sexta-feira, 16 de junho de 2023

UM CENTENÁRIO COMEMORADO À ALTURA

Após cinco décadas sem competir em Le Sarthe, a Ferrari estreou na classe Hypercar e levou o triunfo nas 24 Horas de Le Mans.


            O mundo do esporte a motor comemorou no último domingo mais um centenário, e em grande estilo, até mesmo pela prova que atingiu tal feito, que não foi qualquer uma, mas uma das mais famosas e emblemáticas do automobilismo mundial: As 24 Horas de Le Mans! Sim, a maior prova de longa duração completou 100 anos de existência, uma vez que sua primeira edição ocorreu em 1923, e de lá para cá passou a escrever uma linda história nos anais da velocidade. Para o bem, e para o mal, infelizmente, em alguns momentos.

            Uma história que começou a ser contada em 1920, quando o ACO (Automobile Club de l'Ouest - Clube do Automóvel do Oeste, em português) propôs a criação de uma corrida com vistas a melhorar e fortalecer o desenvolvimento da indústria automobilística, algo que começou a tomar forma dois anos depois, com o anúncio, enfim, da competição, que seria uma corrida de resistência, para colocar à prova a capacidade dos carros, além da velocidade. E assim, no ano seguinte, em 2023, nos dias 26 e 27 de maio, 33 competidores largaram para a primeira corrida das 24 Horas de Le Mans, na região de Sarthe, que acabou escolhida para sediar a prova. Ao fim das 24 horas, foram percorridos 2.209,536 Km em 128 voltas, que viram o triunfo da dupla André Lagache e René Léonard com um modelo Chenard & Walcker Sport 3-Litre, como os primeiros vencedores da corrida.

            E de lá para cá tudo foi aumentando, aumentando, até chegar aos números exibidos pela corrida, que se tornou um dos ícones do mundo do automobilismo, fazendo parter de uma trinca de provas consideradas “sagradas” do mundo do esporte a motor, sendo as outras corridas o Grande Prêmio de Mônaco de F-1, e as 500 Milhas de Indianápolis, corrida que já comemorou o seu centenário há alguns anos atrás, tanto em tempo, como em número de edições já disputadas.

            A edição deste ano foi a 91ª, pois a prova deixou de ser disputada em alguns anos, por problemas adversos, em especial a Segunda Guerra Mundial. Mas, desde o seu retorno, a prova em Sarthe tem sido presente em todos os anos, até mesmo em 2020, no momento mais crítico da pandemia da Covid-19. E os números de 2023 foram grandiosos: tivemos praticamente 40 protótipos na edição deste ano, sendo 16 delesd só na classe principal, a Hypercar, que viu o retorno de duas marcas lendárias que já haviam feito história em Le Sarthe: Peugeot e Ferrari. E, no retorno da “Garage 56”, para carros “alternativos”, a participação de um carro da Nascar pela segunda vez nas 24 Horas. E a disputa na pista foi das mais memoráveis, como se os deuses do automobilismo dessem sua bênção para a prova do centenário.

            Para o Brasil, foi um momento único: pela primeira vez, a famosa corrida foi transmitida na íntegra, no canal oficial do Bandsports no You Tube, sendo que o canal de TV por assinatura também exibiu vários momentos da prova, contando com uma equipe de transmissão composta de grandes feras e gente nova no pedaço que não comprometeu no resultado, proporcionando aos fãs brasileiros a chance de acompanhar de forma das mais completas tudo o que rolou na França. Melhor que isso, só se tivessem reportagem no local da corrida, mas mesmo assim, fizeram um trabalho extraordinário, e merecem todos os elogios pelos esforços dispendidos para trazer aos fãs tudo o que estava acontecendo, na pista e fora dela.

            E não faltou emoção para se acompanhar. Para iniciar, a Ferrari, com seu novo Hypercar 499P arrebatara a primeira fila do grid, derrotando a favorita Toyota na briga pela pole-position, e indicava que poderia ir à luta, apesar do favoritismo do time japonês, como já tinha ocorrido anteriormente em outras etapas do WEC. E assim foi, quando Sébastian Buemi (Toyota Nº 8) assumiu logo a liderança no início da corrida. Mas Le Mans é Le Mans, e são 24 horas de corrida. A chuva apareceu para complicar a situação de todos, e então tivemos vários problemas com diversos competidores se estranhando com a pista molhada, e depois entre eles mesmos, em alguns duelos que não terminaram bem, com vários abandonos acontecendo. Quando a noite caiu em Sarthe, eis que Kamui Koabayashi (Toyota Nº 7) acabou se envolvendo em um acidente, tendo de abandonar a prova. Até então, a Ferrari Nº 50, que havia largado na pole, já tinha tido um problema mecânico que a fez ir aos boxes, perdendo várias voltas no conserto e ficando de fora da briga pela vitória. O duelo passou então para os carros remanescentes de ambos os times, com os demais participantes, inclusive os Cadillacs da Action Express, e os Porsches da Penske a assistirem de camarote ao duelo, ainda que o time de Roger Penske tenha dado o ar da graça e liderado um bom número de horas até então, quando também teve problemas mecânicos e ficou pelo caminho.

            Até mesmo a Peugeot, de glórias passadas em Le Mans, teve seu gostinho de liderar a prova, ainda que breve, mas tendo que se contentar com um papel secundário na disputa deste ano. Apesar do Toyota Nº 8 tentar manter o controle da situação, eles já estavam enfrentando alguns problemas para tentar reimpôr o domínio visto em anos recentes, e ainda por cima, o imponderável sempre está à espreita em Le Mans, e ele se fez presente quando, por incrível que pareça, atropelou um esquilo, danificando o bólido, e ainda por cima Rio Hirakawa acabou saindo da pista e batendo no guard-rail. Àquele momento, é verdade que a Ferrari já liderava, mas a saída de pista comprometera as chances de um revide na briga pela vitória. Faltavam ainda duas horas para o fim, e tudo ainda poderia acontecer, afinal, é Le Mans. Mas a Ferrari Nº 51 se manteve firme, apesar de um tremendo susto no último pit stop, quando o carro demorou a pegar, e uma vantagem de mais de 2 minutos na liderança diminuiu quase pela metade, no último momento de maior tensão da corrida. Ainda tínhamos quase meia hora de prova, e em Sarthe, nada está decidido até a bandeirada final, como já vimos em vários momentos ao longo da história. Mas Alessandro Pier Guidi ficou firme, e seguiu para receber a bandeirada em primeiro lugar, reconduzindo o time de Maranello ao topo do pódio em Le Mans após quase seis décadas do último triunfo que a escuderia havia obtido em Sarthe. Isso ocorreu em em 1964, portanto, há 59 anos, quando Jean Guichet e Nino Vaccarella completaram as 24 Horas de Le Mans com o modelo 275P, defendendo a Ferrari nas 24 horas de Le Mans. O time rosso ficou até o início dos anos 1970 participando, mas então retirou-se da disputa das 24 Horas depois de 1973. Naquele seu último ano de participação, inclusive, subiu ao pódio, terminando em 2º lugar na classe principal, com a dupla formada pelo italiano Arturo Merzario e o brasileiro José Carlos Pace, com uma Ferrari 312PB. E agora, no seu retorno, acabou coroada no alto do mais famoso dos pódios do endurance. Alessandro Pier Guidi, assim como seus companheiros de carro, Antonio Giovinazzi e James Calado inscreveram seus nomes na história de Sarthe ao fim das 342 voltas percorridas no circuito este ano.

Cadillac e Porsche bem que tentaram engrossar a briga, mas o duelo acabou ficando mesmo entre a Ferrari e a Toyota, que há cinco anos não perdia em Le Mans.

    
        A prova deste ano foi recheada de abandonos, sendo que dos 62 carros que largaram, 22 ficaram pelo caminho. Na verdade, o início da prova foi quase que um derby de demolição, sendo que com menos de duas horas e meia de competição, nada menos do que 6 carros já tinham abandonado, 2 deles na classe LMP2, e o restante na classe LMGTE-Am. E isso seria apenas o começo. Felizmente as coisas sossegaram um pouco, e o ritmo das quebras e abandonos foi ficando menos intenso, ou muito mais carros poderiam ter ficado fora de combate.

            Na classe LMP2, o triunfo foi da equipe Inter Europol Competition com grande mérito, tendo dominado a corrida depois da quinta hora de competição com o carro Nº 34 Oreca/Gibson pilotado pelo trio Albert Costa, Fabio Scherer e Jakub Śmiechowski. Já na classe LMGTE-Am a vitória veio novamente para a Corvette, com o carro Nº 33 pilotado pelo trio Nicky Catsburg, Ben Keating e Nicolás Varrone, que enfrentou alguns problemas sérios durante a corrida, chegando a perder duas voltas em sua classe, e recuperando bravamente essa diferença para alcançar novamente a dianteira e triunfar ao fim na bandeirada de Le Sarthe, até com 1 volta de vantagem para o segundo colocado na mesma classe.

            Tivemos cinco brasileiros este ano nas 24 Horas de Le Mans, mas infelizmente, todos eles ficaram longe da disputa pela vitória em suas respectivas classes, vitimizados por problemas mecânicos ou azares vividos por seus colegas de carro durante a competição. Felipe Nasr era um de nossos principais nomes, competindo na classe Hypercar com o time da Penske/Porsche, tendo largado numa respeitável 4ª posição no grid, e até mostrado boa performance, chegando a liderar parte da corrida, dando esperanças de brigar pela vitória com a Ferrari e a Toyota. Mas infelizmente, um problema mecânico na pressão do combustível levou o carro Nº ao abandono, e aos sonhos de triunfar em Le Sarthe.

A edição de 2023 comemorou os 100 anos de disputa da primeira prova das 24 Horas de Le Mans, em 1923. Dos 62 carros que largaram, 40 terminaram a prova.

    
        Pipo Derani era nosso outro representante na classe Hypercar, com o modelo Cadillac da Action Express. Mas o desempenho do carro Nº 311 já foi a nocaute logo no início da corrida, quando Jack Aitken, um dos companheiros de carro do brasileiro, se envolveu em um acidente, danificando o carro, que apesar de continuar na prova, após reparos nos boxes, nunca apresentou uma performance capaz de fazê-lo batalhar pelas primeiras colocações, e ainda ficou mais comprometido pelo acidente sofrido. Pietro Fittipaldi, na equipe Jota, na classe LMP2, até teve treinos encorajadores, mas na corrida, problemas mecânicos e azares no momento da chuva arruinaram qualquer chance de um bom resultado. Ainda na classe LMP2, André Negrão, defendendo a Alpine, foi outro que viu as chances de bons resultados se esvaírem após um acidente sofrido com outro piloto do carro durante a prova, que danificou o carro, fora os problemas no período da chuva. Por fim, Daniel Serra, competindo na classe LMGTE-Am ficou pelo caminho devido a problemas mecânicos no carro. Melhor sorte a todos eles na próxima participação em Le Mans.

            E assim as 24 Horas comemoraram 100 anos de existência, e agora, a meta é dobrar a comemoração em 2032, quando, se nada imprevisto ocorrer, teremos a realização da 100ª edição de Le Mans, outra marca que ficará para a história. Uma história que segue sendo escrita nos anais do esporte a motor, trazendo sempre emoção, disputa, drama, derrotas, e triunfos. Que venham as 24 Horas de Le Mans de 2024, portanto...

 

 

A F-1 chegou a Montreal para a disputa do Grande Prêmio do Canadá, uma das etapas mais aguardadas pelos pilotos e torcedores, diante dos desafios que o Circuito Gilles Villeneuve costuma impôr aos pilotos e equipes. A Red Bull ainda é disparada a grande favorita, mas o atrativo está na disputa logo atrás, para ver quem será a segunda força. Na Espanha, a Mercedes apresentou uma boa performance, ainda que alguns adversários potenciais, como Sergio Perez e Fernando Alonso tenham ficado abaixo do que poderiam render. No Canadá, espera-se confirmar se a Mercedes deu um passo efetivo à frente, confirmando a sua evolução com o novo W14 “B”, e se a Aston Martin, uma das sensações da temporada até aqui, manterá sua performance, depois do resultado decepcionante da Espanha. Também é preciso ver se a Ferrari, que trouxe várias novidades no seu carro na última corrida, conseguirá dar uma reagida, sob o risco de ficar para trás na briga com os dois outros times mencionados. Quem está particularmente animado para fazer uma boa prova é Lance Stroll, apostando na boa forma apresentada por seu time este ano, e especialmente depois de um resultado mais positivo em Barcelona, quando voltou a pontuar. Agora, o piloto canadense quer tentar o primeiro pódio da temporada, e justo em sua casa. Falta combinar com os adversários, contudo, que não devem facilitar a empreitada, e até mesmo com seu companheiro de equipe Fernando Alonso, que com exceção da prova espanhola, tem deixado Lance comendo poeira nesta temporada. A Bandeirantes transmite a corrida ao vivo a partir das 15:00 Hrs. de domingo, pelo horário de Brasília.

O belo circuito Gilles Villeneuve está pronto para sediar mais uma edição do Grande Prêmio do Canadá de F-1.
 

Depois de realizar o Grande Prêmio da Itália semana passada, a MotoGP já volta à pista neste final de semana, na segunda etapa da maratona de três provas em finais de semana consecutivos, antes das férias de verão da categoria. Desta vez, é o GP da Alemanha, na pista de Sachsenring, e a Honda chega bem desfalcada à etapa germânica do campeonato, depois dos entreveros sofridos no fim de semana passado, em Mugello. Joan Mir, companheiro de Marc Márquez no time oficial da marca japonesa, fraturou a mão quando caiu nos treinos, e ficará de fora deste final de semana. O campeão de 2020 deve ter chances de retorno na etapa da semana que vem, em Assen, na Holanda, mas quem ainda não tem prazo para retornar é Álex Rins, que defende a LCR. O piloto, que conseguiu o melhor resultado de uma moto Honda na atual temporada, ao vencer o GP dos Estados Unidos, em Austin, sofreu um forte acidente na prova, fraturando a perna em dois lugares, o que vai exigir cirurgia para corrigir o problema. Rins já fez uma delas, mas ainda irá precisar de outra, e por isso, seu retorno só deve se dar após as férias, na etapa da Inglaterra, em Silverstone, no início de agosto. Mas o clima nos boxes da Honda não anda ruim somente por estes acidentes mais sérios: Marc Márquez começa a cobrar da fábrica japonesa maior empenho para melhorar o modelo RC213V, cuja performance deficiente e comportamento tem feito com que seus pilotos precisem forçar demasiadamente para tentar obter melhores resultados. No caso do hexacampeão, ele tem tido um índice alarmante de tombos no ano, e em Mugello, ele foi de novo ao chão quando batalhava por posição no pódio, após apenas 6 voltas. També foram quedas que vitimaram Mir e Rins, sem mencionar que Takaaki Nakagami também já sofreu quedas este ano. O desempenho da moto estaria colocando os seus pilotos em risco acima do normal para se obter resultados, e a marca nipônica não está trazendo atualizações que permitam corrigir o problema e melhorar o desempenho do protótipo. Em Mugello, Marc Márquez teve uma reunião com Shinjii Aoyama, o executivo número 2 da marca japonesa, para falar de suas frustrações, com a presença também de Koji Watanabe, presidente da Honda Racing Corporation (HRC), em uma reunião de aproximadamente meia hora. Certamente, o clima não deve ter sido nada bom. E possivelmente não vá melhorar tão cedo, a julgar pelos últimos acontecimentos na pista...

 

Curiosamente, a pista de Sachsenring é “território” da “Formiga Atômica: desde que estreou na classe rainha do motociclismo, Marc Márquez reinou naquele circuito, vencendo todas as corridas disputadas, com exceção das temporadas de 2020, quando a corrida não foi realizada devido à pandemia da Covid-19, e no ano passado, quando estava se recuperando de sua última cirurgia para corrigir os problemas do braço fraturado em 2020. No ano passado a vitória ficou com Fabio Quartararo, da Yamaha. Coincidência ou não, ambos os pilotos são vistos como verdadeiras zebras na expectativa de repetirem seus triunfos na prova alemã este ano. Márquez, pelos problemas já mencionados, além do azar decorrente dos percalços da Honda; e Quartararo por ver a Yamaha na sua pior forma em muitos anos, incapaz de brigar pelas primeiras posições nas corridas. O canal pago ESPN4 e o serviço de streaming Star+ transmitem a corrida Sprint deste sábado a partir das 10:00 Hrs. da manhã, e a prova principal, no domingo, com largada para as 09:00 Hrs., horários de Brasília.

 

A Indycar também acelera neste final de semana, e o palco é o melhor circuito misto da temporada, Road America, em Elkhart Lake. Depois da vitória em Detroit, Álex Palou abriu uma grande vantagem na dianteira do campeonato, com 51 pontos sobre Marcus Ericsson, conferindo à Ganassi ter dois de seus pilotos nas duas primeirascolocações da competição. Se considerarmos o TOP-4 da temporada, o número sobe para 3, já que Scott Dixon é o 4º colocado, e Josef Newgarden, da Penske, é o “intruso”, ocupando a 3ª colocação. É a terceira corrida da temporada em circuito misto permanente. Na primeira prova, no Alabama, deu vitória da Penske, com Scott McLaughlin; a segunda corrida foi no traçado misto de Indianápolis, onde Álex Palou saiu vencedor, e não por acaso, é um dos favoritos a repetir o feito em Road America, pista onde já venceu em 2021, quando conquistou o título da temporada, e que ninguém duvide que ele pretenda repetir a dose, vencendo novamente a corrida, e claro, o título. A corrida terá transmissão ao vivo pelos canais TV Cultura (aberta), ESPN4 (TV por assinatura), e pelo Star+ (streaming), a partir das 14:00 Hrs.

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