sexta-feira, 18 de março de 2016

LARGADA PARA A MOTOGP 2016


A pista de Losail, no Qatar, recebe a MotoGP para o início do campeonato de 2016.

            Começam hoje os treinos para mais uma temporada da MotoGP, no circuito de Losail, no Qatar, onde será disputada a primeira etapa do campeonato 2016, com o clima ainda sob rescaldo da polêmica envolvendo Marc Márquez, Valentino Rossi, e Jorge Lorenzo ao fim de 2015. Mas a classe rainha do motociclismo tem algumas novidades para quem curte a disputa nas duas rodas nesta temporada. Há novo regulamento técnico, que pode influir no desempenho de alguns times e pilotos, e a exemplo da F-1, passa a contar com algumas medidas para cortar um pouco os custos de competição.
            Entre as mudanças, há o fornecedor de pneus. A Bridgestone deixou a categoria, que passou a ser abastecida pela Michelin, cujos compostos até agora tem demonstrado um comportamento ligeiramente diferente dos pneus fornecidos pela marca japonesa até o ano passado. Proporcionando desempenhos diversos dos Bridgestone, os pilotos precisaram aprender a conhecer o desempenho dos novos compostos, com direito a alguns tombos tentando achar o limite dos novos compostos. Mas não é apenas o pneu em si que está diferente: o tamanho das rodas também, tendo passado das 16,5 polegadas para 17,0 polegadas. Outra novidade é que os sensores de aferição de calibragem passam a ser obrigatórios a partir deste ano.
            As motos também passaram por mudanças no novo regulamento técnico. O peso das mesmas foi reduzido em 1 Kg, passando dos 158 Kg em 2015 para 157 Kg neste ano. Todas terão de possuir um tanque de combustível de 22 litros. Mas a grande novidade mesmo é a nova central eletrônica do equipamento, que agora passa a ser única para todos as equipes da competição. Até o ano passado, cada time construtor desenvolvia e utilizava o seu próprio sistema eletrônico. A implantação das ECU padrão, fornecidas pela Magneti Marelli, já havia sido decidida em 2014, e a FIM deu tempo, e a oportunidade de todos os times construtores colaborarem na confecção do software que gerencia o sistema. A intenção da adoção da centralina padrão é baixar os custos, e permitir uma equalização do desempenho de todos os times, buscando mais equilíbrio e competitividade na categoria.
            Logicamente, nem todos conseguiram se ajustar devidamente à nova ECU. A Honda, que era contra a adoção deste recurso, foi quem aparentemente mais sofreu com sua introdução, uma vez que sua centralina própria era considerada mais avançada do que equipamento padrão atual. A marca japonesa concordou com sua introdução quando lhe foi dada a chance de contribuir, assim como os outros times, no projeto do software do sistema, mas ao que parece, serão necessários mais alguns testes para ajustar suas motos. Em contrapartida, a Yamaha parece ter se entendido perfeitamente com o novo sistema, enquanto a Ducati, que já usava a eletrônica da Magneti Marelli em seus times clientes, está bem familiarizada com a nova centralina.
            Visando igualar melhor as chances das escuderias, não há mais a categoria "aberta" na MotoGP, como ocorreu no ano passado. Ao invés disso, os times serão classificados por sua performance, com os mais bem colocados a terem algumas restrições durante o ano. Uma destas restrições, por exemplo, estabelece que Honda, Yamaha e Ducati, as equipes mais bem colocadas no ano passado, terão o desenvolvimento de seus motores congelados após a homologação, imediatamente antes de entrarem na pista para os primeiros treinos oficiais em Losail. A Aprilia e a Suzuki, com resultados bem inferiores em 2015, não terão tal restrição, podendo desenvolver seus equipamentos. Outra restrição é que os mesmos 3 times só poderão realizar 5 dias de testes particulares durante o campeonato, enquanto os outros dois times poderão testar à vontade, desde que respeitem o limite de 120 pneus por piloto ao ano. Os pilotos da Honda, Ducati e Yamaha poderão utilizar no máximo 7 motores durante todo o campeonato, enquanto Aprilia e Suzuki terão direito a 9 propulsores por piloto.
            O regulamento, contudo, permite a revogação destas concessões aos times construtores menos favorecidos se estes conseguirem performances de peso durante a competição. Dependendo dos resultados obtidos, cada um destes times ganhará pontos, e ao atingirem 6 pontos, começarão a ter as concessões revogadas, começando pela liberdade de testar à vontade, e perdendo as demais a partir da temporada seguinte.
            No que tange ao calendário da competição, continuam as 18 corridas de sempre, tendo como única alteração a saída do GP de Indianápolis, substituído pela GP da Áustria, que será disputado na pista de Zeltweg, atualmente chamada Red Bull Ring, e que está marcada para o dia 14 de agosto. A prova do Qatar, única etapa noturna do campeonato, mais uma vez abre o calendário, que continuará sendo encerrado no circuito Ricardo Tormo, em Valência, na Espanha. O país ibérico, aliás, continua tendo o maior número de provas da competição: serão 4 corridas, tendo como palco as pistas de Jerez de La Fronteira, Barcelona, Aragón, e Valência.
Campeão em 2015, Jorge Lorenzo é o homem a ser batido, e ele quer o tetracampeonato, pilotando para o time oficial da Yamaha.
            A exemplo dos últimos anos, a disputa deve seguir polarizada entre Honda e Yamaha, mas a Ducati e a Suzuki mostram que estão chegando perto, e podem incomodar em algumas etapas do ano. Campeã em 2015, a Yamaha tem na nova versão da YZR-M1 um projeto bem desenvolvido e que nos testes da pré-temporada, mostrou ser a melhor moto da competição, inclusive com um motor mais potente, para não mencionar que também não sofreu maiores problemas com os novos pneus da Michelin. Some-se a isso a adaptação rápida à nova ECU padrão, e a marca dos três diapasões tem tudo para dominar a competição. Tricampeão mundial, o espanhol Jorge Lorenzo é o homem a ser batido, por motivos mais que óbvios: Lorenzo foi o piloto com as melhores marcas da pré-temporada, e é o favorito ao título, mas não terá vida fácil. E seu maior adversário está ao seu lado no mesmo box, que disporá do mesmo equipamento que o atual campeão da categoria.
Vice-campeão no ano passado, Rossi ficou mordido pela derrota e quer vingança contra os rivais na pista. O "Doutor" promete lutar pelo título com tudo o que tem.
            Valentino Rossi, com os percalços do fim de 2015 ainda frescos na cabeça, quer ir à forra contra o que considerou uma "armação" de Marc Márquez em favor de seu companheiro de time para impedi-lo de ser campeão, e o "Doutor" está entrando na pista decidido a deixar Lorenzo comendo sua poeira. Nos testes, Rossi ficou atrás de Lorenzo, mas a diferença pode ser considerada pequena no cômputo geral de voltas completadas, o que sugere um panorama pra lá de acirrado nas disputas de pista. E atrás de ambos, defendendo mais uma vez a Honda, o bicampeão Marc Márquez pretende mostrar que o ano passado foi um ponto fora da curva, e quer mais um título. A "Formiga Atômica", entretanto, precisa aprender a se controlar mais na pista em caso de disputas desfavoráveis, pois em 2015, andou caindo além da conta para um piloto vencedor, em virtude de não engolir direito as derrotas na pista e forçar demais o ritmo em circunstâncias onde poderia ter garantido melhores resultados sendo um pouco mais comedido. E Márquez também precisará ficar ainda mais "vivo" nas divididas que travar com Valentino Rossi na pista. Não que o italiano vá jogá-lo fora da pista novamente, mas que Márquez não espere uma disputa camarada. Valentino não vai aliviar na briga por posições. E, a se confirmar a superioridade da Yamaha sobre a Honda, cujo modelo RC213V ainda precisa ser melhor trabalhado, Marc terá de ter mais autocontrole do que nunca, pois a tendência a ser novamente superado na pista pode aumentar sua ansiedade e querer continuar a tirar a diferença no braço além do que seria aceitável. Se o piloto da Honda não mantiver a cabeça no lugar, poderá vir a sofrer outros tombos tentando equilibrar a disputa a todo custo. Quanto ao público, o clima de rivalidade entre os pilotos é um chamariz a mais para a disputa, e todo mundo quer ver esta trinca de ases literalmente engolindo um ao outro na pista. Desnecessário dizer que todos eles tem suas razões para deixar os demais comendo poeira, e o público quer ver mesmo é o circo pegar fogo nesta disputa. E, no que depender de Rossi, Lorenzo e Márquez, podem apostar que vão sair faíscas mesmo em cada prova.
Marc Márquez: piloto da Honda não engoliu as derrotas na pista e andou forçando mais que o desejado em 2015, o que o levou a alguns tombos que poderia ter evitado. E ele vai enfrentar disputa feroz neste ano contra a dupla da Yamaha.
            Dani Pedrosa, mais uma vez, precisará se desdobrar se quiser ser campeão, ou lutar a fundo pelo campeonato. Dani tem ficado à sombra de Marc Márquez desde que ele chegou ao time oficial da Honda, e no ano passado, ainda ficou de fora de algumas etapas para se recuperar de uma cirurgia no braço, perdendo terreno para o parceiro. Plenamente recuperado, Pedrosa precisará mostrar resultados neste ano, a fim de convencer a Honda a mantê-lo em seu time para 2017, ou ele poderá ter de ir procurar outro lugar para competir.
            Um pouco atrás, vem a Ducati, que continua se desenvolvendo, e depois de algumas boas provas em 2015, tem como meta pelo menos voltar a vencer corridas. A marca manteve sua dupla de pilotos, e pretende chegar mais próxima da Honda e da Yamaha. A tarefa não será fácil, até porque a Suzuki mostrou uma evolução impressionante nos testes, e vai tentar brigar igualmente com a marca italiana pelo posto de 3ª força na competição. Maverick Viñalez já anda chamando a atenção dos outros times pelo desempenho da pré-temporada, onde conseguiu tempos expressivos com o novo modelo da Suzuki para a temporada 2016. Mas a fábrica japonesa ainda prefere manter o tom moderado nas expectativas, e Viñalez traçou como meta ficar dentro do Top-6 em todas as corridas do certame, o que significa que a meta é mesmo baterem-se de igual para igual com as Ducati. Assim como o duelo entre Honda e Yamaha promete ser duro, Ducati e Suzuki podem repetir a briga logo atrás. Quem sai ganhando é o público, que deve ver boas disputas em várias posições na pista..
            O grid ficou mais enxuto: teremos 21 competidores na classe rainha do motociclismo. A LCR Honda entra na pista este ano apenas com Carl Crutchlow. A equipe Forward preferiu se concentrar apenas na Moto2, enquanto os times AB e Ioda mudaram-se para o Mundial de Superbikes. Tito Rabat será o único estreante no grid nesta temporada, tendo conquistado o campeonato da Moto2 em 2014, e que agora sobe para a categoria principal, integrando a equipe Marc VDS.
            Portanto, fãs das duas rodas, podem começar a curtir o ronco das motos, com o início do campeonato da MotoGP. A disputa tem tudo para ser empolgante na pista.

CALENDÁRIO DA MOTOGP 2016

DATA
ETAPA
CIRCUITO
20.03
Grande Prêmio do Catar
Losail
03.04
Grande Prêmio da Argentina
Termas de Rio Hondo
10.04
Grande Prêmio das Américas
Austin
24.05
Grande Prêmio da Espanha
Jerez de La Fronteira
08.05
Grande Prêmio da França
Le Mans
22.05
Grande Prêmio da Itália
Mugello
05.06
Grande Prêmio da Catalunha
Barcelona
25.06
Grande Prêmio da Holanda
Assen
17.07
Grande Prêmio da Alemanha
Sachsenring
14.08
Grande Prêmio da Áustria
Zeltweg
21.08
Grande Prêmio da República Tcheca
Brno
04.09
Grande Prêmio da Inglaterra
Silverstone
11.09
Grande Prêmio de San Marino
Misano
25.09
Grande Prêmio de Aragón
Aragón
16.10
Grande Prêmio do Japão
Motegi
23.10
Grande Prêmio da Austrália
Phillip Island
30.10
Grande Prêmio da Malásia
Sepang
13.11
Grande Prêmio da Comunidade Valenciana
Valência
A Ducati ficou como 3ª força em 2015, e agora quer se aproximar, e quem sabe se intrometer na disputa entre Honda e Yamaha.

EQUIPES E PILOTOS DA MOTOGP (Categoria Principal)

EQUIPE
PILOTOS
Avintia Racing
Hector Barbera
Loris Baz
Aspar Team MotoGP
Eugene Laverty
Yonny Hernandez
Ducati Team
Andrea Dovizioso
Andrea Iannone
Estrella Galicia 0,0 Marc VDS
Jack Miller
Tito Rabat
Aprilia Racing Team Gresini
Álvaro Bautista
Stefan Bradl
Monster Yamaha Tech 3
Pol Spargaro
Bradley Smith
LCR Honda
Carl Crutchlow
Movistar Yamaha MotoGP
Valentino Rossi
Jorge Lorenzo
Team Suzuki Ecstar
Aleix Spargaro
Maverick Viñalez
OCTO Pramac Racing
Danilo Petrucci
Scott Redding
Repsol Honda Team
Dani Pedrosa
Marc Marquez
A Suzuki quer subir de produção em 2016, e conta com o talento de Maverick Viñalez para surpreender na pista, em duelo direto com as Ducati.


Começaram os treinos oficiais da Fórmula 1, dando início a mais um campeonato mundial. No momento em que esta coluna estiver sendo lida no Brasil, os treinos de sexta-feira já terão terminado, e quem sabe tenhamos uma idéia mais aproximada das forças das escuderias neste campeonato. Mas, por se tratar de um circuito com pouca familiaridade com as demais pistas do calendário, muito provavelmente apenas no Bahrein, daqui a algumas semanas, é que poderemos ter idéia mais correta de quem é quem na competição em 2016. Mas é sempre bom sentir novamente o ronco dos motores (o que sobrou deles, bem menos invasivo aos ouvidos, que me perdoem os saudosistas), acompanhar a rotina no paddock, e seguir os carros na pista. Depois da corrida de Abu Dhabi, em novembro do ano passado, estava com uma tremenda saudade desta sensação. É hora de acelerar fundo novamente, e espero que a F-1 tome jeito para corrigir suas posturas chatas, e regras imbecis que insiste em manter. Pena que o ano já comece ruim neste quesito, com esta nova regra no treino de classificação, que certamente não era o que a categoria tem de mais errado no momento. Dizem que é errando que se aprende, mas infelizmente a F-1 parece ir na contramão do ditado: é errando que se erra ainda mais...

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