quarta-feira, 10 de agosto de 2022

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1999 – 12.11.1999

            Voltando a trazer um de meus antigos textos, eis hoje a coluna que foi publicada no dia 12 de novembro de 1999, cujo texto principal era um pequeno resumo da atuação dos pilotos brasileiros na temporada de F-1 daquele ano, com destaque para Rubens Barrichello, que teve até então sua melhor temporada na categoria máxima do automobilismo, que lhe rendeu o convite para integrar a equipe Ferrari no ano seguinte, passando a ser companheiro de Michael Schumacher, voltando a dar esperanças de melhores dias na F-1 para os torcedores brasileiros. De quebra, alguns tópicos rápidos de alguns outros acontecimentos, como a contratação de Hélio Castro Neves para ocupar o lugar que seria originalmente do canadense Greg Moore na equipe Penske na temporada 2000 da antiga F-Indy, onde formaria uma dupla totalmente brasileira com Gil de Ferran por toda a temporada. Seria o início de um vínculo extremamente longo de Hélio com Roger Penske, que durou praticamente duas décadas, até a separação ocorrida no ano passado, num raro caso de empatia de um piloto com a equipe Penske, onde só faltou mesmo ser campeão da categoria, fosse na antiga F-Indy, ou na IRL/Indycar. Em compensação, foram três vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis, que tornaram Helinho um dos mitos do automobilismo dos Estados Unidos. Curtam o texto, e boa leitura para todos...

O BRASIL NA F-1 EM 1999

            Definitivamente, este foi um ano positivo para os pilotos brasileiros na Fórmula 1 em alguns aspectos. Especialmente para Rubens Barrichello, que fez sua melhor temporada na categoria, com direito a pole-position e alguns pódios.

            Rubinho resgatou sua reputação na categoria máxima do automobilismo, depois de sair da Jordan em descrédito. O seu bom trabalho na equipe Stewart, amparado este ano pelo excelente chassi SF-03, lhe rendeu uma recompensa de peso ímpar: Barrichello foi contratado pela Ferrari para ser piloto oficial do time de Maranello pelos próximos dois anos. Enfim, o Brasil terá, em 2000, novamente um piloto nacional em um time de ponta da F-1.

            A temporada de Barrichello poderia até ser melhor do que foi, se não tivessem aparecido alguns velhos problemas, especialmente aqueles além de seu controle. Na primeira metade do ano, a fiabilidade do carro e do motor Ford não eram as ideais; mas mesmo assim, o piloto brasileiro fez boas e agradáveis performances, como no Brasil, onde liderou a corrida e tinha lugar certo no pódio, se o motor não quebrasse. E, com o avanço da temporada, a Stewart perdeu um pouco da competitividade para times como a Jordan, que evoluiu de maneira mais consistente e chegou quase a disputar o título com Heinz-Harald Frentzen. O maior show de Rubinho foi em Magny-Cours, na França. Barrichello conseguiu a segunda pole de sua carreira e liderou mais da metade da corrida, além de travar duelos espetaculares com Mika Hakkinem e Michael Schumacher. O pódio foi uma justa recompensa.

            Rubens só deu azar mesmo de não ter tirado melhor proveito das condições em que a corrida de Nurburgring foi disputada, tendo de ver seu colega de equipe Johnny Herbert conquistar a única vitória do time no ano, que muitos esperavam fosse ser obtida pelo piloto brasileiro. A chuva deixou a corrida caótica, e Herbert conseguiu se dar melhor, depois de ficar na sombra do brasileiro por praticamente toda a temporada.

            Pedro Paulo Diniz teve uma temporada abaixo da média na equipe Sauber, mas saiu valorizado no confronto com o francês Jean Alesi, um dos mais experientes pilotos da F-1. Diniz superou Alesi em termos de resultados, e apesar de todos os desmandos da escuderia este ano, que teve um carro que continuou sofrível nas classificações, vai ficar para mais uma temporada no time suíço, desta vez desfrutando do status de primeiro piloto do time. Para ser seu companheiro de equipe foi contratado o finlandês Mika Salo, e teremos novamente a dupla Salo/Diniz em um time, repetindo a formação da Arrows em 1998.

            O outro piloto brasileiro na F-1 este ano, Ricardo Zonta, não foi particularmente feliz em sua temporada de estréia na categoria. Apesar das credenciais de seu currículo, que levaram o brasileiro para a F-1, Zonta raramente conseguiu mostrar o seu potencial. A única coisa que ajuda Ricardo é o fato de seu time, a BAR, também ser estreante na F-1, e enfrentando o desafio dos novatos, não conseguiu marcar um único ponto durante todo o ano. Além de padecer com a falta de confiabilidade e a competitividade inconstante dos carros, o piloto brasileiro ainda sofreu dois acidentes fortíssimos, em Interlagos e em Spa-Francorchamps. O primeiro o deixou de fora de vários GPs, o que só ajudou a complicar o seu ano de estréia. No confronto de talentos, Ricardo não teve como competir no mesmo nível com Jacques Villeneuve, pois o piloto canadense, sendo sócio do time, sempre teve os melhores profissionais da escuderia cuidando de seu carro, enquanto o brasileiro teve uma equipe técnica praticamente novata para ajudá-lo, o que complicou muito a sua situação.

            Este foi o ano dos pilotos brasileiros na F-1. Enquanto Pedro Paulo Diniz e Ricardo Zonta esperam por dias melhores no próximo ano, com melhores chances de demonstrarem todo o seu potencial, Rubens Barrichello enfrentará o maior desafio de sua carreira, que será correr pela Ferrari, onde irá ter a competição de ninguém menos do que Michael Schumacher, considerado o melhor piloto da categoria. É um confronto em que muita gente aposta no piloto brasileiro, o que significa que Schumacher poderá ter muito trabalho para continuar a se impor na escuderia vermelha. Mas Rubinho tem a situação a seu favor, depois de o time italiano ver que sua política de privilegiar apenas um de seus pilotos não se mostrou a mais adequada frente ao que aconteceu neste ano. A Ferrari deve querer ter seus dois pilotos em iguais condições de competição no ano que vem, na expectativa de conquistar o título de pilotos, e que não vai descansar enquanto não conseguir ser novamente campeã. É um sinal de boas perspectivas para Rubinho na escuderia, e provavelmente, depois de 6 anos, o Brasil poderá voltar, quem sabe, a vencer novamente na F-1.

 

 

Hélio Castro Neves acaba de ganhar a melhor chance de sua carreira na F-CART: o piloto brasileiro foi escolhido por Roger Penske para substituir o canadense Greg Moore, falecido na etapa de Fontana, para correr por seu time no próximo ano. Com isso, a Penske terá uma dupla de pilotos brasileira em tempo integral por toda a temporada, uma vez que o outro piloto da escuderia será Gil de Ferran. E como a escuderia usará a combinação técnica Reynard/Honda/Firestone, tanto Gil quanto Helinho terão a melhor chance de suas carreiras na luta pelo título da F-CART.

 

 

No balanço geral da TVS/SBT, a veiculação das corridas da F-CART este ano em VT no fim da noite de domingo, foi altamente positivo, obtendo cerca de 7,21 pontos de Ibope, média muito melhor do que a de 1998. Pelo resultado, infelizmente isso deve indicar que não deveremos ter melhorias na transmissão para 2000, apesar da boa temporada realizada pelos pilotos brasileiros, nem mesmo com a boa perspectiva para o próximo ano. Uma pena, mas parece que somente pela TV por assinatura se poderá ter acesso a uma transmissão decente da F-CART em nosso país...

 

 

Vem por aí a autobiografia do piloto Eddie Irvinne, por ele mesmo. Segundo o piloto, esta autobiografia é sua chance de expor a público todas as situações que ele passou nos seus 4 anos de Ferrari, especialmente a sua discriminação pela equipe, em prol unicamente de beneficiar Michael Schumacher, e de como foi “sabotado” na disputa pelo título deste ano. O livro promete ser um prato cheio para quem curte polêmicas. O lançamento deve chegar às lojas inglesas antes do Natal.


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