sexta-feira, 19 de agosto de 2022

VANDOORNE CAMPEÃO DA F-E 2022

Confirmando as expectativas, o belga Stoffel Vandoorne (acima) conquistou o título da temporada 2022 da Formula-E, assim como seu time, a Mercedes, levou o campeonato de equipes pelo segundo ano consecutivo (abaixo), em sua despedida da categoria.


            Stoffel Vandoorne confirmou as expectativas na rodada dupla de Seul, no encerramento da temporada 2022 da Formula-E, e sagrou-se campeão. A grande vantagem na pontuação do campeonato permitiu ao piloto da equipe Mercedes correr com relativa tranquilidade para administrar o resultado, o que não quis dizer que o belga deu mole para o azar também. Mitch Evans, na prática o piloto com mais reais chances de ameaçar a conquista do título por parte de Vandoorne, até começou bem, arrancando uma vitória incontestável na primeira corrida realizada na capital da Coréia do Sul, mas o 5º lugar obtido por Stoffel, em mais uma corrida sóbria e sem se envolver em sobressaltos, manteve a situação sob controle, ainda com 21 pontos de vantagem, o que tornava a tarefa do neozelandês da equipe Jaguar extremamente difícil, mas não impossível. A esta altura, Jean-Éric Vergne ficava definitivamente fora da luta pelo título já na classificação, e Edoardo Mortara, em mais uma prova no zero, também sucumbiu à pressão, deixando o duelo unicamente entre Evans e Vandoorne para a prova final do domingo.

            E na última corrida, Evans começou a ver a situação escapar ao controle já na classificação, largando apenas em 13º. Vandoorne, largando em 4º, só precisava mesmo manter a posição para liquidar a fatura. Edoardo Mortara, já fora da briga, partiu para a liderança e venceu a prova final, e Jake Dennis, punido na disputa roda a roda com o pole Antonio Félix da Costa, apesar de ter cruzado em 2º lugar, classificou-se em 3º. E Vandoorne, com mais uma grande atuação, foi o 2º colocado, fechando de forma quase perfeita a sua conquista do título da temporada, com 33 pontos de vantagem para Evans, que apesar de fazer uma boa corrida de recuperação para terminar em 7º, teve de se contentar com o vice-campeonato. Mortara confirmou sua 3ª posição no campeonato, seguido por Jean-Éric Vergne, que passou o ano sem vencer nenhuma corrida, mas graças a uma grande constância, finalizou em 4º. O bicampeão da Techeetah até estava na briga, mas os resultados negativos nas rodadas duplas de Nova Iorque e Londres implodiram as chances do francês. E Lucas Di Grassi, apesar da temporada cheia de altos e baixos, foi o 5º colocado na classificação final.

            Com a conquista do título, Stoffel Vandoorne reencontra o sucesso como piloto, depois de uma passada não tão proveitosa na F-1, quando defendeu a equipe McLaren nas temporadas de 2017 e 2018 como titular, e acabou amplamente superado por Fernando Alonso, sendo dispensado pelo time, mesmo tendo no currículo o título da GP2 de 2015. Aliás, a F-E tem sido pródiga em restaurar o status de vencedor de outros pilotos que perderam suas chances na F-1, como Sébastien Buemi, Lucas Di Grassi, e Jean-Éric Vergne, e de outros que quase chegaram lá, mas acabaram preteridos, como Antonio Felix da Costa, e Nyck De Vries. Há vida fora da F-1, enfim.

            A Mercedes despede-se da Formula-E com todos os méritos. Conquistou pelo segundo ano consecutivo os títulos de pilotos e de equipes, ainda que boa parte do trabalho tenha sido feito por Vandoorne, já que Nyck De Vries, campeão no ano anterior, fez uma temporada mediana, terminando apenas em 9º lugar, completamente ofuscado pelo companheiro de equipe. De salientar que a Venturi, time cliente da Mercedes, por usar o trem de força alemão, foi a vice-campeã no campeonato de equipes, o que de certa forma faz a Mercedes ter ficado em 1º e 2º lugar no campeonato. Classificada em 3º lugar, faltou fôlego à Techeetah e seus pilotos para irem mais além, ficando sempre perto de vencer corridas, mas tendo anotado apenas um triunfo na temporada.

Mitch Evans, da Jaguar (acima) e Edoardo Mortara, da Venturi (abaixo), bem que tentaram impedir a conquista de Vandoorne, mas mesmo com quatro vitórias na temporada cada um, não conseguiram ter a mesma constância do piloto da Mercedes.


            Com o anúncio de sua saída ao fim desta temporada, temeu-se pelo destino que a Mercedes daria ao seu time de competição, mas felizmente a estrutura foi adquirida pela McLaren, garantindo a manutenção do time no grid, que voltará a contar com 12 times no próximo ano, com o retorno da equipe ABT, agora sem a parceria com a Audi, o que fará com que tenhamos 24 carros na competição. De resto, apenas a mudança da Venturi, que será absorvida pela Maseratti, que fará sua estréia na categoria dos carros elétricos.

            A rodada dupla em Seul foi palco de várias despedidas. Além da Mercedes, saíram de cena também a BMW e a Audi, que oficialmente já tinham se despedido em 2021, mas ainda estiverem presentes de forma semioficial equipando as equipes Andretti e Envision. E, claro, tivemos a despedida dos carros Gen2, depois de quatro temporadas, encerrando seu ciclo na F-E, e dando lugar, a partir de 2023, aos novíssimos carros Gen3, dando sequência à evolução dos equipamentos da categoria, que será ainda mais tecnológica e veloz.

            Mais uma vez, a F-E mostrou uma boa diversidade em número de pilotos vencedores de corridas em 2022, com nove vencedores diferentes no ano. Neste quesito, Edoardo Mortara e Mitch Evans foram os grandes protagonistas do ano, com cada um deles vencendo 4 provas, e superando com grande vantagem seus companheiros de equipe. Os dois pilotos venceram praticamente metade das corridas da temporada. Nyck De Vries, o campeão de 2021, venceu duas corridas, e foi só. Os demais pilotos conseguiram vencer uma única corrida no ano: Lucas Di Grassi, Jake Dennis, Pascal Wehrlein, Nick Cassidy, Antonio Félix da Costa, e Stoffel Vandoorne. Tivemos boas corridas, e algumas não tão boas.

            Depois de dois anos complicados devido à pandemia da Covid-19, a F-E conseguiu levar a cabo seu calendário, com exceção do cancelamento da etapa planejada para Vancouver, no Canadá, adiada por outros motivos que a ameaça do coronavírus, mas substituída à altura pelo ePrix de Marrakesh, que ajudou o certame a ter um campeonato com 16 corridas, sendo duas delas inéditas na categoria, as provas de Jacarta, na Indonésia, e Seul, na Coréia do Sul. Para 2023, a categoria já tem planejado um calendário de 18 provas, onde teremos enfim a estréia do Brasil no calendário, com uma corrida em São Paulo, além da prometida estréia em Vancouver. Das novas integrantes no calendário, Jacarta teve uma prova interessante, mas o circuito montado para a prova de Seul, apesar de parecer bom na teoria, não proporcionou corridas das mais interessantes, com disputas e ultrapassagens aquém do esperado.

O bicampeão Jean-Éric Vergne zerou na temporada, sem vencer uma única corrida.

            Se a categoria continuou apresentando boas disputas na maioria das corridas, em termos de regulamento, a F-E continuou vivenciando momentos constrangedores de excesso de punições por regras esdrúxulas, mas tudo ainda pior pela morosidade dos comissários de prova, que por vezes demoraram muito a aplicar punições aos pilotos, quando não soltaram castigos a rodo, alterando posições nos grids de largada, e no resultado final de algumas corridas, algo que certamente não pega bem para a seriedade da competição, mostrando que a FIA precisa melhorar muito neste quesito, e em mais de um certame, como temos visto também na F-1. De positivo, o novo sistema de classificação para o grid, com uma segunda fase em sistema de mata-mata, com os quatro melhores pilotos de dois grupos decidindo as oito primeiras colocações em duelos dois a dois agradou aos pilotos e ao público, e promovendo até algumas surpresas nos resultados destes confrontos, onde os favoritos teóricos acabaram perdendo parte dos duelos. No geral, as posições no grid ficaram mais justas, de acordo com as performances dos pilotos.

            As novas regras de acréscimo de tempo para contrabalançar situações de bandeira amarela também se mostraram positivas, recuperando tempo de competição potencialmente perdido durante o período de bandeira amarela em todo o circuito, sem promover penalizações ridículas no consumo de energia como vistas em 2021. Mas algumas situações geradoras de bandeiras amarelas em toda a pista mostraram alguns detalhes preocupantes, como os engavetamentos ocorridos na primeira prova de Nova Iorque, devido à chuva que despencou no circuito, e o visto no início da primeira corrida em Seul, quando oito carros se enroscaram em uma curva, e seis deles ficaram fora da corrida ali mesmo. Situações de chuva precisam ser melhor analisadas, tanto em relação às condições das pistas, no caso de uma forte pancada de água, e até mesmo em relação aos pneus, que embora sejam tanto para pista seca quanto molhada, podem necessitar de mudanças, a fim de garantir melhor condição de pilotagem nos dois tipos de pisos.

Uma batida múltipla tirou vários carros da primeira prova de Seul (acima) devido ao piso molhado no sábado. A pista até tinha um traçado interessante, mas os trechos de retas não proporcionaram tantas ultrapassagens como se esperava (abaixo).


            Para os brasileiros, a temporada foi mais de frustrações do que satisfações. Lucas Di Grassi, depois de defender a Audi ABT nas sete temporadas em que a escuderia fez parte da competição, teve de começar vida nova na Venturi, e pela primeira vez, perdeu o confronto para um companheiro de equipe. Lucas ficou devendo em várias etapas, mas em algumas outras, a sorte também não ajudou, e enquanto Mortara se lançava à luta pelo título, o brasileiro ocupava o meio da tabela, lutando para não passar o ano em branco. Neste ponto, Lucas cresceu na reta final do campeonato, conseguindo enfim uma vitória, e resultados mais promissores que o fizeram terminar na 5ª posição no campeonato, um resultado que se não é tão bom quanto se poderia esperar, também não é de todo ruim, lembrando das campanhas apagadas de outros campeões da categoria, como Antonio Félix da Costa e Nyck De Vries, que assim como o brasileiro, tinham carros competitivos, mas ficaram longe de terem seu melhor ano na F-E. Com contrato de apenas um ano, Lucas acabou não renovando com a escuderia monegasca, e fechou acordo com a Mahindra para 2023, o que em tese fará com que Di Grassi volte a trabalhar com seus velhos companheiros da equipe ABT, já que o time volta no próximo ano à competição, e usará o trem de força da marca indiana, que irá trabalhar em conjunto com seu time cliente para desenvolver o seu equipamento, e contando com a experiência e conhecimento de Lucas para alcançar seus objetivos.

            Sergio Sette Câmara comeu o pão que o diabo amassou em 2022. O carro da Dragon se mostrou o pior da competição, e apesar dos esforços de Sergio, que conseguiu impressionar em algumas classificações, se mostrava praticamente incapaz de marcar pontos, já que exibia um ritmo de corrida muito inferior ao dos adversários. Mesmo assim, o brasileiro conseguiu tirar leite de pedra, marcando dois míseros pontos na segunda prova de Londres, que foram como uma vitória não só para o piloto como para toda a equipe. Infelizmente, mesmo com todos os esforços de Sergio, ele acabou descartado pelo time em sua reestruturação para 2023, quando a equipe de Jay Penske abandona os trens de força produzidos pela própria Penske, e passará a usar o equipamento da DS/Citroen, passando a contar com uma nova dupla titular, composta pelo atual campeão Stoffel Vandoorne, e pelo bicampeão Jean-Éric Vergne. Restou a Sergio buscar um novo time para competir, e pelo menos, achou lugar na NIO, que dispensou Oliver Turvey, e terá o serviço do brasileiro ao lado do inglês Dan Ticktum. Em termos de desempenho, porém, a NIO foi pouca coisa melhor que a Dragon em 2022, e Sergio espera que com a estréia dos novos carros Gen3 o seu novo time possa apresentar melhor performance.

            Com o fim da temporada 2022, a F-E encerrou mais um ciclo em sua história, fechando a era dos carros Gen2, e partindo para a era dos novos carros Gen3, que prometem um salto de performance significativo na temporada 2023, o que certamente implicará em mudanças no modo como a competição se desenvolve, da mesma maneira como os carros Gen2 também exigiram novas abordagens em relação ao que era realizado com os carros Gen1. Se a categoria conseguir corrigir os erros extra-pista, e evitar desgastes desnecessários com regulamentos imbecis e maior bom senso por parte dos comissários, dentro da pista terá tudo para continuar apresentando um bom show, e com perspectivas de começar a satisfazer os fãs mais exigentes em termos de velocidade dos carros, já que a nova potência à disposição dos pilotos, de cerca de 350 Kw no trem de força traseiro, e a adoção de um sistema para o eixo dianteiro, deverá proporcionar até 600 Kw, e uma velocidade próxima dos 325 Km/h para os carros. Que venha então o próximo ciclo da F-E, com muito mais competição e disputas para os fãs do automobilismo...

 

 

Entre os pilotos que se despedem da F-E, temos André Lotterer e Alexander Sims. Lotterer continuará defendendo a Porsche, mas vai trocar o certame de carros elétricos pelo Mundial de Endurance, mesmo destino de Sims, que alegou que a F-E não é mesmo a sua praia de competição. Quem também deixa a categoria é Susie Wolf, que ocupava cargo de direção na equipe Venturi, e que com sua incorporação pela Maseratti, terá uma nova chefia no time, que por enquanto tem apenas Edoardo Mortara como piloto garantido para 2023.

 

 

A MotoGP chega à Áustria para a disputa de mais um GP. A classe rainha do motociclismo irá estrear uma nova chicane construída no trecho entre as curvas 1 e 2, já vista por ocasião do GP de F-1 na pista de Zeltweg, mas não utilizada pela categoria máxima do automobilismo. O objetivo da nova chicane é cortar a velocidade das motos, que no caso de um acidente na aproximação da curva 2, era um local perigoso onde motos desgarradas voltavam para a pista e podiam colidir com outros competidores. Em corrida de temporada recente, uma moto acidentada por ali voou de volta para a pista, passando entre Maverick Viñalez e Valentino Rossi, que escaparam por pouco de serem atingidos. No ano passado, mudaram parte da barreira de proteção, mas a mudança foi considerada insuficiente para garantir a proteção, pelo que foi construída a nova chicane, que fará com que os pilotos cheguem em muito menor velocidade na aproximação da curva seguinte, e minimizando o perigo potencial de uma moto escapar naquele ponto e seguir adiante na pista. No campeonato, Fabio Quartararo ainda tem uma vantagem bem considerável sobre os rivais, mas a pista de Zeltweg não é das mais favoráveis para a Yamaha, o que abre a possibilidade para os concorrentes tentarem chegar mais perto, em especial a turma da Ducati, que costuma andar bem nesse circuito nos anos mais recentes. A corrida terá transmissão ao vivo pelo canal ESPN4, bem como pelo sistema de streaming Star+, a partir das 9:00 deste domingo.

 

 

A Indycar chegou a Gateway para a última corrida em circuito oval da temporada 2022, restando depois apenas as etapas em circuitos mistos de Portland e Laguna Seca para fechar o campeonato. Will Power lidera com uma vantagem de 6 pontos para Scott Dixon, que com o triunfo em Nashville, se lança definitivamente na disputa pelo título, que seria o seu sétimo na categoria, caso venha a vencer, enquanto Power ainda busca o bicampeonato. Mas nada está decidido, e Marcus Ericsson, Josef Newgarden, e Álex Palou, vem logo na sequência, e têm tudo para deixar a disputa ainda mais embolada e imprevisível. Quem vai se dar bem nesta pista? Façam suas apostas. O canal ESPN4 e o sistema de streaming Star+ transmitem a corrida ao vivo a partir das 19:00 deste sábado. Já a TV Cultura fará a transmissão da corrida através do seu site de internet.

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