sexta-feira, 23 de março de 2018

LARGADA PARA A FÓRMULA 1 2018

Melbourne recebe os carros da F-1 para o primeiro Grande Prêmio da temporada.

            Enfim, chegou a hora. Hoje a Fórmula 1 dá a largada para o campeonato de 2018. Serão nada menos do que 21 corridas, o mais extenso da história da categoria, ao lado da temporada de 2016, que também contou com 21 provas. A única mudança de corridas daquele ano para este é a substituição da prova da Malásia, que pediu arrego de participar, devido aos altos custos e pouca disputa, pela etapa da França, que volta à competição após uma década de ausência, e naquele que é considerado o melhor palco de todos do GP francês, o circuito de Paul Ricard.
            Mas o começo da temporada é sempre muito festivo e descontraído, afinal, é a Austrália, e os australianos sabem promover e dar um clima de festa ao seu GP como poucos promotores conseguem fazer. E depois de vermos um campeonato onde tivemos um duelo real entre dois pilotos de times diferentes, a expectativa aqui no Albert Park é vermos mais gente entrando nessa brincadeira, a se confirmarem as melhores expectativas que puderam ser geradas a partir da pré-temporada deste ano, que correu sérios riscos devido ao inverno europeu não ter dado folga na primeira sessão de treinos na Espanha.
            O grande duelo do ano passado, entre o inglês Lewis Hamilton e o alemão Sebastian Vettel tem tudo para ganhar um repeteco. E fica a expectativa se veremos um novo pentacampeão mundial de F-1 ao fim do ano, já que ambos são tetracampeões. Mordido pela derrota de 2017, Vettel deve vir alucinado para dar o troco em Hamilton. Resta saber se o novo modelo SF71-H proporcionará ao alemão as mesmas possibilidades que o carro do ano passado. Não que o modelo ferrarista desta temporada seja ruim, muito pelo contrário: tudo indica que o novo corpo técnico de Maranello conseguiu desenvolver a contento o chassi de 2017, um temor que muitos tinham pelo fato de a base do projeto ser do inglês James Allison, que havia sido demitido do time italiano em meados de 2016. A escuderia rossa reformulou completamente seu staff técnico, e foi uma grata surpresa ver que eles haviam finalizado o projeto iniciado por Allison com todo o louvor, a ponto de a Ferrari realmente ser uma ameaça real à Mercedes, com Vettel a surpreender e liderar o campeonato até o GP da Itália, quando Hamilton conseguiu inverter a situação. E foi igualmente gratificante ver que o novo carro mantém o time italiano competitivo e forte, pronto para tentar novamente duelar pelo título deste ano. Os italianos ousaram mais no carro 2018, enquanto os alemães apenas melhoraram o que já era bom. Será um confronto de forças muito interessante.
Vettel e Hamilton: dois tetracampeões em disputa. Quem será pentacampeão primeiro?
            Como em 2017, a Ferrari acabou a pré-temporada com as melhores marcas em Barcelona, e a confiança de que estarão na briga. O novo carro mostrou confiabilidade, e a equipe italiana só rodou menos que sua arquirrival Mercedes. Bons sinais, não é? Bom, precisa combinar com os concorrentes. Embora não tenha feito tempos avassaladores na Catalunha, a Mercedes assustou pela fiabilidade e constância, sendo que suas simulações de corrida e long runs mostraram um carro muito estável e firme. E um dado preocupante é a empolgação de Hamilton, sinal de que o novo W09 muito provavelmente será o carro a ser batido. Ficamos apenas na dúvida de quão tamanha é sua provável vantagem. Até os rivais mais diretos concordam que o time alemão é o favorito na competição, e torcem para que a diferença que os separa dos carros prateados não seja significativa, a fim de poderem medir forças no ritmo de corrida.
            Se no ano passado todo mundo apostava em estratégias mais similares, este ano as opções serão mais variadas. A Pirelli alterou seus compostos, fazendo com que cada um deles apresentem performances diferenciadas de forma mais pronunciada, e um pouco menos duráveis, o que deve incentivar as escuderias a variarem mais suas estratégias de corrida com os pneus a serem disponibilizados. No ano passado, com carros mais potentes e muito mais downforce, e as dimensões maiores dos pneus, a Pirelli adotou uma postura mais conservadora, por segurança, e como consequência, as trocas de pneus foram bastante reduzidas, com vários GPs tendo apenas um pit stop por piloto. Esse número deve crescer mais este ano, e dependendo de como cada carro interagir com os pneus, podemos ter algumas surpresas nas disputas de pista.
            Se todos já esperam o embate Mercedes VS Ferrari, a Red Bull tem tudo para se intrometer nessa brincadeira. O novo modelo RB14, concebido pelo mago das pranchetas Adrian Newey, finalmente permitiu ao time dos energéticos fazer a pré-temporada sem problemas, proporcionando à escuderia austríaca a chance de começar o campeonato com força total, e não atrás dos favoritos, tendo de correr atrás do tempo perdido. E, se confirmarem as expectativas, a Red Bull pode estar tão ou até mais forte do que a Ferrari, e poderia ser mais um fator a complicar os planos da Mercedes na luta pelo título. Só que os prateados já estão de sobreaviso, e um andamento forte dos carros dos energéticos não deverá surpreender Toto Wolf & Cia. Mais gente na luta pelo título seria mais do que bem-vindo, para ajudar a tornar a disputa ainda mais emocionante e imprevisível. Mas, assim como a Ferrari, a Red Bull ainda precisa conhecer o real potencial da Mercedes, para saber qual o seu déficit de performance – se existir, para o modelo W09. Se o carro prateado for tão bom quanto alguns especulam, o risco é que vejamos a Ferrari se atracando com a Red Bull nas corridas, e com isso fazendo com que ambas acabem deixando a Mercedes disparar na frente. É um risco que não pode ser ignorado, e todos torcem para que não aconteça, do contrário parte do interesse dos fãs pelo campeonato pode ir para o brejo.
A nova Toro Rosso/Honda foi uma grata surpresa nos testes pela confiabilidade mostrada pela Honda. Vai confirmar as impressões nas corridas?
            Mas, se a disputa na frente pode reservar surpresas agradáveis ou não, no pelotão intermediário a perspectiva é de uma verdadeira guerra entre quase todos os outros times, alguns mais cotados que outros, mas todos eles com potencial para serem os líderes do “resto” do grid, posição que no ano passado foi ocupada pela Force India. Infelizmente, as dificuldades financeiras continuam a atrapalhar a escuderia sediada ao lado da pista de Silverstone, que se especializou em fazer o máximo com o mínimo de recursos possível. Infelizmente, de início, o novo carro do time de Vijay Mallya ainda não mostrou toda a velocidade esperada, o que indica que poderá ter problemas em tentar manter-se como a quarta força da competição. E, com o orçamento curto, o desenvolvimento do novo modelo 2018 também pode ficar prejudicado, se os rivais se mostrarem muito à frente. Vai ser mais um ano de superação para a escuderia, como tem sido regra em quase todos os anos que o time enfrentou desde que estreou na F-1.
            Quem parece mais propenso a isso é a Renault, cujo time de fábrica mostrou uma boa pré-temporada, talvez até melhor do que todos imaginavam, com o time de Enstone podendo sonhar mais alto já neste ano. Contando agora com uma dupla de pilotos igualmente forte, a equipe oficial da fábrica francesa possui recursos para desenvolver seu equipamento ao longo do ano, e só precisa mesmo garantir a fiabilidade de sua unidade motriz, que evoluiu muito em performance do ano passado para cá, mas teve sua confiabilidade como meta principal, o que significa que nem toda a potência esperada já está à mão dos pilotos. Mesmo assim, com a performance limitada, o desempenho da nova unidade motriz está mais próximo das rivais Mercedes e Ferrari, e dependendo dos pilotos e da qualidade do projeto do carro, eles poderão dar muito trabalho.
            E, falando em trabalho, quem teve muito a fazer foi a McLaren. O time inglês novamente foi o que menos andou na pré-temporada, e mais uma vez, parece que o projeto arrojado do modelo MCL-33 atrapalhou a fiabilidade do monoposto, em especial com a nova unidade motriz da Renault. Foi uma semana de muito trabalho em Woking para corrigir os problemas e defeitos apresentados no carro, mas Eric Bouiller garante que o time conseguiu superar as falhas e estará enfim pronto para dar o seu melhor já a partir dos treinos livres aqui no Albert Park, o que seria muito bom para a competição, pois apesar dos problemas, o carro mostrou potencial, algo que não pôde ser visto nos anos anteriores, devido às más performances das unidades motrizes da Honda. E Fernando Alonso está empolgado como há tempos não se via. E o espanhol não costuma ficar alegre exatamente à toa. Mesmo assim, ninguém sabe realmente em que posição de força a McLaren está no momento. Só nos primeiros treinos livres teremos uma idéia, já que esta coluna foi fechada antes dos carros irem para a pista no primeiro treino. Mas, pelo histórico da McLaren, todos querem ver a escuderia de volta à sua melhor forma, e na melhor das hipóteses, ela pode ter tudo para andar no nível do time oficial da Renault, senão até mais.
            Quem andou surpreendendo foi a Honda, que nesta pré-temporada mostrou uma confiabilidade que não foi vista nos últimos três anos na McLaren. Sua nova parceira, a Toro Rosso, foi o time que mais andou depois de Mercedes e Ferrari, e com uma performance relativamente boa e inspirada. E claro, eles aproveitaram para alfinetar a McLaren indiretamente, alegando que a Toro Rosso dá muito mais liberdade aos japoneses para trabalharem, e com isso, eles enfim estão mostrando progressos. É claro que a McLaren teve parte da culpa no insucesso da Honda nos últimos três anos, mas ninguém pode negar também que a fábrica nipônica teveum desempenho muito abaixo da crítica, e se parte do bom desempenho atual se deve à Toro Rosso respeitar melhor as exigências do propulsor nipônico, este também foi concebido agora com auxílio da Ilmor, algo que a Honda sempre recusou fazer até meados do ano passado, quando finamente cedeu às pressões para aceitar ajuda externa.
A Alfa Romeo volta à F-1 depois de mais de 30 anos, agora em parceria com a Sauber.
            Com relação à performance, eu não diria que a Toro Rosso tenha maior potencial do que a McLaren, mas que eles vão andar melhor do que muitos imaginavam, isso já parece um fato mais do que inquestionável. Há quem ache que o time de Faenza pode até ser a quarta força do campeonato, mas só saberemos de fato após as primeiras corridas.
            E quem quer medir forças é a Hass, cujo novo carro 2018 mostrou velocidade nos últimos dias da pré-temporada. A ordem no time norte-americano é evoluir sempre, e a escuderia tentou cumprir com esse objetivo em suas duas primeiras temporadas na competição, apesar de alguns problemas e inconstâncias, que esperam que não se repita este ano. Mas a luta será árdua no meio do pelotão, e se a Hass também revela potencial para ser a quarta força, ela também pode acabar superada pelos rivais na disputa de pista, que se for tão renhida e acirrada quanto se espera, as mínimas diferenças poderão significar muitas posições amais ou a menos nos resultados alcançados. A meta de Gene Hass é ficar seu time definitivamente no rol dos times médios da F-1, e bem ou mal, vem conseguindo crescer desde que estreou na categoria, mesmo que devagar, talvez mais do que seria aconselhável.
            Quem já parece sentir que o ano vai ser complicado, apesar dos novos ares no time, é a Sauber Alfa Romeo. Apesar de modelo C37 ser bem concebido, e significar um bom avanço em relação ao que o time suíço dispunha para a temporada passada, infelizmente a concorrência parece ter feito um trabalho melhor ainda, e a escuderia fundada por Peter Sauber pode amargar mais um ano apenas fechado o grid, e pontuando com muuita sorte. Até eles já admitem isso, e que se pontuarem, vai ser algo excepcional durante o ano. Tomara que não seja ruim assim, até porque o retorno da Alfa Romeo, uma marca que fez história por ser a primeira vencedora e campeã da categoria máxima do automobilismo, merece melhor sorte.
            E a Williams, então? Difícil dizer onde a escuderia de Grove vai parar nesta temporada. Se no ano passado o time ainda parecia que teria um carro melhor que o do ano anterior, e tudo andou para trás, o que dizer do novo FW41? Paddy Lowe, que coordenou a reestruturação técnica do time em 2017 e estabeleceu as novas diretrizes do projeto do carro deste ano, é enfático em afirmar que o potencial do novo carro só será visto mais à frente, o que definitivamente não ajuda a criar melhores expectativas sobre as chances do time. Some-se a isso ao fato do time ter optado por uma dupla de pilotos “pagantes”, o que vem sendo encarado como decadência para um dos times mais tradicionais da F-1, e que já foi também um dos mais vitoriosos, e a evolução dos concorrentes, como a Hass e a Toro Rosso, e o esperado renascimento da McLaren, e realmente a Williams vai ter muita coisa para provar neste ano, e precisando começar já para ontem. A constatação de que Felipe Massa se livrou de uma bomba é enorme. Robert Kubica vai testar nos simuladores e um treino livre ou outro, e vai ter de fazer milagres para ajudar o time a ir para a frente. Pessimismo exagerado? Preconceito com o time que “enterrou” vários pilotos brasileiros na F-1? Não, apenas um pouco de realismo, até porque a escuderia inglesa vem marcando bobeira em evoluir seus carros nos últimos anos, e para 2018, infelizmente a perspectiva não ajuda nem um pouco. Vai ter de se esforçar para não cair para trás, e vai ter de ser um belo esforço...
            Mas, chega de especulações, teorias e expectativas. É hora de conferirmos a realidade que a F-1 irá apresentar para este ano. Portanto, vamos à luta na pista pra valer, e que vença o melhor! Está na hora da largada para a Fórmula 2018!


Desde que o halo foi visto pela primeira vez nos carros da atual temporada, piadas relativas aos carros com chinelos não faltaram. E não é que a McLaren levou isso a sério? O time laranja terá durante o GP da Austrália, na nova peça de segurança dos pilotos o patrocínio da empresa Gandys, que fabrica... chinelos! E que irá lançar uma série “exclusiva” inspirada no visual da McLaren chamada “Edição Halo”, cujos lucros da venda serão revertidos para uma instituição de caridade mantida pelos fundadores da empresa. Será que a Alpargatas pegaria a deixa com as famosas “havaianas”, se perguntavam... E não é que a famosa marca de chinelos também resolveu realmente entrar nessa? A marca das Havaianas poderá ser vista no halo dos carros da Force India. Será que veremos outras marcas de chinelos pintando no pedaço...?
E não é que as Havaianas estão decorando o Halo na F-1? Vejam na Force India... Enquanto isso, a McLaren servirá de inspiração para a Gandys lançar um série exclusiva de chinelos com a cor e o nome do time de Woking (abaixo).

Nenhum comentário: