sexta-feira, 27 de outubro de 2023

PISTA & BOX: 30 ANOS

         Muitas vezes costumamos dizer que o tempo voa, e em vários momentos, já citei em meus textos regulares que as semanas, meses, e até anos, parecem passar muito mais rápido do que gostaríamos. Quando menos nos damos conta, ele já passou, e nem parece ter demorado tanto. Costumo dizer que ele às vezes voa mais rápido que a velocidade dos carros do mundo do esporte a motor, e quando nos damos conta, eis que um tempo considerável já ficou para trás. Muitas vezes ansiamos por chegar logo a um momento, e quando vemos, ele não apenas chegou como já ficou para trás. Conseguimos fazer o que queríamos? Pudemos aproveitar o tempo adequadamente? Sentimos que perdemos tempo? Nem sempre as respostas são positivas, mas nem sempre conseguimos também fazer bom uso do tempo, mesmo sabendo de tudo o que já passamos, e da experiência que tivemos para tentar não repetir certas situações, e esperar tomar rumos melhores.

         E, nesta última semana deste mês de outubro de 2023, eis que esta série de colunas de automobilismo está comemorando nada menos do que 30 anos de existência. Exatamente: TRÊS DÉCADAS! Desde a primeira coluna, lançada na última semana de outubro de 1993, até os dias de hoje, realmente, quem diria, já se passaram 30 anos, e que hoje chegamos à 1.434ª coluna regular da PISTA & BOX, publicada ininterruptamente durante todo esse tempo, um marco, eu diria, e que talvez me coloque entre os colunistas de automobilismo mais longevos do país, apesar da falta de reconhecimento ou divulgação, algo que nos últimos tempos tem ficado cada vez mais complicado no seu formato tradicional de divulgação e jornalismo como era antigamente.

         No início dos anos 1990, a cobertura jornalística do automobilismo nos periódicos nacionais era grande, se bem que o maior foco era na Fórmula 1, quando chegávamos a ter, nos maiores jornais, coberturas de duas a três páginas do resultado das corridas. E um dos atrativos em voga naqueles tempos eram as colunas assinadas por jornalistas especializados no assunto, que antes eram publicadas por revistas como a Quatro Rodas, ou a Autoesporte. Mas os jornais também embarcaram nessa, trazendo vários deles colunas semanais regulares que eram acompanhadas com atenção pelos fãs do automobilismo nacionais. Eu, que já escrevia alguns textos sobre automobilismo desde 1991 com alguma regularidade, também acabei embarcando nessa, e assim, ao fim de outubro de 1993, saia a primeira edição da minha coluna, a qual dei o nome de Pista & Box, tentando trazer minhas impressões não apenas do que ocorria dentro da pista, mas também fora dela. Eu era apenas mais um naquele meio que já havia proliferado em várias publicações sobre o assunto, da autoria de vários nomes conhecidos no assunto, como Reginaldo Leme, Flavio Gomes, Celso Itiberê, entre outros.

         Naquele ano, a coluna se resumiu a apenas três edições, nos meses de outubro, novembro, e dezembro, com foco exclusivo na F-1. Os anos de 1994 e 1995 foram de publicações mensais em alguns meses, quinzenais em outras. De se destacar que 1994 foi um ano onde o meio automobilístico nacional, e os trabalhos jornalísticos ligados a ele, tiveram um grande impacto com a morte trágica de Ayrton Senna em Ímola, o que impactou o interesse dos torcedores pela F-1, quando perdemos nosso grande campeão, e ficamos relegados a papel secundário na categoria máxima do automobilismo nos anos seguintes. As coberturas diminuíram, mas seguiram firmes, e as colunas de automobilismo também permaneceram. No meu caso, comecei a diversificar um pouco, escrevendo não apenas minhas impressões sobre os acontecimentos da F-1, mas também da então F-Indy, que havia virado o principal foco dos pilotos brasileiros em busca de melhores oportunidades de competição, um cenário desbravado por Émerson Fittipaldi, que fora campeão do certame dos Estados Unidos em 1989, abrindo caminho para outros pilotos nacionais, a exemplo do que fizera no início dos anos 1970 na F-1 para seus compatriotas.

         A partir de 1996, a coluna assumiu sua periodicidade definitiva, semanal, com apenas uma folga no fim do ano e início do ano novo, totalizando uma publicação regular de 50 edições por ano, todas as sextas-feiras, com algumas exceções, quando saia às quintas-feiras. O assunto principal das colunas geralmente sempre era algum acontecimento do momento nos dias anteriores, com alguns tópicos rápidos ao fim de cada texto, dependendo do que havia para ser noticiado ou comentado. E passei a me dividir no acompanhamento tanto da F-1 quando da F-Indy. De lá para cá, testemunhei muita coisa. Houve coisas que mudaram para melhor, mas no geral, a sensação é de que antes havia mais liberdade de competição e menos frescuras e politicagens do que atualmente, em especial na F-1, onde o ambiente parece mais tóxico do que nunca em relação a certos aspectos.

         Na cobertura de assuntos abordados pela coluna, me diversifiquei mais. Além da atenção permanente na F-1, passei a acompanhar também a Indy Racing League, uma vez que a F-Indy havia encerrado seu campeonato. E passei a ver também com mais atenção a MotoGP, e posteriormente, a nova Formula-E, tentando sempre oferecer as melhores análises de cada categoria em seus principais momentos. Nem sempre deu para comentar tudo o que havia para ser dito. O espaço da coluna sempre foi meio limitado, e não foram poucas as vezes em que até recebi algumas críticas pelo texto das colunas começar a ficar meio grande, quando era preciso falar com mais propriedade sobre certos assuntos.

         Por fim, chegou o momento em que os jornais perderam o interesse em publicar minhas colunas. Não fui o único a perder meu espaço na mídia impressa, pois vários outros jornais preferiram encerrar suas publicações do gênero, ao mesmo tempo em que foram diminuindo seus espaços voltados à cobertura do automobilismo, fosse ele internacional, ou mesmo nacional. Uma situação que, de certa forma, se complicou quando ficamos sem um piloto brasileiro na F-1, com a aposentadoria de Felipe Massa, há alguns anos. E embora tivéssemos ainda representantes na Indycar (ex-IRL) e na nova Formula-E, estes campeonatos nunca desfrutaram de grande popularidade entre os fãs nacionais para merecerem uma cobertura decente da mídia impressa, que hoje se resume a pequenas notas nas páginas de esporte, com raras exceções.

         Desse modo, a migração para a internet foi inevitável, e onde eu já colocava uma versão on-line, acabou sendo a versão definitiva, com o blog PISTA & BOX, mesmo nome da coluna, sendo a continuação das colunas que antes eram regularmente publicadas em jornais, e que segue firme até hoje. Felizmente, ainda há alguns jornais que publicam colunas de automobilismo pelo país afora. São poucas, em comparação com o que já tivemos no passado, mas ainda existem, para alegria dos fãs que gostam de ler sobre o mundo do esporte a motor. O público leitor diminuiu, é verdade, mas atualmente é mais seleto, abrangendo aquele fã que gosta mesmo da competição, e que não apenas acompanhava as corridas porque tinha brasileiro vencendo na F-1.

         Já vi muita coisa nestes 30 anos de publicação da coluna. Assuntos tristes, como a morte de pilotos, fosse na F-1, ou em outras categorias. Na F-1, vi a era de domínio de Michael Schumacher, depois a de Sebastian Vettel, a de Lewis Hamilton, e a atual, de Max Verstappen. Os carros passarem pela regra do reabastecimento, as guerras dos pneus, mudanças na pontuação, e o encerramento da era dos motores aspirados, substituídos pelos atuais propulsores híbridos utilizados na competição. O fim da presença de pilotos brasileiros na categoria máxima do automobilismo, a era dos “tilkódromos”, e mais recentemente, o inchaço do calendário, com cada vez mais corridas. O fim dos testes coletivos e das pré-temporadas que de fato mereciam ter tal nome, substituídos por sessões mixurucas de testes onde os pilotos mal andam como podiam andar antigamente. Realmente, foi muita coisa. Algumas até parecem ter acontecido um dia destes, e não décadas atrás, mostrando como nossa noção do tempo que se passou varia, assim como nossa percepção do tempo que está por vir.

         Vi categorias morrerem, como a F-Indy, com quase um século de existência no mundo do desporto automotivo, diante da estúpida briga promovida por um de seus próprios participantes, que resolveu criar seu próprio certame onde ele era o manda-chuva de tudo, numa briga de pirro onde ninguém saiu vencedor. Vi tentativas de categorias de competição serem criadas, mas que não se sustentaram, como a GP Masters, a F-Superleague, entre outras. No Brasil, vários certames desapareceram, vítimas da falta de apoio de fabricantes, mídia, e até dos torcedores, restando poucas categorias que conseguiram resistir às adversidades, e que seguem firmes até hoje, como a Stock Car, com mais de 40 anos de existência, e que se tornou a principal categoria de competição de nosso país. Brigas políticas que nada de positivo trouxeram para o esporte, além de falta de credibilidade e falta de caráter por parte de seus integrantes em muitos aspectos. E também vi o surgimento de novas categorias, como a Formula-E, que apesar de ser discriminada por muitos “fãs” alegando que aquilo não é competição automobilística, segue firme e pronta para completar uma década de existência, possuindo no momento a participação de mais montadoras do que a própria F-1, além de mais carros no grid também.

         Na motovelocidade, vi a era de dois gigantes das competições em duas rodas: Valentino Rossi, que transformou a classe rainha do motociclismo, atraindo inúmeros fãs que nunca se interessaram pelas disputas da categoria; e Marc Márquez, onde ambos acumularam 13 títulos. Márquez vive um momento de baixa atualmente, mas busca se reerguer com um equipamento mais competitivo no próximo ano, tentando provar que ainda é o grande nome do grid. Vi a época de domínio das motos japonesas na competição, Yamaha e Honda, suplantadas agora pelo domínio da Ducati. E olhe que ainda aconteceu muito mais coisas, mas que não tive como acompanhar devidamente.

         O mundo do esporte a motor é vasto. Impossível acompanhar a tudo com a atenção necessária para se emitir avaliações e transmitir informações com a acuridade necessária a um trabalho sério e responsável. E tento sempre me mostrar equilibrado, sem radicalismos ou propagar boatos infundados. É verdade que nem sempre minhas opiniões agradaram, e muitos já chegaram a me criticar de forma até mal-educada e de maneira hipócrita, mostrando não aceitaram opiniões contrárias a seus gostos. Azar o deles. Não sou dono da verdade, mas eles muito menos o são. É da diversidade de opiniões que podemos chegar a consensos, nos concentrando nos pontos positivos de cada vertente. A unanimidade é burra, já ouvi várias vezes. Não há problemas em aceitar outros pontos de vista, desde que apresentados com objetividade e educação. Infelizmente, isso vem se tornando cada vez mais raro, com as vozes discordantes ficando cada vez mais radicais na defesa de seus pontos de vista, muitas vezes desqualificando totalmente quem não comunga das mesmas idéias. Muito triste, e até preocupante. Não precisa ser assim.

         Trinta anos foram completados por esta coluna nesta semana. Se vou ter mais trinta anos pela frente escrevendo meus testos, só o futuro dirá. Espero estar ainda por aqui para continuar acompanhando o mundo das competições do esporte a motor, e continuar a transmitir minhas impressões e avaliações destes acontecimentos para quem ainda se dispuser a acompanha-las. Obrigado a todos os leitores que já tive nestes trinta anos, e espero poder contar com todos pelos próximos trinta anos, como for possível. A todos vocês, obrigado.

 

 

A Fórmula 1 chegou à Cidade do México para a segunda corrida consecutiva de uma trinca em três finais de semana consecutivos. E o palco é o conhecido Autódromo Hermanos Rodriguez, na capital mexicana, que contará com uma forte torcida para Sergio Perez, que continua fortemente pressionado pela Red Bull por melhores resultados, e para garantir o vice-campeonato. O mexicano teve um bom respiro com a desclassificação de Lewis Hamilton na etapa dos Estados Unidos domingo passado em Austin, pois com o 2º lugar o heptacampeão colocaria o mexicano na alça de mira, estando apenas 19 pontos atrás, e não a 39 pontos, como se encontra agora. Mas a torcida mexicana não deve dar mole para a Red Bull, especialmente contra Max Verstappen, e principalmente contra Helmut Marko, que justificou a falta de capacidade de Perez como piloto por ser mexicano, o que pegou muito mal, tendo o dirigente até ter tido que se desculpar publicamente pela fala que foi considerada extremamente discriminatória. Max foi fortemente vaiado em Austin, onde havia muitos torcedores mexicanos, a ponto de o holandês estar circulando até com escolta no México, o que não é algo muito positivo. Mas vamos lembrar que, ao invés de declarar apoio explícito ao mexicano para ajuda-lo a chegar ao vice-campeonato, só vimos cobranças e críticas por parte da direção da escuderia austríaca, principalmente de Marko em relação ao piloto, o que não é a postura mais elogiada que poderiam adotar. Ao menos o fim de semana volta ao seu formato tradicional, depois de duas etapas onde as corridas Sprint em nada agregaram de positivo ao fim de semana de GP. A prova terá largada neste domingo às 17:00 Hrs., com transmissão ao vivo pela TV Bandeirantes.

 

 

Assim como a F-1, a MotoGP também está numa correria de fins de semana consecutivos, depois das provas da Indonésia e da Austrália nos últimos finais de semana, e agora vamos para a Tailândia, onde teremos a corrida Sprint neste sábado a partir das 05:00 Hrs. da manhã, mesmo horário em que teremos a corrida principal no domingo, com transmissão ao vivo pelo Star + e pela ESPN4. E provavelmente teremos mais um round na briga pelo título entre Jorge Martin, da Pramac, e Francesco Bagnaia, da Ducati. O espanhol veio num rompante incrível nas últimas corridas, mas na Indonésia, foi com sede demais ao pote e acabou caindo sozinho quando liderava a corrida, que acabou vencida por Bagnaia, recuperando a liderança do campeonato. E na Austrália, uma estratégia arriscada de pneus causou a derrota do piloto da Pramac, que caiu da liderança ao abrir a última volta para a 5ª colocação, vendo novamente Bagnaia se recuperar para terminar em 2º lugar, e abrir novamente sua vantagem na classificação. Mas ainda temos muito chão pela frente e muitos pontos em jogo, e Martin precisa controlar sua impetuosidade, enquanto Bagnaia tem usado mais a cabeça nas últimas duas provas, retomando o controle da competição. Mas nada está decidido, e certamente veremos um novo embate entre ambos no duelo que está incendiando a reta final da temporada 2023 da classe rainha do motociclismo mundial...

 

 

Mas a Stock Car também entra na pista neste final de semana, mais uma vez no circuito de Velocitta, e com Gabriel Casagrande defendendo a liderança da competição, com Rubens Barrichello ocupando a vice-liderança, e com muita gente vindo atrás prometendo embolar a disputa. As corridas serão disputadas neste domingo, a partir das 12:00 Hrs., e 12:40 Hrs., com transmissão ao vivo pelo SporTV3, pela TV Bandeirantes, e pelo canal de Galvão Bueno no You Tube. E a disputa na pista promete pegar fogo nesta reta final da competição, tendo ainda mais duas provas, em Cascavel, no Paraná, em novembro, e a final em Interlagos, São Paulo, em dezembro.

 

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