quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1995

            Dando sequência à publicação das antigas colunas que escrevi, esta é de março de 1995. O campeonato de F-1 daquele ano havia começado, com a primeira corrida sendo disputada no Brasil. Havia a expectativa de bons duelos, e até de boas promessas pela performance de alguns carros na pré-temporada. Lógico que bastou a temporada começar de fato para vermos que nem tudo era o que podíamos esperar, mas surpresas sempre eram algo que deveríamos aguardar, ainda mais dependendo de certos testes de inverno. E a F-Indy, depois de duas temporadas com a Manchete, ganhava uma nova emissora no Brasil também. Curtam o texto, e até breve com mais algumas colunas antigas...


INÍCIO DE CAMPEONATO

Adriano de Avance Moreno

            Começou o campeonato da Fórmula 1 em 1995, e ao que tudo indica, poderemos ter realmente boas disputas este ano, talvez melhores do que em 1994, e com mais chance de outros pilotos se embrenharem na luta pelas primeiras colocações. A corrida inaugural do certame, em Interlagos, contudo, teve um lance bem triste de ser lembrado: a ausência de Ayrton Senna. Pela primeira vez em mais de 10 anos, não tínhamos na pista um piloto nacional capaz de lutar pela vitória em nossa corrida, muito pelo contrário. E, por mais esperanças que fossem depositadas em cima de Rubens Barrichello, nosso melhor representante no grid, era frustrante saber que o jovem paulistano não tenha meios técnicos de corresponder às esperanças da torcida brasileira.
            Na pista, assistiu-se a uma espécie de inversão de papéis em relação ao que víramos um ano antes: desta vez a Williams tinha o melhor carro do grid, que facilmente assegurou a pole com Damon Hill, e só não fez a primeira fila do grid completo porque Michael Schumacher, sempre ele, conseguiu se intrometer entre Hill e David Couthard na classificação para a corrida. A Benetton não mostrou um carro tão estável quanto o do ano anterior, mas o talento do novo campeão alemão sempre mostrava algumas cartas na manga. De fato, na corrida Hill parecia fadado à vitória, até que um problema de suspensão o fez abandonar a prova. Schumacher ganhou, mas não levou, assim como Couthard, que ficou em 2°, também acabou desclassificado por supostas diferenças no combustível fornecido pela Elf tanto à Williams quanto à Benetton, que não seria o mesmo composto apresentado à FIA para homologação das gasolinas. E quem ganhou acabou sendo Gerhard Berger, que havia ficado em 3° lugar, mas com uma volta de desvantagem para Schumacher e Couthard. Ambas as equipes apelaram, e o caso será analisado após o GP da Argentina. Até lá, oficialmente, Berger é o líder do campeonato.
            Depois dos testes de inverno, em que obteve excelentes marcas em diversos circuitos, a performance da Jordan em Interlagos foi uma bela desilusão, tanto para os torcedores, que esperavam ver Barrichello pelo menos com chances reais de pódio, quanto para o próprio time e pilotos. Irvinne até que fez um razoável 8° tempo no grid, mas Rubens enfrentou um problema atrás do outro, sem conseguir resolvê-los a contento. No final, tanto o irlandês quanto o brasileiro deixaram a prova com problemas de câmbio. Muito trabalho terá de ser feito para tentar entender como um carro que parecia tão promissor parece ter ficado menos competitivo até em relação ao que o carro do ano passado prometia. Pra não mencionar que a Jordan agora tem motores de graça da Peugeot, que foi abandonada pela McLaren, que mudou para os Mercedes.
            Falando em McLaren, o time de Ron Dennis até que teve uma estréia satisfatória com os motores alemães, embora todo mundo esteja só falando do fato de como o novo piloto do time, Nigel Mansell, não conseguiu “caber” no cockpit, tendo sido necessário reprojetar o carro, cuja nova versão ficará pronta apenas para San Marino, obrigando a escuderia a contratar um substituto para Mansell, Mark Blundell, que até que foi bem em Interlagos.
            Quem não foi bem foi a Sauber, estreando os motores Ford: ambos os pilotos do time suíço abandonaram sem conseguir mostrar muita coisa. E a Forti Corse teve a estréia de qualquer time novato na F-1: andou sempre entre os últimos. Pedro Paulo Diniz ainda chegou ao final, com 7 voltas de atraso, mas Roberto Moreno ficou pelo meio do caminho.
            E assim comçou o campeonato de 1995 na F-1...



O campeonato 95 da F-Indy começou com vitória de Jacques Villeneuve na pista de Homestead, em Miami. Desfeita a união entre Barry Green e Jerry Forsythe, tudo indica que Barry Green ficou com a melhor parte da divisão do time, que conta, além do talento do filho do lendário Gilles Villeneuve, um piloto mais capacitado do que o veterano To Fabi, os chassis Reynard 951, mais competitivos do que os Lola adotados pela Forsythe. Mas a melhor equipe com chassis da Lola continua sendo a Newmann-Hass, que já contabiliza lucro pela contratação de Paul Tracy, ex-Penske, que venceu a 2ª corrida, em Surfer’s Paradise, na Austrália. O campeonato promete as emoções e o equilíbrio de sempre, como já tem sido praxe na categoria. Quanto aos brasileiros, Maurício Gugelmim foi o destaque na primeira corrida, terminando em 2° lugar. Christian Fittipaldi, estreando na categoria, foi 5° em Miami, seguido por Raul Boesel em 6°. Émerson Fittipaldi e Gil de Ferran não começaram bem o ano, mas prometem se recuperar nas próximas etapas. Vamos aguardar. E a categoria está de emissora nova no Brasil: depois de ser transmitida nos dois últimos anos pela TV Manchete, agora é a TVS/SBT quem transmite as corridas. Inegável dizer que, apesar da qualidade da transmissão, o trabalho feito na Manchete parecia mais completo.

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