quarta-feira, 20 de junho de 2018

ARQUIVO PISTA & BOX – MAIO DE 1998 – 29.05.1998


            Saudações, pessoal. Hoje trago mais uma de minhas antigas colunas, publicada em 29 de maio de 1998, praticamente há 20 anos atrás. O assunto em questão era como Mika Hakkinen parecia caminhar firme e decididamente rumo ao título da F-1 naquela temporada, sem que seu companheiro de equipe David Coulthard conseguisse ao menos dificultar um pouco as coisas, a fim de deixar a disputa um pouco mais emocionante. Restava a esperança de que Michael Schumacher e a Ferrari conseguissem complicar um pouco as coisas para evitar que o campeonato ficasse na disputa de um piloto só, e o bicampeão alemão até que conseguiu reagir e fazer com que a disputa pelo título se estendesse até o final do ano. Mas naquele momento, findo o GP de Mônaco, a situação era um pouco menos inspiradora, uma vez que Schumacher descobriu que precisava lidar com mais pilotos na pista do que simplesmente a dupla da arquirrival McLaren, e que nem todo mundo tinha intenção de abrir passagem para ele numa ultrapassagem. De quebra, a coluna traz também tópicos rápidos a respeito da IRL, que havia realizado a Indy500 no fim de semana anterior, e um pouco sobre a F-CART, e sobre nossos pilotos na F-3 Inglesa e na F-Vauhall. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais colunas antigas por aqui...


HAKKINEN CAMPEÃO?

            No final das contas, o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 acabou sendo uma ducha de água fria para Michael Schumacher, seus torcedores, e todos aqueles que esperavam um pouco mais de emoção e disputa no campeonato. Não houve nem mesmo briga pela vitória nas ruas do Principado, um circuito que tradicionalmente privilegia os pilotos mais habilidosos e hábeis ao volante, o que fazia de Michael Schumacher o nome mais provável para derrubar a supremacia da McLaren.
            Só que Schumacher cometeu um erro crasso, ao achar que só há 4 carros na F-1, os da McLaren e da Ferrari, e não contava com outros pilotos atrapalhando seus planos, e também disputando posições na corrida. E foi nisto que o bicampeão alemão se deu mal: ficou em 4º no treino de classificação, e na corrida, ao invés de disputar posição com as McLaren, Michael se viu brigando com os pilotos da Benetton na pista, que mostraram estar mais competitivos do que a Ferrari nas ruas monegascas. Depois de tentar sem sucesso passar Giancarlo Fisichella na pista, Schumacher conseguiu a posição nos boxes, graças ao trabalho de pit stop mais eficiente da Ferrari, mas na volta à pista encontrou outro piloto da Benetton, Alexander Wurz, no seu caminho. Schumacher, como já fizera algumas vezes, forçou a ultrapassagem, mas Wurz não arredou o pé: tocaram rodas durante algumas curvas e a Ferrari acabou com a suspensão danificada. O austríaco nem pôde comemorar muito, pois algumas voltas depois bateu sozinho na saída do Túnel e deu adeus à corrida. Já o alemão foi ao Box, consertou o carro e terminou a corrida em último.
            Lá na frente, para variar, Mika Hakkinen correu praticamente sozinho. Pole-position, o finlandês pulou na frente e não largou mais a liderança. David Coulthard só não fez mais uma dobradinha para a McLaren porque o seu motor Mercedes estourou no meio da corrida, deixando o escocês a pé. Agora, com 22 pontos de vantagem para Schumacher e 7 para Coulthard, Hakkinen é mesmo o favorito para ser campeão este ano.
            A Ferrari, que até o momento se autoproclamava a rival da McLaren no campeonato, vai ter de se cuidar para não ser atropelada pelas outras equipes, como a Benetton, e a se levar em conta que a Williams estreará um carro revisado no Canadá que, teoricamente, deve aumentar a competitividade do time inglês, o time de Maranello deverá ter mais dores de cabeça para encarar. O pior é que, teoricamente, a expectativa é a Benetton, Ferrari e Williams se emparelharem, com performances similares, e isso deve aumentar as disputas e brigas na pista. Por outro lado, como a McLaren está sobrando, a expectativa de luta pelo título, a não ser que David Coulthard consiga melhorar na classificação do campeonato e se aproximar do seu colega de equipe finlandês, ficará restrita à corrida isolada de Hakkinen ao título. Se a McLaren conservar sua supremacia, Ron Dennis deixará que seus pilotos lutem livremente pelo título. Mas até o momento atual, Coulthard meio que está devendo, e se a concorrência se aproximar, o escocês poderá ter, nas provas finais, que se conformar em ser segundo piloto do time, se necessário.
            Pelo bem da competição, é bom que Coulthard se recupere logo. Já a Ferrari, Benetton e Williams...


Eddie Cheever venceu domingo passado a 82ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Em segundo lugar ficou Buddy Lazier, que havia vencido a corrida em 1996. Steve Knapp, estreante na prova, ficou em 3º lugar. Marco Greco e Raul Boesel, únicos brasileiros presentes na corrida, tiveram problemas mecânicos e não completaram a corrida, ficando em 14º e 19º, respectivamente. Os maiores favoritos da corrida, Tony Stewart e Arie Luyendick, ficaram pelo caminho quando tudo estava ótimo na prova para eles, quando ambos ocupavam a liderança: Stewart liderava quando seu motor GM-Aurora quebrou na primeira metade da corrida. Já Luyendick, que venceu a prova em 1990 e 1997, estava na frente quando parou para fazer seu último pit stop. Mas na hora de sair, o câmbio quebrou, deixando o piloto holandês a pé. A prova ainda foi marcada por um forte acidente na 47ª volta, quando Jim Guthrie e mais 6 carros bateram forte numa das curvas. Guthrie foi parar no Hospital Metodista com um braço quebrado, além de outros ferimentos menores. Antes da prova, houve até um incidente curioso: um cachorro apareceu andando pela pista. O bicho acabou indo para os boxes, onde muitas pessoas tentaram agarrar o animal, sem sucesso, que ameaçava morder qualquer um que tentasse pegá-lo. Depois de cruzar todo o pit line, o cachorro voltou à pista e depois sumiu de vista na área interna do autódromo. Pela vitória nas 500 Milhas, Eddie Cheever embolsou cerca de US$ 1,5 milhão.


Em 3 anos competindo na Indy Racing League (IRL), Tony Stewart tornou-se o maior nome da categoria como piloto. A partir de 1999, Stewart vai mudar de ares: o americano assinou contrato de cerca de US$ 30 milhões para competir na Nascar, a mais popular categoria automobilística dos EUA. O contrato é válido por 5 temporadas.


Na 8ª etapa da F-3 Inglesa, disputada no circuito de Croft, e pela 8ª vez, tivemos vitória brasileira. Desta vez, foi Mário Haberfeld que venceu, enquanto Luciano Burti garantiu a maioria verde-amarela no pódio ao terminar a prova em 3º lugar. Enrique Bernoldi, líder absoluto do campeonato, abandonou a corrida. Continuamos matando a cobra e mostrando o pau aos ingleses, que até o momento continuam comendo poeira de nossos pilotos este ano...


E, para não dizer que é só na F-3 Inglesa, na F-Vauxhall Jr., continuamos detonando a concorrência. Em Oulton Park, na 6ª etapa do campeonato, Antonio Pizzonia faturou a 4ª vitória consecutiva, disparando na liderança do certame. Procuram-se adversários...


A F-CART está reunida em West Allis, no Estado de Wisconsin, para a disputa das 200 Milhas de Milwaukee neste domingo. A prova será a última a ser disputada em circuito oval este ano, até a US500, as 500 Milhas da Califórnia, no fim do campeonato, que será em uma pista superspeedway...


Roberto Moreno assinou contrato para ser piloto de testes da equipe Penske até o fim do ano. A contratação do brasileiro é uma tentativa de Roger Penske de acelerar o desenvolvimento do chassi PC27, que já demonstrou em Gateway-Madison uma recuperação de competitividade, mas cujo desempenho nas pistas mistas ainda é incerto...

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