quarta-feira, 21 de março de 2012

ESPECIAL INDY RACING LEAGUE 2012

            Está para começar o campeonato deste ano da IRL. Então, vejam o que esperar do certame neste ano. Que venha a bandeira verde...
 
IRL 2012: UM NOVO COMEÇO?
Categoria adota novo carro e novos motores para tentar se reerguer.

Adriano de Avance Moreno
            A Indy Racing League inicia o campeonato de 2012 disposta a se reencontrar e se reerguer como categoria automobilística de ponta no cenário mundial da velocidade. Depois de um ano que terminou de forma traumática em Las Vegas com a morte de Dan Wheldon, e às saraivadas de críticas por punições duvidosas a pilotos em várias corridas, a direção da categoria tem a esperança de que este ano marque o início de um recomeço para a Indycar. Uma Indycar que nem de longe lembra o que era a verdadeira Indycar, a antiga F-Indy, que na década de 1990 chegou a fazer sombra à F-1, e que infelizmente acabou há alguns anos atrás. Um dos maiores percalços é que a IRL ainda luta para se desfazer da má imagem gerada pela briga de Tony George com as CART, entidade que comandava a F-Indy original. Querendo ser o manda-chuva maior da categoria, George criou sua própria categoria, roubando as 500 Milhas de Indianápolis. Depois de mais de 10 anos de briga, conseguiu a extinção da F-Indy, e a IRL ficou sendo a única categoria, mas nesse tempo de racha, ambos os certames perderam muito de sua força.
            A crise financeira desencadeada em 2009 também abalou a categoria, que há algum tempo já havia se tornado monomarca, adotando apenas um tipo de chassi e motor, além dos mesmos pneus para todos. Mas isso foi uma conseqüência do desinteresse das marcas pelo campeonato, e não uma imposição econômica, o que acabou acontecendo depois para manter os custos baixos. Mas o pacote técnico já andava defasado, e era preciso renovação. E para isso, a categoria resolveu adotar a partir deste ano novos conjuntos de competição. A renovação só não será totalmente completa porque o novo conjunto técnico previa a adoção de kits aerodinâmicos a serem criados e/ou encomendados pelas equipes, mas estas pediram que esta regra fosse adotada apenas a partir de 2013 para contenção de custos.
            Os chassis de competição continuam sendo os Dallara, mas agora entra um novo modelo, totalmente redesenhado, intitulado DW12 (DW em homenagem a Dan Wheldon, que fazia os testes de desenvolvimento do monoposto no ano passado), com perfil muito mais atualizado, e dotado de sistemas de segurança bem mais completos, inclusive com proteção para as rodas traseiras, dispositivo muito útil para se prevenir possíveis enganchos de rodas entre os carros, o que poderia gerar capotagens em caso de toques. O antigo modelo, em uso há cerca de 8 anos, foi finalmente aposentado, depois de passar por inúmeras adaptações nos últimos anos. O novo carro é muito mais seguro e veloz, conforme já demonstraram os testes realizados na pré-temporada.
            O melhor de tudo é a volta da diversidade dos motores. Depois de vários anos tendo apenas a Honda como fornecedora, eis que teremos este ano pelo menos 3 fornecedores diferentes, e uma nova configuração: saem os V-8 atmosféricos de 3,5 litros, entram os novos V-6 turbo de 2,2 litros. A Honda continua como fornecedora de motores, mas agora enfrentará a concorrência da Chevrolet – que volta à categoria depois de vários anos; e da Lótus, que estréia na IRL. Dos novos motores, a Chevrolet parece estar um pouco à frente, com seus novos propulsores construídos pela Ilmor Engineering, parceria que vem de longa data. Os novos Honda turbo aparecem logo atrás dos Chevrolet, com pouca diferença. Quem deve ficar na rabeira são os propulsores da Lótus. A fabricante esportiva associou-se a John Judd, que já construiu motores turbo para a F-Indy original no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, para a criação dos novos turbos V-6 da marca que pertence atualmente à malaia Próton.
            Os pneus continuam sendo os Firestone, marca que está presente há muitos anos na categoria. E que ameaçaram sair dela recentemente, mas foram convencidos a voltar atrás pela direção da Indycar. E o combustível utilizado agora é o etanol, depois de muitos anos utilizando o metanol. Mais tóxico, e oferecendo o perigo de chamas invisíveis em caso de incêndio, o metanol foi abandonado há poucos anos em favor do etanol, um combustível mais ecológico.
            A disputa do campeonato deve ser interessante, e embora a teoria aponte que os dois maiores times da categoria, Ganassi e Penske, devam dominar a luta pelo título, a adoção dos novos chassis da Dallara podem bagunçar um pouco o status de força destes dois times, uma vez que todas as escuderias ainda estão batalhando para entender todo o potencial dos novos carros. Isso pode causar algumas surpresas na pista em algumas provas. Mas não se pode subestimar a capacidade técnica tanto da Penske quanto da Ganassi, que podem superar todos os percalços inesperados e manterem seu tradicional domínio da categoria. Dario Franchiti, tetracampeão da IRL e o piloto mais vitorioso da categoria, é o homem a ser batido, assim como a Ganassi. Will Power, vice-campeão nos dois últimos anos, está com o escocês entalado na garganta, e com muita vontade de enfim vencer o campeonato.
            Para os brasileiros, teremos 3 representantes na competição. Hélio Castro Neves, na Penske, é quem tem melhores condições de brigar pelo campeonato, e Helinho quer mais do que nunca apagar o péssimo ano de 2011, onde ficou sem vencer pela primeira vez desde que chegou ao time de Roger Penske. Na KV Racing, a grande sensação da pré-temporada: Rubens Barrichello! O ex-piloto da F-1 chega à IRL com condição de superastro, e nos testes realizados em Sebring, andou entre os primeiros e mostrou força e adaptação rápida. A seu lado, Tony Kanaan, que realizou um campeonato surpreendente no ano passado, terminado em 5° lugar no certame, embora não tenha conseguido disputar o título. Tony elevou o patamar da KV, que mostrou um grande crescimento de performance em 2011, mas que ainda está abaixo das toda-poderosas Ganassi e Penske. Com o reforço de Barrichello, a KV aposta em continuar crescendo e quem sabe passar a lutar por vitórias. Disputar o título ainda pode ser prematuro.
            O campeonato terá 16 provas. Destaque para a prova da China, na cidade de Qingdao, em um circuito de rua, que substitui Motegi, no Japão. Para 2013, prevê-se a volta de Surfer’s Paradise, na Austrália, ao calendário. O Brasil sediará a 4ª etapa do campeonato, no circuito montado junto ao Anhembi e o Sambódromo em São Paulo. As provas ovais diminuíram, ficando apenas 5 corridas, duas delas em superspeedways: Indianápolis e Fontana (encerramento da temporada).
            Até o fechamento desta matéria, 25 pilotos estavam confirmados para disputar todo o campeonato, mas podem surgir novos competidores em algumas corridas. Bia Figueiredo, por exemplo, acertou com a Andretti Motorsports para correr o GP do Brasil e a Indy500. Se conseguir patrocínio, pode correr em mais algumas provas. Paul Tracy é outro que pode retornar a qualquer momento em alguma corrida.
            Tentando recuperar seu espaço no cenário automobilístico, a IRL pelo menos já contabiliza um ponto positivo para 2012: terá seu campeonato transmitido em TV aberta nos Estados Unidos, cuja transmissão será dividida entre as emissoras ABC e NBC. No ano passado, a maioria das corridas foi transmitida por um canal pago chamado Versus, de alcance limitado, o que derrubou a audiência. A volta à TV aberta é considerado um passo fundamental para se recuperar o prestígio e charme que o nome “Indy” já desfrutou no mercado americano.
            Para os brasileiros, fica a esperança de que a Bandeirantes, que detém os direitos de transmissão, faça um trabalho melhor do que o dos últimos anos, com uma transmissão decente e clara, e não uma roleta russa misturando as corridas em seus canais abertos e pago. Em 2011, fez o maior estardalhaço na estréia, em São Petesburgo, com transmissão no canal aberto, para na prova seguinte quase ignorar a competição, relegando-a ao canal pago Bandsports. Fez novo oba-oba no GP Brasil, e uma cobertura razoável da Indy500, para depois simplesmente exibir compactos revezando com provas na TV aberta e transmissões na TV fechada. A chegada de Rubens Barrichello à categoria parece ter renovado os ânimos da emissora, que certamente quer capitalizar com seu novo astro na categoria. Resta saber se fará a coisa direito, ou vai continuar destratando os torcedores do automobilismo. 
PILOTOS E EQUIPES DA TEMPORADA 2012: 
EQUIPE
MOTOR
PILOTOS
Andretti Autosport
Chevrolet
Marco Andretti
Ryan Hunter-Reay
James Hinchcliffe
A. J. Foyt Enterprises
Honda
Mike Conway
Dale Coyne Racing

Justin Wilson
James Jakes
Ed Carpenter Racing
Chevrolet
Ed Carpenter
KV Racing Technology
Chevrolet
Tony Kanaan
Rubens Barrichello
Ernesto Viso
HVM Racing
Lotus
Simona de Silvestro
Dragon Racing
Lotus
Katherine Legge
Sebastien Bourdais
Dreyer & Reinbold
Lotus
Oriol Servia
Panther Racing
Chevrolet
J. R. Hildebrand
Rahal-Letterman-Lannigan Racing
Honda
Takuma Sato
Sarah Fisher Hartman Racing
Honda
Josef Newgarden
Chip Ganassi Racing
Honda
Scott Dixon
Dario Franchitti
Penske Racing Team
Chevrolet
Will Power
Ryan Briscoe
Hélio Castro Neves
Team Barracuda
Lotus
Alex Tagliani
Schmidt-Hamilton Motorsports
Honda
Simon Pagenaud
Nordisk Central Chip Ganassi
Honda
Charlie Kimball
Graham Rahal
CALENDÁRIO 2012 DA INDY RACING LEAGUE 
DATA
PROVA
CIRCUITO
TIPO DE CIRCUITO
25/03
GP de São Petesburgo
São Petesburgo
Urbano
01/04
GP do Alabama
Barber Motorsport
Misto
15/04
GP de Long Beach
Long Beach
Urbano
29/04
GP do Brasil
São Paulo (Brasil)
Urbano
27/05
500 Milhas de Indianápolis
Indianapolis Motor Speedway
Oval
03/06
GP de Detroit
Belle Isle Park
Urbano
09/06
GP do Texas
Forth Worth Speedway
Oval
16/06
GP de Milwaukee
Milwaukee Mile
Oval
23/06
GP de Iowa
Iowa Speedway
Oval
08/07
GP de Toronto
Toronto
Urbano
22/07
GP de Edmonton
Edmonton
Misto
05/08
GP de Mid-Ohio
Mid-Ohio Sports Car Course
Misto
18/08
GP da China
Qingdao (China)
Urbano
26/08
GP de Sonoma
Infineon Raceway
Misto
02/09
GP de Baltimore
Baltimore
Urbano
15/09
GP da California
California Speedway
Oval

Um comentário:

Anônimo disse...

A dispeito deste artigo ter sido escrito a bastante tempo, só li agora. Gostei bastante, pois traz um conjunto de informações que permitem a uma pessoa que não acompanha a IRL, ter uma idéia geral sobre a categoria. Gostei também do quadro das equipe / motor / piloto. São poucos que detalham assim a reportagem.