quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX - AGOSTO DE 1996 - 23.08.1996



            Saudações a todos os leitores. Eis aqui mais um antigo texto, dando continuidade à seção Arquivo do site, com um texto lançado em 23 de agosto de 1996, tendo como tema nada menos do que a melhor pista, já naquela época, e que felizmente ainda é nos dias de hoje, o circuito de Spa-Francorchamps, com algumas curiosidades sobre o circuito. Então, vamos direto para o texto, e boa leitura para todos...


SPA, E A BÉLGICA

            A Fórmula 1 mais uma vez desembarca na Bélgica. Depois do travado circuito de Hungaroring, os carros mais velozes do mundo entram hoje naquela que pode ser considerada a melhor pista do calendário da categoria: SPA-Francorchamps.

            Com cerca de 6.974 metros de extensão, Spa é o mais longo circuito em uso pela F-1 atual. O GP é disputado em apenas 44 voltas, totalizando 306,856 Km de percurso total. Muitas curiosidades e peculiaridades cercam esta pista, a preferida por 9 entre 10 pilotos da F-1, opinião que também vale para a imprensa especializada.

            O GP da Bélgica foi um dos que inauguraram o Mundial de Fórmula 1, em 1950, e o seu primeiro vencedor foi ninguém menos do que Juan Manuel Fangio, o maior piloto da história da categoria. De 1950 até hoje, o GP da Bélgica só não esteve presente nas temporadas de 1957, 1959, 1969, e 1971. Seu palco mais célebre, o belo e desafiador circuito de Spa-Francorchamps, tinha originalmente mais que o dobro de sua extensão (cerca de 14 Km), sendo, junto com o velho Nurburgring, uma das mais extensas pistas da categoria. A última vez que a prova foi disputada em sua extensão original foi em 1970. Spa só retornaria ao calendário da F-1 em 1983, agora já reformado e diminuído para a atual extensão que a F-1 usa atualmente. Nesse longo intervalo, a Bélgica sediou seu GP nas pistas de Zolder e Nivelles. Zolder ainda sediou o GP de 1984, mas a partir de 1985, a corrida passou a ser realizada em definitivo em Spa-Francorchamps.

            Ao contrário dos demais circuitos mistos, Spa foi formado utilizando-se rodovias públicas da região das Ardenhas, nas colinas da Bélgica. O próprio nome do circuito é a junção das duas cidades presentes nesta região, Spa e Francorchamps. Há cerca de dois anos, com a inauguração de novas rodovias, Spa passaria a ser um autódromo permanente, para a alegria de todos aqueles que reconhecem neste circuito uma obra-prima da categoria.

            Assim como a maioria dos pilotos, este é meu circuito favorito na F-1. Tudo é espetacular nesta pista. Suas curvas são inúmeras, com destaque para a famosa Eau Rouge (curva da Água Vermelha), onde pode-se notar o talento dos pilotos quando fazem seu contorno. Mas as outras curvas também têm seu charme, embora menor: a La Source, palco de inúmeras disputas de freada; a Stavelot; a Raidillon; a Le Combes; entre outras mais. Pontos de ultrapassagem não faltam, sejam favoráveis ou difíceis. É um circuito onde os grandes pilotos se sobressaem, assim como os carros mais bem acertados para a pista. Não é de se admirar que o maior vencedor deste GP seja Ayrton Senna, que aqui averbou 5 vitórias ao longo de sua carreira: 1985, 1988, 1989, 1990, e 1991. O recordista anterior de vitórias era ninguém menos do que Jim Clark, ao vencer a prova 4 vezes consecutivas nesta pista: 1962, 1963, 1964, e 1965; ou seja, enquanto correu na F-1, Clark era o senhor absoluto de Spa. Outro piloto de peso a vencer o GP da Bélgica foi Juan Manuel Fangio, que além de vencer a primeira corrida, em 1950, venceu também em 1954 e 1955. Além de Senna, apenas outro brasileiro, Émerson Fittipaldi, venceu o GP belga, em 1973 e 1974, mas não disputado em Spa, e sim em Zolder e Nivelles.

            Fora o desafio da pista, há outro fator que anima e muito as disputas, garantindo emoções extras e imprevisíveis: o clima. Esta área das Ardenhas é sujeita a instabilidades climáticas, o que sujeita a corrida a mudanças de tempo sem aviso prévio. Em outras palavras, a chuva é uma presença quase constante, podendo vir a qualquer momento e também parar sem aviso prévio. E, graças à extensão da pista, o clima pode ser diferente em várias partes do circuito. Pode, por exemplo, chover na reta dos boxes e estar seco na curva Stavelot... Uma prova da variabilidade dos fatores climáticos foi a classificação da corrida de 1995. Gerhard Berger abocanhou a pole, enquanto Michael Schumacher, que entrou no momento errado na pista (começara a chover) acabou apenas em 16º no grid. Na corrida, Schumacher ganhou a prova, marcada por inúmeras mudanças do tempo, o que obrigou as equipes a inúmeras paradas imprevistas, que literalmente jogaram por terra algumas estratégias de corrida.

            Algumas curiosidades aqui deste circuito: a primeira e única pole de Rubens Barrichello e da equipe Jordan na F-1 foram conseguidas aqui em 1994. A causa: as variações climáticas, que enganaram muita gente. Em 1991, a mesma equipe Jordan, então estreante na F-1, por pouco não venceu a corrida: Andrea de Cesaris, então piloto da escuderia, estava pressionando Ayrton Senna na luta pela liderança da corrida quando seu motor Ford quebrou. Também em 1991, Nélson Piquet conseguiu aqui o seu último pódio na F-1, tendo sido o 3º colocado, atrás de Ayrton Senna e Gerhard Berger, ambos da McLaren. Era o sei 199º Grande Prêmio na F-1 (completaria a histórica marca de 200 corridas na etapa seguinte, em Monza, na Itália). Foi também aqui neste circuito que Michael Schumacher estreou na F-1, em sua única corrida pela equipe Jordan: foi 7º na largada, mas não passou da primeira volta (o carro quebrou). Em 1990, o GP teve nada menos do que 3 largadas: na primeira, a apertada curva La Source fez algumas vítimas; na segunda, alguns pilotos se estranharam na Raidillon e na terceira largada tudo foi bem.

            Isto é Spa-Francorchamps. Para a F-1, um circuito inigulável, seja no traçado, ou na emoção que nos proporciona. Para os pilotos em especial, o desafio da pilotagem em sua mais pura essência, tão rara nos dias de hoje em diversos circuitos da categoria...





Michael Schumacher saiu muito satisfeito com o novo câmbio de 7 marchas testado e aprovado pela Ferrari nos testes realizados no circuito de Barcelona semana passada. O piloto alemão marcou o melhor tempo dos testes, 1min22s098, contra 1min22s481 de Damon Hill (Williams/Renault). Os pilotos brasileiros foram bem em seus testes: Rubens Barrichello marcou 1min22s726; e Ricardo Rosset fechou em 1min24s063. As mudanças da Ferrari já são válidas para a corrida deste domingo em Spa.





Ricardo Rosset entra na fase do tudo ou nada: após conseguir excelentes resultados nos testes de Barcelona, a Arrows decidiu inclui-lo nos testes dos pneus da Bridgestone. Se o brasileiro for bem, pode haver boa repercussão para um lugar melhor em outro time em 1997.





A F-Indy teve em Elkhart Lake, domingo passado, uma de suas etapas mais agitadas. Nada menos do que cerca de 10 carros abandonaram a corrida em virtude de quebras e/ou batidas. Houve até 2 capotagens, felizmente só grandes sustos, com Davy Jones e Parker Johnstone. Para os brasileiros, foi um inferno: Gil de Ferran foi empurrado para fora da pista logo na largada, por Alessandro Zanardi, e acabou ali sua prova e suas chances de chegar ao título; Roberto Moreno mais uma vez encarou os problemas de correr por uma equipe sem recursos e ficou pelo caminho; Raul Boesel completou seu 150º GP na categoria do jeito de sempre este ano: abandonando a corrida, e à altura disso acontecer, seu carro estava tão ruim que já havia sido ultrapassado até pelo Eagle/Toyota de Juan Manuel Fangio II; Maurício Gugelmim acabou se enrolando com André Ribeiro e seu companheiro de equipe, Mark Blundell, numa repetição similar ao que ocorreu com a equipe PacWest em 1995 (quando Gugelmim e seu colega de equipe, Danny Sullivan, colidiram após este rodar na pista); Christian Fittipaldi levou a pior, abandonando a corrida a poucas voltas do final quando era o 2º colocado. Só para dizer que eles não foram os únicos azarados: Al Unser Jr. estava com a vitória à vista quando o seu motor Mercedes estourou espetacularmente a meia volta do final; Gregg Moore bateu de novo (sem levar ninguém junto desta vez), e Paul Tracy saiu várias vezes da pista por excessos de pilotagem. O resto, então, nem se fala...
 

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