quarta-feira, 13 de junho de 2018

FLYING LAPS – MAIO DE 2018


            E o mês de maio já era. Estamos no mês de junho, que encerra a primeira metade do ano de 2018, onde teremos a Copa do Mundo, a ser disputada na Rússia, como o maior evento do esporte mundial este ano, que começa nesta semana. Mas nem por isso o mundo da velocidade ficará parado, pois seus diversos certames, modalidades e campeonatos, continuarão a toda velocidade. E, por isso mesmo, apesar de algum atraso, é hora de mencionar, em alguns tópicos rápidos, alguns acontecimentos ocorridos no mês passado, em alguns dos campeonatos pelo mundo afora, sempre com alguns comentários a respeito, nesta nova postagem da sessão Flying Laps, em especial a MotoGP, Indycar e a Formula-E. Uma boa leitura para todos então, e espero que apreciem o texto. E mês que vem tem mais sessão Flying Laps por aqui. Até lá...


A quinta temporada da Formula-E, que terá início no final deste ano, já desperta muita curiosidade pela estréia do novo carro que substituirá os atuais chassis utilizados pelos pilotos, que além de um visual completamente diferente, mesclando características de monopostos e protótipos, permitirá correr o período total das corridas sem a necessidade de troca de carros, como é feito atualmente, graças às novas baterias mais desenvolvidas. O calendário ainda será divulgado, mas a direção da F-E já anunciou uma surpresa: a próxima temporada do certame de carros 100% elétricos terá início na Arábia Saudita, com uma prova nas ruas de Riad, a capital do país, no primeiro final de semana de dezembro. Muita gente torceu o nariz pela escolha dos sauditas para sediarem a mais nova etapa da competição, uma vez que o islamismo praticado no país não é lá dos mais moderados, e onde as mulheres não possuem muitos direitos, em que pese algumas reformas recentes promovidas pelo governo do país. Infelizmente, isso lembra que, há algumas décadas atrás, a própria F-1 não se furtou a disputar corridas na África do Sul, quando vigorava no país o odioso sistema discriminatório e racista do apartheid. Bernie Ecclestone simplesmente dava de ombros, e dizia que esporte e política não deviam se misturar, e se formos mais rigorosos, deveria ser questionada também a etapa da Rússia no calendário da F-1, uma vez que Vladimir Putin anexou a Criméia à força, e tem dado respaldo ao ditador da síria na guerra civil que já devasta o país do Oriente Médio há anos. Ou até mesmo deixar de correr na China, uma vez que o país anda recrudescendo em termos de direitos humanos. É um tema complicado, infelizmente. E muitas vezes, o esporte, infelizmente, não dá o melhor exemplo que todos gostariam de ver, com o lado mercadológico mandando para as cucuias qualquer ideal de solidariedade e esportividade que pudesse transmitir...


A Audi teve todos os motivos para comemorar o resultado do ePrix de Berlim, uma vez que o time conseguiu uma dobradinha, com a vitória de Daniel Abt em casa, e com Lucas Di Grassi mais uma vez chegando em 2º lugar, obtendo seu 4º pódio consecutivo. Jean-Éric Vergne, o líder do campeonato, teve alguns percalços na corrida, no duelo travado com Sébastien Buemi, mas no final, conseguiu finalizar em 3º lugar, e melhor ainda, foi ver o vice-líder, Sam Bird, fazer uma corrida abaixo das expectativas, e terminar apenas em 7º lugar, o que aumentou a diferença do francês para 40 pontos, restando três corridas para encerrar o campeonato. Daniel Abt largou na pole no circuito montado no antigo aeroporto de Tempelhof, e tratou de aproveitar a pista livre para ir embora, enquanto atrás dele, Lucas Di Grassi, que largou em 5º, tratava de recuperar as posições e tentar alcançar o parceiro de time. O brasileiro conseguiu ascender à segunda posição antes mesmo da parada para troca de carros, e até conseguiu sair colado em Abt, graças a um pit stop mais rápido. Mas Daniel voltou a apertar o ritmo, e Lucas desta vez não tinha como acompanhar, terminando mesmo em 2º lugar. Felix Rosenqvist, que até algumas corridas atrás era postulante ao título, teve outro fim de semana para esquecer: o piloto da Mahindra terminou em 11º, e não marcou pontos, o que deixou o dinamarquês com sua posição no campeonato em risco: com a vitória em Berlim, Daniel Abt agora tem 85 pontos, na 4ª posição na classificação, apenas 1 a menos que Rosenqvist, com 86. E não vem sozinho: Buemi, que foi o 4º colocado, é o 5º no campeonato, com 82 pontos. Em 6º lugar, e subindo a cada corrida, vem Lucas Di Grassi, com 76 pontos. A próxima corrida será no dia 10 de junho, em Zurique, na Suíça, e marcará o retorno de uma corrida ao país após o automobilismo ser proibido na década de 1950.


Nelsinho Piquet voltou a enfrentar vários problemas em mais uma etapa da F-E. O piloto da Jaguar largou apenas em 15º, e passou boa parte da corrida batalhando para chegar na zona de pontuação, sem conseguir avanços significativos. Nas voltas finais, Piquet partiu para cima dos adversários, e até havia conseguido atingir a 8ª colocação, mas errou uma freada, e acabou perdendo todo o esforço, terminando em 12º, e fora da zona de pontos mais uma vez. Como desgraça pouca é bobagem, Nelsinho viu seu parceiro na equipe Jaguar largar em 9º, e terminar em 6º, após uma performance combativa que o brasileiro não conseguiu corresponder à altura. Evans, aliás, superou o brasileiro na classificação, sendo agora o 7º colocado na classificação, com 51 pontos, enquanto Nelsinho é o 8º colocado, com 45 pontos. Piquet vem de quatro provas sem marcar pontos, estando em baixa no momento. E, para irritar o piloto brasileiro, ele descobriu que o vôo que iria pegar logo após a corrida para vir ao Brasil, onde disputaria as etapas de domingo do campeonato da Stock Car, foi cancelado, impedindo o piloto de participar da categoria nacional, que disputa paralelamente ao campeonato da F-E. Lucas Di Grassi, que assim como o compatriota, também vem disputando o certame da Stock este ano, preferiu concentrar-se na F-E no referido final de semana, e não ia participar das provas da Stock. A situação de ambos, contudo, é bem diferente na participação na Stock Car: Di Grassi já venceu 2 corridas e é o 8º colocado, com 68 pontos; já Piquet é o 28º classificado, com apenas 1 ponto. Problemas de adaptação, e situação dos times, Nelsinho precisa de uma reza brava para espantar a má fase, e voltar a conseguir os resultados pretendidos...


A MotoGP chegou à Europa para suas etapas do campeonato, e a primeira parada foi no tradicional GP da Espanha, no circuito de Jerez de La Fronteira, na Andaluzia. Na classificação, quem brilhou foi Cal Crutchlow, da LCR Honda, ao marcar a pole-position com o novo recorde para o circuito. Mas ele não conseguiu aproveitar a sua quarta pole na carreira: foi superado por Jorge Lorenzo logo no arranque da largada, e a meio da corrida, Crutchlow acabou caindo na curva 1, e saiu da corrida. Marc Márquez, saindo em 5º, foi à caça dos líderes, e travou bons pegas, e sem esbarrar em ninguém. A “Formiga Atômica” travou um bom duelo com Lorenzo pela liderança da prova, até que o piloto da Honda assumiu a liderança, para não perdê-la mais. E Lorenzo começou a ser acossado por Andrea Dovizioso e Dani Pedrosa, em uma disputa pela segunda posição. Sempre duro para ceder uma posição, Lorenzo dificultou o quanto pôde a ultrapassagem de Dovizioso, enquanto Márquez ia escapando na liderança. Andrea tentou passar o parceiro, e até conseguiu, mas teve de abrir na tangência da curva, e Lorenzo retomou a posição dando o “X”. Só que Dani Pedrosa aproveitou que ambos abriram espaço, e foi para a ultrapassagem, e Jorge voltou para o traçado sem prestar atenção, acertando seu compatriota da equipe oficial da Honda. Lorenzo caiu, e foi para a brita, levando junto Dovizioso, que não teve como evitar ser atingido também, enquanto Pedrosa acabou catapultado da moto, mas felizmente sem sofrer maiores ferimentos. Com seus perseguidores mais próximos fora de combate, Márquez averbou sua segunda vitória consecutiva na temporada. Com uma atuação sólida, Johann Zarco, da Tech3 foi o 2º colocado, e Andrea Iannone conseguiu um excelente 3º lugar com a Suzuki. Com sua dupla oficial eliminada da corrida, restou à Ducati comemorar o 4º lugar de Danilo Petrucci com a equipe satélite Pramac, enquanto Valentino Rossi deu duro para fechar a prova em 5º lugar, com a Yamaha ficando a dever em termos de performance no circuito espanhol.


A Ducati começa a apontar sua formação para 2019, e anunciou a renovação com Andrea Dovizioso por mais duas temporadas, a de 2019 e 2020, uma atitude mais do que lógica, e merecida para o italiano, que surpreendeu a todos ao disputar o título prova a prova com Marc Márquez no ano passado, levando a marca de Borgo Panigale de volta a uma decisão de título, que acabou não vindo, mas levou a contenda até a corrida final, em Valência. Quem está na berlinda é Jorge Lorenzo, que continua a não render o mesmo que Dovizioso no time, mesmo estando já em sua segunda temporada na escuderia italiana, que promete resolver a situação até o GP da Catalunha, no dia 16 de junho. A Ducati estaria propensa a renovar, porém com uma sensível redução salarial, uma vez que o espanhol, quando foi contratado, chegou à Ducati como tricampeão, e vencedor da temporada de 2016. E, para complicar as coisas para Lorenzo, a Ducati já vê com bons olhos a performances de Danilo Petrucci, que subiu ao pódio em Le Mans com um 2º lugar, e foi 4º em Jerez, e até mesmo de Jack Miller. Ambos competem pela escuderia Pramac, time satélite da Ducati na classe rainha do motociclismo. Pelo excelente campeonato disputado em 2017, Dovizioso ganhou um merecido aumento salarial, em que pese Lorenzo ainda ganhar muito mais pelo acordo firmado quando se deu sua contratação. A Ducati sabe que, diante do retrospecto de Jorge no time, é hora de pôr “os pés no chão”, e reequacionar a situação. A escuderia italiana não quer perder Lorenzo, pois sabe que se ele se ajustar, entrega resultados. Por outro lado, dispensá-lo também seria admitir um erro colossal que teria sido sua contratação. Há também o aspecto de solidariedade para com o time, e muitos não gostaram da postura do espanhol em Valência, no ano passado, quando bloqueou de forma insistente as tentativas de passagem de Andrea, que tentava superar o companheiro de equipe para tentar alcançar Marc Márquez, com quem disputava o título. Para alguns, ao não ceder posição para o parceiro de time, Lorenzo fez Dovizioso perder as chances que tinha de brigar com Márquez pela vitória, e quem sabe, conquistar o campeonato, fazendo o italiano perder muito tempo atrás dele, enquanto o piloto da Honda escapava na dianteira. Lorenzo não tinha possibilidades de entrar na luta pelo título, e sendo a última corrida, ele poderia ter dado sua contribuição ao permitir que Dovizioso o ultrapassasse logo de cara, e ele tentasse um ataque a Márquez. Podia não dar em nada, e Andrea acabar vice-campeão do mesmo jeito, mas Lorenzo mostraria sua boa vontade para com o time, ao passo que sua atitude demonstrou egoísmo e falta de companheirismo. Veremos como se dará o final dessa situação...


Indiferente aos problemas de Jorge Lorenzo, Marc Márquez segue em ponto de bala no campeonato. O piloto da Honda averbou sua terceira vitória consecutiva no ano, ao vencer o GP da França, em Le Mans, e aumentar ainda mais sua vantagem na classificação. Jorge Lorenzo até que começou bem, pulando para a ponta na largada, mas durante a corrida, foi sendo superado, e terminou em 6º lugar. O pole, Johann Zarco, levantou a torcida no treino de classificação, mas acabou caindo durante a corrida, para frustração de seus compatriotas, destino que também vitimou Andrea Dovizioso, que perdeu uma boa chance de marcar pontos. Danilo Petrucci, em excelente performance com sua Ducati da equipe Pramac, fechou a prova em 2º lugar, enquanto Valentino Rossi fez uma prova de recuperação com uma Yamaha um pouco melhor, e fechou o pódio em 3º lugar. Dani Pedrosa, depois dos percalços das últimas corridas, não teve problemas e foi o 5º colocado. Quem também não terá saudades desta corrida é Andrea Iannone, que depois de algumas boas performances nas últimas corridas, acabou caindo também, e dando Au Revoir à corrida. E alguém conseguirá parar Marc Márquez na corrida pelo título? Difícil, pelo que parece...
 



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