quarta-feira, 18 de maio de 2022

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1999 – 15.10.1999

            Trazendo hoje mais um de meus antigos textos, esta coluna foi publicada no dia 15 de outubro de 1999, e o assunto principal era a estréia do mais novo circuito no calendário da F-1, a pista de Sepang, em Kuala Lumpur, na Malásia, que finalmente estreava na competição. Foi o primeiro “megautódromo” da categoria máxima do automobilismo, pelo tamanho extraordinário, até então para a F-1, de suas instalações, com um paddock amplo, muito arborizado, e com boxes tremendamente espaçosos. Projetado por Hermann Tilke, a pista de Sepang ditaria o estilo e as exigências que a F-1 faria a partir daquele momento a praticamente todas as novas pistas que quisessem sediar GPs no calendário. E Tilke se tornaria o nome central de todo e qualquer novo circuito que nascesse para sediar um GP de F-1, só que, enquanto ele ainda projetou uma pista interessante na Malásia, a maior parte dos novos projetos que concebeu dali em diante não ganharam elogios por parte dos pilotos, já que as pistas soavam muito artificiais, para não mencionar estarem cheias de trechos de acelera-freia, magníficos no visual, e um pesadelo para as corridas, de onde o melhor exemplo é a pista de Yas Marina, em Abu Dhabi, que nunca proporcionou corridas exatamente empolgantes, muito pelo contrário. Naquela corrida, Michael Schumacher também voltava a correr, depois de ficar alguns meses afastado após quebrar a perna em um acidente na etapa da Inglaterra, em Silverstone. E pela primeira, e única vez na vida, o piloto alemão, que sempre foi “servido” por seus companheiros de equipe, teve de “servir” a Eddie Irvinne, que disputava o título, e cedeu a vitória na pista malaia ao irlandês, mantendo vivas suas chances de alcançar o título na etapa derradeira que seria realizada duas semanas depois, em Suzuka, no Japão.

Irvinne não ganhou o título, e Schumacher deve ter ficado aliviado por isso, pois tudo na Ferrari era feito unicamente para ele ser campeão pelo time, e se Eddie tivesse conquistado o título, seria uma sensação de frustração para o alemão, que nunca admitiu concorrência com algum companheiro de equipe, e nos anos seguintes, teria o maior período de hegemonia de um piloto na F-1 até então, vencendo todos os campeonatos de 2000 a 2004, alcançando um inédito heptacampeonato, marca igualada apenas recentemente por Lewis Hamilton, que com a Mercedes estabeleceu uma hegemonia ainda mais longeva do que a do alemão. De quebra, vários tópicos rápidos com alguns acontecimentos do mundo da velocidade no momento, com alguns comentários. Uma boa leitura a todos, e até o próximo texto antigo por aqui...

VISITA À MALÁSIA

            Sempre gostei da estréia de novas pistas e circuitos no calendário da Fórmula 1. O ar de novidade ajuda a espantar um pouco aquele ar de monotonia que se vê na categoria sempre que se chega a um circuito muito conhecido. O ar de mistério também empolga, e ficamos esperando para ver como os bólidos que conhecemos vão se portar em uma pista totalmente desconhecida. São curvas, retas, trajetórias, tudo novo a ser explorado. Apesar de tudo, novos circuitos nem sempre são uma experiência agradável. Há casos em que os novos autódromos causaram mais decepção do que bem-estar. Casos como o horroroso circuito montado em Dallas em 1984, que foi excomungado por quase todos os pilotos, tão precárias eram suas condições, apesar de ter proporcionado a corrida mais empolgante da temporada daquele ano. Ou Aida, no Japão, situado no meio do nada, o que obrigou a todo mundo da F-1 a viver uma pequena aventura para achar o lugar e onde se hospedar, sem falar no traçado, que era mais parecido com um kartódromo gigante.

            A Malásia, entretanto, é uma surpresa mais do que agradável. E que surpresa: o novíssimo autódromo de Sepang, em Kuala Lumpur, é um assombro de encher os olhos. A pista, com cerca de 5,54 Km, tem um traçado interessante, sem curvas excessivamente artificiais, e duas retas de bom tamanho onde poderão se fazer boas ultrapassagens. A largura da pista, que chega a 25 metros em alguns pontos, também ajuda neste quesito, e faz prever boas disputas na corrida, que terá um total de 56 voltas, totalizando um percurso de cerca de 310 Km.

            Se a pista impressiona, fora dela o autódromo não deixa por menos: a área do paddock é impressionante, com cerca de 30 boxes com o dobro do tamanho normalmente encontrado nos demais circuitos do campeonato. Com cerca de 200 m², eles ainda possuem ar-condicionado, cozinha e escritório. As arquibancadas têm capacidade para cerca de 90 mil expectadores. Tudo impecável. Só falta o GP também ser impecável, mas depois do show que vimos em Nurburgring, vai ser difícil a prova malaia apresentar mais emoções e surpresas.

            Com esta corrida, a Malásia é o terceiro país do Oriente a entrar no campeonato da F-1. As demais etapas são no Japão e na Austrália, mas a Malásia é o primeiro país dos chamados “tigres asiáticos” a conseguir sediar um GP. Uma boa parte desta conquista se deve ao incentivo da Petronas, a gigante do petróleo do país, que entre outras coisas, patrocina a equipe Sauber de F-1 já há alguns anos. Uma amostra do poderio econômico da Petronas pode ser visto no centro de Kuala Lumpur, onde foram erguidas as Petronas Twin Towers, duas torres gêmeas com 110 andares cada uma, com 485 metros de altura, o que as tornam os edifícios mais altos do planeta. As torres gêmeas abrigam os escritórios centrais da companhia, além de diversos outros escritórios comerciais, além de um verdadeiro shopping center vertical. Para quem vai à capital malaia, é uma visita obrigatória.

            Mas há outros pontos de realce a serem apreciados, como o moderno aeroporto internacional de Kuala Lumpur, muito bom e com uma organização impecável, sem falar na própria beleza da capital. Sem dúvidas, motivos mais do que suficientes para que os fãs da F-1 que vierem de outras partes do mundo dêem uma esticada em sua estada por mais alguns dias, antes de irem embora ou embarcarem para o Japão, onde se dará o último GP da temporada. Esta rotina, aliás, deve ser seguida por muitos pilotos, que deverão ficar por aqui mesmo, pois daqui a duas semanas será a vez de voltar ao trabalho em Suzuka.

            Quanto à corrida no domingo, a expectativa anda em alta. A perspectiva de chuva para a hora do GP ajuda a aumentar as possibilidades de uma excelente corrida. Os treinos livres, realizados nesta madrugada, pelo horário brasileiro, já devem dar um pouco de idéia do que se esperar da prova. Com sorte, também poderemos ver também como Michael Schumacher vai se portar na pista, nos primeiros treinos oficiais que participa desde seu acidente em Silverstone. Schumacher, aliás, foi o nome do momento na Malásia, roubando boa parte das atenções.

            Muito bem, seja bem-vinda ao circo da F-1, Malásia. E que a corrida faça juz à imponência do autódromo...

 

 

Para os fãs do automobilismo no Brasil, a noite de sábado para domingo vai ser inédita: às 2 da manhã, pelo horário de Brasília, teremos a largada do Grande Prêmio da Austrália, pelo campeonato da F-CART, no circuito de Surfer’s Paradise. Depois, às 4 da manhã, é a vez da F-1 acelerar, com o Grande Prêmio da Malásia, em Kuala Lumpur. Tem muita gente que vai passar a noite em claro...

 

 

E por falar em F-CART, Juan Pablo Montoya tem boas chances de conquistar o título na prova australiana. Montoya tem 9 pontos de vantagem para seu rival direto, Dario Franchiti. Se conseguir mais 13 pontos do que o escocês, encerra a luta pelo título, do contrário, a decisão ficará para Fontana, nas 500 Milhas da Califórnia, no dia 31 de outubro.

 

 

Guálter Salles está de volta à F-CART. O piloto brasileiro disputa o GP de Surfer’s Paradise no lugar do japonês Shigeaki Hattori, na equipe Bettenhausen. Com sorte, pode repetir o feito em Fontana. Salles continua batalhando um lugar na categoria no ano que vem.

 

 

Kenny Brack, atual campeão da Indy Racing League (IRL), deve ser piloto da equipe Rahal de F-CART no próximo ano. Brack deve ocupar o lugar do americano Bryan Herta, que vem fazendo uma temporada muito fraca no time. A vitória do piloto em Laguna Seca parece não ter sido o suficiente para garantir sua manutenção na escuderia.

 

 

Mais um piloto da F-3000 Internacional sofreu um acidente grave. Desta vez a vítima foi o dinamarquês Jason Watt, vice-campeão da categoria, que sofreu um acidente de moto em Copenhague, capital da Dinamarca. O piloto encontra-se em coma induzido e pode ficar paraplégico. O outro piloto da F-3000 a sofrer um acidente grave foi o uruguaio Gonzalo Rodriguez, que morreu no circuito de Laguna Seca, na Califórnia, durante treinos para a corrida da F-CART.

 

 

A F-3 Inglesa disputa neste fim de semana a sua última etapa do campeonato, no circuito de Thruxton. Na luta pelo título, o brasileiro Luciano Burti tenta desbancar o atual líder do campeonato, o inglês Marc Hynes.

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