A Honda continua com a equipe LCR como time satélite, mantendo a dupla formada pelo japonês Takaaki Nakagami, e Álex Márquez, o irmão caçula de Marc Márquez. Tendo sofrido com o comportamento instável da RC213V, a escuderia tem melhores expectativas para este ano com o novo comportamento da moto, após o desenvolvimento feito pelos japoneses, e quem sabe, voltar a incomodar os ponteiros, e não ficar disputando posições na segunda metade do grid.

Joan Mir confia em uma renovada Suzuki para lutar pelo bicampeonato em 2022.

        
Na Suzuki, a ordem é crescer. Joan Mir acabou campeão em 2020, derrotando Franco Morbidelli, mas no ano passado a marca nipônica se mostrou incapaz de oferecer ao seu piloto as condições para ele defender adequadamente o seu título. Mesmo assim, Mir terminou o ano em 3º lugar, mostrando uma impressionante regularidade com uma moto que ficou devendo nos momentos cruciais para as rivais Yamaha e Ducati, não se envolvendo em confusões, e tendo apenas dois abandonos. Na pré-temporada, Joan se mostrou bem satisfeito com a evolução do equipamento, indicando que terá meios mais competitivos para buscar o bicampeonato, a ponto de já apontar que pretende renovar com o time japonês, confirmando o grande esforço da escuderia em melhorar sua performance. A equipe, contudo, precisa que Aléx Rins também tenha uma temporada mais uniforme, já que o piloto oscilou muito no ano passado, tendo ficado longe do desempenho de Mir na temporada.

         A KTM, depois do bom momento vivido em 2020, desandou no ano passado, conseguindo apenas duas vitórias esporádicas com sua dupla de pilotos no time oficial, o que pouco serviu de consolo. A queda de desempenho da RC16 também se refletiu na equipe satélite Tech3, que também caiu para a segunda metade do grid. Os testes da pré-temporada, contudo, mostram que a marca austríaca vai ter um ano complicado, pois os concorrentes evoluíram muito, o que anula as melhorias desenvolvidas pela marca. A equipe de fábrica manteve sua dupla de pilotos, de talento já reconhecido. Resta saber se eles conseguirão suplantar o déficit de performance demonstrado até agora, para levar a escuderia a brilhar novamente na competição.

A Aprilia tem novamente o status oficial de fábrica, e tem tudo para ser uma das surpresas do ano. Para Maverick Viñales (abaixo), a chance de recuperar sua imagem após sua saída desastrosa da Yamaha no meio da temporada passada.


         E, fechando as possibilidades, temos a Aprilia, que foi a grande sensação dos testes da pré-temporada. Agora elevada ao patamar de time de fábrica, a escuderia se aproveitou das condições de não ser um time oficial no ano passado para poder desenvolver o seu equipamento, enquanto os demais times tiveram seu desenvolvimento suspenso, por conta das regras de contenção econômica decorrentes da pandemia da Covid-19. E eles souberam fazer bem o seu trabalho, conseguindo já dar sinais de nítida evolução ainda no ano passado, como a conquista do primeiro pódio, com Aleix Spargaró. A nos testes da pré-temporada, a Aprilia surge com boas expectativas, não apenas de lutar por novos pódios, mas até pela sua primeira vitória na classe rainha do motociclismo. O otimismo no time não é apenas reforçado pela melhoria da RS-GP, mas pelo melhor afinamento de sua dupla titular. Aleix Spargaró já está mais do que entrosado com o time, e Maverick Viñales tem a chance de se redimir na MotoGP depois de sua tumultuada saída da Yamaha no ano passado, quando arrumou briga com o time nipônico, que até o suspendeu de uma corrida. Tendo chegado a um acordo amigável de rescisão contratual, Maverick encontrou lugar no time de Noale, tendo disputado as últimas corridas já em sua nova casa no final de 2021. Um ponto positivo é que Viñales e Aleix já formaram dupla na equipe Suzuki anos atrás, então ambos tem um relacionamento que está sendo retomado, após tomarem caminhos diferentes desde então. Pela experiência e resultados, Aleix é visto com a prioridade do time, mas isso não significa que Viñales não poderá avançar à frente, caso haja a oportunidade. Um ponto positivo para a Aprilia é que ela ainda tem direito a algumas regalias de desenvolvimento previsto no regulamento técnico, diante dos resultados de 2021 não terem alcançado o patamar necessário para se igualar totalmente à condição dos demais times de fábrica, o que significa que eles poderão melhorar seu equipamento com algumas liberdades adicionais. E eles precisam aproveitar o momento, pois se a evolução vier como se espera, a melhora dos resultados significará o fim destas benesses para a temporada de 2023. Mas, tendo uma moto competitiva, e capaz e lutar pelas primeiras posições, será de fato mais um bônus para o show da competição da MotoGP, que é o objetivo maior da Dorna, organizadora da competição, que agora pode se vangloriar de ter seis fábricas oficiais na classe rainha do motociclismo.

         E uma amostra de que a competição no grid deve se tornar mais renhida este ano é na mudança da regra de tempo máximo para poder classificar no grid. Até o ano passado, o limite de tempo era de 107% do tempo conquistado pelo pole-position da prova. Este limite de tempo agora caiu para 105%, o que pode parecer pouco, mas pode significar a diferença entre alinhar ou não em uma corrida, a depender dos acontecimentos. Mas não deve haver problemas nesse quesito. No último dia de testes da pré-temporada, na pista de Mandalika, todos os 24 pilotos que treinaram ficaram dentro de uma diferença de 1s764 para o tempo do mais rápido, o que dá uma margem de aproximadamente 102%. Claro que treino é treino, e corrida é corrida, bem como classificações e classificações, mas não deixa de ser um indicativo positivo de que poderemos ver um ritmo de performance muito mais parelho em todo o grid da MotoGP, o que significa maiores possibilidades de duelos e disputas na pista.

A KTM chegou a brilhar em 2020, mas teve um ano complicado em 2021. Será que recupera o ritmo este ano?

        
Outra mudança no regulamento é que a partir de agora, liberações de pilotos para voltar à competição serão mais rigorosas, a depender da gravidade da situação, com os pilotos tendo de passar por uma avaliação bem mais severa para poderem voltar à pista, em caso de acidente, ou procedimentos de recuperação cirúrgica. O objetivo é evitar que os pilotos apressem seu retorno à competição, podendo ainda não estar em condições ideais para retomar as atividades de competição, como vimos especialmente no caso de Marc Márquez no início da temporada de 2020, quando o hexacampeão tentou retornar à disputa poucos dias após ter sofrido cirurgia no braço fraturado no domingo anterior, o que acabou forçando o membro e sendo parcialmente uma das causas para o longo afastamento do piloto espanhol em todo o restante do ano. Outro item que será muito mais rigoroso a partir de agora será também relativo às vestimentas utilizadas pelos pilotos, que não poderão conter detalhes que auxiliem na aerodinâmica geral, sendo classificados unicamente como equipamento de proteção (luvas, botas, macacão). Todas as vestimentas dos competidores serão inspecionadas, para verificar a existência de adereços que não sejam unicamente de aumentar a proteção de seu usuário.

O circuito de Mandalika, na Indonésia (acima) já recebeu a pré-temporada da MotoGP e prepara-se para estrear como sede de GP no campeonato, assim como a pista de Kymiring, na Finlândia (abaixo), que também sediará uma etapa do mundial.


         A temporada de 2022 terá 21 corridas, e as novidades ficam com a estréia da Indonésia, no circuito de Mandalika, já conhecido pelos pilotos, que realizaram testes da pré-temporada no novo circuito, além da volta da Finlândia ao mundial das duas rodas, na pista de Kymiring. De quebra, a competição volta a correr nas provas que tiveram que ser canceladas nos últimos dois anos em virtude das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, como as etapas do Japão, Austrália, Malásia, além da Argentina, entre outras. Mas a pandemia ainda se faz presente, e por isso mesmo, pode-se esperar alguns percalços durante a competição, caso a situação se agrave em algum lugar, devido à nova variante ômicron, ou por causa de imprevistos que possam ocorrer. Na Malásia, por exemplo, foram tomadas regras rígidas de segurança sanitária para a realização dos testes da pré-temporada, e mesmo assim, foram constatados casos do coronavírus que acabaram por desfalcar alguns times. Apesar do avanço da vacinação em muitas partes do planeta, e do fato de todo mundo no paddock da MotoGP estar devidamente imunizado, tudo ainda pode acontecer. E não podemos descartar possíveis imprevistos decorrentes do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, uma vez que o presidente russo, Vladimir Putin, chegou a ameaçar a Finlândia caso o país resolvesse se aliar à Otan, prometendo reações políticas e militares. Esperemos que no caso desta última ameaça, nada de concretize, mas uma inclusão do país nórdico no confronto poderia ter reflexos na realização da prova, caso a situação saia do controle, e a segurança não possa ser garantida. Enquanto na F-1 já foi suspenso o GP da Rússia do calendário, a MotoGP felizmente não teve esse problema, uma vez que não possui corrida em solo russo, nem piloto do país.

         Então, todo mundo a postos, e preparem-se para mais uma temporada de muitos lances na busca pelo título na classe rainha do motociclismo, além de suas categorias de acesso, Moto2 e Moto3. Emoção é o que não deve faltar!

 

EQUIPES E PILOTOS

 

EQUIPE

MODELO

PILOTOS (Nº)

Aprilia Racing

RS-GP

Maverick Viñales (12)

Aleix Spargaró (41)

Ducati Lenovo Team

Desmosédici GP22

Jack Miller (43)

Francesco Bagnaia (63)

Gresini Racing MotoGP

Desmosédici GP21

Enea Bastianini (23)

Fabio Di Giannantonio (49)

LCR Honda

RC213V

Takaaki Nakagami (30)

Alex Márquez (73)

Monster Energy Yamaha MotoGP

YZR.M1

Fabio Quartararo (20)

Franco Morbidelli (21)

Pramac Racing

Desmosédici GP22

Johann Zarco (5)

Jorge Martin (89)

Red Bull KTM Factory Racing

RC16

Brad Binder (33)

Miguel Oliveira (88)

Repsol Honda Team

RC213V

Pol Spargaró (44)

Marc Márquez (93)

Team Suzuki Ecstar

GSX-RR

Alex Rins (42)

Joan Mir (36)

Red Bull KTM Tech 3

RC16

Raul Fernandez (25)

Remy Gardner (87)

VR46 Racing Team

Desmosédici GP22

Luca Marini (10)

Marco Bezzecchi (72)

WithU Yamaha RNF MotoGP™ Team

YZR.M1

Andrea Dovizioso (04)

Darrin Bynder (40)

A Pramac andou forte no ano passado, especialmente com Johaan Zarco, que passou perto da vitória, mas ficou sem subir ao degrau mais alto do pódio. E promete dar trabalho aos rivais na pista este ano.

 

CALENDÁRIO DA TEMPORADA 2022

 

DATA

PROVA

CIRCUITO

06.03

Grande Prêmio do Qatar

Losail

20.03

Grande Prêmio da Indonésia

Mandalika

03.04

Grande Prêmio da Argentina

Termas de Rio Hondo

10.04

Grande Prêmio das Américas

Circuito das Américas - Austin

24.04

Grande Prêmio de Portugal

Portimão

01.05

Grande Prêmio da Espanha

Jerez de La Fronteira

15.05

Grande Prêmio da França

Le Mans

29.05

Grande Prêmio da Itália

Mugello

05.06

Grande Prêmio da Catalunha

Barcelona

19.06

Grande Prêmio da Alemanha

Sachsenring

26.06

Grande Prêmio da Holanda

Assen

10.07

Grande Prêmio da Finlândia

KymiRing

07.08

Grande Prêmio da Grã-Bretanha

Silverstone

21.08

Grande Prêmio da Áustria

Zeltweg

04.09

Grande Prêmio de San Marino

Misano

18.09

Grande Prêmio de Aragón

Aragón

25.09

Grande Prêmio do Japão

Twin Ring Motegi

02.10

Grande Prêmio da Tailândia

Chang

16.10

Grande Prêmio da Austrália

Phillip Island

23.10

Grande Prêmio da Malásia

Sepang

06.11

Grande Prêmio da Comunidade Valenciana

Ricardo Tormo - Valência

 

TRANSMISSÃO NO BRASIL

 

         Com o fim da marca Fox Sports, as transmissões da MotoGP no Brasil continuarão a ser realizadas pelo Grupo Disney, atual detentor dos direitos de transmissão da categoria, agora através dos canais ESPN, que passaram a ser quatro canais, com os antigos canais do Fox Sports e Fox Sports 2 agora se chamando ESPN 3 e ESPN 4. Toda a temporada será transmitida ao vivo, inclusive os treinos oficiais, e treinos de classificação, além das categorias de acesso Moto2 e Moto3, garantindo a diversão dos fãs da velocidade em duas rodas. E as transmissões também serão feitas no sistema de streaming, através do serviço Star +, do Grupo Disney. Preparem-se para começar sua torcida!

Valentino Rossi pendurou o capacete nas duas rodas, e agora estará presente como chefe de sua própria equipe, a VR46, que terá Luca Marini (acima) como um de seus pilotos na temporada 2022.

 

 

Nenhum comentário: