quarta-feira, 28 de março de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MARÇO DE 2012

            Começaram os campeonatos da F-1 e da IRL deste ano, e chegou a hora de termos a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA deste mês, com uma pequena análise do que se viu nas primeiras corridas. Como de costume, vamos às classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...


EM ALTA:

Fernando Alonso: A Ferrari o definiu como “mágico” na placa de chegada do Grande Prêmio da Malásia. E podem estar certos disso. O espanhol fez mesmo mágica neste início de mundial, com um carro abaixo da crítica para um time de ponta, em que entrar na disputa pelas primeiras posições na classificação do grid virou tarefa complicada, dada a falta de velocidade do novo carro vermelho. Mas Alonso mostra porque é considerado o mais completo piloto da F-1 na atualidade, e na Malásia, aproveitou-se como ninguém das condições da pista para acertar em cheio na estratégia e conseguir uma vitória pra lá de inesperada, e de quebra, ainda liderar o campeonato, que parecia perdido neste início de competição. Alonso, contudo, sabe quão ilusória é sua liderança no certame, mas tal como Ayrton Senna em 1993, pode desequilibrar a disputa quando as condições ficam embaralhadas como se mostraram em Sepang. O objetivo é ganhar tempo até a estréia do novo carro prometido para Barcelona, 5ª etapa do campeonato, em maio, esperando um monoposto mais competitivo.

McLaren: O time prateado de Woking iniciou o campeonato na frente na Austrália, e só não venceu novamente na Malásia porque a chuva embaralhou a situação, a ponto de o time se perder na estratégia dos pneus, e Button ter errado feio ao tocar numa Hispania. Hamilton foi burocrático até o momento, mas o MP4/27 é no momento o melhor carro da categoria. Não é um poderio arrasador como o da Red Bull no ano passado, mas por enquanto, é o suficiente para vencer e convencer. O time só não pode desperdiçar oportunidades, pois a concorrência está bem próxima, e a qualquer momento, pode perder a vantagem. De quebra, o MP4/27 é disparado o carro mais bonito do grid, por não exibir o horrível “degrau” que foi adotado por quase todas as escuderias...

Campeonato da Fórmula 1: Quem esperava um novo domínio da Red Bull, pode comemorar: a disputa do mundial deste ano vai ser bem mais equilibrada. Apesar do domínio inicial da McLaren, o time das bebidas energéticas está ali por perto, e times como Lótus e até Mercedes, dados os seus problemas, podem aprontar alguma surpresa, como já se viu na Malásia, onde quem se aproveitou melhor da situação foi a Ferrari e Fernando Alonso. E, se a disputa na frente pode ser melhor do que a esperada, o pelotão intermediário tem tudo para continuar sendo uma briga das mais renhidas. Só Caterham, Marussia e Hispania continuam lá atrás, sem conseguir incomodar ninguém...

Hélio Castro Neves: o piloto brasileiro da equipe Penske começou o ano em alta, ao vencer o GP inaugural da Indy Racing League, em São Petesburgo, na Flórida. Disposto a apagar o péssimo ano de 2011, quando não conseguiu vencer nenhuma prova, Helinho usou da estratégia arriscada de duas paradas para assumir a liderança da corrida aliado a uma pilotagem arrojada no momento certo para superar os rivais à sua frente, ao mesmo tempo em que conservava seu equipamento e combustível. Depois de dois anos reinando sem adversários na Penske, Will Power pode ter de enfrentar rivalidade interna no time, se Helinho manter a forma exibida na primeira corrida.

Sérgio Perez: o piloto mexicano da Sauber foi a sensação da prova da Malásia, e poderia até ter conseguido a vitória na corrida, não fosse um pequeno erro nas voltas finais. Visto como possível novo piloto da Ferrari para 2013, Checo faz bem em evitar as especulações sobre assumir imediatamente um lugar na Ferrari, que no momento não tem um clima tão bom quanto o vivido pela Sauber. O time italiano está fervendo nesta temporada, e por mais talentoso que o jovem mexicano seja, jogá-lo direto neste caldeirão poderia ser um erro. Perez ainda tem muito a crescer, e a Sauber lhe oferece, no momento, um carro razoavelmente competitivo onde poderá aprender sem sofrer tantas pressões. Mas que ninguém se surpreenda se em breve ele trocar Hinwil por Maranello...



NA MESMA:

Rubens Barrichello: quem esperava um show do piloto brasileiro em sua estréia no campeonato da Indy Racing League deve ter tido a sensação de “mais do mesmo”: Rubens largou apenas em 13°, e em nenhum momento brigou pela ponta, e no final, vítima de uma estratégia de combustível errada, despencou para o 17° lugar. Mas Barrichello já avisou que tem muito a aprender na categoria, e o que se viu em São Petesburgo é uma mostra de que a Indy não é uma categoria tão fácil como se imaginam. Serão necessárias algumas provas para o brasileiro pegar o ritmo das estratégias, bem como dos acertos do novo carro. Competência para isso ele tem, mas devagar com as expectativas de quem acha que ele já chegaria disputando o título...

Pastor Maldonado: o intrépido piloto venezuelano começou o ano mostrando sua tremenda velocidade, levando a Williams a disputar novamente as posições de pontuação depois do tenebroso ano de 2011. Mas a luta contra Fernando Alonso na Austrália, pela 5ª posição, se empolgou, também lembrou, na última volta, porque Pastor pegou o apelido de “Maldanado”, ao bater e perder praticamente 8 pontos garantidos que seriam muito bem-vindos ao time de Frank Williams. Se Maldonado tencionava induzir Alonso ao erro, o tiro saiu pela culatra, pois foi ele quem errou. Em que pesem os chiliques do espanhol quando as coisas não saem a seu gosto, na pista Alonso é um verdadeiro iceberg quando se trata de defender uma posição. Maldonado já era uma das sensações da corrida, e numa pista onde os erros podem ser fatais para as pretensões dos pilotos de um bom resultado, o venezuelano acabou sucumbindo. Um pouco mais de prudência, e a Williams teria o dobro de pontos neste início de campeonato.

Rede Bandeirantes: No embalo do oba-oba da estréia de Rubens Barrichello na IRL, a Bandeirantes fez uma bela cobertura da prova de abertura do campeonato, em São Petesburgo, com direito a transmissão in-loco na pista e repórter nos boxes, além de ter segurado até o fim a transmissão da corrida, mesmo invadindo por quase 10 minutos o horário “sagrado” do futebol de domingo (muito provavelmente pela vitória potencial de Hélio Castro Neves). Mas a emissora já ficou devendo no seu site oficial, onde noticiou que Tony Kanaan tinha “vencido” a corrida durante pelo menos dois dias inteiros. Claro que a mancada já foi corrigida, mas não esperem ver na próxima corrida, no Alabama, a mesma qualidade e empenho de transmissão da prova de abertura do campeonato. De ponto positivo, a Bandeirantes deu um tratamento igualitário a todos os nossos representantes na corrida, não caindo na tentação óbvia de transformar Barrichello na estrela maior, mas até que eles não tiveram na verdade muita alternativa, diante da estréia discreta de Rubens. Para os torcedores da categoria, fica agora o desafio de conseguir acompanhar o campeonato, seja lá do jeito que o grupo Bandeirantes acabe transmitindo...

Romain Grossjean: Em seu retorno à categoria, Romain Grossjean está conseguindo apagar, pelo menos nos treinos, a péssima impressão que ficou de 2009, quando entrou no meio do campeonato na equipe Renault substituindo Nelsinho Piquet após o “cingapuragatte”. Mais preparado, maduro, e até mesmo mais veloz, Grossjean tem até deixado Kimmi Raikkonem na sombra na equipe Lótus, o que seria até natural, em virtude dos dois anos em que o finlandês ficou fora da categoria. Mas nas corridas, o franco-suíço até agora não conseguiu sair do lugar, seja por culpa própria ou alheia. Na Austrália, levou um chega-pra-lá de Pastor Maldonado, danificando a suspensão dianteira e abandonando ali mesmo; já na Malásia, tocou em Michael Schumacher e acabou rodando, e logo em seguida, acabou fora da pista, atolado na caixa de brita. Uma vez que o carro da Lótus mostra potencial para andar entre os primeiros, ficar sem marcar pontos nestas duas provas é um tremendo revés. Grossjean precisa reagir, e tem condições para isso. Caso contrário, os fantasmas de 2009 poderão voltar a fazer algumas companhias...

GP do Bahrein: Parece que a F-1 vai mesmo correr no pequeno país árabe este ano, mas a situação por lá inspira cuidados, a ponto de fontes do governo barenita chegarem a dizer que não haveria como garantir 100% a segurança dos integrantes da categoria e da corrida, para em seguida afirmarem que todos os esforços serão feitos no sentido de se dar totais condições de segurança para a realização do GP. Se o clima esquentar por lá, vai ficar complicado tentar disputar a prova. Pode até não acontecer nada, mas que o clima anda ruim por aqueles lados, isso anda. Ter uma corrida cancelada talvez em cima da hora apenas confirmaria os piores temores, isso se não houver complicações ainda piores, com parte dos integrantes já presentes no país. Infelizmente a categoria raras vezes exibe bom senso, como ocorreu no ano passado, quando a prova foi cancelada...



EM BAIXA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro da equipe Ferrari enfrenta o seu pior início de campeonato desde 2008. Duas corridas sem marcar pontos, marcadas por performances pífias, e agora com o agravante de ter a estridente imprensa italiana querendo sua cabeça, além de um carro nascido ruim. Se a situação tinha sido ruim na Austrália, piorou ainda mais na Malásia, onde Alonso conseguiu uma vitória até inesperada, enquanto Felipe teve uma performance ainda mais desalentadora do que na corrida anterior. Que já se esperava na pior das hipóteses o fim da carreira de Massa na Ferrari, o perigo agora é isso desencadear o fim de sua carreira na F-1, embora ainda não seja tarde para reverter o panorama. Em 2008, Massa também teve um início de temporada desastroso, mas se recuperou e por pouco não foi campeão. Mas o carro de 2008 foi o melhor da temporada daquele ano, algo que o F2012 está muito longe de ser, pra não falar na concorrência desestimuladora de ter Fernando Alonso como companheiro de equipe, que sabe fazer como ninguém o time voltar-se apenas para ele, deixando o parceiro de equipe a ver navios...

Lewis Hamilton: O campeão de 2008 também enfrenta um início de campeonato abaixo da expectativa, para quem tem o melhor carro do momento na F-1. Duas pole-positions obtidas com a competência do talento que sempre demonstrou ter até deixaram no ar a sensação de favoritismo para Hamilton. Mas na corrida a situação se mostrou diferente, perdendo vitórias para Button e para Alonso, e tendo apenas dois 3°s lugares conquistados até agora. O único ponto positivo é que Hamilton não se meteu em nenhuma confusão, ao contrário do ano passado, e até mostrou-se controlado ao ver que não estava sendo o favorito que se imaginava. Se por um lado é bom, talvez indicando correr mais com a cabeça, é visível o seu descontentamento ao fim das corridas, decepcionado com o resultado. Ainda parece não ter superado o ano de 2011, onde perdeu o duelo interno para Jenson Button.

Ferrari: o time rosso iniciou o campeonato mais complicado do que imaginava. O F2012 por pouco não fez os pilotos do time caírem logo no Q1 das classificações do grid e não fosse a genialidade e o talento de Fernando Alonso, estaria sendo motivo de piada neste momento. Talvez a dimensão real da competitividade do carro esteja sendo dada por Felipe Massa, que faz o seu pior início de campeonato desde que estreou pela Ferrari em 2006. O novo carro não tem velocidade de reta, e suas reações não tem sido exatamente previsíveis. Até os pneus, que pareciam estar mais conhecidos, de repente passaram a ter um comportamento anômalo calçando o monoposto. O time corre para aprontar uma versão “B” completamente revisada a tempo para o início da fase européia do campeonato, a fim de reverter a situação de expectativa ladeira abaixo. A vitória de Alonso em Sepang deu uma sobrevida à escuderia, mas todos sabem que o buraco é muito mais embaixo do que esperavam, e golpes de sorte como o da Malásia não surgem em todos os GPs...

Mercedes: O time prateado virou a sensação das classificações neste início de campeonato, com até Michael Schumacher chegando a ser cogitado para largar na pole-position, assim como seu parceiro Nico Rosberg, não fosse o domínio inesperado da McLaren neste início de mundial. Mas a sensação é efêmera: o W03 é provavelmente o carro que mais consome pneus no grid, e em poucas voltas, o time despenca para o pelotão intermediário e de lá não consegue mais sair. Nico Rosberg chegou fora dos pontos na Austrália, enquanto Michael Schumacher só pontuou na Malásia devido aos problemas dos pilotos à sua frente. Desde que retornou como time completo, a Mercedes ainda não mostrou a que veio, e suas maiores conquistas na categoria só estão sendo conseguidas por intermédio da McLaren, sua antiga parceira na F-1. Nem mesmo as condições instáveis de uma corrida com chuva ajudaram o time a ter uma melhor performance em Sepang, e Schumacher, considerado um dos mestres na arte de correr na chuva, tãopouco conseguiu reverter a situação. Assim como a Ferrari, vai precisar repensar o seu carro tão rápido quanto possível para poder ter chances de pontuar, pois a concorrência entre os ponteiros está mais forte este ano.

Sebastian Vettel: se em 2011 o jovem campeão alemão esbanjou carisma e simpatia no campeonato de F-1, este ano sua postura já ficou diferente. Sem conseguir andar na frente com a facilidade que teve no ano passado, Vettel ainda teve sua prova na Malásia complicada por um pneu furado em decorrência de um toque com a Hispania do indiano Narain Karthikeyan, saindo de Sepang sem marcar pontos. Talvez abalado pelo fato de ter de suar o macacão para conseguir andar na frente este ano, Vettel desandou a falar mal do jovem indiano, que não teve como evitar o toque no pneu traseiro da Red Bull. Sebastian, por sua vez, parece ter ficado mal acostumado com o seu ano de domínio em 2011, dispondo do melhor carro da categoria e deixando toda a concorrência para trás, sem sequer ser desafiado dentro da própria escuderia. Visto como novo prodígio da F-1, o jovem bicampeão, se não voltar a ter um carro superior, terá de mostrar de fato se é mesmo um supercampeão, capaz de ir à luta sem dispor do melhor monoposto do grid. Saiu-se bem na Austrália, onde foi 2°, mas na Malásia, mesmo em uma corrida de chuva, onde poderia fazer a diferença, como fez em sua primeira vitória em Monza, em 2008, pela média Toro Rosso, não tinha chances de vitória. O incidente com o piloto da Hispania parece ter deixado Vettel zangadinho, e usou o indiano como bode expiatório de seu fracasso na prova malaia. Muito diferente da atitude de Jenson Button, que também se estranhou com Karthikeyan, quebrando o bico de seu McLaren, mas assumindo totalmente a sua culpa pela manobra equivocada, que arruinou sua prova, sem descontar no piloto da equipe espanhola.

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