sexta-feira, 28 de julho de 2017

DECISÃO EM MONTREAL


Montreal, a maior cidade do Canadá, sedia as derradeiras etapas da terceira temporada da F-E, em uma pista montada ao lado da Maison de Radio-Canada (o edifício no centro da imagem, ao lado das inúmeras antenas), e da sede da Cervejaria Molson (atrás). Abaixo, o traçado da pista.

            Momento de decisão na Formula-E. A terceira temporada da categoria de competição de carros monopostos inteiramente elétricos chega à sua etapa derradeira neste final de semana, com a decisão do título entre os mesmos postulantes da disputa da temporada passada. O palco é o circuito de rua montado nas ruas de Montreal, que estréia na competição com uma rodada dupla, em substituição à prova de Londres, palco da decisão no certame do ano passado. Serão duas corridas, a serem disputadas neste sábado e domingo, às 17 horas, pelo horário de Brasília, com transmissão ao vivo do canal pago FoxSports, que também transmitirá os treinos de classificação, só que estes serão transmitidos pelo FoxSports 2, portanto, atenção aí, galera, na hora de sintonizarem em busca da ação na pista de rua canadense.
            A pista do Hydro-Québec Montréal ePrix tem um traçado de 2,75 Km de extensão, um tamanho bem mais razoável do que o circuito montado no Brooklyn, em Nova Iorque, com um total de 14 curvas. As duas provas do fim de semana, a exemplo do que ocorreu na rodada dupla de Nova Iorque, também terão durações diferentes. A prova de sábado será disputada em 35 voltas, enquanto a de domingo terá 37 voltas. Isso imporá aos pilotos e equipes um maior desafio no gerenciamento de sua energia disponível, detalhe que ficou evidente para os competidores nas provas da metrópole da costa leste dos Estados Unidos, onde os pilotos praticamente chegaram zerados na linha de chegada da primeira corrida, e só não tiveram maiores problemas na segunda prova devido à entrada do safety car no meio da competição. Com uma pista de maior extensão, e com trechos mais velozes, o desafio da economia de energia e estratégia de corrida mais do que nunca será um fator decisivo na luta pela vitória, e por tabela, do título da terceira temporada da F-E. Alguns pilotos terão que andar bem de leve para não desgastar suas pilhas, digo, baterias, prematuramente. E, sem maneirar nesse controle, nem Duracell salvará os mais afobados no volante de seus bólidos, sejam eles 110v ou 220v. Mas, piadinhas à parte, vamos logo ao que interessa, que é a disputa do título da competição.
            Sébastien Buemi, o atual campeão, vai em busca de seu segundo título, defendendo a escuderia e.dams Renault, com a qual também foi campeão na temporada passada. Lucas Di Grassi, vice-campeão da temporada passada, vai em busca de seu primeiro título, mas a parada será muito complicada, e ele é o azarão da disputa. Se no ano passado o brasileiro conseguiu equilibrar a disputa aproveitando-se dos erros e azares do rival, este ano a campanha do piloto suíço vem sendo quase impecável, e em condições normais, só um desastre dará o título ao piloto da equipe Audi ABT. Franco favorito na decisão, Buemi já começou sua guerra verbal contra o piloto brasileiro, lembrando da polêmcia decisão na etapa final da temporada passada, quando Lucas acertou o piloto da e.dams na segunda e última prova de Londres, e ambos foram para a pista com a missão de tentar o golpe final através da obtenção da volta mais rápida.
Lutando pelo bicampeonato, Sébastian Buemi é o favorito na disputa, mas não pode comemorar por antecipação.
            O piloto suíço aproveitou para alfinetar Di Grassi pelo gesto tresloucado que resultou na batida, à qual o brasileiro acusou Buemi de ter freado antes, quando ficou nítido que o erro da manobra foi do brasileiro. O resultado com o título indo para Sébastien foi justo, e infelizmente, Lucas acabou cometendo seu erro justo na decisão da temporada, em um ano onde ele havia conseguido superar as dificuldades e equilibrar uma disputa que todos sabiam qual era o favorito na batalha. Buemi criticou o fato de Di Grassi afirmar várias vezes que tem que andar mais do que o carro, ao afirmar que ao fazer isso, Lucas revela falta de confiança, e que ele, Buemi, não fica apregoando algo parecido. Lógico que o brasileiro rebateu de volta, ao afirmar que sob pressão o suíço não é essa maravilha toda, e que neste momento de definição, a pressão maior está naturalmente sobre o piloto da e.dams, pelo seu óbvio favoritismo, e que isso pode jogar contra o equilíbrio do piloto. Não deixa de ser uma possibilidade real. Caberá a Buemi provar o contrário.
            Ao afirmar que precisa andar mais do que o carro, Lucas está apenas afirmando o óbvio. Com apenas uma vitória na temporada, além de duas poles, o brasileiro de fato não tem o carro mais competitivo do grid, e nas provas de Nova Iorque, foi amplamente superado pela Mahindra e pela Virgin, largando do meio do grid em uma pista de difícil ultrapassagem em meio a carros mais velozes, como ele mesmo definiu após as etapas. Por outro lado, Buemi não precisa citar o que todo mundo já sabe: ele tem o melhor carro do grid, mas ao afirmar que é o único que vence com o seu pacote técnico, também faz propaganda e exaltação de si mesmo, ao afirmar que os outros pilotos que correm com o mesmo equipamento, a dupla da Techeetah, e seu companheiro de equipe Nicolas Prost, não conseguem vencer. Buemi fez uma temporada esplendorosa, e com nada menos do que 6 vitórias numa competição de 12 etapas, ele sozinho venceu metade do campeonato, e teve como pontos negativos apenas sua desclassificação na primeira prova de Berlim, e seu mau resultado na corrida da Cidade do México. Tanto que ele acumulou uma vantagem na classificação que lhe permitiu manter a liderança da competição, mesmo perdendo as duas provas de Nova Iorque. O suíço tem 10 pontos de vantagem para Di Grassi, e se considerarmos que a e.dams ainda possui teoricamente o melhor carro do grid, ele só precisa manter o seu nível de competição para encerrar a fatura com o menor estresse possível. Uma prova franca de que piloto faz a diferença na F-E. Do contrário, também como se explica a diferença entre Lucas Di Grassi e seu colega de time, Daniel Abt, que até agora, em 3 temporadas, raras vezes conseguiu mostrar performances comparáveis às do piloto brasileiro?
Lucas Di Grassi fez da constância sua grande arma na temporada, mas chega à terceira decisão de título na F-E como azarão frente ao favoritismo do rival Buemi.
            Lucas, por outro lado, terá de partir como franco atirador. Ele sabe que, se largar atrás do rival, não terá chances de reverter a desvantagem na classificação. Buemi também aproveitou para alfinetar novamente o brasileiro neste aspecto, ao afirmar que ele prefere perder com dignidade a ganhar com um ato sujo e antidesportivo. Dá a entender que Lucas pode partir novamente para a ignorância e tirá-lo da pista, e afirma que a reputação do brasileiro não resistiria a outra palhaçada como essa. Em primeiro lugar, não há como Di Grassi pensar em tal coisa, premeditadamente, como Buemi sugere. É ele, o suíço, quem está na liderança, e não o brasileiro. Qualquer colisão poderia certamente tirar ambos da corrida, e depois do que se viu no ano passado, Di Grassi não poderia ser tão idiota de tentar algo semelhante novamente. O que Sébastien quer dizer é que na ânsia de tentar levar o título, Lucas provavelmente tentaria abalroá-lo novamente, mas nada garante que o piloto da Audi ABT fique na corrida depois de dar um pancada dessas. Pelo sim, pelo não, a guerra psicológica está aberta e declarada entre os dois pilotos. Bom para a torcida, que certamente quer ver o clima pegando fogo entre ambos na pista. Mas sem batidas desleais, claro. Que a disputa seja duríssima, mas honesta.
            E não se pode esquecer que tem mais gente na pista. A dupla da Mahindra, bem como Sam Bird, da Virgin, vem subindo de produção nas últimas provas, e certamente tentarão dar o melhor de si para terminarem o ano como os melhores”do resto” do grid. Felix Rosenqvist é o 3º colocado na classificação, com 104 pontos, e só vencendo as duas provas e contando com um azar extremo de Di Grassi ele alcançaria o vice-campeonato. É o mesmo panorama de Sam Bird, 4º na classificação, com 100 pontos, que só em sonho dessa condição ideal seria o vice-campeão, mas tem tudo para terminar o ano como 3º colocado. Um pouco mais atrás, em condições de lutar pela 3ª colocação, Nicolas Prost, Nick Heidfeld, e até Jean-Éric Vergne podem engrossar essa disputa. E nessa hora, Buemi não terá que tomar cuidado apenas com o piloto brasileiro: vai ter muita gente querendo tirar o máximo que pode nestas duas provas que encerram o calendário 2016/2017 e fechar o ano em alta. A disputa pelo 3º lugar no campeonato tem tudo para ser mais acirrada e empolgante até mesmo que a decisão do título, que muitos afirmam já estar com meio caminho andado nas mãos de Buemi, pelo seu retrospecto no ano, e a vantagem do equipamento que possui.
            Os 10 pontos de vantagem de Buemi podem parecer muito, mas a F-E tem se caracterizado por apresentar surpresas em suas corridas, portanto, tudo pode acontecer nas duas corridas em solo canadense. Para o suíço, a melhor opção é ir direto ao ataque, e procurar vencer a corrida. Carro para isso ele tem, em teoria. Mas, e se a e.dams não achar o melhor acerto do carro para o traçado de Montreal? Pode acontecer, como também pode a Audi ABT conseguir mostrar serviço e dar a Di Grassi um carro mais competitivo, e apimentar a disputa. Sébastien também poderá marcar o piloto brasileiro, não deixando que ele se distancie, caso acabe ficando atrás, ou tentar se manter logo à sua frente, e com isso, bloquear uma possível escalada de posições na prova. O que o suíço tem de evitar a qualquer custo é se meter em alguma confusão que o faça ficar sem marcar pontos. A rigor, ele só precisa se preocupar mesmo é em terminar à frente de Lucas nas corridas, sejam em quais posições forem. Só pela vitória são 50 pontos em jogo, mas ainda tem os pontos extras pela pole-position, e pela volta mais rápida na prova. Portanto, 10 pontos de vantagem, dependendo do que acontecer, podem não ser nada. Muitos apostavam que, sem Buemi na rodada dupla de Nova Iorque, Lucas simplesmente deitaria e rolaria, vencendo e assumindo a liderança. Não foi o que aconteceu, com o brasileiro reduzindo de 32 para 10 a desvantagem na classificação. Muito pouco em relação ao que todos esperavam...
            Será que agora pode ocorrer o inverso? Lucas levar o título e Buemi morrer na praia? Difícil, mas não impossível. Só saberemos a resposta mesmo na bandeirada na segunda corrida, na tarde de domingo. Mas, não importa quem vença, a F-E é a maior vitoriosa, mas isso é assunto para a coluna da semana que vem. Até lá, então...


A F-1 inicia hoje os treinos oficiais em Hungaroring, para o Grande Prêmio da Hungria, que será disputado neste domingo. A liderança do campeonato está em jogo, com Sebastian Vettel pontuando a classificação com apenas 1 pontos de vantagem para Lewis Hamilton, depois do azar sofrido na Inglaterra semana retrasada. A tendência é o tricampeão inglês assumir a dianteira já nesta corrida, mas é bom a Mercedes não ir comemorando antecipadamente. Primeiro, a pista próxima a Budapeste é a mais travada do calendário, depois de Mônaco. E todo mundo deve se lembrar de que no Principado, foi a Ferrari quem deu as cartas na classificação e na corrida, exibindo um ritmo que não foi igualado pela Mercedes no fim de semana. É verdade que ambos os times promoveram mudanças em seus bólidos, e desde a etapa do Canadá, justamente a primeira pós-Mônaco, o modelo W08 da Mercedes passou a demonstrar um ritmo muito melhor, tanto em classificação quanto em corrida, sendo este último o grande trunfo do time de Maranello até então neste ano. Mas, desde então, a F-1 correu apenas em pistas velozes, ou com trechos de alta velocidade. Em Baku, circuito de rua, a Mercedes até foi muito forte na classificação, mas a corrida foi caótica, e não deu para ver um duelo firme entre ambos os times, mesmo com a disputa entre Vettel e Hamilton depois de seus problemas. Fica a dúvida se a performance atual da Mercedes se manifestará totalmente na travada pista húngara, ou se a Ferrari, aproveitando justamente esse traçado complicado, voltará a se impor. O treino de classificação é extremamente importante, uma vez que chegar à frente na primeira curva logo após a largada é meio caminho para vencer a corrida. Por isso mesmo, o time rosso terá de caprichar neste quesito, para permitir a Sebastian Vettel e Kimi Raikkonem terem condições de chegarem na primeira curva a ponto de disputarem a liderança. Se a Mercedes, seja com Hamilton, ou com Valtteri Bottas, fizerem a primeira curva na frente, talvez não haja mais disputa na corrida. Vamos ver quem terá as melhores chances de competição nesta corrida, que ao mesmo tempo pode ser tremendamente chata e sem emoções, ou virar uma competição completamente inesperada, dependendo das condições, e do que pode acontecer. Qual delas se tornará realidade...?


O clima de animosidade entre Sebastian Vettel e Max Verstappen anda inflamado. Vettel reclamou do estilo “selvagem” do holandês de defender posição na pista, após o duelo travado entre os dois na parte inicial da prova de Silverstone. Reclamações à parte, sobre o modo agressivo de Verstappen se comportar na pista, que volta e meia suscita algumas críticas realmente, não vi nada de errado nas manobras, inclusive com ambos os pilotos até saindo ligeiramente da pista em virtude das manobras de tentativa e defesa de ultrapassagem. Como Vettel já anda pegando a fama de reclamar por reclamar, Verstappen simplesmente não deveria dar muita bola, mas fez praticamente o contrário: devolveu de bate pronto a crítica, ao afirmar que, depois do papelão protagonizado pelo alemão em Baku, perdeu todo o respeito pelo tetracampeão, e que sua opinião não deve ser levada a sério. O holandês ainda aproveitou para alfinetar Vettel lembrando da sova que Daniel Ricciardo, seu companheiro de time na Red Bull, deu no alemão em 2014, quando foram companheiros no time dos energéticos, e o australiano ainda venceu 3 corridas, enquanto Sebastian passou o ano zerado. E também fez questão de frisar que acha Daniel um piloto muito mais capaz, e mesmo assim, com a forte competição entre eles no time austríaco, ambos se dão muito bem na escuderia. Se o pessoal acha que a rixa entre Vettel e Hamilton é belicosa, esperem só até o alemão da Ferrari se ver novamente às voltas com Verstappen na pista... E olhem que o traçado de Hungaroring pode dar uma ajuda na performance da Red Bull. Já imaginaram a zica que pode dar se Vettel ficar novamente atrás de Max na corrida? Faíscas entre ambos não faltarão...

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