sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

SURPRESAS DE FIM DE ANO

            Estamos a uma semana do Natal, e o mundo da F-1, tradicionalmente um pouco mais calmo nestes últimos dias do ano, está mostrando algumas surpresas interessantes. A primeira delas foi o retorno de Kimmi Raikkonem à categoria, sendo anunciado como o primeiro piloto da nova equipe Lótus para 2012. A mesma escuderia, que até este ano chamava-se Renault, também surpreendeu anunciando o suíço Romain Grossjean para ser o companheiro de equipe do finlandês campeão mundial de 2007 na F-1. Fez-se uma troca completa de pilotos na escuderia, e até mesmo Vitaly Petrov, que era talvez o mais cotado para permanecer no time, em vista do rol de patrocinadores russos que bancavam sua empreitada na categoria, acabou dançando, e agora tenta ver o que fará da vida no próximo ano. Bruno Senna, que também pleiteava a vaga de titular, é outro que terá de procurar o que fazer em 2012, tendo já cogitado a opção de voltar a ser piloto reserva da escuderia, o que pode significar que suas chances de negociação para tentar alguma vaga de titular deram em nada.
            E esta semana foi a vez da Toro Rosso surpreender e anunciar uma dupla totalmente nova de pilotos para o próximo campeonato: Jaime Alguerssuari e Sebastian Buemi receberam o aviso de dispensa, sendo substituídos pelas “novas” promessas do programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull: o australiano Daniel Ricciardo e o francês Jean-Eric Vergne. Essa talvez tenha sido uma surpresa até maior, pois se esperava pelo menos que Alguerssuari fosse mantido, em vista dos bons desempenhos obtidos pelo piloto espanhol em algumas provas este ano. Ninguém esperava uma troca dupla na escuderia “B” da bebidas energéticas. E ainda podemos ter mais algumas novidades antes do Natal chegar. Fica a dúvida para quem o Papai Noel vai trazer o presente mais cobiçado neste fim de ano, que seria uma vaga de titular em alguma equipe de F-1 para 2012. Claro que, inevitavelmente, haverá gente desiludida ao fim disto tudo, pelo simples fato de ter muita gente para poucas vagas ainda disponíveis.
            Force Índia e Williams devem completar seus quadros nos próximos dias. Até o fechamento desta coluna, que será a última deste ano, tudo ainda permanecia em aberto, com o time inglês tendo confirmado apenas o venezuelano Pastor Maldonado como piloto titular no próximo campeonato. No caso da Force Índia, oficialmente as duas vagas ainda estão para serem definidas, embora muitos digam que as escolhas já foram feitas, restando apenas a divulgação. Os rumores mais fortes apontam para a manutenção de Paul Di Resta e a efetivação de Nico Hulkemberg a titular para 2012. Mas dizem que Adrian Sutil, que teve este ano sua melhor temporada na categoria e no time, também não pode ser descartado da disputa. Vijay Mallya, que este ano vendeu parte do controle acionário do time, não seria mais a única voz a ditar quem fica e quem sai, e Sutil teria caído nas graças do novo parceiro de Mallya, que poderia dar o voto de confiança para manter o alemão na escuderia, que mostrou uma performance estável durante o campeonato, com evolução constante. Hulkemberg já avisou que se não virar titular, pode ir procurar outras categorias para correr, embora digam que ele pode até retornar à Williams, de onde foi dispensado no ano passado, em favor dos petrodólares trazidos por Maldonado.
            A Williams, com uma vaga disponível, parece aguardar a decisão da Force Índia, e tentar leiloar sua vaga restante a quem der mais. Sutil tem um bom suporte de patrocinadores, mas pesa contra ele seu baixo felling para comunicar aos engenheiros o comportamento do carro. Quando a equipe técnica é muito boa, esse fator pode até ser compensado, mas no caso da Williams, que trocou boa parte de seu grupo técnico devido à crise enfrentada neste ano, não seria agradável usar um piloto que não sabe responder as solicitações dos engenheiros, ainda mais que Maldonado ainda não exibiu grandes dotes nesta área. Como a Williams afirma que pretende ter um piloto experiente, Rubens Barrichello volta a ser o nome provavelmente mais ventilado pelos lados de Grove, e se depender da área técnica do time, o brasileiro é o favorito disparado, pelo seu excelente feedback de informações. Fora isso, Rubens ainda é um piloto rápido, e mantém-se extremamente motivado, além de se envolver em poucas confusões na pista, o que sem dúvida ajuda muito a não piorar as combalidas finanças da escuderia.
            A vaga ainda em aberto da Hispania só deve mesmo ser preenchida no ano que vem, o que não seria nenhuma novidade, uma vez que eles já declararam que nem saberem se poderão dispor de seu novo carro para os testes da pré-temporada. E até mesmo as vagas da Caterham e da Marussia podem sofrer alguma mudança inesperada.
            Ainda é cedo para dizer que nada deverá mudar radicalmente nas lutas pelas vagas restantes, mas nos últimos dias, em virtude das surpresas ocorridas, algumas até inesperadas ou tidas como menos prováveis, pode-se ver que a F-1 ainda não perdeu a chance de nos surpreender. Aguardemos para ver se haverão outras novidades não esperadas.

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Uma das justificativas da Toro Rosso para trocar sua dupla de pilotos seria o fato de que tanto Buemi quanto Alguerssuari provaram ser bons pilotos, mas não excepcionais, como foi Sebastian Vettel, que em 2008 conseguiu a façanha de vencer uma corrida com um carro da equipe, em Monza, na Itália. Em uma resposta de Helmut Marko, consultor da Red Bull, só seriam “promovidos” ao time principal alguém que conseguisse vencer uma corrida com a Toro Rosso. Se for por esse critério, vai ser difícil então alguém ser promovido no time. Vettel foi uma exceção, e mesmo assim, em 2008, o carro da Toro Rosso, por incrível que pareça, era melhor do que o do time matriz. De lá para cá, o carro da “filial” nunca mais teve desempenho similar ao da “matriz”. Buemi e Alguerssuari mostraram ser pilotos de nível equivalente, com resultados e performances similares, com dias bons e ruins em proporções parecidas. Nenhum deles se mostrou extremamente superior ao outro, como aconteceu com Sebastian Vettel em relação a Sebastién Bourdais em 2008, se bem que muitos consideram a comparação com o tetracampeão da antiga F-Indy um pouco inadequada, com alegações de que o piloto francês não teve como render bem no time na época. Seja como for, isso dá um exemplo do que seus novos pilotos podem esperar de suas carreiras no time a partir de 2012: se nenhum dos dois sobrepujar o outro com freqüência, ambos terminarão também desempregados de maneira inesperada. Talvez em 2014, ou já para 2013. Até certo ponto, isso não pode ser considerado novidade, afinal, desde que adquiriu a antiga Minardi, para fazer dela a Toro Rosso, a Red Bull sempre disse que a função de sua equipe “satélite” era promover a estréia de seus pilotos do programa de desenvolvimento para a F-1, e não de fazer do time uma opção de carreira na categoria. Isso quer dizer, de forma direta e clara, que na Toro Rosso eles ficarão apenas para mostrar o que sabem fazer, e depois, que tratem de procurar outro lugar para competir, salvo na hipótese de serem escolhidos para pilotar para o time principal, privilégio até agora dado unicamente a Sebastian Vettel, que mostrou ter sido a escolha mais acertada. Buemi, Alguerssuari, Bourdais, Christian Klein, Vittantonio Liuzzi, e Scott Speed, todos eles, na opinião da Red Bull, já aproveitaram suas oportunidades, e não mostraram, pelos requisitos exigidos pela equipe austríaca, condições de passarem ao time matriz. E sabe-se lá quando eles descobrirão outro talento do nível de Vettel. E fica a dúvida de que, se exigirem demais dos garotos, mesmo que eles sejam prodígios tão ou até melhores do que o atual bicampeão, será que não “queimarão” seus pilotos, impondo metas inatingíveis?

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