terça-feira, 25 de outubro de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - OUTUBRO DE 2016



            Estamos iniciando a reta final do ano de 2016. O mês de outubro está indo embora, e mais alguma categorias já encerraram o seu ano, enquanto outras seguem firmes para suas últimas etapas, por todo o universo do esporte a motor. E é novamente chegada a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo mundo da velocidade nestas últimas semanas, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a sua tradicional avaliação de vários aspectos do panorama deste mês de outubro que estamos deixando para trás, no mundo da alta velocidade, no esquema conhecido de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem mais...



EM ALTA:

Nico Rosberg: O piloto alemão da equipe Mercedes tem a faca e o queijo nas mãos. Depois da quebra de motor de Lewis Hamilton na Malásia, Rosberg aproveitou uma vacilada do parceiro no Japão e conseguiu abrir 33 pontos de vantagem na classificação. É verdade que, com a vitória de Hamilton nos Estados Unidos, a dianteira baixou para 26 pontos, mas faltando 3 corridas para o fim do campeonato, Nico só perde o título se ele quiser, ou se um desastre completo acontecer com o piloto. Bastam apenas dois segundos lugares e um terceiro para liquidar a fatura e correr para levantar o caneco. Mas, com o carro que tem nas mãos, isso é mais do que viável, e terminar as corridas restantes em 2° lugar não é nada complicado, mesmo com a Red Bull andando mais próxima das últimas corridas. Como ninguém sabe se a Mercedes manterá sua força com as novas regras técnicas em 2017, a chance de Nico ser campeão pode ser agora, ou nunca mais. E ele parece que não vai deixar a oportunidade escapar...

Marc Márquez: A “Formiga Atômica” conquistou o tricampeonato com uma exibição impecável em Motegi, justamente na terra da Honda, sua equipe na classe rainha do motociclismo. Marc não se intimidou com a pole de Valentino Rossi, e partiu para assumir a liderança da corrida nipônica logo nas voltas finais. E seu trabalho ainda acabou facilitado pelas quedas de seus únicos rivais ainda com chances de chegar ao título, adiantando uma conquista que estava mais próxima a cada dia. Mas Márquez foi o melhor piloto do campeonato. Com uma moto indócil nas mãos, teve de adaptar-se ao comportamento da RCV e usar de seu imenso talento para conquistar os resultados possíveis em cada etapa. E, dosando seu arrojo e ímpeto, soube garantir pontuações em todas as etapas até Motegi, enquanto seus rivais não conseguiam manter a mesma constância e regularidade, e ao mesmo tempo sem deixar de ser veloz, conquistando vitórias importantes, como em Aragão, quando a dupla da Yamaha já tencionava erodir ainda mais sua vantagem na classificação. Márquez desde já é o piloto a ser batido na MotoGP em 2017. Os rivais que se preparem...

Josef Newgarden: O piloto norte-americano, que foi um dos destaques da temporada na Indy Racing League, foi anunciado oficialmente como piloto da Penske para a próxima temporada, ocupando a vaga que era de Juan Pablo Montoya. Com isso, Roger Penske garante para si um dos times mais fortes de todo o grid da categoria, que nesta temporada já fez 1-2-3 na competição, e não por acaso, Newgarden foi justamente o 4° colocado, competindo pelo time de Ed Carpenter, uma escuderia média, mas que conseguiu dar um carro suficientemente bom para Josef brilhar na maioria das etapas do calendário. Agora na Penske, Newgarden terá tudo para ser em definitivo uma das estrelas maiores da competição, a exemplo de Simon Pagenaud, que há dois anos atrás também brilhava em um time médio, e foi contratado por Roger para reforçar o seu time. Will Power e Hélio Castro Neves, além do próprio Pagenaud, que se preparem para a chegada de seu novo companheiro de equipe, que irá buscar o seu lugar ao sol com todo o seu talento.

Lance Stroll: O piloto canadense da equipe Prema Powerteam conquistou o título da F-3 Européia com todos os méritos. Venceu nada menos do que 14 corridas de um campeonato de 30 etapas, conquistando nada menos do que 507 pontos, e deixando na poeira o alemão  Maximilian Günther, seu companheiro de equipe, que marcou 322 pontos, e venceu “apenas” 4 corridas no ano. Além de tudo, o jovem piloto está em vias de ser confirmado oficialmente como piloto da equipe Williams para estrear na F-1 na próxima temporada. Stroll fechou o campeonato com chave de ouro, vencendo as 3 corridas da rodada final do campeonato, em Hockenhein, na Alemanha. O garoto tem tudo para querer chegar chegando na categoria máxima do automobilismo, a exemplo de Max Verstappen, e pelo que mostrou na F-3, tem boas condições de cumprir o que promete. Resta a Williams ter um carro decente no próximo ano, ao contrário do que vem demonstrando neste, onde está longe de empolgar...

Sébastien Buemi: O atual campeão da F-E iniciou o novo campeonato da categoria com o pé direito... no acelerador. O piloto suíço da equipe e.dams mostrou porque é o atual campeão, e seu time, o melhor da competição, e soube superar os rivais na pista de Hong Kong para obter sua primeira vitória na condição de campeão da categoria dos carros de competição monopostos elétricos, e mostrando que é o piloto a ser batido na luta pelo título, largando na frente na disputa pelo título da terceira temporada da categoria. E tudo indica que deveremos assistir a um repeteco do duelo do suíço com o brasileiro Lucas Di Grassi, que também fez uma bela corrida e chegou em 2° lugar, mostrando que Buemi não vai se livrar dele assim tão fácil.



NA MESMA:

Toro Rosso mantém sua dupla de pilotos para 2017: Quando muitos indícios apontavam para uma dupla nova de pilotos no time “B” dos energéticos, eis que a Toro Rosso anunciou em Austin a manutenção de sua atual dupla de titulares para a próxima temporada. Carlos Sainz Jr. e Daniil Kvyat seguem firme na escuderia, onde terão mais uma temporada para mostrar o seu valor. Muitos davam Kvyat como piloto a pé no time para 2017, mas o russo vem mostrando nas últimas corridas ter recuperado o ímpeto e a capacidade de duelar na pista. Por outro lado, é bem verdade que tanto Sainz quanto Kvyat estavam em negociações com outros times, em tese mais competitivos que a equipe sediada em Faenza. Sainz era especulado na Renault, e as negociações teriam sido barradas por Helmut Marko, exercendo a opção do time para mantê-lo em “casa”. Já Kvyat era um nome que estava sendo veiculado como possível na Force India até, e pelo menos motivo de Sainz, também teria tido a negociação vetada. A julgar pelo tratamento por vezes brutal que Marko dá aos pilotos do time “B” da Red Bull, fico pensando se não teria sido melhor para ambos saírem para outras paragens. Talvez não menos duras, mas para dar uma banana a Marko, que vez por outra, mereceria ter de engolir alguns sapos para aprender a ser mais sociável...

Equipe NexTev na F-E: O time China Racing, campeão na primeira temporada da categoria de carros monopostos elétricos com Nelsinho Piquet, pareceu dar uma boa melhorara no início da nova temporada da categoria, nas ruas de Hong Kong, tanto que Piquet fez a pole, e seu companheiro Oliver Turvey foi o 2/ no grid. Na corrida, porém, alguns imprevistos acabaram fazendo ambos os pilotos caírem para o meio do pelotão. Turvey finalizou a corrida em 8°, e conseguiu marcar alguns pontos. Já Nelsinho teve de praticamente frear seu carro para evitar uma colisão, e com isso perdeu tempo precioso, e o momento mais oportuno de ir aos boxes, caindo para a segunda metade do pelotão, e terminando a corrida em 11°, sem marcar pontos. Depois da temporada tenebrosa que tiveram entre 2015/2016, é um alento ver que o carro mostra um desempenho melhor. Porém, será preciso caprichar mais um pouco se quiserem voltar efetivamente a disputar as primeiras colocações das corridas. Especialmente porque os concorrentes ainda parecem ter um desempenho melhor, que precisa ser igualado pelo time.

Tony Kanaan firme na Ganassi: O que muitos esperavam foi confirmado oficialmente no início de outubro, e o brasileiro Tony Kanaan parte para mais uma temporada na equipe de Chip Ganassi, contando com o apoio da NTT Data, patrocinador principal de seu carro. Será a quarta temporada do baiano no time, onde só conquistou uma vitória, justamente em seu ano de estréia na escuderia, tendo passado as duas últimas temporadas sem conseguir vencer. Neste ano, o time não esteve tão bem, e Tony terminou o ano logo atrás de seu companheiro de time Scott Dixon, e bem à frente de Charlie Kimball. Será também a 20ª temporada de Tony nas categorias Indy, tendo estreado em 1998 na F-Indy original, pela equipe Tasman. Tony foi campeão em 2004, competindo pelo time de Michael Andretti, na Indy Racing League. E garante que quer mais vitórias no seu currículo.

Nico Hulkenberg: O piloto alemão da Force India viu mais um GP promissor ir pelo rali logo na largada, em consequência de toques sofridos por outros pilotos. Com isso, viu seu companheiro de equipe Sérgio Perez marcar mais pontos e distanciar-se ainda mais no campeonato. O consolo é que Hulkenberg assinou com o time da Renault para a próxima temporada, e se a fábrica francesa conseguir desenvolver um bom carro para o próximo ano, pode ser a chance de Nico finalmente desencantar na F-1, onde estreou em 2010, e sempre foi bem cotado como um piloto de talento e de futuro, mas que nunca teve chance de pilotar para um time de ponta. Pelo menos em termos de unidade de potência, a Renault já conseguiu notáveis progressos este ano. Só mesmo com relação ao carro, herdado da finada Lotus paraguaia (a original findou-se em 1994, não esqueçam), não dava para fazer milagres, como vem comprovando Kevin Magnussem e Jolyon Palmer. Resta esperar que Hulkenberg finalmente desencante de vez na F-1.

Jorge Lorenzo: O piloto espanhol pretendia despedir-se da Yamaha com pelo menos mais um título, mas infelizmente, nada deu muito certo na atual temporada da MotoGP, e para minimizar os prejuízos, passou a ter o objetivo de pelo menos ser o vice-campeão da temporada. O problema é que Valentino Rossi está sendo uma pedra na sapatilha do tricampeão, que está ficando para trás na pontuação do campeonato, quase a pontuação de uma vitória atrás do “Doutor”, e com duas corridas para o final da temporada, muito provavelmente terá de se contentar em ser o 3° colocado, e deixar o time dos três diapasões à sombra de Rossi, com quem passou a não ter uma convivência amigável nos últimos tempos. Lorenzo não conseguiu nem mesmo aproveitar a queda de Valentino na prova do Japão, uma vez que ele também caiu e abandonou a corrida, já próximo do seu final, ajudando a entregar de bandeja o título da temporada para seu compatriota Marc Márquez. Melhor sorte na Ducati para 2017, Jorge...



EM BAIXA:

Grande Prêmio da Malásia de F-1: Presente no calendário da categoria máxima do automobilismo desde 1999, a corrida realizada em Sepang, próxima à capital Kuala Lumpur, teve este ano o seu menor público de que há memória, a ponto de motivar o diretor-executivo do circuito de Sepang, Datuk Ahmad Razlan, a afirmar que o GP de F-1 não está dando mais o retorno de antes, e que muito possivelmente, o contrato de realização da corrida, válido até 2018, não deverá ser renovado. Entre as razões, ele apontou o domínio da equipe Mercedes, que vem monopolizando o campeonato nos últimos 3 anos, e olhe que nestes dois últimos campeonatos, Ferrari e Red Bull venceram na pista malaia, o que foi um bônus para os torcedores presentes na pista. Mas nem isso parece ter garantido o ânimo para se continuar com a F-1, que passou a ser um produto caro, e de pouco retorno, ao contrário da MotoGP, que apresenta resultados muito melhores, e é bem mais barata. Depois dos turcos, indianos e sul-coreanos, é mais um GP que está prestes a pular fora do campeonato. Resta esperar que as novas regras técnicas em 2017 devolvam uma maior competitividade à F-1. Do contrário, os malaios irão preferir outras categorias em seu quintal. Ah, e a opinião de Razlan ainda é endossado pelo ministro dos esportes da Malásia, já que é praticamente o governo quem banca a corrida...

Dani Pedrosa: O piloto da equipe oficial da Honda na MotoGP vinha tendo mais um ano na sombra de Marc Márquez, e quando conseguiu engatar uma vitória contundente na etapa de San Marino, eis que no Japão ele sofre um acidente pra lá de feio, e infelizmente ganha algumas fraturas que exigiram tratamento cirúrgico para correção, e com isso, acaba ficando fora das etapas finais da competição, sendo superado na classificação por Maverick Viñales, da Suzuki, e com Carl Cruchtlow se aproximando perigosamente, com vias a superá-lo nas 2 corridas que faltam para encerrar o ano. E ainda vendo o companheiro ser tricampeão da categoria. Pedrosa precisa mesmo é se benzer, e torcer para ter anos melhores nas duas próximas temporadas que tem garantidas como piloto da equipe Honda na classe rainha do motociclismo...

Ferrari: O time de Maranello continua tentando desenvolver o modelo de 2016, muitos dizem, numa tentativa de reverter sua desvantagem e superar pelo menos a Red Bull no campeonato. Mas o tiro vem saindo pela culatra. Com estratégias ruins, a equipe rossa não conseguiu fazer com que Sebastian Vettel tivesse um desempenho melhor que a Red Bull no Japão, e a derrota se viu novamente em Austin, no Texas, onde ainda tiveram o desprazer de fazer um pit stop ruinoso que obrigou Kimi Raikkonem a abandonar a corrida por uma porca mal apertada que gerou uma multa ao time. Para piorar, ainda tiveram que ver Verstappen e Ricciardo nos pódios de Suzuka e Austin, e a diferença da Red Bull aumentando cada vez mais para o time vermelho. Já são 53 pontos de diferença no Mundial de Construtores, e nada indica que isso será revertido. No campeonato de pilotos, Max Verstappen vem no encalço da dupla ferrarista, enquanto Ricciardo já sumiu no horizonte da classificação.

Divergências entre Bernie Ecclestone e o Grupo Liberty Media: O novo grupo proprietário da F-1, o Liberty Media, só assume as rédeas da categoria máxima do automobilismo em 2017, mas parece já estar criando alguns atritos com o atual staff dirigente da competição, em especial Bernie Ecclestone, que estaria garantido por mais 3 anos à frente da organização da competição, comandando a FOM. Só que alguma declarações recentes apontam que Bernie poderia sair até antes, alguns dizem, talvez até mesmo ao fim da atual temporada. Os motivos seriam visões opostas de como conduzir a F-1, que na opinião dos novos donos, tem muito potencial a ser explorado, e estaria sendo desperdiçado com a gestão conduzida por Ecclestone. Nas últimas semanas, ambas as partes parecem ter acendido o cachimbo da paz, tanto que não se ouve mais as notícias do burburinho existente entre ambos. Se é verdade que a F-1 precisa se reinventar para continuar viável, por outro lado também não dá para mudar as coisas da noite para o dia, sob o risco de afundar ainda mais a F-1 com novas idéias que precisam primeiro ser estudadas para serem implantadas de forma correta e que gerem efeitos positivos. E, de seu lado, ninguém conhece melhor a F-1 do que Ecclestone, e desmerecer sua opinião sobre a realidade e de como as coisas se conduzem seria igualmente errado. Vejamos o que acontecerá a seguir nesta queda de braços que se avizinha...

Dupla de pilotos da Renault: Que o ano seria de transição, todo mundo já saia, e que os resultados não seriam lá essas coisas. Mas Kevin Magnussem e Jolyon Palmer infelizmente não conseguiram produzir nada de positivo com o carro que receberam da Renault em seu retorno como equipe oficial na temporada deste ano. Ia ter de sobrar para alguém, e tudo indica que sobrou mesmo para ambos. Magnussem, depois de ficar na geladeira na McLaren, acabou entregando os pontos e admitindo que não soube jogar com as cartas que lhe foram dadas no “baralho” da F-1, e já cogita até vir para a Indy tentar melhor sorte. Palmer, por sua vez, parece não ter a mesma sorte, e será mais um nome a engrossar a lista de desempregados da categoria máxima do automobilismo em 2017, destino que inclusive impediu que seu pai, Jonathan Palmer, também tivesse maior duração, há décadas atrás, quando competiu pela Tyrrel, e acabou rifado para a temporada de 1990 para dar lugar a... Satoru Nakajima? Definitivamente, a dupla terá de procurar novos ares em 2017...

 



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