sexta-feira, 1 de junho de 2018

BALANÇO DE INDIANÁPOLIS

Will Power deu à Penske a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis de 2018.

            E deu uma nova vitória da Penske na 102ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. A honra de averbar a 17ª conquista do time de Roger Penske na Brickyard Line coube a Will Power, que fechou o mês de atividades da Indycar no Indianapolis Motor Speedway com chave de ouro: o australiano havia vencido também o GP de Indianápolis, disputado duas semanas antes, no circuito misto do autódromo. Dos pilotos da Penske na prova deste ano, apenas Helinho já havia vencido a corrida, em três oportunidades, e buscava a 4ª vitória, o que o deixaria empatado ao lado de feras da história da Indy500, como Al Unser, Rick Mears, e A. J. Foyt, os únicos a triunfarem por quatro vezes na corrida.
            A corrida deste ano, inclusive, foi fraca em comparação com os anos anteriores. Houve várias disputas, é verdade, massa intensidade e a quantidade de ultrapassagens foram inferiores às de anos recentes. O novo kit aerodinâmico, se por um lado mostrou-se mais seguro, impedindo que os carros decolassem em batidas, por outro lado também foi o principal responsável por diminuir a quantidade de disputas por posição na pista. Com menos downforce que os aerokists utilizados nos últimos anos, os novos carros eram mais ariscos e soltos, o que dificultava aos pilotos conseguirem seguir os carros à frente com a mesma facilidade que os utilizados até o ano passado. E com direito a um efeito colateral: vários bólidos passaram a sofrer de escapadas de traseira, o que levou vários pilotos a rodarem sozinhos durante a corrida, levando-os ao abandono.
            Entre as “vítimas” deste comportamento, estiveram nossos pilotos com chances de vitória na corrida. Hélio Castro Neves acabou vendo seu carro escapar, e fez o que pôde para evitar uma colisão com os demais competidores na pista, mas não conseguiu evitar de bater no muro interno, junto à entrada dos boxes, e dizer adeus às suas chances de tentar nova vitória na Indy500. Tony Kanaan, que já havia liderado a corrida, e havia sofrido com um pneu furado que o obrigou a um pit stop extra, já estava novamente em busca dos primeiros lugares quando sofreu uma escapada similar à do compatriota, e igualmente atingindo o muro do lado interno da pista, e deixando a corrida. Outro nome de destaque na prova, Danica Patrick, que fazia sua despedida das pistas, também acabou rodando e acertando o muro, encerrando sua derradeira participação nas 500 Milhas sem o resultado que almejava conseguir, depois de fazer um excelente treino de classificação e conquistar a 7ª posição na largada. Uma pena que na corrida, seu carro piorou de comportamento, e a piloto ao invés de avançar caiu para trás, tendo que batalhar com um carro mais nervoso no meio do tráfego do que o esperado, o que acabou colaborando para o seu acidente e abandono. Mesmo após os anos de ausência da categoria, Danica ainda mostrou estar em forma para competir firme em Indy. Ela bem que poderia rever sua decisão de pendurar o capacete e voltar no ano que vem, mesmo que só para essa prova, como alguns pilotos costumam fazer, e quem sabe, ter uma despedida mais digna das pistas. Quem sabe?
            O ponto positivo destes acidentes é que todos eles foram leves, e apesar das fortes pancadas, todos os pilotos saíram andando de seus carros, passando por exames no hospital apenas por precaução. Quase todos, aliás, rodaram sozinhos, tendo como destaque envolvendo outros carros o choque entre Takuma Sato e James Davison, que andava muito lento pela pista, e acabou colhido pelo japonês. Quem também acabou beijando o muro foi Sebastien Bourdais, mas sem a violência do acidente sofrido pelo francês no ano passado. Sage Karan teve o acidente mais violento, quando acertou o muro externo, e sua roda traseira direita se soltou, indo parar no muro do lado interno da pista, mas felizmente sem acertar ninguém, e com o piloto saindo ileso do seu carro batido.
Danica Patrick brilhou na classificação, mas acabou dando adeus à corrida em um acidente.
            Ed Carpenter, pole-position, fez uma corrida combativa, andando sempre entre os primeiros, e com pinta de finalmente chegar à glória de vencer a Indy500, mas acabou superado pelo piloto da Penske e acabou mesmo em 2º lugar. Outro piloto que teve uma atuação primorosa foi Alexander Rossi, que largou em último, e chegou em 4º lugar. Scott Dixon, depois de bater forte na edição do ano passado, mostrou a sua classe de sempre, e foi o 3º colocado. Ryan Hunter-Reay também andou forte, e foi o 5º colocado, logo atrás de Rossi, coroando um bom trabalho da equipe Andretti na corrida para os dois pilotos, e que ainda colocou Carlos Muñoz em 7º. Marco Andretti, o outro piloto do time, fechou a corrida em 12º lugar. Para a Penske, além da vitória com Will Power, Simon Pagenaud foi o 6º colocado, enquanto Josef Newgarden, apesar de alguns percalços, conseguiu terminar em 8º. Curiosamente, entre os pilotos da Penske, poucos acharam a prova de Power algo de destaque: ele ficou ali, na dele, durante quase toda a corrida, entre o pelotão da frente, mas sem uma performance que empolgasse o público, defendendo sua posição com fervor, partindo para cima dos adversários, etc. Mas, o que isso importa? Ele ganhou, e está tendo uma semana das mais cheias, cumprindo todo tipo de compromisso, seja com patrocinadores, seja com a mídia, entrevistando o mais novo piloto a conquistar seu lugar no cobiçado Troféu Borg-Warner, que reproduz o rosto de todos os pilotos vencedores da Indy500 em sua história. Mas também seria injusto não reconhecer que Power fez uma corrida eficiente: ele liderou 59 das 200 voltas da corrida, perdendo apenas para Ed Carpenter, que liderou 65 voltas durante a prova.
            Apesar da falta de um número maior de duelos pela ponta, a corrida teve vários pilotos que se revezaram na liderança, cerca de 15. Atrás de Power e Carpenter, Tony Kanaan foi o terceiro piloto que mais liderou, ao comandar a corrida por 19 voltas, seguido por Oriol Servia, com 16 giros; e Graham Rahal com 12 voltas. Zachary Claman de Melo, que não iria disputar a Indy500, e que correu apenas para substituir o lesionado Pietro Fitttipaldi, ponteou a corrida durante 7 voltas, mais até do que o principal piloto da equipe Dale Coyne, Sébastien Bourdais, que ficou na frente durante 4 voltas, empatado nessa estatística com Carlos Muñoz, também com 4 giros na ponta. Spencer Pigot, Stefan Wilson e Josef Newgarden lideraram 3 voltas cada um, enquanto Robert Wickens, uma das sensações da atual temporada, ficou na frente por 2 voltas. Por últimos, Simon Pagenaud, Alexander Rossi e Ryan Hunter-Reay estiveram na frente por apenas 1 volta.
Hélio Castro Neves (acima) adiou para 2019 o sonho de vencer novamente a Indy500, assim como Tony Kanaan (abaixo), ambos vítimas de rodadas com seus carros.
            Em termos de confiabilidade, apenas um piloto abandonou a corrida por problemas mecânicos: Kyle Kaiser, da Juncos. Todos os demais se deram por acidentes. Entre os pilotos que receberam a bandeirada, Max Chilton, Jay Howard e Zach Veach foram os pilotos que mais frequentaram os boxes, com um total de 10 paradas para cada um. Na outra ponta, Takuma Sato e James Davison fizeram apenas uma parada, já que ambos acabaram colidindo na 45ª volta, e foram os primeiros a abandonar a prova. Já os seis primeiros colocados conseguiram completar a corrida com o mesmo número de pit stops: 5 paradas nos boxes para cada um.
            Pelo que se viu em Indianápolis, o novo aerokit deve deixar as corridas em ovais da atual temporada menos disputadas do que se esperava. Mas pelo menos nos circuitos mistos e urbanos a situação parece bem mais empolgante, com várias disputas e trocas de posição. E a categoria não tem tempo para descansar: hoje mesmo os pilotos já estão de volta à pista para a rodada dupla no circuito do Belle Isle Park, em Detroit, para as corridas que serão disputadas amanhã e domingo. E as duas provas tem tudo para serem bem promissoras...


O Grande Prêmio de Mônaco conseguiu ser a corrida mais entediante da atual temporada da Fórmula 1. Tal como em Barcelona, as expectativas de uma corrida mais empolgante ficaram mesmo só na “expectativa”, pois nem mesmo os compostos hipermacios, que fizeram sua estréia em prova neste GP, conseguiram dar uma animada na situação, além da disputa pela pole-position no treino classificatório, que ficou para a Red Bull e um impressionante Daniel Ricciardo, que marcaram o novo recorde oficial do traçado monegasco. Os pneus duraram mais do que se imaginava na mão de alguns, e com a estratégia de apenas uma parada para todos, não ofereceu as alternativas de estratégia esperadas. Nem mesmo a possibilidade de chuva se concretizou: caíram algumas gotas esparsas no Principado, e nada mais. E, por incrível que pareça, nenhuma intervenção do Safety Car, pelo menos o real. A batida de Charles LeClerc, justo o piloto da casa, na traseira de Brendon Hartley motivou um safety car virtual, mas bem breve, até por que o piloto da Sauber conseguiu se dar ao luxo de bater em um ponto onde saiu para fora da pista, na freada da chicane do porto, enquanto Hartley conseguiu chegar ao box sem atravancar na pista, fora que os poucos detritos que caíram no traçado foram limpos com eficiência ímpar, já que a maior parte dos cacos de ambos os carros caíram na área de escape. Com isso, os seis primeiros colocados no grid simplesmente chegaram nas mesmas posições na bandeirada, com ninguém atacando ninguém. Cientes dos riscos de tentar uma ultrapassagem, todo mundo se acomodou onde estava, e sem surpresas na estratégia ou tentativas de passar no pit stop, todos optaram por manter posições, visando garantir chegar ao final. E sorte de Ricciardo também, pois seu carro sofreu uma perda de potência durante a corrida, que em outras pistas, fatalmente o levaria a perder a corrida, mas como era Mônaco, o sorridente australiano conseguiu enfim vencer a corrida, que liderou de ponta a ponta, sem que Sebastian Vettel o ameaçasse efetivamente na disputa pela liderança da corrida. E Hamilton, líder do campeonato, finalizou em 3º, e apenas diminuiu um pouco sua vantagem na pontuação. Nem mesmo Kimi Raikkonem e Valtteri Bottas conseguiram dar um tempero extra a esta corrida.
Daniel Ricciardo largou na pole e liderou de ponta a ponta o GP de Mônaco, secundado por Sebastian Vettel, e com Lewis Hamilton (abaixo) completando o pódio.


Quem poderia até dar uma agitada à monótona corrida monegasca seria Max Verstappen. Mas “Mad Max”, só para manter-se invicto, arrumou encrenca em Monte Carlo, quando repetiu a batida de dois anos atrás, ao estampar seu carro no guard-rail da saída dos esses da piscina, e com isso, ficou de fora do treino classificatório, uma vez que os mecânicos não conseguiram reparar o seu carro, que também precisou de uma troca do câmbio. Largando em último, o holandês resolveu ser um dos últimos a parar para fazer seu pit stop, o que o fez ganhar várias posições quando os demais pararam antes. Por isso mesmo, Verstappen fez uma corrida com poucas ultrapassagens, até mesmo para tentar terminar e marcar pontos, sem arrumar novos problemas, depois das críticas que o time lhe fez após mais um erro cometido por ele, quando tentou ser mais rápido que o parceiro, e acabou arruinando as expectativas de o time fazer uma dobradinha no Principado, como comprovou seu parceiro Daniel Ricciardo, ao marcar a pole e vencer de ponta a ponta. Ricciardo assumiu a 3ª posição no campeonato, e pode até sonhar em tentar se aproximar dos líderes Hamilton e Vettel, enquanto Verstappen ainda não teve uma prova sequer sem ter cometido algum erro na atual temporada. Por muito menos, a Red Bull “rebaixou” Daniil Kvyat, desestabilizando o piloto russo e literalmente queimando-o no time, resultando em sua demissão no ano passado. A paciência da escuderia austríaca com o arrojado holandês já mostra que tem limites...


Teria pegado mal a resposta afirmativa de Toto Wolf, quando questionado, se ele teria dado ordem a Esteban Ocon para que o piloto da Force India, equipe que usa os propulsores da Mercedes, para dar passagem a Lewis Hamilton quando o inglês voltou atrás do francês após fazer seu pit stop, para evitar que o atual tetracampeão perdesse tempo “trancado” atrás do carro da Force India, e com isso, também perdesse sua posição na pista para Kimi Raikkonem quando o finlandês da Ferrari, que vinha sempre próximo a Lewis na pista, fizesse sua parada. Ocon apenas respondeu que era um piloto “Mercedes”, e com isso praticamente entregando que obedeceu à ordem para deixar Hamilton ir embora, e não defendesse sua posição. Ordens de equipe pegam mal nas corridas, e eu, particularmente, até entendo quando se trata de uma corrida onde o título está sendo decidido, e apenas se um dos pilotos do time não tem mais chances na disputa. É a única situação em que tolero esta prática, e que deveria ficar restrita ao próprio time em si. Apelar para um outro time, dando uma ordem assim, é ainda mais reprovável, e um atentado contra o esporte em si. Mas a manobra efetuada pela Mercedes em relação à Force India não é algo inédito na história da F-1: Não vamos esquecer que em Jerez de La Fronteira, no encerramento da temporada de 1997, a Ferrari teria feito uma “solicitação” à Sauber para que seu piloto Norberto Fontana dificultasse a ultrapassagem de Jacques Villeneuve quando este fosse colocar uma volta em cima dele. A Sauber corria com motor Ferrari (rebatizado Petronas), e Villeneuve disputava o título com Michael Schumacher, que quando viu que seria superado pelo canadense, deu o seu tradicional chega-pra-lá no carro da Williams e acabou se danando… A Mercedes está se rebaixando ao nível de sua rival… E isso é muito ruim, para ela e para a imagem do esporte em si...

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