quarta-feira, 7 de março de 2018

ESPECIAL INDYCAR 2018



            Começou o mês de março, e como é de praxe, chegou a hora de acelerar fundo com o início dos campeonatos mais importantes do mundo do esporte a motor. E neste próximo final de semana é a Indycar que dá sua largada para o mundial de 2018, mais uma vez em São Petesburgo, no Estado da Flórida, Estados Unidos. E como é o início da temporada, vamos a uma matéria especial sobre a competição, com as perspectivas de disputa do campeonato, e as novidades da categoria para este ano, trazendo também a lista de pilotos e equipes que estarão na pista em busca do título da temporada. E a torcida brasileira vai para o veterano Tony Kanaan, em sua 21ª temporada, e para os novatos Matheus Leist e Pietro Fittipaldi, que estarão duelando na pista contra os demais pilotos da competição. Uma boa leitura a todos, e que venha a bandeira verde no próximo domingo...



INDYCAR 2018

Nova temporada da categoria norte-americana marca o fim dos kits aerodinâmicos dos fabricantes de motores em busca de gastos menores e mais igualdade de competição.

Adriano de Avance Moreno

Hora de acelerar com o início da Indycar 2018, que traz um visual completamente novo nos seus carros. E Josef Newgarden, o atual campeão (abaixo), é o piloto a ser batido.
            Começa no próximo domingo mais um campeonato da Indycar, e o palco está montado para começar no tradicional circuito urbano de São Petesburgo, na Flórida, Estados Unidos. Josef Newgarden, da Penske, desfilará no seu carro o Nº 1 como atual campeão da categoria, e piloto a ser batido pelos rivais, alguns dos quais estarão bem ao seu lado no box do time do velho “capitão” Roger Penske. Will Power e Simon Pagenaud, já campeões pela escuderia, irão lutar pelo bicampeonato, em um ano que terá como grande atrativo o novo visual dos carros, com um novo chassi com aparência bem mais limpa, e que remete aos bons tempos da antiga Indy dos anos 1990, quando o campeonato da antiga CART atingiu o ápice de fama e relevância das categorias Indy, chegando a incomodar até a F-1, pela atratividade que passou a exercer em muitos pilotos como opção de carreira.
            O novo chassi ainda é produzido pela Dallara, e trata-se ainda do modelo DW12, introduzido há alguns anos, e pela contenção de gastos na competição, não há outros fornecedores, com a Indycar continuando a ser uma categoria monomarca de carros. A idéia dos aerokits produzidos por Honda e Chevrolet, apesar de interessante, foi repudiada pelas escuderias, devido aos gastos decorrentes do equipamento. Os novos carros também significam um novo desafio à pilotagem pelos pilotos, e ao acerto pelos engenheiros das equipes, pelas reações completamente diferentes. Nos testes da pré-temporada, vários times aproveitaram para conhecer as possibilidades do novo equipamento, e podem haver surpresas na relação de forças para o campeonato. Outro motivo para o retorno do kit universal, que era adotado pelos carros nos primeiros anos de uso do modelo DW12 é tornar a competição mais equilibrada. Desde sua adoção em 2015, os kits aerodinâmicos favoreceram mais os times da Chevrolet do que os da Honda, tanto que o campeonato acabou dominado pelos times abastecidos pela marca norte-americana, enquanto a turma da Honda não conseguia manter o mesmo nível de competição. A adoção de um kit aerodinâmico totalmente novo, a ser utilizado por todos, é uma maneira de igualar as forças, permitindo mais disputas. Desde 2012, quando o novo modelo DW12 passou a ser utilizado, e a categoria passou a ter duas marcas de motores, a Honda só conseguiu ser campeã em 2013, sendo que em todos os demais campeonatos o vencedor foi de uma equipe da Chevrolet.
Com o novo kit universal, a equipe Andretti (acima, Ryan Hunter-Reay) quer voltar à luta pelo título. Mas quem também quer entrar firme na brincadeira é a Rahal/Letterman/Lannigan (abaixo, Graham Rahal), que andou forte no teste coletivo de Phoenix.
            Com os fabricantes de motores concentrados agora apenas em suas unidades motrizes, espera-se maior equilíbrio também entre a Honda e a Chevrolet. Com desempenhos mais parelhos, caberá às equipes darem o melhor de si para conseguirem fazer a diferença na competição. Ainda não foi nesse ano que teremos um novo fornecedor de motores. Felizmente, Chevrolet e Honda seguem firmes na categoria, mas ao mesmo tempo, novos fabricantes não sentiram haver condições ideais para tentarem a sorte na Indycar. Comentou-se na possibilidade de a Alfa Romeo, que está retornando à F-1, também retornar a uma categoria Indy, talvez a partir de 2020, mas no momento são apenas interesses iniciais. Até a Cosworth, que também já esteve presente na antiga F-Indy, a exemplo da Alfa, admitiu que poderia entrar na competição, mas precisaria de um parceiro para a empreitada, com o que ainda não é possível contar atualmente.
            Busca-se também permitir que outros times possam ter chances reais de lutar pelo título, algo que desde 2003 só é conseguido por três times: Penske, Ganassi, e Andretti. Os novos kits, em tese, devem nivelar a competição, pelo menos neste início de sua utilização, onde alguns times podem efetuar um melhor trabalho de acerto dos carros com as novas configurações. Um exemplo é a Rahal/Letterman/Lannigan, que alcançou marcas expressivas com seus pilotos, em especial Takuma Sato, que promete infernizar o trio da Penske, considerado ainda por muitos os favoritos na disputa, mas sem ainda saber qual a força que a escuderia deverá ter este ano. Espera-se também uma boa competição por parte da Andretti, que nos últimos anos ficou um pouco à mercê da performance do aerokit da Honda, que não atuava de forma constante em todas as pistas, em que pese as vitórias gloriosas nas 500 Milhas de Indianápolis, onde o time brilhou nos últimos dois anos com Alexander Rossi e Takuma Sato. Rossi continua na escuderia, mas Sato mudou-se para o time de Bobby Rahal, fazendo companhia a Graham Rahal.
            Se a Andretti manteve seu esquema de 4 carros em competição integral no campeonato, Penske e principalmente Ganassi reduziram suas operações. Depois de alguns anos competindo com 4 pilotos, a Penske terá uma trinca este ano, todos eles já campeões pela escuderia nos últimos anos. Em compensação, Chip Ganassi cortou seu efetivo pela metade, dispensando Charlie Kinball e Max Chilton, e concentrando forças em Scott Dixon e Ed Jones, que migrou da pequena Dale Coyne para ser parceiro de equipe do tetracampeão neozelandês, onde terá melhores condições de competição.
            O time de Ed Carpenter mantém o mesmo esquema de participação dos últimos anos. Ed pilota apenas nas provas em ovais, ficando Jordan King responsável pelas corridas em pistas mistas e de rua. Spencer Pigot será o piloto do outro carro por todo o campeonato, e na Indy500, a escuderia terá a participação especial de Danica Patrick, que retorna à categoria onde fez fama na década passada, para marcar sua despedida das competições como piloto. O time de Sam Schmidt manteve o canadense James Hinchcliffe, mas dispensou Mikhail Aleshin e trouxe Robert Wickens.
Novos times surgindo na Indycar. A Harding terá Gabby Chaves como piloto titular.
            O time de A. J. Foyt mudou completamente sua dupla de pilotos, concentrando-se também em reestruturar seu staff técnico, enquanto a Dale Coyne, com seus parcos recursos, terá apenas um piloto em tempo integral no campeonato, Sebastien Bourdais, com o segundo carro do time dividido entre dois pilotos durante o campeonato. No ano passado, a despeito das limitações financeiras do time, Bourdais venceu a corrida de estréia do campeonato, em São Petesburgo, e vinha forte no campeonato, até se acidentar nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis, ficando fora de combate na disputa em quase todo o restante do ano. Plenamente recuperado, é hora dever se seu time conseguirá manter com ele a boa forma demonstrada no início de 2017.
            Um ponto positivo na temporada deste ano é a chegada de novas equipes para competir na categoria. Juncos, Carlin e Harding promoveram um bom incremento no grid, evitando que este encolhesse pela decisão de Ganassi e Penske de reduzir seus efetivos. A Carlin praticamente pegou a dupla demitida da Ganassi, Max Chilton e Charlie Kimball, garantindo sua permanência no grid este ano. Na Juncos, Rene Binder e Kyle Kaiser revezarão de carro durante o ano. E a Harding terá um carro para Gaby Chaves correr todo o ano. E ainda contaremos com vários times e pilotos “extras” para disputar as 500 Milhas de Indianápolis deste ano, com a expectativa de termos enfim mais pilotos do que vagas no grid, o que já não acontece há um bom tempo.

Sebastien Bourdais continua firme na Dale Coyne.
            A disputa pelo título pode parecer promissora, mas que ninguém subestime o poderio da Penske, que está sempre na briga pelo título. E, conforme já citado, o time de Roger conta com três pilotos campeões da categoria, e o duelo entre eles pode ser a chance para os concorrentes aproveitarem. Josef Newgarden andou causando alguns atritos com Simon Pagenaud no ano passado, pela forma agressiva como guiou em Gateway, quando os carros de ambos quase se tocaram feio, o que poderia ter feito Pagenaud ir parar no muro. Newgarden é o novo nome forte da categoria, e podem apostar que ele vai querer marcar presença mais do que nunca, conquistando o bicampeonato, de preferência. Resta saber se Simon Pagenaud vai levar na esportiva ou na condescendência outro duelo roda a roda com seu parceiro de equipe. Will Power também não pode ser subestimado: o australiano bateu muito na trave, até que conseguiu ser campeão, mas mesmo que tenha ficado um pouco apagado em algumas corridas, ele também quer ser bicampeão, como Pagenaud. Em outras palavras, a guerra está declarada no time da Penske, de forma velada, até o presente momento. Mas, em alguma altura, os ânimos poderão se exaltar, e aí então... Mais um título seria o presente perfeito para Roger Penske, cuja escuderia completa este ano nada menos do que 50 anos de competição nas categorias Indy, uma marca histórica para um time de competição no mundo do esporte a motor, com raros outros exemplos pelo mundo afora.
Chip Ganassi joga todas as suas fichas em Scott Dixon, tetracampeão da categoria. Na foto acima, o neozelandês testou o windscreen em Phoenix.
            E a Ganassi tem tudo para ser um time de um piloto só, com Scott Dixon centralizando as atenções da escuderia de Chip Ganassi. Ed Jones será o companheiro de Dixon, mas tendo estreado na competição apenas no ano passado, e com Ganassi sedento para conquistar novamente um título, resta saber se Jones não ficará com as “sobras” dos recursos técnicos e humanos do time, privilegiando o neozelandês. Tetracampeão da categoria, Scott Dixon tem conseguido manter a disputa nas pistas, mesmo com a Ganassi não tendo um carro tão competitivo quanto a Penske nos últimos anos, tendo inclusive vencido seu último campeonato em 2015, como azarão, contra Juan Pablo Montoya, o favorito, e piloto da Penske. A rivalidade entre os dois times estará mais do que em alta este ano. Mas, a exemplo da Andretti, a Ganassi também penou com os kits da Honda nos últimos dois anos, uma desvantagem que agora foi eliminada, com os novos kits universais. E, com um carro mais à altura, é tudo que Dixon precisa para infernizar seus rivais na pista, pois ele não apenas sabe poupar o equipamento sem deixar de ser rápido, como sempre tem excelente visão dos acontecimentos da corrida.
A Penske é o melhor time da categoria, mas pode enfrentar disputas internas entre seus pilotos, uma vez que todos eles buscam serem bicampeões.
            Os novos kits aerodinâmicos universais também demandaram o desenvolvimento de uma nova série de compostos de pneus pela Firestone, que segue sendo a única fornecedora da competição. Devido ao menor downforce oferecido, os carros tendem a serem mais “soltos”, e isso impacta no desempenho dos pneus, já que as reações do monoposto são diferentes das conhecidas no ano passado, quando os carros possuíam muito mais pressão aerodinâmica. Os pilotos precisarão duelar mais com o volante para manter os carros na linha ideal de corrida e nas outras manobras, especialmente nas ultrapassagens. Os novos kits dispensaram a estrutura de proteção traseira, que tanto deixou os fãs indignados com o visual “troncudo” dos carros nos últimos anos. E a potência dos motores caiu um pouco devido ao fato dos novos carros não terem mais a “air box” acima da cabeça do piloto, que funcionava como um adendo para o turbo dos carros, com o ar entrando com força na alta velocidade. Mas as diferenças na potência dos motores não são significativas, e a nova aerodinâmica dos carros contribuiu para manterem as altas velocidades dos bólidos, mesmo com menor pressão de captação do ar, o que não interfere tanto nos turbos dos propulsores.
            No teste coletivo realizado no circuito oval de Phoenix, no Arizona, houve um grande equilíbrio de tempos entre os pilotos, com a equipe Rahal/Letterman/Lannigan a marcar os melhores tempos com Takuma Sato e Graham Rahal. Mas a turma da Penske esteve logo atrás, e quem também andou forte foi Tony Kanaan, mostrando grande adaptação a seu novo time. Mas a turma da Andretti, em especial com Ryan Hunter-Reay, e Sebastian Bourdais, também mostraram serviço. Mas, deve-se relativizar um pouco os resultados, uma vez que Phoenix é uma pista oval curta, de apenas uma milha, e precisaremos ver como os times irão se sair nos circuitos mistos e de rua, maioria no calendário da Indycar. As expectativas são altas, para se evitar o tradicional duelo Penske X Ganassi. Embora a categoria tenha visto vários pilotos vencerem corridas nos últimos anos, isso não tem se traduzido em um maior número de pilotos lutando pelo título da categoria, infelizmente. São vitórias bem-vindas, ajudando a popularizar a fama de equilíbrio da Indycar, mas sem que os pilotos consigam manter o nível de resultados o suficiente para brilharem além de certa altura na classificação.
Watkins Glen acabou substituída por Portland no calendário da Indycar.
            Em termos de campeonato, a novidade é a estréia na competição da corrida de Portland, que fazia parte do campeonato da antiga Indy. Palco de boas disputas, o circuito da capital do Oregon é mais uma pista clássica das categorias Indy que retorna à competição, assim como Road America. Detroit continua sendo a única prova em rodada dupla do campeonato, que continua tendo início em abril, e encerrando-se este ano na metade de setembro. Serão 17 corridas, e a pista de Sonoma, mais uma vez, fechará a temporada, para tristeza daqueles que defendem que o encerramento deveria se dar em uma pista oval, uma vez que o traçado difícil do Infineon Raceway, na Califórnia, não favorece boas disputas, devido às dificuldades de ultrapassagem oferecidas pelo traçado. A esperança é que os novos kits universais, com muito menos downforce, faça a diferença, e ajude as disputas no circuito a serem mais acirradas. O ponto negativo é a perda da pista de Watkins Glen na competição, um traçado muito elogiado por equipes e pilotos, mas que novamente acabou saindo fora do calendário por problemas financeiros. E o calendário continua “espremido” entre os meses de março e setembro, apesar de ter ganho pelo menos a primeira quinzena de setembro a mais de duração. Novamente, a categoria quer evitar bater de frente com alguns outros campeonatos esportivos, como a NFL, mas isso só evidencia que fragilidade e falta de afirmação por parte da direção da Indycar, que precisa se dar conta de que não pode ficar evitando de bater com outras categorias esportivas.
            Visando incrementar a segurança dos carros, a Indycar também fez testes neste sentido, com o windscreen, um tipo de proteção para o cockpit, a fim de proteger melhor a cabeça dos pilotos. Ao contrário da F-1, que optou pelo Halo, e já o está introduzindo nesta temporada, a Indycar ainda está desenvolvendo o dispositivo, que já foi à pista com Scott Dixon em Phoenix, e foi bem aceito pelo piloto neozelandês, que deu excelente feedback sobre o uso do dispositivo, ainda que com algumas ressalvas, que demandarão mais estudos a fim de que ele seja efetivamente implantado nos bólidos da competição, talvez somente em 2019 mesmo. Diferente do dispositivo adotado pela F-1, o windscreen incorporou-se de forma muito mais harmoniosa com o visual do carro, enquanto o halo destoa do aspecto geral do monoposto.

EQUIPES E PILOTOS DA TEMPORADA


EQUIPE
PILOTOS
MOTOR
Penske Racing Team
Josef Newgarden
Simon Pagenaud
Will Power
Hélio Castro Neves (*)
Chevrolet
Chip Ganassi Racing
Scott Dixon
Ed Jones
Honda
Andretti Autosport
Ryan-Hunter Reay
Marco Andretti
Carlos Munhoz (****)
Alexander Rossi
Zach Veach
Stefan Wilson (****)
Honda
Rahal Letterman Lannigan
Graham Rahal
Takuma Sato
Honda
Foyt Enterprises
Tony Kanaan
Matheus Leist
Chevrolet
Dale Coyne Racing
Sebastien Bourdais
Zachary Claman DeMelo (***)
Pietro Fittipaldi (***)
Pippa Man (****)
Conor Daly (****)
Honda
Carpenter Racing
Ed Carpenter (**)
Jordan King (***)
Spencer Pigot
Danica Patrick (****)
Chevrolet
Juncos Racing
Rene Binder (***)
Kyle Kaiser (***)
Chevrolet
Carlin
Max Chilton
Charlie Kimball
Chevrolet
Schmidt Peterson Motorsports
James Hinchcliffe
Robert Wickens
Honda
Harding Racing
Gabby Chaves
Chevrolet
Michael Shank Racing
Jack Harvey (***)
Honda
Lazier Partners Racing
Buddy Lazier (****)
A definir
Dreyer & Reinbold Racing
Sage Karan (****)
Chevrolet

(*) = Somente nas corridas em Indianápolis

(**) = Apenas provas em pistas ovais
(***) = Disputará apenas algumas corridas
(****) = Disputará apenas as 500 Milhas de Indianápolis

CALENDÁRIO DA INDYCAR 2018

DATA
CORRIDA
CIRCUITO
TIPO DE PISTA
11.03
GP de São Petesburgo
São Petesburgo
Urbano
07.04
GP de Phoenix
Phoenix International Raceway
Oval
15.04
GP de Long Beach
Long Beach
Urbano
22.04
GP do Alabama
Barber Motorsport Park
Misto
12.05
GP de Indianápolis
Indianapolis Motor Speedway
Misto
27.05
500 Milhas de Indianápolis
Indianapolis Motor Speedway
Oval
02.06
GP de Detroit
Belle Isle Park
Urbano
03.06
GP de Detroit
Belle Isle Park
Urbano
09.06
GP do Texas
Texas Motor Speedway
Oval
24.06
GP de Road America
Elkhart Lake
Misto
08.07
GP de Iowa
Iowa Speedway
Oval
15.07
GP de Toronto
Toronto
Urbano
29.07
GP de Mid-Ohio
Mid-Ohio Sportscar Course
Misto
19.08
500 Milhas de Pocono
Pocono Raceway
Oval
25.08
GP de Gateway
Gateway Motorsports Park
Oval
02.09
GP de Portland
Portland International Raceway
Misto
16.09
GP de Sonoma
Infineon Raceway
 Misto
 


OS BRASILEIROS NO CAMPEONATO

Depois de uma passagem frustrante pela Ganassi, Tony Kanaan espera se reerguer na Foyt.
            O Brasil continua presente no grid da Indycar na temporada 2018. Depois de uma passagem frustrada pela Ganassi, Tony Kanaan vai para mais uma temporada, agora defendendo o time de A. J. Foyt na competição, e procurando voltar ao degrau mais alto do pódio e, quem sabe, disputar novamente o título do campeonato, vencido por ele no já distante ano de 2.004. Muita pretensão? Talvez. Mas a Foyt já venceu corridas antes. De forma esporádica, mas venceu. E é preciso lembrar que a escuderia gastou boa parte da temporada passada se adaptando ao motor da Chevrolet e seus acertos, diferentes dos Honda que o time utilizou por muitos anos. Com a expectativa de o time estar agora ambientado ao novo equipamento, para não mencionar que todas as escuderias partem do zero este ano com a utilização dos novos chassis, Tony Kanaan aponta na sua experiência e seu talento para levar o time do heptacampeão A. J. Foyt às primeiras colocações.
            E haverá ainda mais motivos para se torcer pela Foyt neste ano: o companheiro de Tony na escuderia será o gaúcho Matheus Leist, egresso da Indy Lights, campeonato que disputou no ano passado, e terminou em 4º lugar, com 3 vitórias na competição, e impressionando nos testes feitos até agora. Leist ainda tem no currículo o título da F-3 Inglesa de 2016, quando competiu pela equipe Raikkonen Roberts, engrossando a lista de pilotos brasileiros que venceram o torneio em toda a sua história. Sem opções viáveis no Velho Continente, Matheus voltou-se para os Estados Unidos, tendo disputado a temporada da Indy Lights pela equipe Carlin, que também disputará o campeonato deste ano da Indycar. Leist, contudo, defenderá um time experiente, ao invés de uma escuderia novata na competição, e ainda terá em Tony Kanaan um professor de primeiro nível para lhe ensinar os macetes que precisará para não fazer feio em sua temporada de estréia no certame. E Larry Foyt, chefe da escuderia, não deixou de ficar impressionado com a performance do brasileiro nos testes da pré-temporada, quando andou muito bem em pistas que não conhecia, e não cometeu nenhum erro de monta nas voltas que deu. Se a Foyt conseguir efetivamente apresentar uma performance sólida, a nova dupla verde-amarela tem tudo para fazer um excelente campeonato, brigando pelas primeiras posições nas corridas, e não apenas fazer figuração. Mas só saberemos mesmo o real potencial do time nas corridas, já que testes são testes, e nada é totalmente garantido baseando-se apenas pelo que os times mostraram neles.
Nova promessa brasileira no automobilismo, Matheus Leist quer fazer bonito em sua temporada de estréia na Indycar.
            Quem também chega para reforçar o time verde-amarelo é Pietro Fittipaldi, campeão da World Series V-8 no ano passado. Procurando manter-se firme em competições, enquanto espera por uma chance real de subir à F-1, seu sonho maior, o neto de Émerson Fittipaldi acertou para defender o time da Dale Coyne em sete corridas do campeonato de 2018, uma delas a Indy500. Pietro correrá com o carro Nº 19 da escuderia, que nas demais provas será ocupado pelo canadense Zachary Claman DeMelo. Será uma excelente oportunidade para testar a capacidade e o talento de Pietro, que apesar do título conquistado ano passado na Europa, é visto com certa ressalva em virtude da World Series V-8 ser na época uma categoria já em franco declínio, e com um grid composto de pilotos e equipes de potencial duvidoso. Dispondo do melhor conjunto da competição, Pietro acabou campeão, mas é preciso medir forças com concorrentes mais qualificados, oportunidade que terá para se testar no campeonato norte-americano. Uma boa medida será com Sébastien Bourdais, que será o único piloto que defenderá a Dale Coyne por todas as corridas do campeonato de 2018. Se conseguir manter uma performance próxima à do francês, tido como um piloto de grande talento na categoria, Pietro mostrará que não possui o sobrenome Fittipaldi apenas por acaso, mas que será capaz de defender o legado no automobilismo mundial iniciado por seu avô Émerson, no final dos anos 1960 e seu tio-avô Wilsinho Fittipaldi.
Pietro Fittipaldi disputará várias corridas na temporada, e marcará a estréia da terceira geração dos Fittipaldi nas categorias Indy, iniciada por seu avô Émerson nos anos 1980 e seguida por Christian Fittipaldi nos anos 1990. 
            E não podemos esquecer também de Hélio Castro Neves. O piloto brasileiro encerrou sua carreira como piloto integral da Indycar, remanejado por Roger Penske para seu novo time de competições no IMSA Weather Tech Sportscar. Mas, ciente da importância do brasileiro, que é o maior vencedor das 500 Milhas de Indianápolis nos últimos tempos, Helinho estará presente na Indy500 este ano, para tentar nova vitória e, quem sabe, igualar-se aos mitos do automobilismo americano que venceram a corrida por 4 vezes, A. J. Foyt, Al Unser, e Rick Mears. Helinho irá disputar também o GP de Indianápolis, a ser realizado na primeira quinzena de maio, no circuito misto do Indianapolis Motor Speedway, defendendo a equipe Penske, que pelo que tem mostrado nos testes da pré-temporada, vem novamente muito forte este ano, o que indica que Hélio terá equipamento para brigar pela vitória nas duas corridas em que marcará presença na competição.

TRANSMISSÃO DA CATEGORIA

            Os fãs que quiserem acompanhar a transmissão do campeonato da Indycar este ano terão de se contentar apenas com as transmissões no canal pago do Grupo Bandeirantes, o Bandsports. O canal aberto resolveu estrear um programa dominical apresentado por José Luiz Datena, o que irá inviabilizar qualquer tentativa de apresentação das corridas ao vivo, já que o novo programa é apresentado nas tardes de domingo. Portanto, as únicas provas que deverão ser transmitidas em canal aberto deverão ser as corridas no sábado à noite, embora nem isso esteja muito garantido. O novo programa significa que até mesmo a corrida mais importante do calendário, as 500 Milhas de Indianápolis, também não deverá ter transmissão na TV aberta. Nos últimos anos, a emissora pelo menos transmitia a corrida de estréia do campeonato no canal aberto, e este ano, já deve começar direto no Bandsports.
            E ainda deve-se levar em conta que a emissora reduziu e muito o seu efetivo dedicado aos esportes, e o pessoal que cuidava das transmissões da Indy também acabou sacrificado. Entre eles, o do narrador Téo José, o mais importante da emissora, que não teve o seu contrato renovado após mais de uma década atuando pela Bandeirantes, narrando os mais variados eventos. Téo José já está trabalhando em sua nova casa, o canal pago Fox Sports, onde já estreou narrando provas da Monster Cup do campeonato 2018 da Nascar, e da Fórmula E. Até o fechamento desta matéria, ainda não se tinha notícias de quem irá fazer a narração das provas da Indy. Felipe Giaffone, que já atuava como comentarista da emissora na transmissão das corridas, deve continuar na função. Um nome que seria bom para manter o nível de qualidade das transmissões seria o de Celso Miranda, mas só podemos esperar para ver o que a Bandeirantes fará da transmissão do campeonato deste ano.
            A falta de interesse da emissora na transmissão do campeonato deve indicar que o contrato de transmissão não deverá ser renovado. Se por um lado isso oferece aos fãs a esperança de que a categoria vá para uma nova emissora onde possa ser tratada com mais respeito, por outro lado há o risco de a Indy ficar sem transmissão no Brasil.
            Para a estréia da competição da Indycar 2018, até o fechamento desta matéria, pelo menos a emissora mantinha, na grade de programação para este domingo, a transmissão ao vivo da corrida de São Petesburgo, a partir das 13:30 da tarde. Ao menos, a emissora mantém a tradição dos últimos anos, de passar a corrida de abertura do campeonato ao vivo na TV aberta. Pena que, dali em diante, a situação fique completamente diferente.
O time de A. J. Foyt terá dois brasileiros como titulares, repetindo o que já havia acontecido na Penske e na finada Newman-Hass muitos anos atrás.

Pietro Fittipaldi estará nas 500Milhas de Indianápolis pela Dale Coyne.



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