sexta-feira, 9 de junho de 2023

BALANÇO ESPANHOL

Em Barcelona, não teve para ninguém: Max Verstappen fez a pole, liderou todas as voltas da corrida e ainda marcou a volta mais rápida.

              Se alguém ainda acalentava alguma esperança de ver um campeonato mais disputado em 2023, a etapa da Espanha, domingo passado, deu prova cabal de que só um desastre completo tira o título de Max Verstappen este ano. O piloto holandês fez a pole mais dominante na temporada, e só não enfiou mais tempo nos adversários porque não precisava. E mesmo assim, meteu quase 0s5 no segundo colocado no grid, Carlos Sainz. Sergio Perez, de quem se esperava pelo menos um pouco mais de competição, haja vista de que dispõe do excelente modelo RB19 da Red Bull, já era visto como uma esperança fugaz de disputa, diante da diferença de talento entre o mexicano e o atual bicampeão mundial, infelizmente negou fogo nas últimas provas.

Se, até a etapa de Baku, Perez dava esperança de pelo menos “fingir” que disputaria o título com Verstappen, algo que já seria bem difícil, embora não impossível, infelizmente o piloto perdeu duas boas oportunidades de se manter firme na disputa. Conhecido por ter um bom desempenho em circuitos urbanos, Sergio ganhou a vantagem de não correr em Ímola, pelo cancelamento do GP por causa das chuvas na Itália, com a F-1 indo direto para Mônaco, onde em 2022 “Checo” venceu a corrida, para desgosto de Verstappen. Mas, justo quando não podia errar, ainda mais em uma disputa contra Verstappen, Perez errou: bateu na classificação, teve de largar em último, e viu seu companheiro de time dar um novo show e vencer a corrida. Em Barcelona, pista “padrão” para os times da F-1, Perez novamente deixou a desejar, e se o resultado não foi tão ruim quanto em Monte Carlo, esportivamente falando, e moralmente, o mexicano foi novamente a nocaute: não largou entre os primeiros, e foi “apenas” 4º colocado, resultado que até poderia ser relativizado, não fosse Verstappen mais uma vez vencer, de ponta a ponta, e enfiar nada menos do que 53 pontos de vantagem na classificação. Mesmo que Sergio vencesse as duas próximas corridas, fizesse o ponto da volta mais rápida, e Max não marcasse nenhum ponto, ainda assim o holandês permaneceria na liderança do campeonato.

Ainda há tempo para Perez se recuperar na competição, mas entendam: quando falo em “recuperar”, significa consolidar-se na vice-liderança de forma firme e determinada. Disputar mesmo com o holandês já seria pedir milagre, coisa que não acontece na F-1. E cada erro de Perez pesa em seu desfavor, ainda mais com um dirigente irascível e impaciente como Helmut Marko, que se notabilizou em fritar pilotos a torto e a direito, ainda que Christian Horner também não seja lá muito melhor. Mas muita gente gostaria de estar no segundo carro do time dos energéticos, então, é bom Sergio se cuidar, e pelo menos cumprir a meta de garantir o vice-campeonato, de preferência com resultados firmes, e deixando os rivais bem para trás. Entre prós e contras da etapa espanhola deste ano, este foi o ponto mais negativo. Algo que já deveríamos saber desde a primeira corrida, mas esperançosos que somos, sempre tentamos imaginar que as coisas poderão ser melhores do que efetivamente serão. Mas, a corrida da Catalunha não foi só de vieses negativos, em que pese termos tido vários deles.

Na estréia "pra valer" do novo modelo revisado da Mercedes, sinais encorajadores, com seus dois pilotos subindo ao pódio.

              Entre os pontos positivos da prova de Barcelona, está a retirada da chicane no trecho final, que “quebrava” a velocidade de aproximação dos carros na chegada da reta dos boxes. Introduzida a cerca de uma década e meia atrás, ela havia sido criada para facilitar a aproximação dos carros, além de melhorar a segurança no trecho, que era feito quase em pé embaixo. Com a configuração dos carros na época, quem vinha atrás perdia pressão aerodinâmica, o que justificou parte da introdução da nova chicane. Só que os carros da frente estilingavam na saída, de modo que quem vinha atrás perdia contato, e assim, as tentativas de ultrapassagem, mesmo com o uso do novo DRS ficaram bem mais difíceis. Como agora boa parte da sustentação aerodinâmica vem do efeito-solo, os carros não perdem mais apoio vindo atrás de outro, de modo retornar o traçado ao seu layout original foi algo mais do que bem-vindo, o que ajudou nas disputas na reta principal. Não que a prova da Catalunha tenha sido um primor, mas certamente foi bem melhor do que a corrida de Mônaco e sua procissão. Ajudou a ter mais algumas disputas, nada mais. Já o domínio de Verstappen, bem, isso não foi culpa do circuito.

              A Mercedes apresentou nítida evolução em Barcelona. A revisão do carro, apelidado agora de W14 “B” já mostrou ser um passo na direção certa, e confirma que o time alemão praticamente insistiu à toa no seu conceito “zeropod” no ano passado, uma vez que a correção de curso, se ainda não permite à Mercedes desafiar abertamente a hegemonia do duo Red Bull/Max Verstappen, ao menos parece colocar a escuderia como segunda força do grid, deixando para trás Ferrari e Aston Martin. Apesar de meio claudicante nos treinos livres, a Mercedes reagiu na classificação, e principalmente na prova, conforme a expectativa de Lewis Hamilton, de que o carro mostraria bem mais avanços no ritmo de corrida, sendo bem mais rápido, o que chegou a surpreender alguns concorrentes. Lewis Hamilton e George Russell, pela primeira vez na temporada, estavam sorridentes e bem-humorados ao fim da corrida, onde fizeram maioria no pódio, em 2º e 3º lugares, perdendo apenas para Verstappen. Já se fala que, se a temporada ainda tem alguma esperança de maior disputa, é a Mercedes quem pode providenciar isso. Se a idéia original do W14 estava fadada ao fracasso, sua versão revisada oferece outras possibilidades, muito mais otimistas. Entre elas, o bom gerenciamento dos pneus, que pelo menos em Barcelona, permitiu a seus pilotos bom desempenho sem comprometimento da vida útil dos compostos, desgastando-se menos do que os dos rivais.

              É preciso, porém, ter um pouco de cautela com o otimismo. Por mais justificadas que sejam as expectativas de avanço, devemos lembrar que na prova da Espanha do ano passado a Mercedes também teve um desempenho animador. George Russell chegou a duelar, ainda que por pouco tempo, com Verstappen, e Lewis Hamilton, depois de um toque com Kevin Magnussen na primeira volta, caiu para o final do pelotão e se recuperou muito bem na corrida, mostrando um ritmo forte. Uma performance que indicava uma recuperação da competitividade do modelo W13 que, como vimos depois, não se confirmou, servindo apenas para reforçar a posição da Mercedes como 3ª força no campeonato, posição que manteve até o fim do ano, mesmo que em alguns momentos tenha tido desempenho melhor que a Ferrari, que foi vice-campeã. Será que veremos o mesmo desta vez, ou a evolução será mesmo pra valer? A conferir semana que vem, na etapa de Montreal. O que precisamos conferir é se essa nova versão do carro apresentará o mesmo comportamento do W13, que segundo a Mercedes, tinha um comportamento imprevisível, ora andando bem, ora andando mal, sem que o time conseguisse entender as razões exatas dessa oscilação no desempenho, que fazia com que algumas evoluções funcionassem melhor ou pior, dependendo do momento. Um comportamento que o W14 estava demonstrando também. A esperança é que o W14B pelo menos apresente reações mais coerentes e previsíveis. A escuderia alemã prefere manter a cautela, a fim de ver se os parâmetros de desenvolvimento do novo carro apresentarão reações condizentes com os estudos da área técnica, e permitam aos engenheiros trabalharem efetivamente em sua evolução, ao passo que no ano passado a maior parte das atenções tinha de ser feita procurando descobrir a origem dos problemas.

              É preciso levar em conta também qual será a forma da Aston Martin, que em Barcelona teve seu momento mais fraco na temporada. Tendo danificado seu assoalho no Q1 da classificação, Fernando Alonso perdeu rendimento na luta pela posição no grid, deixando de lutar pelas primeiras colocações, o que era esperado diante dos bons tempos apresentados nos treinos livres, a ponto do espanhol perder para Lance Stroll o primeiro duelo por posição de largada do ano, e justo em casa. Na corrida, a Aston Martin não foi mal, mas esteve longe do pódio, com Stroll terminando sua primeira corrida à frente de Fernando, mas com o companheiro logo atrás, e que só não passou o canadense para “preservar” o resultado do time, demonstrando desempenho superior ao de Lance. Se a Aston Martin voltar ao seu lugar de costume com o bicampeão espanhol, como será a medição de forças com a Mercedes? O espanhol fala em arrasar a Mercedes no Canadá, e a escuderia britânica levará novidades para o GP, com vistas a manter a posição alcançada pela Aston Martin no campeonato, de ser o segundo melhor carro do grid. Podemos imaginar que haverá um bom duelo pela vice-liderança de construtores este ano.

A Alpine até foi bem nos treinos, e na corrida, ainda conseguiu alguns pontos.

              Em relação à Ferrari, contudo, de quem se esperava muito, tanto que o time levou várias atualizações para Barcelona, foi uma grande desilusão na prova espanhola. Carlos Sainz até largou na primeira fila, mas lembrando que Sergio Perez não se achou na classificação, e poderia ter largado facilmente ao lado de Verstappen, se acertasse suas voltas. Porém, Sainz foi caindo na corrida, terminando em 5º lugar. Já Charles LeClerc teve uma classificação horrorosa, partindo de 19º, mas terminando por largar do pit line, para finalizar apenas em 11º, numa corrida onde em 2022 a Ferrari, e ele, eram a dupla a ser batida. Apesar das várias atualizações levadas para Barcelona, ao que parece, a escuderia italiana não saiu do lugar, como parece até ter regredido, e isso a faria perder o ritmo e a esperança de duelar com Mercedes e Aston Martin no campeonato, correndo risco de ficar à sombra destes times no resto do ano.

              Sobre o resto do grid, pouco a falar. A Alpine mostrou evolução, e no seu duelo com a McLaren, o time francês vai mostrando ficar bem mais à frente. O time de Woking até fez uma classificação inspiradora, mas na corrida tudo virou um pesadelo: Lando Norris danificou a asa dianteira em um toque em Hamilton, e tendo de parar para consertar o carro, caiu lá para trás e nunca mais se recuperou. Oscar Piastri não fez muito melhor, e a escuderia saiu zerada da Catalunha. Em compensação, a Alpine terminou com seus dois carros no TOP-10, e apesar de, pela classificação, dar a impressão de que poderia ter feito mais, pelo menos ainda conseguiu se manter na zona de pontuação, marcando alguns magros pontos, mas que cada vez mais a deixam à frente dos rivais, consolidando-se na 5ª posição na classificação. A Haas brilhou novamente na classificação com Nico Hulkenberg, mas apagou-se na corrida. Guanyou Zhou deu seu show, tirando a Alfa Romeo do limbo, marcando pontos novamente, enquanto Alpha Tauri e Williams viveram novo calvário na pista da Catalunha. Vamos ver se o espetáculo será melhor em Montreal, uma pista que geralmente apresenta corridas mais interessantes. Até lá, pessoal...

 

 

Chegou a hora de um dos maiores eventos do mundo da velocidade: as 24 Horas de Le Mans, e a edição deste ano é mais do que especial, por tratar-se do centenário da famosa corrida, que teve sua primeira edição disputada em 1923, nos dias 26 e 27 de maio daquele ano. Mas, apesar de chegar aos 100 anos de existência, a prova de 2023 será “apenas” a 91ª Edição das 24 Horas de Le Mans. A corrida não foi realizada em 1936, devido a uma greve de trabalhadores que ocorreu na França. E, de 1940 a 1948, a prova também não foi disputada devido à Segunda Guerra Mundial, e aos esforços de reconstrução dos países assolados pelo conflito, o que explica o menor número de edições da corrida em relação ao século de existência que está completando. Em 1949, a corrida voltou a ser realizada, seguindo até os dias atuais, sem mais nenhuma interrupção. Para a edição deste ano teremos 62 carros no grid, com um total de 182 pilotos na competição, divididos nas categorias Hypercar, LMP2, e LMGTE-AM. Serão 16 carros na classe Hypercar; 24 na LMP2; e 21 na LMGTE-Am. E os brasileiros estarão presentes no grid nesta prova mais uma vez. Teremos cinco participantes este ano, a citar: Felipe Nasr defende a Porsche/Penske, com o modelo Porsche 963 Nº 75; Pipo Derani estará na Action Express Racing, também na classe Hypercar, com o modelo Cadillac V-Series.R Nº 311; Pietro Fittipaldi correrá pela JOTA, na classe LMP2, com o modelo Oreca 07-Gibson Nº 28; André Negrão, também na classe LMP2, defenderá a Alpine, também competindo com um modelo Oreca 07-Gibson, com o Nº 35; e por fim, Daniel Serra defenderá a equipe Kessel Racing na categoria LMTE-Am, competindo com a Ferrari 488 GTE EVO Nº 57. Boa sorte a todos eles na corrida. Enquanto isso, a Ferrari abocanhou a pole-position para as 24 Horas, com o seu carro Nº 50, com o trio Antonio Fuoco/Miguel Molina/Nicklas Nielsen. Aliás, a squadra rossa surpreendeu e monopolizou a primeira fila, já que seu carro Nº 51 larga na 2ª posição, com o trio Alessandro Pier Guidi/James Calado/Antonio Giovinazzi. Os carros da Toyota, atual campeã em Le Mans, parte na 3ª e 5ª posições. Felipe Nasr, aliás, larga em 4º com o Porsche da marca alemã da Penske. Como se dará a disputa pela vitória este ano em Le Sarthe?

Le Mans está pronta para comemorar 100 anos de realização da primeira corrida das 24 Horas na edição deste ano.

 

Para felicidade dos amantes da velocidade, as 24 Horas de Le Mans terão transmissão oficial para o Brasil. O Bandsports irá exibir a corrida, com participação do grupo G&M, em duas frentes: trechos da prova no canal de TV por assinatura, e exibição integral da corrida em seu canal no You Tube, para delírio dos torcedores mais ferrenhos, algo inédito em se tratando de uma exibição das famosas 24 Horas. A transmissão contará também com o pessoal, entre eles, André Bonomini, Milton Rubinho, Sergio Milani, e também Rodrigo Mattar, um dos mais conceituados jornalistas de automobilismo em termos de corridas de longa duração. A transmissão no canal pago do Bandsports começa às 14:30 Hrs. de sábado, havendo outro techo a partir das 22:15 Hrs. No domingo, o Bandsports exibirá a fase final da corrida, começando às 08:00 Hrs. e indo até a bandeirada final. No You Tube, como já afirmado, a transmissão será integral, começando já na largada, que acontece às 11:00 Hrs. da manhã deste sábado. Preparem-se para 24 horas de velocidade e adrenalina pura!

No retorno a Le Sarthe na principal classe do Mundial de Endurance, a Ferrari largará na primeira fila do grid.
 

A MotoGP está novamente em ação, com o GP da Itália, no belo circuito de Mugello. “Mordido” com a queda sofrida na França, Francesco Bagnaia terminou o primeiro dia de treinos na pista italiana com o melhor tempo, com a Ducati oficial, que teve também Marco Bezzecchi na 2ª colocação, da equipe satélite VR46 da marca de Bolonha. Álex Rins, a exemplo do uqe fizera em Ayustin, deu o ar da graça, marcando o 3º tempo com o time satélite da LCR Honda, enquanto Marc Márquez foi o 8ª com a Honda de fábrica. A corrida sprint terá a largada às 10:00 Hrs. deste sábado, enquanto a corrida no domingo começará às 09:00 Hrs. pelo horário de Brasília, tudo com transmissão ao vivo pelo sistema de streaming do Star+ e pelo canal pago ESPN4.

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