quarta-feira, 7 de junho de 2023

FLYING LAPS – MAIO DE 2023

            E já estamos no mês de junho, chegando à metade do ano de 2023, que mais uma vez, parece ter começado ontem, com o tempo parecendo continuar voando tão rápido quanto os bólidos dos principais campeonatos do mundo da velocidade. Portanto, como é de praxe, todo início de mês é hora de mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns acontecimentos do mundo da velocidade ocorridos neste último mês de maio, com destaque para os andamentos da Formula-E, e claro, sobre as 500 Milhas de Indianápolis, sempre com alguns comentários rápidos sobre os eventos citados. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início do próximo mês, já em julho, iniciando o segundo semestre deste ano...

Depois de vencer a segunda corrida em Berlin, e colocar o líder do campeonato, Pascal Wehrlein, na alça de mira, Nick Cassidy consolidou sua posição como favorito do momento ao obter uma nova vitória, desta vez no ePrix de Mônaco, e tomar do alemão da equipe Porsche a primeira colocação no campeonato. E não foi uma tomada de posição à toa: Nick abriu nada menos que 20 pontos na liderança (121 a 101 de Wehrlein), uma vez que Pascal mais uma vez ficou devendo, terminando a prova monegasca em 10º, muito pouco para quem era, até algumas etapas atrás, o grande favorito ao título. Mas a Porsche estancou, e seus pilotos também, em que pese alguns azares ocasionais, embora isso tenha sido de menos para justificar a queda de seu principal piloto na competição. Mas, como desgraça pouca é bobagem, agora o risco é de Wehrlein cair ainda mais para trás, se não reagir. Jake Dennis, que havia começado a temporada na liderança, e ficado bem atrás do alemão da Porsche, mesmo na vice-liderança do certame, também vem crescendo, tendo subido ao pódio em Mônaco na 3ª colocação, e no momento, está apenas 5 pontos atrás do rival. De favorita, a Porsche parece ter perdido o fôlego demonstrado no início da temporada, quando parecia o time a ser batido, posição que no momento é dos carros da Jaguar, tanto time oficial como cliente. Mith Evans, da equipe britânica, foi o 2º colocado, lembrando que a Envision, time de Cassidy, usa o trem de força da Jaguar, que tem se mostrado o mais eficiente neste momento. E Evans tem tudo para vir para cima também, estando no momento com 94 pontos, classificando-se em 4º na competição. O que não parece ter conserto é a má performance da Mahindra, que mais uma vez ficou a ver navios, saindo zerada do Principado, sem demonstrar o menor sinal de competitividade. Lucas Di Grassi largou na penúltima fila, e lutou o quanto pôde, mas terminou apenas em 12º lugar. Para uma comparação, Jean-Éric Vergne, da DS Penske, largou em último, e chegou em 7º lugar, mas dispondo de um carro mais competitivo, que se não é um dos melhores do grid, já conseguiu até vitória com o bicampeão. Melhor esquecer mesmo o resto de 2023, e tentar se recuperar em 2024...

 

 

Aliás, a situação da Mahindra já fez até um de seus pilotos, Oliver Rowland, pedir a rescisão contratual a escuderia, já visando achar um lugar mais competitivo na F-E para 2024, ou tentar a sorte em outro certame, diante da falta de perspectivas do time indiano, que na rodada dupla de Jakarta, terá Roberto Merhi como novo companheiro do brasileiro Lucas Di Grassi, que conseguiu o único resultado positivo do ano até aqui para o time, ao terminar o ePrix da Cidade do México em 3º lugar, numa performance que não mais conseguiu repetir. A Mahindra ainda não se posicionou se Merhi ficaria até o fim da temporada, mas o acordo com o piloto seria a princípio apenas para a rodada da Indonésia.

 

 

Os críticos da manutenção de Mônaco como palco de competições, alegando que o circuito monegasco está defasado e não permite boas disputas, acabam levando um revés quando a prova da F-E mostrou quase 120 ultrapassagens em 29 voltas de competição do seu ePrix desse ano. Os carros monopostos elétricos mostraram ser possível ultrapassar no travado circuito citadino de Monte Carlo, sendo que na Curva Lowes, a mais lenta da pista, chegamos a ver quase três carros emparelhados tentando fazer a curva ao mesmo tempo, resultando em várias ultrapassagens e disputas. Nick Cassidy, o vencedor da corrida, largou em 9º lugar, e lembrando que na F-E não há pit stops para troca de pneus (salvo em caso de pneu furado), todas as posições foram ganhas na pista pelo neozelandês da Envision, em disputas carro a carro com os rivais. Mith Evans, 2º colocado, largou em 6º; e Jake Dennis, que terminou em 3ª, partiu da 11ª posição no grid. Já a corrida da F-1 foi quase uma procissão, e olhe que nem a chuva ajudou a melhorar a disputa na parte final da corrida. Por mais razões que Monte Carlo tenha para não ser um palco ideal para competições automobilísticas, o que se vê é que o problema é mais relacionado ao tipo de categoria do que à pista propriamente...

 

 

Não foi dessa vez que Hélio Castro Neves conseguiu lutar pela sua 5ª vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. O piloto brasileiro largou em 20º, e terminou apenas em 15º lugar. Helinho conseguiu se manter distante das encrencas que surgiram na corrida, mas a falta de ritmo de seu carro impediu qualquer melhor esperança de bom resultado na prova. Em nenhum momento Hélio conseguiu avançar na corrida, mostrando que a Meyer Shank vem perdendo rendimento. Se em 2021 o brasileiro e o time conseguiram surpreender, a ponto de Helinho conquistar sua 4ª vitória na Brickyard Line, no ano passado a situação já havia decaído, com o brasileiro terminando em 7º, resultado não de todo ruim, mas que desde o início da corrida, já dava mostras de ser muito difícil repetir o desempenho do ano anterior. E agora em 2022, não foi apenas uma classificação ruim, mas o próprio desempenho também não foi bom. Hélio tem contrato com a Meyer Shank até o fim do atual campeonato, e embora tenha um acordo para disputar a Indy500 no próximo ano, resta saber se ele irá procurar um time mais competitivo para disputar o próximo campeonato...

 

 

Tony Kanaan realizou sua despedida da Indycar, e da Indy500, sendo um dos destaques da preparação para a prova, tendo sido exibidas várias matérias a respeito de sua carreira na categoria nos Estados Unidos. Defendendo a McLaren, o brasileiro partiu de uma satisfatória 9ª posição no grid, e com o bom desempenho mostrado pela escuderia nos treinos e classificação, era um dos candidatos à vitória na prova. Infelizmente, o desempenho na corrida, apesar de um início conservador e promissor, só veio decaindo ao longo da prova. Segundo Tony, o acerto do carro não foi o ideal, e eles não conseguiram corrigir o comportamento do carro durante as paradas de box, de modo que ele foi ficando mais para trás, sem chances de disputar as primeiras colocações, terminando em 16º lugar, após ser ultrapassado no finalzinho justamente por Hélio Castro Neves, que obviamente declarou que sentirá falta da presença de Kanaan no grid na próxima Indy500. O ponto alto de Kanaan na corrida foi uma ultrapassagem arrojada sobre Scott McLaughlin, onde o brasileiro precisou colocar uma das rodas na grama para consumar a manobra, quando o piloto da Penske lhe deu uma pequena fechada, fazendo o público suar frio diante da possibilidade de Tony perder o controle do carro. Mas, mesmo tendo aposentado o capacete na competição norte-americana, Tony deverá permanecer nela. Zak Brown, diretor da McLaren, declarou que está em negociação com o piloto brasileiro para ele se tornar um consultor do time, exercendo função de apoio e coordenação dos pilotos da escuderia, função que é desenvolvida de forma similar na Ganassi pelo também ex-piloto Dario Franchiti; e na Penske, por Rick Mears. A McLaren já conta com a consultoria de Gil de Ferran em suas fileiras, embora no caso do bicampeão da F-Indy de 2000 e 2001, ele esteja envolvido com o time de F-1 da McLaren. As negociações para ter Kanaan nesta nova função prosseguem entre as partes...

 

 

Novamente, a Indy500 mostrou seu lado perigoso, com alguns acidentes durante sua realização. Um dos mais preocupantes foi quando Felix Rosenqvist ralou o muro e perdeu o controle de seu carro, derrapando, e acertando o bólido de Kyle Kirkwood, que acabou acertando o muro e virando de cabeça para baixo. Mas felizmente, só foi um grande susto para o piloto da Andretti. O que preocupou mesmo neste caso foi que um dos pneus do carro de Kyle acabou arremessado na direção da arquibancada, passando bem alto sobre o alambrado de proteção. Poderia ter sido uma tragédia, se tivesse atingido a arquibancada em frente, que estava lotada de pessoas, mas felizmente, o pneu voou justamente em um ponto onde havia separação dos lances das arquibancadas, indo cair no meio de alguns carros estacionados logo atrás, atingindo um deles. Um prejuízo menor, perto do que poderia ter acontecido. O acidente mereceu uma investigação mais acurada, já que as rodas dos carros são presas por cabos especiais, justamente para tentar evitar que tal acontecimento ocorra, sendo uma medida de segurança importante no regulamento técnico. A McLaren também viu Patricio O’Ward ir parar no muro, e dar novamente adeus às suas expectativas de vencer a corrida. E a Andretti também viu Romain Grosjean beijar o muro, felizmente sem maiores consequências além dos danos no carro. Os muros de Indianápolis impõem respeito, não importa quem seja o piloto que os desafiem. Felizmente, ninguém se feriu seriamente nos acidentes durante a corrida deste ano.

 

 

Josef Newgarden foi o consagrado da vez na Indy500. O bicampeão da equipe Penske largou numa modesta 17ª posição, e diante do desempenho apenas regular da equipe de Roger Penske, nunca figurou na lista de grandes favoritos da corrida este ano, diante da performance mais destacada de Ganassi e McLaren na corrida. Mas Josef veio escalando o pelotão pouco a pouco, e estava em posição para dar o bote quando a direção de prova fez uma relargada para a volta final da corrida. Newgarden ultrapassou Marcus Ericsson na metade da volta final para assumir a liderança e vencer a corrida mais famosa dos Estados Unidos. E o piloto, após a bandeirada de chegada, resolveu imitar Hélio Castro Neves, e simplesmente deixou seu carro, indo para o alambrado. Mas, diferente do brasileiro, Josef simplesmente atravessou a cerca e foi comemorar no meio dos torcedores por ali, sendo exaltado por todos eles, numa grande demonstração de comemoração pelo triunfo da corrida. Newgarden está na briga pelo tricampeonato na temporada atual da Indycar, mas mesmo se não ganhar o título, seu ano já valeu a pena pela vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, que inscreve seus vencedores nos grandes anais da história do automobilismo mundial. A última vitória da Penske na Indy500 tinha sido em 2019, com o francês Simon Pagenaud, hoje na equipe Meyer Shank.

 

 

O final da Indy500 deste ano, aliás, virou motivo de polêmica diante da organização da corrida ter resolvido dar bandeira vermelha após acidentes ocorridos na parte final da prova. Ao invés de dar seguimento com a bandeira amarela, resolveram parar a prova, e assim que a pista ficou livre, todo mundo relargou numa nova partida em movimento. Mas, a exemplo do que ocorreu na Austrália este ano, na prova de F-1, houve novo enrosco na parte de trás do grid, com vários pilotos se acidentando novamente, de modo que mais uma vez, faltando apenas duas voltas, a corrida foi interrompida. Todo mundo voltou para os boxes, a pista foi novamente limpa, e após uma volta atrás do pace car, a competição foi liberada para apenas a volta final, onde Newgarden assumiu a dianteira para vencer a corrida. Marcus Ericsson, da Ganassi, vencedor da corrida no ano passado, criticou o procedimento das interrupções de corrida, alegando que perdeu a prova por causa disso, sem ter tido como aquecer os pneus na volta final e resistir ao ataque de Newgarden. Mas, se a reclamação de Ericsson chega a parecer mais inconformismo por ter perdido a chance de vencer pela segunda vez, o lance de relargarem para apenas uma volta de competição beira o ridículo, pois qualquer menor deslize pode comprometer o resultado, e pilotos que suaram para obter posições durante toda a corrida podem ver seus esforços irem para o ralo em segundos, já que boa parte dos pilotos parte para o tudo ou nada, como se fosse uma competição de arrancada. E, a exemplo da F-1, a relargada acabou resultado em acidentes com alguns carros. Deveria ser aplicada a regra da bandeira amarela, e por mais anticlimática que possa ser o desfecho de uma corrida assim, é mais seguro, e talvez menos caótico. Não se pode enfatizar tanto o show se isso acabar virando baderna na pista...

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