sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ADEUS À NEWMANN-HASS

            Esta semana o automobilismo americano perdeu um de seus mais tradicionais times de automobilismo: a Newmann-Hass Racing, escuderia de longa data da antiga F-Indy, fechou as portas. O anúncio foi sucinto na razão de encerramento das atividades: falta de patrocínio para poder disputar a temporada de 2012 da Indy Racing League. Sem condições de ter uma base financeira estável, Carl Hass optou por tirar o time de campo, após quase 30 anos de competições em monopostos. Certamente, vai fazer falta não ver mais o time nos grids. A Newmann-Hass junta-se a outros nomes de times que tiveram sua época na antiga F-Indy, como a Forsythe, Patrick, Galles, entre diversos outros nomes.
            Dos times atuais da IRL, sobrou a Penske como a mais veterana das escuderias. Todos os demais times, incluída aí a Ganassi, são times surgidos a partir dos anos 1990. Egressos da F-Indy, ainda encontramos a Andretti (antiga Green), HVM (Herdez), Conquest, KV (antiga PKV), e a Dale Coyne. Das escuderias surgidas na IRL, só sobrou a Panther como time mais tradicional. Todos os demais grupos são escuderias novas, com poucos anos de existência, se comparados aos times mais veteranos. E os veteranos já foram bem mais numerosos, em tempos não tão distantes assim.
            Formada pela união dos esforços de Paul Newmann, que apesar de ser um grande ator, sempre foi um apaixonado pela velocidade, e de Carl Hass, que competia na categoria Can-Am, em 1982, a nova escuderia debutou na F-Indy em 1983, tendo Mario Andretti como piloto. No seu ano de estréia, a equipe recém-formada conseguiu 2 vitórias, fez 2 poles e obteve 6 pódios com o veterano do clã Andretti, uma estréia bem razoável. A primeira vitória foi no circuito de Road America. Mario Andretti, pilotando um Lola/Cosworth turbo, repetiria o feito em na pista de Caesars Palace. Em 1984, o time conquistaria seu primeiro título, também com Mario Andretti, obtendo na temporada nada menos do que 6 vitórias e 8 pole-positions, competindo com um Lola/Cosworth. Mario venceu as provas de Long Beach, Michigan (as 2 vezes que a pista sediou corridas naquele ano), Road America, Meadowlands, e Mid-Ohio. Até 1988, a escuderia competiu sempre com Mario Andretti, e a partir de 1989, passaria a ter dois pilotos titulares. E para fazer companhia a Mario, o time contratou ninguém menos que seu filho, Michael Andretti, que competia pela Kraco, time concorrente na F-Indy. Mario começava a enfrentar uma certa decadência nos seus resultados, e Michael passou a liderar o time, levando-o a seu segundo título, em 1991, pilotando um chassi Lola com motor Chevrolet turbo, obtendo 8 vitórias e 8 poles. No ano seguinte, Michael ainda seria vice-campeão, perdendo o título para Al Unser Jr. Michael, então, passaria dois anos longe da escuderia, em uma tentativa de se firmar na F-1 (1993) que não deu certo, e passando por um retorno à F-Indy (1994) por outro time, a Ganassi, mas retornando à velha casa em 1995. Nesse meio tempo, a Newmann-Hass causou furor em 1993, com a contratação do campeão mundial de F-1 de 1992, Nigel Mansell. O piloto inglês chegou causando impacto na categoria: pilotando o excelente conjunto Lola/Ford, Mansell estreou com vitória na escuderia, e no fim da temporada, após um belo duelo durante o ano com Émerson Fittipaldi, faturou o título da F-Indy em 1993. Ao fim de 1994, Mario Andretti se aposentava, e Mansell retornou à F-1.
            O restante da década de 1990 se mostraria difícil de ser novamente conquistada pelo time de Paul Newmann e Carl Hass. A Chip Ganassi se mostraria a nova força da categoria, competindo com o melhor equipamento, apesar do regulamento privilegiar o equilíbrio dos chassis e motores, além dos pneus. Dispondo de bons patrocínios e pilotos, a escuderia sempre venceu pelo menos uma corrida em cada campeonato da década (exceção a 1994, quando passou em branco), mas nunca conseguiu repetir a conquista do título. Mesmo assim, a escuderia continuava entre as potências da categoria, e não podia ser menosprezada por ninguém.
            Em 2001, Michael Andretti havia saído do time, que agora tinha dois pilotos brasileiros como titulares: Cristiano da Matta e Christian Fittipaldi. O sobrinho de Émerson nunca conseguiu ser um grande vencedor na categoria, mas vencia uma ou outra corrida. Em 2002, tendo perdido a companhia de Penske e Ganassi, que haviam se mudado para a IRL, e tendo como única rival de peso a Forsythe, a Newmann-Hass conquistou novamente o título, com Da Matta. De 2004 a 2007, o time sobrou na F-Indy, agora chamada de Champ Car. O reinado destes 4 anos foi de Sebatién Bordais, que mostrou grande desenvoltura nos diversos circuitos. Em 2008, com o fim da F-Indy original, a escuderia, meio que a contragosto, migrou para a IRL, onde nunca encontrou o mesmo desempenho de seus melhores tempos, obtendo apenas 2 vitórias em 2008, e passando em branco nos demais campeonatos. Este ano, competindo com Oriol Servia e James Hinchcliffe, conquistou a 4ª colocação no campeonato, com Oriol Servia, e a 12ª, com Hinchcliffe. O time, aos poucos, parecia reencontrar sua velha forma, e quem sabe, poder voltar a vencer, talvez em 2012. Infelizmente, isso não será mais possível.
            O drama que abateu o time de Paul Newmann e Carl Hass já tinha começado antes, quando Newmann morreu em setembro de 2008. Ele era a grande força motriz do time, e embora Carl Hass ainda estivesse plenamente ativo, já tendo agora mais de 80 anos, certamente que a falta do parceiro famoso de Hollywood estaria sendo sentida no seio da escuderia. Os patrocínios que tanto caracterizaram o time foram embora, engolidos por problemas alheios ao time. A K-Mart, uma grande rede varejista, sofreu fortes percalços econômicos no início da década passada, e embora tenha conseguido sanear seus problemas, nunca mais voltou ao time, vendo sua rival, a Target, até hoje estampar seu logo triunfante nos carros da Ganassi. O MacDonald’s, por sua vez, também já teve melhores épocas, e o ambiente da IRL certamente não era muito apreciado. Para piorar, de 2009 para cá, a crise econômica americana se instalou, e os patrocinadores enxugaram seus investimentos, com a IRL a perder terreno especialmente para a Nascar, muito mais atrativa do que a categoria de monopostos, e que ficou ainda mais atraente depois de mais de uma década da briga irresponsável promovida por Tony George contra a CART/Champ Car, iniciada em 1996.
            Na F-Indy, a Newmann-Hass conquistou 105 vitórias e 105 pole-positions, venceu 8 campeonatos, obtendo 246 pódios. Na IRL, foram apenas 2 vitórias, com 3 poles. Um decréscimo considerável. A crise já havia se avizinhado em 2010, quando o time precisou de um piloto pagante, o japonês Hideki Mutoh, para alinhar no campeonato. Apenas após 9 provas, surgiu a folga de poder alinha outro carro, com Graham Rahal. Os resultados não foram nada bons naquele ano.
            Durante quase 20 anos, o nome Andretti esteve ligado à escuderia. Mas, desde que Michael Andretti deixou o time, no início da década passada, tornando-se dono de escuderia ao se associar à Green (que hoje chama-se Andretti Motorsport), esse elo deixou de existir, assim como se foram os elos com a K-Mart, a Texaco/Chevron, entre outros que fizeram o charme da escuderia. A IRL diz que tem por meta restabelecer a categoria como ela foi em seus anos de glória, ou falando mais corretamente, tentando atingir o sucesso, charme e carisma que sua antecessora possuía. Uma meta honesta de se procurar, mas difícil de se conseguir, especialmente porque a maioria dos times de hoje são bem diferentes dos de antigamente. E, lamentavelmente, perdeu-se um dos poucos que ajudavam a lembrar destes bons anos que a antiga F-Indy tinha.
            O grid de 2012 certamente terá menos história para contar... Adeus, Newmann-Hass.


Peter Gethin, vencedor do Grande Prêmio da Itália de 1971, no que foi a vitória mais renhida de uma corrida da história da F-1, em que os 5 primeiros colocados cruzaram a linha de chegada separados por menos de um segundo, faleceu esta semana aos 71 anos. Gethin venceu correndo pela BRM, no que foi a única vitória de sua carreira na categoria. Logo atrás, chegaram Ronnie Petterson (March), a 0s01; François Cevert (da Tyrrel), a 0s09, Mike Hailwood (com Surtees), a 0s18; e Howden Ganley ( da BRM) a 0s61. Alguém consegue imaginar uma corrida da F-1 terminar assim nos dias de hoje? Descanse em paz, Gethin...

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