quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1998 – 09.04.1998



            Voltando com um de meus antigos textos, esta coluna foi publicada no dia 9 de abril de 1998, e o assunto era o rebuliço que os times na F-1 tentavam armar contra a McLaren, que nas duas primeiras corridas daquela temporada, simplesmente massacrou a concorrência, como fazia nos tempos da dupla Alain Prost/Ayrton Senna, em 1988. O primeiro tiro havia saído pela culatra, e começaram a inventar idéias sobre outros aspectos do MP4/13, disparo o melhor carro da competição. Típica choradeira de quem não conseguiu produzir um carro de competição tão bom, e ficava tentando melar o bom trabalho dos rivais. E olhe que até hoje eles tentam isso: alguém aí lembra de quando a FIA proibiu a suspensão “fric” da Mercedes, sob alegação de que ela era ilegal? Os carros do time alemão não andaram mais devagar por causa disso, usando uma suspensão mais “convencional”. De quebra, alguns tópicos rápidos sobre a corrida de Long Beach da F-CART, e o calendário da F-3000 Internacional (que depois viraria GP2, e agora vai ser F-2) e do campeonato FIA GT. Uma boa leitura a todos, e em breve, trago mais antigas colunas aqui no blog...




COMO SEGURAR A MCLAREN?

            Esta é a pergunta que todos na Fórmula 1 estão fazendo no atual momento do campeonato, depois do banho que todas as escuderias levaram do time de Ron Dennis na Austrália e no Brasil. Agora, é a vez da Argentina, onde os times se preparam para a 3ª etapa do campeonato. O palco, o circuito Oscar Galvez, em Buenos Aires, teoricamente tem tudo para melhorar o nível da disputa, pois é uma pista travada e com poucos pontos de ultrapassagem. Local ideal para pilotos com muito braço, leia-se Michael Schumacher, tentar aprontar alguma surpresa para cima de Mika Hakkinen e David Coulthard.
            Enquanto isso, fora da pista, o ambiente está pegando fogo nos bastidores. Em Interlagos, a situação esteve fervendo nos boxes, com os demais times tentando tornar o novo freio da McLaren ilegal. Encabeçados pela Ferrari, algumas equipes protestaram. Tiveram o que queriam, e o tal freio acabou vetado. Deram com os burros n’água: a McLaren, mesmo utilizando freios “convencionais”, deu mais um passeio na pista brasileira e deixaram todas as outras escuderias com cara de idiotas, principalmente a Ferrari, que havia resolvido criar essa histeria toda. O pior foi constatar que a McLaren só não deu uma volta em cima de todos os demais, como na Austrália, porque nem precisava. Hakkinen disse que não exigiu tudo do carro e se limitou, depois de certa altura, a administrar sua vantagem.
            O protesto armado pela Ferrari em Interlagos foi, no mínimo, uma vergonha, por punir a McLaren simplesmente porque a escuderia inglesa fez o seu dever de casa melhor do que as outras equipes no inverno europeu. A Ferrari mesmo, com toda a sua pose, resolveu treinar com o seu novo carro apenas nas suas pistas particulares, ignorando, ou melhor, talvez temendo o que o seu novo F300 poderia realmente produzir frente à concorrência.
            Um carro de F-1 é composto de diversos sistemas e o que vale é o seu trabalho em conjunto. Ora, a McLaren vem de uma franca evolução desde o ano passado, quando voltou a vencer depois de 3 anos de jejum; a equipe tem um motor de primeiro nível, o Mercedes-Benz, resolveu utilizar os pneus Bridgestone, que se mostraram muito superiores aos da Goodyear em 97, e conseguiu tirar da Williams o projetista Adrian Newey, que já fez o diabo a quatro com o novo MP4/13 da McLaren. Um conjunto chassi-motor-pneus altamente eficiente e de potencial comprovado pelo que se viu nas pistas até agora. Depois do golpe fracassado contra o freio da McLaren, agora estão colocando em dúvida um dos botões do volante dos carros prateados dizendo que seria ele de algum sistema ilegal, como o controle de tração, por exemplo. Do jeito que a coisa vai, é capaz que daqui a pouco resolvam proibir a McLaren de usar os pneus da Bridgestone alegando que eles são ilegais. O que será que irão inventar depois?
            Frank Williams, com seu ar de indiferença, não dá o braço a torcer e afirma que, em breve, a Williams vai estar no encalço da McLaren e continua repetindo feito um disco riscado que a saída de Adrian Newey não causou nenhuma perda para o grupo técnico de sua equipe. Mas ver o atual desempenho do time nas pistas este ano, em comparação com o ano passado, dá outras idéias...
            Vamos ver o que acontece na Argentina. Até mesmo a McLaren aposta em uma corria mais difícil, pelas características do circuito. Mas eles também disseram que a corrida em Interlagos seria mais difícil que a da Austrália, por se tratar de um circuito de corridas de verdade, e não um circuito urbano, como o Albert Park. Pode-se dizer que a prova brasileira foi mesmo um pouco mais difícil, mas num grau tão pequeno que praticamente não fez diferença nenhuma...


CALENDÁRIOS 98: F-3000 INTERNACIONAL

DATA
CIRCUITO
PAÍS
11.04
Oschersleben
Alemanha
25.04
Ímola
Itália
09.05
Barcelona
Espanha
16.05
Silverstone
Inglaterra
23.05
Monte Carlo
Mônaco
01.06
Pau
França
19.07
Enna-Pergusa
Itália
25.07
Zeltweg
Áustria
01.08
Hockenhein
Alemanha
15.08
Hungaoring
Hungria
29.08
Spa-Francorchamps
Bélgica
26.09
Nurburgring
Alemanha


CALENDÁRIOS 98: FIA GT

DATA
CIRCUITO
PAÍS
12.04
Oschersleben
Alemanha
17.05
Silverstone
Inglaterra
28.06
Hockenhein
Alemanha
05.07
Dijon-Prenois
França
19.07
Hungaroring
Hungria
23.08
Suzuka
Japão
06.09
Donington Park
Inglaterra
20.09
Zeltweg
Áustria
18.10
Etapa a definir

25.10
Etapa a definir



Mais uma vez Gil de Ferran brilhou, mas não levou a vitória no GP de Long Beach, no campeonato da F-CART. O piloto brasileiro vinha dominando a corrida quando foi traído pelo câmbio do seu Reynard/Honda quando faltavam cerca de 20 voltas para terminar a prova. Já são 3 anos seguidos de situação assim na pista do balneário californiano...


O GP de Long Beach é normalmente palco de situações emocionantes, mas este ano a coisa foi mais longe: tivemos até um engarrafamento na pista, cortesia de um toque de rodas entre Hiro Matsushita e Guálter Salles. Mais de 6 carros ficaram empacados no local, sem poder atravessar a pista para seguir corrida adiante. Michael Andretti deu uma amostra de arrojo ao andar rápido em plena corrida mesmo com um dos pneus dianteiros sendo dechapado em seu carro durante várias voltas. Deu no que deu: o pneu estourou e Andretti, que tinha boas chances de vitória, beijou o muro. Paul Tracy e Christian Fittipaldi se engancharam em uma das curvas, com o canadense dando uma fechada ao tentar recuperar a sua posição numa tentativa de ultrapassar o piloto brasileiro. Tracy quase capotou com o carro e foi parar nas barreiras de pneus, levando Christian junto. Antes de abandonar a corrida, Michael Andretti também deu uma decolada com seu Swift/Ford, ao ficar encaixotado por um breve instante na curva que antecede a reta dos boxes. Para finalizar as emoções da prova, Alessandro Znardi, que durante todo o GP teve uma atuação discreta, irrompeu entre os líderes nas voltas finais, deu um banho numa ultrapassagem sobre Bryan Herta (ele, de novo, como em Laguna Seca, em 96) a 2 voltas do final e venceu a corrida. Para os brasileiros, sobrou o consolo de terem sido o destaque da prova: Guálter Salles deu um show na classificação, levando o fraco carro da Payton/Coyne à 4ª posição no grid e andando entre os líderes na primeira metade da corrida; Gil de Ferran mostrou de novo a sua forma em Long Beach, até ser traído pelo câmbio; Hélio Castro Neves foi uma sensação, liderando a corrida e perdendo as chances de vitória no final por um pouco de afobação (ainda terminou em 9º); e Tony Kanaan mostrando serviço com um belo 5º lugar.
 


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