quarta-feira, 4 de maio de 2022

FLYING LAPS – ABRIL DE 2022

            Pois é, já estamos no mês de maio, e os campeonatos do mundo do esporte a motor seguem firmes em seus certames. Portanto, o início de cada mês é a hora de mais uma edição da seção Flying Laps, relatando alguns acontecimentos do mundo da velocidade que tivemos neste último mês de abril, com destaque desta vez para os acontecimentos do campeonato da MotoGP, além do grande evento da Stock Car Brasil no ano no Rio de Janeiro, sempre com alguns comentários rápidos a respeito. Então, uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início do próximo mês...

Diz o ditado que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. E enfim, chegou o momento de glória para a Aprilia no mundial da MotoGP, com a equipe italiana a conseguir sua primeira vitória na atual classe rainha do motociclismo, com o triunfo de Aleix Spargaró no GP da Argentina, disputado em Thermas do Rio Hondo, no início do mês de abril. Aleix largou na pole-position, e não teve vida fácil a corrida inteira, sendo acossado por Jorge Martin, da Pramac, que ficou nos calcanhares do piloto da Aprilia até a bandeirada de chegada, terminando em 2º lugar por uma diferença de apenas 0s8. Muita comemoração nos boxes da Aprilia, que deu um salto de competitividade este ano, aproveitando as brechas do regulamento existentes para os times de fábrica com menos resultados, e que agora parece estar em condições de discutir as primeiras colocações com outros nomes já estabelecidos na competição. E quanto mais briga pelas vitórias, melhor para o campeonato. Quem também fez uma excelente corrida foi a Suzuki, com Álex Rins fechando o pódio em 3º lugar, com Joan Mir logo atrás, em 4º. Na Honda, sem poder contar com Marc Márquez, um desaire completo, com Pol Spargaró abandonando a corrida, e Stefan Bradl terminando apenas em 19º, penúltimo entre os que receberam a bandeirada de chegada. E a Yamaha também não teve muito o que comemorar, com Fabio Quartararo apenas em 8º, e Franco Morbidelli também abandonando a corrida. Na Ducati, Francesco Bagnaia foi 5º, com Jack Miller em 14º apenas.

 

 

Enea Bastianini, que já havia surpreendido a MotoGP ao vencer a primeira corrida do ano com a Gresini, repetiu a dose mais uma vez, sendo o primeiro, e até agora, único piloto da competição a acumular mais de um triunfo na atual temporada da categoria, ao vencer o Grande Prêmio das Américas, em Austin, no Texas. Largando em 5º lugar, o italiano da Gresini foi escalando o pelotão, assumindo a liderança, e lá ficando até a bandeirada de chegada, para alegria do seu time, que há muito não via um momento tão bom, com duas vitórias em quatro corridas disputadas até então. Curiosamente, a equipe oficial da Ducati até que fez uma boa corrida, mas tiveram que ver a vitória de uma Desmosédici de um time satélite. Jack Miller foi o 3º colocado, fechando o pódio, atrás de Álex Rins, em mais uma bela corrida da Suzuki, enquanto Francesco Bagnaia foi o 5º colocado, também atrás de outra Suzuki, no caso, a de Joan Mir, que finalizou em 4º. E o domínio de Marc Márquez no Circuito das Américas foi quebrado, com o piloto da Honda conseguindo retornar à competição, mas sem demonstrar aquela supremacia que exibia no circuito do Texas: a “Formiga Atômica” largou em 9º, para chegar apenas em 6º lugar. A prova em Austin foi mais uma etapa complicada para o atual campeão mundial, Fabio Quartararo, que levou sua Yamaha apenas ao 7º posto na bandeirada de chegada, sem conseguir discutir o pódio e muito menos a vitória.

 

 

Com um desempenho discreto na atual temporada da MotoGP, eis que Fabio Quartararo ressurgiu das cinzas na etapa de Portugal, disputada no belo circuito de Portimão. O piloto da Yamaha travou um bom duelo pela liderança, após largar em 5º, e foi-se embora, aproveitando os duelos entre os concorrentes que vinham atrás de si, em especial Johaan Zarco e Álex Rins. O duelo tinha tudo para ser mais embolado, com Joan Mir também fazendo boa corrida, mas indo para o chão após ser colhido por Jack Miller, que ao tentar ultrapassar o piloto da Suzuki, caiu e acabou levando o campeão de 2020 para fora da pista junto com ele. A Ducati, aliás, teve apenas o 2º lugar de Zarco para comemorar, com a Pramac, já que Francesco Bagnaia, com a Desmosédici oficial, foi apenas o 8º colocado, vendo o então líder do campeonato, Enea Bastianini, da Gresini, ficar pelo caminho em uma queda, assim como Jorge Martin, companheiro de Zarco na Pramac. E Aleix Spargaró, depois de um desempenho apenas mediano em Austin, voltou a brilhar, e terminou a prova lusitana em 3º lugar, obtendo mais um pódio na atual temporada. A Suzuki restante, de Álex Rins, foi 4ª colocada, à frente do piloto da casa, Miguel Oliveira, em um bom 5º lugar com a KTM, à frente de Marc Márquez, da Honda, com o 6º lugar. O resultado da prova portuguesa deu uma embolada na classificação da MotoGP, com Fabio Quartararo assumindo a liderança do campeonato, com 69 pontos, mas empatado com Álex Rins, da Suzuki, com os mesmos 69 pontos. E em 3º lugar, temos Aleix Spargaró, com a Aprilia, mostrando que pode entrar firme até na luta pelo título, se mantiver a toada deste início de temporada. Enea Bastianini, com a queda em Portimão, caiu da liderança para a 4ª posição, com 61 pontos, enquanto Johaan Zarco é o 5º colocado, com 51 pontos. O hexacampeão Marc Márquez é apenas o 11º colocado, com 31 pontos, apenas 1 a mais que seu companheiro de equipe na Honda, Pol Spargaró, que vem em 12º lugar. O campeonato não conseguiu mostrar um favorito destacado até aqui, e times considerados favoritos, como a Ducati oficial, por enquanto estão deixando a desejar na competição, mas mostrando terem condições de entrar forte na briga também, assim que superarem os azares que os têm afligido. E fiquemos atentos também ao que a Honda pode mostrar, afinal, Marc Márquez, mesmo com suas limitações, não pode ser subestimado. A temporada 2022 tem tudo para seguir embolada por mais tempo, com resultados bem imprevisíveis, para alegria dos fãs da velocidade...

 

 

A vitória em Portimão deu uma pequena aliviada nas tensões entre Fabio Quartararo e a Yamaha. O piloto francês já vem demonstrando insatisfação com o rendimento da M1 desde os testes da pré-temporada, quando notou que, em termos de potência, a máquina dos três diapasões está em desvantagem para os concorrentes, em especial a Ducati, tida como a moto mais potente de grid. Até a corrida de Portugal, Fabio só tinha tido um 2º lugar na Indonésia como melhor resultado, enquanto nas outras provas ficou sem conseguir sequer discutir posições no pódio, enquanto o rendimento de seu companheiro de equipe, Franco Morbidelli, foi ainda pior, tendo um 9º posto na mesma prova como melhor resultado, mostrando que a força do time japonês não anda lá essas coisas. E começaram as especulações, entre elas, de que Quartararo poderia fazer dupla com Marc Márquez na Honda a partir da próxima temporada. A falta de potência do motor, que está com o desenvolvimento congelado em virtude do regulamento, desagrada o piloto, que sabe que a Yamaha está em franca desvantagem nas pistas com grandes retas e alta velocidade de ponta, com o time tendo de compensar com o melhor equilíbrio da moto, o que nem sempre tem trazido os resultados esperados. Fabio desconversa sobre as possibilidades para o próximo ano, mas diz que deve tomar uma decisão até o fim do verão sobre 2023, e que seu empresário está conversando com interessados. A Yamaha quer convencer seu piloto de que seu time ao menos é estável, enquanto outras escuderias estão vivendo um período de resultados mais instáveis, apesar do melhor rendimento. O duro é saber quanto isso pode compensar a menor performance da M1 diante das rivais, que uma hora ou outra, vão deixar de ter azar, e conseguir os resultados que seus potenciais indicam. O triunfo em Portimão foi mais um feito de Quartararo do que da performance da Yamaha em si, já que Franco Morbidelli foi apenas o 13º, tendo terminado atrás até de Andrea Dovizioso, que foi o 11º com a RNF, time satélite da marca dos três diapasões. E por mais talentoso que seja, não dá para Fabio ficar levando o time nas costas o tempo todo também...

 

 

E a Stock Car voltou a correr no Rio de Janeiro, depois de praticamente uma década, após a destruição do circuito de Jacarepaguá promovida pela cartolagem picareta esportiva que quis construir a vila olímpica no local do autódromo. E, pelo menos, foi um retorno em grande estilo, em um circuito montado nas pistas do aeroporto do Galeão, com cerca de 3,225 Km de extensão, que resultou num belo traçado, que proporcionou uma experiência mais do que bem-sucedida para pilotos e equipes, resultando em uma rodada dupla com várias disputas e brigas que deixaram a plateia mais do que entusiasmada. A largura da pista, com mais de 20 metros, foi um dos pontos que ajudou a deixar a prova bem agitada, e com espaço à vontade, os pilotos mandavam ver no acelerador, e quem tinha mais brios para frear mais dentro e conseguir manter o carro no traçado, ganhava vantagem na disputa de posição. E tome ultrapassagem: levantamento feito pela própria Stock contabilizou mais de 900 trocas de posição nas duas corridas, incluído claro as resultantes de paradas no box, mostrando como o pessoal estava empolgado na corrida. E a largura da pista também ajudava os pilotos a variar os traçados e tangências, oferecendo mais possibilidades aos competidores, e deixando a corrida bem mais animada nos duelos. E os dois trechos de reta, um com cerca de 700 metros, e um segundo, levemente curvo, com aproximadamente 1,5 Km, ajudaram os pilotos a atingir mais de 250 Km/h com seus carros, colocando os freios à prova nas curvas do traçado, e exigindo braço para controlar os carrões da Stock e acertar as posições de pista. E, claro, o fato de não haver muros próximos deixou os pilotos mais audaciosos e atrevidos, incentivando os pegas, alguns até com entusiasmo em demasia, com algumas rodadas na pista, e até algumas batidas, mas nada sério, felizmente, além do abandono da prova pelos envolvidos. Daniel Serra levou a vitória na primeira corrida, com Mathias Rossi em 2º lugar, e Ricardo Maurício fechando o pódio em 3] lugar. Aliás, na segunda, o triunfo acabou nas mãos de Ricardo Maurício, após uma punição a Marcos Gomes por ter feito uma ultrapassagem em trecho sob bandeira amarela em cima de Ricardo nos momentos finais da prova. A punição deixou Gomes em 6º lugar, enquanto a 2º posição terminou com Bruno Baptista, e Gaetano Di Mauro em 3º. Com o resultado das corridas no Galeão, Daniel Serra assumiu a liderança do campeonato, com 99 pontos, apenas 1 de vantagem para Gabriel Casagrande, o vice-líder, com 98. A 3ª posição é ocupada por Thiago Camilo, com 78 pontos, seguido por Ricardo Maurício, com 74; e César Ramos, com 63 pontos. A próxima etapa da competição será no dia 15 de maio, no autódromo do Velocitá.

 

 

A corrida da Stock realizada nas pistas do Aeroporto do Galeão mexeu com as lembranças dos fãs da velocidade, lembrando das provas disputadas pela antiga F-Indy no aeroporto da cidade de Cleveland, nos Estados Unidos, quando a categoria disputava uma prova montada nas pistas do aeroporto local da cidade, o Burke Lakefront, onde a largura da pista ajudava os pilotos na disputa de posições, sendo que algumas corridas eram realmente bem disputadas. Mas o circuito, totalmente plano, também tinha suas armadilhas, como a falta de referências onde os pilotos baseavam suas tangências, o que resultava em traçados variados, algo que também foi sentido pelos pilotos da Stock na corrida do Galeão, já que a pista totalmente plana e com poucas referências podia pregar peças nos competidores, o que gerou alguns incidentes, mas coisas típicas de corridas. Com o Estado do Rio de Janeiro órfão de um autódromo desde a destruição premeditada do autódromo de Jacarepaguá, os fãs cariocas da velocidade não tinham uma opção de local de corridas viável para se promover uma prova de automobilismo, até que surgiu a idéia de montar um circuito nas pistas do Aeroporto do Galeão. A idéia, agora mais do que aprovada, depois da rodada dupla realizada neste mês de abril, já dá água na boca esperando por uma nova oportunidade no ano que vem, e quem sabe, possamos repetir este tipo de experiência em outro aeroporto do país, o que poderia ajudar em diversificar as opções de locais de corrida para as competições nacionais. Tomara que a idéia frutifique, e possamos ter outras corridas em esquema semelhante.

 

 

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