quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - NOVEMBRO DE 1996 - 29.11.1996



            De volta com a seção Arquivo, trago hoje uma coluna publicada em 29 de novembro de 1996. O assunto era um pequeno balanço do ano da Fórmula 1, que teve Damon Hill como campeão, e apenas 3 times vencendo corridas naquele campeonato. Filho de Graham Hill, bicampeão da categoria, Damon foi o único filho de um campeão da F-1 a repetir o feito do pai, ainda que muitos até hoje considerem pouco representativo, visto que Damon guiava o melhor carro da categoria naquele ano, a Williams. Jacques Villeneuve era um novato, e mesmo tendo feito uma excelente estréia, pagou pelo noviciado em determinadas pistas, onde Hill fez valer sua experiência. Seria o ápice de sua carreira, uma vez que o piloto inglês, seguindo a sina dos grandes campeões do time de Frank Williams, fora dispensado pelo patrão para o ano seguinte, e nunca mais guiaria para um time de ponta. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...


F-1 1996

            A temporada 96 da F-1 foi quase que totalmente dominada pela equipe Williams. Das 16 etapas do campeonato, nada menos do que 12 foram vencidas pelos pilotos de Frank Williams. As restantes 4 provas foram vencidas pela Ferrari e pela Ligier.
            Pelo terceiro ano consecutivo, a McLaren não conseguiu nenhuma vitória na categoria, mas mostrou estar em franca recuperação. O ano de 1996, entretanto, foi marcado por performances irregulares do time de Woking, que foi competitiva em alguns circuitos enquanto em outros deixou muito a desejar. A nível de pilotos, Mika Hakkinem mostrou suas qualidades, sendo quase sempre mais rápido do que David Couthard. Para 1997, a base da McLaren irá permanecer a mesma, a nível técnico como de pilotos, o que faz prever um ano de mais crescimento na escuderia mais vitoriosa da F-1, depois da Ferrari, e quem sabe, voltar a vencer corridas.
            Pelo seu lado, a Ferrari até que se saiu melhor do que esperava este ano, onde as metas estabelecidas eram terminar o maior número possível de corridas, desenvolver o carro, e se possível vencer algumas provas, tudo tendo em vista uma excelente performance para lutar pelo título em 1997. Mas não foi fácil: Michael Schumacher levou o time nas costas e percebeu também como é duro ser um piloto da Ferrari, especialmente a meio da temporada, quando foi vítima de uma série de azares mecânicos que abateu a escuderia. O cúmulo do fiasco foi no GP da França, onde o bicampeão alemão conquistou a pole nos treinos, e acabou abandonando a corrida na volta de apresentação, antes mesmo de largar, devido à quebra de seu motor. Fiabilidade restaurada, o time de Maranello obteve excelentes resultados a partir de Spa-Francorchamps, com Schumacher a subir ao pódio ininterruptamente até o fim do ano, o que ajudou a equipe a chegar ao vice-campeonato de construtores.
            Já a Benetton, a grande campeã de 1995, foi uma grande desilusão, ficando sem nenhuma vitória e terminando o campeonato em 3º lugar entre os construtores, e marcando pouco menos do que a metade de todos os pontos obtidos no ano anterior, quando Michael Schumacher foi bicampeão pelo time multicolorido. No início do ano, Flavio Briatore dizia que a Benetton não precisava de Schumacher para vencer. Foi uma meia verdade. O piloto alemão era um trunfo na escuderia, realmente, mas o maior problema em 1996 foi a falta de fiabilidade do novo chassi B196, pilotado por Jean Alesi e Gerhard Berger. Só para se ter uma idéia, boa parte dos abandonos de Bergher este ano deveram-se a problemas mecânicos, que surgiram no carro do piloto austríaco quando este lutava entre os primeiros colocados. Um exemplo foi em Hockenhein, quando Berger ficou sem motor a 3 voltas do final, quando defendia-se na liderança da corrida contra Damon Hill, que vinha em seu encalço. Só por isso, dá para se ter uma idéia de que o potencial da equipe não caiu tanto assim. Alesi, por sua vez, também abandonou uma corrida quando sua vitória parecia certa, em Mônaco, onde liderava após o abandono de Hill. É claro que o problema da Benetton também não foi só esse: Alesi abusou das suas barbeiragens, tendo começado e terminando o ano batendo. Berger também exagerou em algumas ocasiões, mas não tanto quanto seu colega de equipe francês.
            Já a Williams praticamente passeou frente à concorrência em 96, tendo enfrentado oposição apenas em Spa-Francorchamps e Barcelona, corridas que foram dominadas por Michael Schumacher. Nas demais etapas, tudo correu sem maiores problemas. Damon Hill capitalizou sua vantagem de experiência dos anos anteriores para superiorizar-se a Jacques Villeneuve, cuja chegada à F-1 ocorreu com certa pompa por parte de Bernie Ecclestone. Nas classificações, Hill mostrou sua velocidade, sendo quase sempre mais veloz que o canadense, e em corrida, sempre manteve um ritmo mais uniforme e constante, ao contrário de Jacques, que só se encontrou com o carro a partir de Silverstone. Mesmo assim, Villeneuve conseguiu 4 vitórias em seu primeiro ano de F-1, o que não é pouco. Ao se aproximar o fim da temporada, Hill ainda levou um golpe baixo de Frank Williams, que o demitiu sumariamente, deixando o inglês abalado durante algumas corridas. Villeneuve, como o preferido informal de Frank Williams, aproveitou a crise emocional de Hill para ir à luta pelo título, mas o canadense acabou por sucumbir na etapa final, em Suzuka, prova que foi dominada de forma magistral por Damon Hill, que conquistou o título em grande estilo: 10 pole-positions e 8 vitórias em 16 corridas.
            A última equipe a vencer um GP em 96 foi a Ligier, que conseguiu a vitória na prova de Mônaco, com Olivier Panis. Foi uma vitória totalmente fortuita, visto que apenas 3 carros concluíram a prova monegasca, mas ainda assim valeu. Foi a primeira vitória de um time médio na categoria desde o triunfo de Gerhard Berger no GP do México de 1986, pela recém-fundada equipe Benetton.
            A Jordan, pelo segundo ano consecutivo mostrou potencial para vôos mais altos, mas acabou ficando aquém do esperado, sem conseguir um único pódio sequer. De primeira escuderia logo após os times de ponta, a Jordan sofreu para bater a Ligier em algumas corridas durante a temporada, só reencontrando parte de seu ritmo no fim do campeonato, mas apenas o suficiente para assegurar a 5ª posição na classificação de construtores.
            Das demais escuderias, há pouco a se dizer. A Sauber não conseguiu um ano melhor do que o de 95. A Minardi padeceu o ano todo com a pouca competitividade dos motores Ford V-8 ED e do chassi M196. A Arrows teve um carro promissor a princípio, mas não conseguiu desenvolvê-lo durante o mundial. E a Forti Corse não conseguiu chegar ao fim do ano, resultado de negociações malsucedidas com fornecedores, patrocinadores e até troca de proprietário.
            Resumindo, o ano de 96 foi totalmente da Williams, mas tudo indica que a temporada de 1997 deverá ser bem diferente desta, dados os prognósticos apresentados até o momento. Em nome do esporte e da competição, esperamos que assim o seja...


E os brasileiros continuam mandando bala na Europa: no Festival de Inverno da F-Ford inglesa, realizado em Brands Hatch, Ricardo Sperafico foi o vencedor, ao terminar em 2º lugar a etapa final do certame, que foi vencida por outro brazuca, Zaqueu Morioka, com excelente performance...


E Max Wilson também mostra a que veio para os europeus: convidado a fazer um teste com o carro que levou o alemao Jorg Müller ao título da F-3000 este ano, o piloto brasileiro de imediato já andou muito mais rápido que o alemão, para espanto da equipe RSM Marko...


Maurício Gugelmim é o primeiro brasileiro da F-Indy a receber o novo carro de 1997, no caso o novo chassi Reynard 971R, equipado com o motor Mercedes turbo. Os primeiros testes do carro acontecem ainda esta semana no circuito de Sebring, na Flórida.


Nova fofoca nos bastidores da F-1: Ricardo Zonta estaria sendo sondado pela Lola para ser piloto da equipe em 1997 na F-1, e na melhor das hipóteses, faria dupla com outro brasileiro, Ricardo Rosset, que também já recebeu uma proposta oficial da fábrica para 1997.


E a Lola mostra que este seu retorno à F-1 é mesmo pra valer: para tanto, já acertou um contrato de patrocínio milionário com a Mastercard por um período de 4 anos...


A Benetton sofre mais um revés para a temporada de 1997: Rory Byrne e Ross Brawn, sua principal dupla na área técnica, acaba de mudar-se para a Ferrari, a pedido de Michael Schumacher...


E por falar em reveses, a Ferrari já está sofrendo um, também para 1997: o novo carro da próxima temporada, que deveria ficar pronto até o dia 16 de dezembro, provavelmente só ficará pronto em janeiro, o que irá atrasar consideravelmente o desenvolvimento do projeto programado inicialmente pela escuderia, que continua declarando que o carro será apresentado sem nenhum adiamento...
 


Nenhum comentário: