sexta-feira, 21 de outubro de 2016

MARC MÁRQUEZ TRICAMPEÃO


Marc Márquez comemora a vitória e a conquista do tricampeonato em Motegi.

            Acabou acontecendo mais cedo do que o próprio Marc Márquez esperava, mas azar dos outros. Hoje, quando iniciarem os treinos para o Grande Prêmio da Austrália da MotoGP, no circuito de Phillip Island, a “Formiga Atômica” já entrará na pista como o mais novo tricampeão da classe rainha do motociclismo mundial. Márquez encerrou a fatura no Grande Prêmio do Japão, disputado domingo passado no circuito misto do complexo de Twin Ring Motegi. Para a Honda, nada mais perfeito do que conquistar o título da MotoGP justamente em seu circuito. Motegi foi construído no fim da década de 1990 como um complexo dedicado à velocidade, com proposta até de receber a F-1, mas felizmente esta nunca aportou por lá. Se as instalações são excelentes, o desenho da pista mista, que deveria receber os carros da categoria máxima do automobilismo, é muito inferior ao de Suzuka, onde o GP japonês está até hoje, tendo tido apenas algumas poucas ausências, quando a corrida foi disputada em Fuji.
            Márquez chegou a Motegi com 52 pontos de vantagem para Valentino Rossi, seu mais direto perseguidor. Para encerrar a contenda já no Japão, o piloto da Honda precisava que a dupla da Yamaha, Rossi e Jorge Lorenzo, não pontuassem, e que ele vencesse a prova. Nos treinos, a pole-position de Rossi indicava que a tarefa seria complicada, e com Lorenzo largando em 3°, logo atrás de Márquez, a tarefa de fechar a conquista do título em terras nipônicas não era levada a sério nem pelo próprio Marc, que sabia que seria bem complicado conseguir o resultado mágico de um duplo abandono da equipe rival. Mas, de vez em quando, os deuses das corridas sabem aprontar algumas supresas...
            E foi o que vimos em Motegi. Na largada, Jorge Lorenzo conseguiu pular para a dianteira, enquanto Rossi perdia algumas posições, e Márquez ficava na sua. Mas bastaram algumas poucas voltas para Valentino iniciar sua caçada às primeiras colocações, enquanto Lorenzo acabava sendo superado por Márquez, que tentava se desgarrar na frente, ciente de que Rossi não iria aliviar na perseguição dali em diante. Mas Marc nem precisou ficar tão preocupado. Valentino acabou caindo, logo na 6ª volta. O “Doutor” ainda conseguiu voltar para pista, mas só deu para chegar aos boxes e constatar que a corrida já era em definitivo. Sem Valentino na pista, a única ameaça preocupante era Lorenzo, e não é que faltando 5 voltas para o fim da corrida, o atual campeão da categoria, que ocupava a 2ª colocação e com isso adiava o sonho da conquista de Márquez, também acabou caindo? Presente melhor, impossível, para Márquez, que fechou a bandeirada com sua 5ª vitória na temporada, e o tricampeonato conquistado.
            Com quatro temporadas na MotoGP, Marc Márquez vai batendo recordes de precocidade. Aos 23 anos, o piloto espanhol já tem 3 títulos na classe rainha do motociclismo, um título na Moto2, e outro título na Moto3. Números que já o colocam como um dos gigantes do motociclismo mundial. Quando estreou na classe rainha, em 2013, Márquez de cara assustou os concorrentes, e com 6 vitórias, faturou o título da categoria em seu primeiro ano como piloto da equipe oficial da Honda, marcando 334 pontos, e superando Jorge Lorenzo, da Yamaha, por apenas 4 pontos. Para efeito de comparação, seu companheiro de equipe, Dani Pedrosa, já experiente piloto na equipe da Honda, ficou em 3° no campeonato, com 3 vitórias, e 300 pontos. No ano seguinte, Márquez praticamente arrasaria a oposição, conquistando o bicampeonato com 13 vitórias na temporada, marcando 362 pontos, deixando Valentino Rossi como vice-campeão, com 295 pontos, nada menos do que 67 pontos de vantagem na classificação. Pedrosa, novamente arrasado por Márquez na Honda, foi apenas o 4° colocado, com apenas 1 vitória, e 246 pontos.
Valentino Rossi caiu na pista japonesa e deu adeus às esperanças de ser campeão da temporada 2016. Luta agora é pelo vice-campeonato, com Jorge Lorenzo.
            O estilo de Márquez era do tipo “tudo ou nada”. Ou o garoto vencia, ou sofria algum acidente, muito provavelmente nas vezes em que sofria oposição na pista. Nos dois primeiros anos, com a Honda tendo o melhor equipamento da competição, em parte foi mais fácil para Márquez simplesmente pulverizar os rivais na pista, especialmente em 2014. Mas em 2015, foi a Yamaha que apresentou o melhor equipamento, e com isso, as disputas com a dupla Valentino Rossi e Jorge Lorenzo ficaram bem mais acirradas. Tentando compensar no braço as deficiências de sua moto, Márquez se envolveu em quedas e confusões durante o ano. Acabou terminando a temporada em 3/ lugar, vendo a dupla da equipe rival duelar entre si pelo título. Mas o ano difícil foi benéfico para o jovem espanhol de Cervera, que a partir dali aprenderia a ter mais constância na pista, e veria que conquistar pontos quando não dava para vencer era uma tática que dava resultados, e sem deixar de ser rápido e veloz na pista.
            Justamente com essa nova abordagem, é que Márquez superou seus rivais este ano. A Yamaha começou a temporada com um desempenho melhor, e a Honda, com alguns problemas com a nova eletrônica padrão adotada pela categoria, apresentava um equipamento mais arisco e arredio. Mesmo assim, Márquez foi à luta, e na primeira corrida da temporada, no Qatar, foi o 3° colocado, superado apenas por Jorge Lorenzo, e Andrea Dovizioso, da Ducati. Rossi iniciava o ano fora do pódio, em 4°, mas as diferenças mínimas na bandeirada prometiam uma temporada de bons duelos. Mas Márquez não precisou esperar muito para brilhar: na Argentina, o piloto da Honda venceu pela primeira vez na temporada, superou Rossi novamente, e ainda viu Lorenzo ficar pelo meio do caminho. Nos Estados Unidos, uma nova vitória, superando Lorenzo, e vendo Rossi ficar sem pontuar. Márquez já despontava como o favorito ao título, mas seu status era questionável, pois a dupla da Yamaha tinha tido seus percalços, e quando isso não acontecesse, a parada poderia ser bem diferente.
            Foi o que se viu em Jerez, com Rossi e Lorenzo a dominarem a corrida, sem dar chance a ninguém. Valentino venceu, Lorenzo foi 2°, e Márquez, 3° colocado. Ciente de que discutir a vitória com os pilotos da Yamaha era inviável naquele dia, achou o degrau mais baixo do pódio suficiente. E não estava errado. A corrida seguinte, em Le Mans, foi o ponto mais baixo de Márquez na temporada. Enquanto a dupla da Yamaha fazia uma nova dobradinha, Márquez era apenas o 13° colocado, marcando parcos 3 pontos. Será que Marc ficaria para trás, enquanto Rossi e Lorenzo disparavam na frente? Muitos pensavam que isso aconteceria de fato. Marc ainda se digladiava com uma moto mais arisca, enquanto a Yamaha ainda tinha o melhor equipamento. Mas a Honda haveria de se acertar, e Márquez, a adaptar-se ao comportamento da moto. Na etapa seguinte, em Mugello, Márquez travou um acirrado duelo com Lorenzo, vencido por este na linha de chegada, numa disputa emocionante que levantou todo mundo nas arquibancadas. Se Marc não venceu, pelo menos Rossi ficou pelo meio do caminho, vítima de problemas mecânicos em sua moto.
Jorge Lorenzo começou o ano na frente, mas teve atuações muito ruins nas etapas onde choveu nesta temporada. Espanhol irá para a Ducati em 2017 e quer sair da Yamaha por cima. Resta combinar com Rossi, que tem outras idéias...
            O “Doutor” voltaria à carga total em Barcelona, deixando Márquez para trás, e vencendo a corrida. Com o 2° lugar, o piloto da Honda se deu por satisfeito, até porque Lorenzo mais uma vez ficou pelo meio do caminho. Estava dado o sinal: enquanto a dupla da Yamaha acumulava abandonos de sua dupla de pilotos, Marc pontuava tem praticamente todas as corridas. E estes pontos haveriam de ser muito valiosos nas etapas seguintes, onde a MotoGP viu nada menos do que 6 vencedores diferentes em 6 provas, num raro momento de diversidade de vencedores como há muito não se via. Jack Miller, da Marc VDS, venceu na Holanda; Márquez voltou a vencer, na Alemanha; Andrea Iannone levou a Ducati à vitória na Áustria; Carl Crutchlow, da LCR, triunfou na República Tcheca; Maverick Viñales, da Suzuki, venceu na Inglaterra; e Dani Pedrosa, companheiro de Márquez na Honda, voltaria ao degrau mais alto do pódio em San Marino. E nessas corridas todas, Márquez sempre esteve bem na zona de pontuação: foi 2° na Holanda; venceu na Alemanha; 5° colocado na Áustria; 3° colocado na República Tcheca; 4° na Inglaterra; 4° novamente em San Marino. E foi Márquez quem venceu novamente na pista de Aragão, na Espanha, em um momento onde Valentino Rossi vinha diminuindo paulatinamente a grande vantagem acumulada pelo piloto da Honda, para sacramentar, de uma vez por todas, que ele ainda era o grande favorito na luta pelo título, e não deixaria a guarda baixa.
            Enquanto foi acumulando pontos, a dupla da rival Yamaha tinha provas cheias de altos e baixos, especialmente Jorge Lorenzo. Sem conseguir vencer novamente desde a prova da Itália, em Mugello, o piloto espanhol ainda sumiu nas corridas onde a chuva esteve presente a meio da temporada, obtendo resultados pífios para um piloto de sua envergadura. Abandonou em Barcelona; foi 10° na Holanda; 15° na Alemanha; 3° na Áustria; 17° na República Tcheca; 8° na Inglaterra; 3° em San Marino; e 2° em Aragão. Valentino Rossi, por sua vez, teve performance mais constante, mas também acabou tendo seus reveses, depois da etapa da Catalunha: caiu da moto na prova sob chuva na Holanda; foi apenas 8° na Alemanha; 4° na Áustria; 2° na República Tcheca; 3° na Inglaterra; 2° em San Marino; e 3° em Aragão.
            O próprio Márquez admitiu que foi difícil ser “moderado” na atual temporada. Ele precisou ir contra seu instinto de dar sempre o tudo por tudo, tendo de se contentar em garantir a melhores posições possíveis, uma vez que nem sempre era possível vencer. E, ao mesmo tempo, aprendeu a domar o seu equipamento, mais arisco e arredio que o dos rivais, com seu grande talento, e a evolução que foi aos poucos sendo conseguida pela Honda. Marc conseguiu dar o melhor de si em todas as provas, enquanto os rivais enfrentavam seus próprios problemas, e iam ficando pouco a pouco para trás. Márquez tornou-se um piloto muito mais completo, consciente de como enxergar o panorama das corridas e do campeonato, e para azar dos concorrentes, não ficou mais lento com esta nova abordagem. O tricampeonato é mais do que merecido, pelo conjunto de resultados que conseguiu acumular ao longo da temporada.
            E a disputa na MotoGp ainda não acabou. Valentino Rossi e Jorge Lorenzo vão brigar ferozmente pelo vice-campeonato. Lorenzo, de partida para a Ducati em 2017, quer deixar a Yamaha por cima, enquanto Rossi, que permanecerá no time dos três diapasões, quer mostrar que ainda tem muita lenha para queimar, e já fala em competir até depois dos 40 anos, mostrando um entusiasmo juvenil como o de qualquer garoto. E não esqueçam do próprio Marc Márquez, que uma vez conquistado o título da temporada, poderá pilotar à vontade nestas três corridas que faltam para terminar a temporada, e quem sabe, voltar ao seu velho estilo implacável, para poder relaxar um pouco e mostrar do que é realmente capaz com sua moto.
            Aos rivais, um claro recado: Márquez vai continuar sendo o homem a ser batido nas pistas da MotoGP em 2017. O principal trunfo da concorrência, que era aquele piloto impetuoso, por vezes instável, mas absurdamente veloz e talentoso, que corria como se não houvesse amanhã, aprendeu que dá para vencer sem se esgoelar feito louco para isso. Mais centrado, e ciente de respeitar os limites do momento, Márquez pode ter atingido a maturidade para de fato tornar-se um piloto extremamente difícil de ser batido. Dependerá apenas dele próprio, e da Honda. Os concorrentes que se preparem...


Com 4,4 Km de extensão, o circuito de Phillipe Island é a sede do Grande Prêmio da Austrália de MotoGP. A pista possui 7 curvas para a esquerda e 5 curvas para a direita, e a corrida terá um total de 27 voltas, totalizando um percurso de 120,1 Km. No ano passado a vitória foi de Marc Márquez, com Jorge Lorenzo em 2°, e Andrea Iannone em 3°. O australiano Casey Stoner é o maior vencedor deste GP, ao lado de Valentino Rossi, ambos com 6 vitórias cada. Stoner também é o recordista de poles, com 5. O canal pago SporTV mostra a corrida da classe rainha do motociclismo ao vivo neste domingo a partir das 3:00 Hrs., horário de Brasília.

O Circuito das Américas, em Austin, no Texas, recebe a F-1 mais uma vez.

Hoje começam os treinos livres para o Grande Prêmio dos Estados Unidos, no belo Circuito das Américas, próximo a Austin, capital do Estado do Texas. Na pista, Lewis Hamilton tem de reagir na competição, a fim de tentar neutralizar a enorme vantagem de 33 pontos acumulada por seu companheiro de equipe Nico Rosberg na liderança do campeonato. Foi aqui nesta pista onde Hamilton sacramentou a conquista de seu tricampeonato, no ano passado, aproveitando-se de uma bobeada de Rosberg para vencer e encerrar a luta pelo título antecipadamente. Isso não é possível de acontecer este ano: mesmo que Rosberg vença e Hamilton não pontue, não haverá como fechar matematicamente a disputa pelo título, pois a diferença iria a 58 pontos, com 75 ainda em disputa nas 3 provas finais. Este é sem dúvida o melhor circuito no qual a F-1 já se apresentou nos Estados Unidos, pela estrutura e desenho da pista, uma rara unanimidade, em se tratando de autódromos projetados por Hermann Tilke. Uma pena que as provas disputas por aqui nunca foram das mais empolgantes. No ano passado, o temporal que caiu complicou os treinos, e o início da corrida foi meio caótico. Depois que a pista secou um pouco, a corrida levou um tempo para assentar, mas enquanto isso não acontecia, até que houve várias mudanças de posição e disputas entre os pilotos. Vejamos se este ano eles se lembraram de não convidar São Pedro para o final de semana do GP...


E lembrando a todos: a Globo não vai transmitir o Grande Prêmio dos Estados Unidos ao vivo por causa do futebol. Quem quiser assistir à corrida terá de acompanhar pelo canal pago SporTV, que transmitirá tudo ao vivo a partir das 17:00 Hrs, horário de Brasília...

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