sexta-feira, 7 de julho de 2017

DUELO EM ZELTWEG


Lewis Hamilton e Sebastian Vettel "acertaram" suas diferenças sobre a etapa de Baku após conversarem. Até quando isso dura?

Depois de vivenciar a etapa mais agitada e emocionante da temporada até aqui, a Fórmula 1 está de novo em ação, agora na região da Estíria, para o Grande Prêmio da Áustria, na tradicional pista de Zeltweg, ou Spielberg, para alguns. No paddock, todo mundo quer ver se o cachimbo da paz, fumado à força por Sebastian Vettel, que escapou de sofrer novas punições nas mãos da FIA nesta semana, prometendo “se comportar” e não exagerar novamente, será mantido, ou se o clima de rivalidade, que começou a pegar fogo entre o piloto alemão e Lewis Hamilton, vai ver um novo round na luta pelo título de 2017.
Ao menos, é positivo que Vettel não tenha sofrido novas reprimendas. Branda ou não, a punição sofrida pelo piloto da Ferrari em Baku deveria ficar como está: adicionar uma nova punição seria alterar o resultado da corrida fora do fim de semana de GP, e isso nunca pega bem, sendo a última coisa que a F-1 precisaria para ajudar a elevar o entusiasmo da atual temporada, que tem tudo para ver outra briga renhida aqui na pista austríaca, onde por coincidência, tivemos também um lance polêmico no ano passado, quando o duelo entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg também resultou em um toque que acendeu as discussões, dentro e fora da pista, ainda mais por ter decidido a corrida a favor de Hamilton, com Rosberg a não apenas sair como o vilão da história, mas como o grande derrotado do fim de semana.
Se o clima esquentou no ano passado, onde a disputa foi entre dois companheiros de equipe que já não se bicavam, mas ainda eram obrigados a conviver no mesmo box, e por isso mesmo a Mercedes tratava de colocar panos quentes na situação, visando poder trabalhar melhor nos fins de semana de GPs, agora tem tudo para pegar fogo mais ainda. Vettel prometeu se comportar, para evitar novas punições, e ele precisa lembrar que tem 9 pontos na carteira, que se chegarem a 12 até a etapa da Inglaterra, significam o gancho automático de uma corrida, um desaire que o ferrarista não tem a opção de arriscar sofrer, e entregar a Hamilton uma prova de bônus. O que não significa que o tetracampeão não entre hoje mordido na pista, uma das mais curtas do calendário, e bem veloz, decidido a mostrar quem é que manda no campeonato. Com 14 pontos de vantagem na classificação, Sebastian poderia até dizer que tem uma vantagem razoável, mas seria perigoso baixar a guarda, e permitir uma reação do rival. Não é demais lembrar que Hamilton já esteve muito mais atrás na pontuação, e conseguiu virar o jogo. Por que dar mole para o azar?
            Nas entrevistas dadas por ambos, tanto Hamilton quanto Vettel parecem ter fumado o cachimbo da paz. Baku já ficou para trás, e ambos esperam “apenas” dar o seu melhor na pista. Vettel disse que tomou a decisão errada. Hamilton disse que ambos conversaram e se entenderam. Tudo conforme a cartilha do bom-mocismo da FIA, que até estaria certa em tomar medidas “preventivas” de disciplinar um pouco as rusgas, para evitar ações insensatas por parte de ambos quando ficassem de cabeça quente, não fosse isso um sinal perigoso de que a entidade que comanda o automobilismo mundial pode rever a recente “liberdade” dada aos pilotos nas disputas dentro da pista. Espero que não. Seria muito ruim, em um campeonato que está sendo bem disputado entre os dois pilotos, com alguns bons duelos por todo o restante do grid, a FIA voltar a ficar em cima de todos os competidores feito um gavião, pronto para lascar punições a torto e a direito como vinha fazendo nos últimos tempos.
Para muitos, próxima disputa acirrada na pista vai reacender a rivalidade com tudo novamente. E o público merece um duelo acirrado, mas sincero e honesto entre Vettel e Hamilton. Nada de declarações de paz para inglês ver. A relação entre ambos ainda é extremamente volátil.
            O público quer ver pegas na pista, e se os pilotos se estranharem, no bom sentido, é claro, melhor ainda. Por bom sentido, diga-se pegas renhidos, toques de pneus, algumas encostadas, mas não manobras que deem sensação de algo premeditado, como foi o gesto de Vettel para cima de Hamilton em Baku, após acertar a traseira do carro do inglês. Mas também não precisa ser esse clima todo de beijinhos, beijinhos. Soa falso e hipócrita. Os torcedores sabem que ambos estão doidos para cair de pau um em cima do outro, e não há necessidade de mostrar que tudo está tãããooo alto astral assim na parada entre eles, às mil maravilhas. Não se precisa chegar às vias de fato para mostrar que a rivalidade está comendo solta, só não acho correto fazer ambos parecerem amiguinhos de novo, como se nada demais tivesse acontecido. Quem não lembra das rusgas entre Nélson Piquet e Nigel Mansell na Williams, em 1986 e 1987, na disputa pelo título. Alguns palavrões por parte de Piquet, e declarações inflamadas, com Mansell e sua postura meio porra-louca na pista. E ambos se pegando nas corridas, mas sem baixarias na pilotagem. E ninguém viu eles trocando socos em lugar nenhum, ou ameaçando partir para o quebra-pau, depois de um pega nas provas. Mesmo assim, dava para sentir a tensão, na pista e nos boxes, da luta titânica entre ambos: todo mundo sentia as faíscas da briga, mesmo que não fossem reais. E o público gosta disso. Quer ver um duelo firme e determinado dos participantes da disputa. Nada de palavrinhas doces e cumprimentos forçados. Apenas sejam sinceros e francos, doa a quem doer. E dane-se o politicamente correto, também. Não precisamos de ofensas explícitas, ou xingamentos... Dá para ser autêntico sem cair na baixaria. Que a luta entre ambos seja titânica e franca, sem rodeios. É o desejo de todos, e o meu também.
            Portanto, vejamos o que Vettel e Hamilton nos apresentarão neste final de semana. De preferência, com novas faíscas neste pega, para um verdadeiro duelo em Zeltweg. E que vença o melhor, e o esporte, também...


Agora encerrou de vez. Ron Dennis, que estava na direção do Grupo McLaren até o fim do ano passado, quando acabou destituído pelos demais sócios, que já não aprovavam sua maneira de conduzir os negócios, acaba de romper o último laço que o ligava ao grupo, ao vender as ações que possuía para a empresa, por um valor de cerca de R$ 1,8 bilhão. Dennis estava na McLaren desde 1980, quando assumiu a direção da equipe de F-1, que passava por um mau momento, e fundiu-a com seu time da F-3, a Project Four, criando, a partir de 1981, a McLaren International, que sob seu comando e propriedade, tornou-se um dos nomes mais poderosos da F-1 em toda a sua história, dominando a década e o início dos anos 1990, e criando a partir do time de corridas todo um conglomerado de tecnologia que hoje emprega centenas de pessoas, e fatura mais de US$ 1 bilhão por ano. Ron estava sem exercer nenhuma função de dirigente desde seu afastamento, mas ainda fazia parte do conselho do Grupo como um de seus acionistas, possuindo algo em torno de 25% das ações. Tendo acabado de completar 70 anos no início de junho passado, Ron Dennis certamente poderá dar por encerrada sua participação no mundo do automobilismo, tendo uma grande história de sucesso, nos pouco mais de 50 anos em que esteve envolvido com o esporte a motor, iniciando como mecânico no time de Jack Brabham, em fins dos anos 1960. Mas será que ele ficará mesmo afastado, ou irá encarar algum novo desafio? Com os rumores de um novo time que pretende adentrar a F-1, com investimento de empresários chineses, alguns boatos chegam a afirmar que ele seria a pessoa ideal para comandar esta empreitada, mas por enquanto, isso não passa de mera especulação, sem nenhum dado concreto. Embora faça sentido o raciocínio de que, para se envolver numa operação dessas, melhor seria cortar todos os vínculos ainda restantes com a McLaren, o que acaba de ser feito. Talvez ainda vejamos muito Ron Dennis em breve... Alguém com o seu histórico na categoria máxima do automobilismo não é de ficar assim de fora, sem mais nem menos... Mas, por enquanto, ainda não temos nada de oficial sobre o seu futuro. Aguardemos seus próximos passos...
Ron Dennis, entre Alain Prost e Niki Lauda, durante o campeonato de 1984, o primeiro título da escuderia após ser adquirida e reestruturada por ele. Quase quatro décadas de dedicação à escuderia, que se tornou uma potência tecnológica atualmente.


Enquanto isso, na pista, a Honda prometeu para este final de semana, em Zeltweg, a disponibilização para Fernando Alonso e Stoffel Vandoorne as atualizações para a sua unidade de potência, que espera, enfim, promover alguma melhoria na performance e nos resultados que o time da McLaren vem tendo na temporada deste ano. Alonso testou a nova unidade nos treinos livres em Baku, e confessou ter sentido melhoras no desempenho da peça, que por motivos de ajustes, não foi utilizada na classificação e nem na corrida. Tomara que haja mesmo melhoras, pois está sendo difícil aguentar ver um time com a história da McLaren ter tantos baixos na temporada, e ainda mais ver a Honda completamente perdida, sem saber como evoluir o seu equipamento. Mas, claro, no paddock, já começaram as apostas para ver quantas voltas o propulsor dura no fim de semana. Não é demais lembrar que aqui mesmo a McLaren já chegou a sofrer uma punição de mais de 100 posições no grid (se o grid da F-1 permitisse isso), por trocar peças do motor além da conta. Todos no time torcem para a história não se repetir, mas o frisson certamente vai dar aquele calafrio toda hora que os pilotos saírem para a pista...


O que todo mundo estava esperando finalmente aconteceu: a F-Truck acabou. O campeonato de caminhões, que terminou a temporada do ano passado com organização e times não se entendendo, e com uma grave crise econômica se avolumando, viu a grande maioria de seus times debandar no início do ano, e deixar a organização da categoria em xeque pela falta de competidores. A gestão de Neusa Navarro, que já vinha sendo questionada por muitos participantes, contudo, não deu o braço a torcer, e chegou a iniciar o campeonato de 2017, no autódromo do Velopark, em Rivera, ainda que contando somente com 10 caminhões no grid, dos quais praticamente apenas 8 largaram. A prova até que teve um bom público, mas o grid esvaziado denotava que seria complicado o campeonato mostrar a força que teve nos seus 21 anos de vida anteriores, nos quais chegou a ser a mais forte categoria de competições automobilísticas do Brasil, sob o comando de Aurélio Batista Felix, até sua morte, em 2008. Com os times dissidentes criando seu próprio campeonato, a Copa Truck, que já começou com um grid cheio na etapa inaugural, em Goiânia, e repetindo a dose em Campo Grande, que já contou com 21 participantes no grid. Com o cancelamento da etapa seguinte da F-Truck, em Cascavel, era mais do que óbvio que não daria para continuar, e a direção da categoria comunicou no último dia 28 de junho a suspensão do certame de 2017, devido à crise econômica que se abate sobre a economia do Brasil, que levou à perda de patrocinadores, montadoras, e rendas, comprometendo a saúde financeira da competição. São prometidos esforços para retornar em 2018, mas duvido muito que isso aconteça. A Copa Truck já começou com força, e todos os times envolvidos, em sua grande maioria, rachou com a organização da F-Truck, por considerar os erros de gestão de Neusa Navarro Felix cruciais para a derrocada da competição, além de se indispor com vários times e participantes. Com o sucesso da Copa Truck, esse pessoal muito dificilmente voltaria a um certame comandado por ela, e o momento atual da economia brasileira não permitiria termos dois campeonatos distintos de caminhões sendo realizados em nosso país. Para muitos, a F-Truck chegou ao seu fim em definitivo, e pelo menos, é de se louvar a decisão da organização da categoria de encerrar a competição, evitando que o buraco chegasse mais embaixo, tentando manter a categoria sem qualquer chance de viabilidade financeira. Se a situação já estava ruim no ano passado, agora então, nem pensar... Prometer um retorno futuro não é algo exagerado, mas isso dependerá em muito de como a Copa Truck irá se sair, e principalmente, se a economia do Brasil voltar aos eixos, o que ainda deve demorar bastante, mesmo na melhor das hipóteses...


A Indycar está pronta para acelerar novamente. Depois de passar pelo melhor circuito misto do calendário, Elkhart Lake, a categoria agora volta aos circuitos ovais, começando pelo Iowa Speedway, pista de 1,43 Km de extensão, com a corrida sendo disputada em 300 voltas, na tarde deste domingo, a partir das 18:30 Hrs, pelo horário de Brasília, no canal pago Bandsports, com o canal aberto Bandeirantes transmitindo um compacto no meio da madrugada de domingo para segunda. No ano passado, a corrida foi vencida por Josef Newgarden, então defendendo o time de Ed Carpenter. Will Power, da Penske, foi o segundo colocado, com Scott Dixon fechando o pódio, em 3º lugar.


Quem também acelera firme neste final de semana é o IMSA Wheathertech Sportscar Championship, que estará no circuito de Mosport, no Canadá. A corrida terá 2h40min de duração, sendo a 7ª etapa do campeonato deste ano, que tem a liderança dos irmãos Ricky e Jordan Taylor, da equipe Konica Minolta, conduzindo o protótipo Cadillac DPI VR. A dupla de irmãos vem sendo quase imbatível na temporada, com nada menos do que 6 triunfos na competição até o momento, tendo falhado apenas em vencer na última corrida, em Watkins Glen, onde receberam a bandeirada apenas na 6ª posição. A etapa terá transmissão do canal pago Fox Sports 2 a partir das 13 horas, horário de Brasília.

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