quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1996 - 30.08.1996



            Em mais um texto antigo da seção Arquivo, trago hoje uma coluna datada de 30 de agosto de 1996, quando saiu o comunicado do fim de um dos mais longevos relacionamentos comerciais da história da Fórmula 1: o fim do patrocínio da Marlboro à equipe McLaren, que já durava desde 1974. Os carros de Woking, apresentando o inconfundível design branco e vermelho, ficaria na saudade, com os carros passando a ostentar o visual prateado, que permanece até hoje, quase 20 anos depois. Uma boa leitura a todos, e até a próxima seção Arquivo...


O FIM DE UMA ERA

            Enfim, saiu o comunicado oficial. Já vinha sendo esperado mas, como tudo o que acontece na Fórmula 1, ainda torcia-se para que isso fosse apenas mais um boato. Mas agora acabou-se todas as expectativas: McLaren e Marlboro não estarão mais juntos em 1997.

            Para todos na F-1, vai ser estranho olhar para os carros daquela que é considerada a segunda equipe mais vitoriosa da F-1, vindo logo abaixo da Ferrari, sem o seu visual tradicional a que já estamos acostumados. Sempre associamos a Marlboro à equipe McLaren. Uma geração inteira se acostumou a ver o logotipo da principal marca da Philip Morris nesta equipe de F-1. Um visual que já se tornou marcante na categoria.

            Com certeza, com o fim do patrocínio da Marlboro à McLaren em 1997, encerra-se aquele que é considerado o mais longo vínculo de um patrocinador e uma equipe de F-1. A McLaren correu pela primeira vez com o logotipo da Marlboro em 1974, tendo ninguém menos do que Émerson Fittipaldi como piloto e sendo logo campeões no mesmo ano. Em 1975, a McLaren seria vice-campeã com Émerson; conquistaria o título de 1976 com James Hunt, sempre apoiados pela Marlboro. Seguiu-se um período de vacas magras da McLaren, sempre ostentando a marca Marlboro em suas carenagens.

            Chega a década de 1980. Ron Dennis assume a direção da McLaren, até então de Teddy Mayer. A equipe é reestruturada e surge a nova McLaren International. Com o mesmo visual há anos, a escuderia inglesa preparava-se para ser o time mais vitorioso da década. Niki Lauda e Alain Prost faturam os títulos de 1984, 1985 e 1986 no campeonato de pilotos, e o de construtores em 1984 e 1985. Apesar de algum declínio em 1987, a escuderia ressurge com tudo em 1988, conquistando o campeonato de forma esmagadora, vencendo nada menos do que 15 das 16 corridas do Mundial. Novas conquistas vem em 1989, 1990 e 1991, sempre com a escuderia no topo. A partir de 1992, a McLaren decaiu na competição, mas sempre mantendo-se entre as vencedoras. Em 1993, a McLaren venceria pela última vez, quando Ayrton Senna ganhou o Grande Prêmio da Austrália, disputado em Adelaide, encerrando-se a temporada daquele ano. De lá para cá, a equipe luta para voltar às vitórias que sempre foram sua marca característica.

            Mais do que o perfil vencedor, a McLaren sempre se notabilizou pelo fiel patrocínio da Marlboro. Nunca uma equipe teve um laço tão longo e duradouro. De 1974 até o fim de 1996, serão 23 anos de apoio ininterrupto. As cores da Marlboro praticamente são a identidade da equipe para muita gente. Um visual que já se tornou clássico na F-1.

            Apenas outro visual se tornou tão carismático na categoria: a lendária Lótus negra com as cores da marca John Player Special. A Lótus ostentou este visual por quase 15 anos. E assim como este visual deixou saudades, o visual tradicional da McLaren de todos estes anos também irá deixar saudades para muitos.

            E por que o fim do patrocínio? Falta de resultados é uma das respostas. Mesmo tentando se reerguer, a Philip Morris decidiu diminuir o valor de seu patrocínio à McLaren, calculado em cerca de US$ 40 milhões, para a metade. Ron Dennis, que não é bobo, não aceitou a parada. Daí o rompimento entre ambos. E o mesmo Ron Dennis já arrumou um bom substituto: a West, outra marca de cigarros, que firmou um acordo de patrocínio à McLaren por cerca de 5 anos. A West já patrocinou a extinta equipe Zackspeed, que participou pela última vez da F-1 em 1989. Aproveitando a excelente popularidade de Michael Schumacher na Alemanha e da F-1, a West resolveu entrar novamente na jogada. E o novo visual dos carros da McLaren já foi definido: por influência da Mercedes, que fornece os motores da escuderia inglesa, os carros passarão a ser prateados em 1997. Para aqueles que acompanharam a F-1 nos anos 1950, sabe que quando a Mercedes competiu, ficou conhecida como “flecha prateada”. Espera-se, agora, com uma recuperação da McLaren, reviver este adjetivo.

            Acaba-se uma era, outra parece ressurgir... Só sei que, até encerrar a temporada, vou aproveitar para admirar os McLaren em suas últimas corridas com o visual a que me acostumei...





A F-Indy volta às pistas neste fim de semana. É a vez do Grande Prêmio de Vancouver, penúltima etapa do campeonato. Depois dos azares enfrentados pela concorrência na última etapa, ninguém mais duvida que a equipe Ganassi conquiste o título com Jimmy Vasser. Mas a esperança é a última que morre. Só que para os pilotos brasileiros, o sonho do título já acabou mesmo...





Mais um abandono da F-1 ao fim da temporada: a Elf, que sempre forneceu lubrificantes e combustíveis para os motores Renault na categoria. Motivos: as constantes restrições impostas pela FIA na manipulação química dos combustíveis, argumentando que isso estaria tolhindo o desenvolvimento dos produtos...





Flavio Briatore, diretor de uma das equipes abastecidas pela Elf, a Benetton, foi rápido no gatilho e já arrumou um novo fornecedor para 1997: a Agip. A Williams, também abastecida pela Elf, ainda não se pronunciou a respeito...





O visual da Ferrari vai mudar novamente em 1997. Com o fim do patrocínio da Marlboro à McLaren, a Philip Morris vai investir mais na escuderia italiana. Com isso, o visual Marlboro nos carros vermelhos deve ser ampliado. A partir de 97, além do vermelho, haverá uma faixa branca na carenagem da Ferrari, similar à usada na década de 1970, e vista pela última vez na temporada de 1993.





Eis aí alguns pilotos em situação delicada na F-1: Mika Hakkinem está pedindo cerca de US$ 8 milhões para renovar com a McLaren, e Ron Dennis diz que só paga a metade; o finlandês pode acabar parando na Jordan. Rubens Barrichello, sem opções no time de Eddie Jordan, pode acabar ir parando na Arrows. No caso de ambos, um retrocesso em suas carreiras.





A Bridgestone pretende mesmo adentrar a F-1 na próxima temporada. Até agora, nos testes, os pneus japoneses têm mostrado desempenho superior aos Goodyear, mas a durabilidade ainda não é lá essas coisas. Mas ainda tem um bom tempo até estrear a temporada 97...





A equipe PacWest já tem definido seus planos para temporada 97 da F-Indy: continuar com os chassis Reynard, e trocar os motores Ford pelos Mercedes, além de mudar para os pneus Firestone. O único empecilho é que a Mercedes já declarou que só vai fornecer seus motores para 8 carros em 97. Descontada a equipe Penske e sua filial Hogan-Penske, sobram apenas 5 carros para disputarem os motores alemães...





Ainda sobre os motores da Indy: a Honda já avisou também que só vai abastecer 6 carros. A equipe Ganassi, assim como a Tasman, estão garantidas. Gil de Ferran também, o que deixa apenas 1 carro sobrando para disputar o motor japonês. O restante vai ter de se virar com os Ford e Toyota, que sinceramente não foram bem este ano...
 


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