sexta-feira, 17 de julho de 2015

SEM ALEMANHA NA F-1 2015...

Hockenhein foi o circuito que mais vezes sediou o GP da Alemanha. Pista de altíssima velocidade pelas longas retas que possuía, na década passada acabou reduzido pela metade, perdendo sua principal característica... 
A pista de Avus recebeu o GP alemão apenas uma vez em 1959. Acima, a famosa "Curva da Morte", onde a inclinação assustava qualquer um...
Largada para o GP alemão em 1967, em Nurburgring, no famoso circuito de quase 23 Km de extensão...
Acima, o que restou da Ostkurve, antigo trecho da floresta da pista de Hockenhein. O Asfalto foi arrancado, e o mato e as árvores crescem, apagando completamente os vestígios da pista que havia por ali...
    Hoje começariam os treinos oficiais para o Grande Prêmio da Alemanha, que seria disputado na pista de Nurburgring. Infelizmente, os organizadores da prova germânica não conseguiram cumprir com as exigências financeiras de Bernie Ecclestone, que todos sabem não ser as mais razoáveis. A pista de Hockenhein, que sediou a prova em 2014, foi procurada, mas da mesma forma que o circuito de Nurburg, a pista próxima a Heidelberg também não tinha fundos para bancar o GP de F-1 deste ano. Ainda mais depois do fraco público visto no ano passado, que significou um prejuízo grande para os organizadores, já que os ingressos são sua maior fonte de renda, já que a comercialização das publicidades nos autódromos e do paddock ficam para a FOM. E, sem lucro, não dá para manter uma corrida. E, mostrando que o problema é mais mesmo com a F-1, já tivemos este ano provas de outras categorias nos dois circuitos.
    A prova deve voltar em 2016, mas se as condições financeiras continuarem deixando de ser razoáveis, como Ecclestone tem feito questão de defender, em detrimento de países cujos governos lhe pagam sem pestanejar suas taxas irreais, a prova alemã pode seguir o exemplo da França, que há vários anos perdeu seu GP e não vê condições de retomar sua prova. Os fãs e a própria F-1 perdem com isso, mas desde que Bernie encha seus bolsos, ele não parece muito incomodado com a situação. E Alemanha e França são dois mercados cujas principais empresas presentes na categoria máxima do automobilismo conquistaram todos os campeonatos desde 2008 com seus motores (Mercedes - 2008, 2009, 2014; e Renault - 2010, 2011, 2012, 2013).
    Até o ano passado tivemos oficialmente 61 edições do Grande Prêmio da Alemanha de F-1. A prova estreou em 1951, no segundo campeonato da história da categoria máxima do automobilismo, sendo disputada na pista de Nurburgring, no Nordschleife. com seus impressionantes 22,8 Km de extensão, com a prova sendo realizada no dia 29 de julho daquele ano. A corrida inicial teve 20 voltas, totalizando um percurso de 456,2 Km, que teve como primeiro vencedor o italiano Alberto Ascari, com a Ferrari. Ascari repetiria o feito em 1952. Nos anos seguintes, a prova alemã viu os grandes nomes da época da categoria vencerem a corrida: Giuseppe Farina (1953) e Juan Manuel Fangio (1954, 1956, e 1957). Foi também nessa época que a prova germânica deixou de figurar no calendário pela primeira vez, em 1955. Em 1956, a corrida estava de volta ao calendário, e a Nurburgring, e as disputas continuaram.
    O fim dos anos 1950 veria a única prova de F-1 disputada na pista de Avus, um circuito existente em Berlin, com formato similar a um oval, que foi vencida por Tony Brooks, com Ferrari. A pista contava com uma de suas curvas com inclinação impressionante de 43°, que foi chamada de "curva da morte", por não possuir grades de proteção. E isso provou ser fatal para o piloto francês Jean Behra, que ao volante de seu Porsche simplesmente voou por cima da curva para uma queda mortal, na corrida de carros esportes disputada no sábado anterior ao GP de F-1. A pista foi considerada muito perigosa e nunca mais foi utilizada pela F-1. A curva norte foi aplainada, e a pista, encurtada, passando a sediar corridas de outras modalidades, até ser desmantelada em fins dos anos 1990, e suas retas incorporadas às rodovias ao redor.
    A prova alemã ficou ausente da F-1 em 1960, mas estava de volta em 1961, de volta ao seu palco tradicional, Nurburgring, e a partir daí, estaria sempre presente no calendário pelas décadas seguintes. O circuito de Nurburg, contudo, foi começando a ficar inviável para as provas da F-1, devido ao seu longo traçado, e às dificuldades de se melhorar a segurança e a infraestrutura de resgate e apoio em uma época onde os pilotos ficam praticamente incomunicáveis na pista, pois não havia as comunicações por rádio entre box e piloto. Em 1976, o violento acidente que quase vitimou Niki Lauda sepultou de vez o traçado do Nordschleife para a F-1, que nunca mais veria os carros da categoria disputando um GP em seus 22,8 Km. Mas a Alemanha não perdeu seu GP. A prova passaria a ser disputada em Hockenhein, circuito também grande para os padrões das pistas de competição, com praticamente 6,82 Km de extensão, com uma divisão clara do autódromo em dois setores distintos: a parte do estádio (Motodron), que tinha este nome pelas longas arquibancadas que lembravam um estádio de futebol; e a parte da floresta, com longas retas que exigiam tudo dos motores dos carros, em um cenário da pista rodeada pela floresta ao redor.
    De 1978 em diante, Hockenhein passou a ser a sede permanente do GP da Alemanha, com exceção de 1984, quando a pista de Nurburgring, agora remodelada em um autódromo menor, e mais "convencional", de apenas 4,5 Km, serviu de sede para o GP alemão. E assim foi até 2006, de forma ininterrupta. Em 2007, curiosamente, não houve um GP da Alemanha no calendário da F-1, mas a prova foi disputada em Nurburgring, com o título de "GP da Europa", o que já vinha acontecendo há alguns anos, aproveitando-se da grande popularidade de Michael Schumacher e da Ferrari, para se promover duas corridas de F-1 na Alemanha.
    No ano seguinte, devido ao aumento das taxas de competição cobradas por Bernie Ecclestone para promoção da corrida, as pistas de Nurburgring e Hockenhein passaram a se revezar como sede da prova alemã, até o cancelamento da corrida visto este ano. Principal marca envolvida na F-1 no país, a Mercedes até se prontificou a ajudar a pagar parte dos custos de realização da corrida, para onde sempre levou vários funcionários e convidados nos últimos anos, mas as negociações não frutificaram, e pela primeira vez desde 1960, o campeonato da F-1 está sem uma corrida na Alemanha.
    Na falta da prova germânica, muitos torcedores migraram para as etapas da Áustria e da Inglaterra, que tiveram excelentes públicos nas edições deste ano. Ainda assim, muitos lamentaram que a principal nação da Comunidade Européia esteja de fora do calendário da competição. Mais do que os problemas de altos custos cobrados pela FOM, Nurburgring investiu na criação de um complexo turístico destinado aos fãs de corridas que se revelou um empreendimento exagerado para o número de corridas que ali se disputava. Um complexo que tem seus gastos de manutenção e gerenciamento, cujas contas não andam nada saudáveis, o que contribuiu para a falta de aporte a custear a etapa da F-1. Acusar a categoria máxima do automobilismo por todos os problemas é incorreto, visto que a falta de planejamento e organização dos próprios alemães também ajudou a situação a chegar a um impasse que, espera-se, esteja resolvido tão possível quanto seja para que se permita o retorno da etapa em 2016.
    De minha parte, sempre gostei da etapa da Alemanha, mas desde 2002, quando a pista de Hockenhein sofreu uma grande reforma que literalmente "destruiu" a parte da floresta de seu traçado, o circuito perdeu sua personalidade para mim, e a corrida, por sua vez, também deixou de ter o carisma de antes. As conversas a respeito de segurança e modernização nunca me convenceram. Venceu principalmente os interesses comerciais, para quem os belos e longos trechos entre a floresta, onde se davam as melhores disputas da prova, não eram palatáveis por estarem longe da maioria do público. Hockenhein tornou-se uma pista sem seu maior diferencial, nivelando-se por baixo, na minha opinião.
    Podiam argumentar que não era um circuito muito técnico e desafiador, mas discordo. Era uma pista especial, onde todos sabiam o que era preciso para se dar bem ali: motor. Quem não tivesse motor, por mais que tivesse um bom carro, não tinha como brilhar em Hockenhein. Quem tinha motor e um bom carro, então, disparava na frente. E mesmo quem não tinha um bom carro, mas tinha um bom motor, tinha ali sua chance de fazer bonito na temporada, e talvez vencer onde seria sua única oportunidade. Foi assim na vitória de Gerhard Berger em 1994, levando a Ferrari à sua primeira vitória desde 1990, mais unicamente pela potência invulgar do V-12 italiano e à uma condução aguerrida do piloto austríaco do que propriamente ao carro, que não tinha as mesmas qualidades dos excelentes chassis da Benetton e da Williams naquele ano.
    Curiosamente, os pilotos alemães venceram poucas edições de seu próprio GP. Michael Schumacher foi o primeiro a fazê-lo, em 1995, já campeão mundial pela Benetton. Michael conseguiu vencer 4 vezes a prova (1995, 2002, 2004, e 2006). Seu irmão Ralf Schumacher venceu apenas uma vez, em 2001. O tetracampeã Sebastian Vettel venceu a corrida apenas em 2013, já como tricampeão mundial pela Red Bull; e Nico Rosberg faturou a corrida do ano passado, pela Mercedes. No total, apenas 7 vitórias alemãs em seu GP caseiro.
    Nesse aspecto, os brasileiros empatam em número de vitórias com os germânicos. Nélson Piquet e Ayrton Senna ganharam 3 provas na Alemanha cada um. Piquet triunfou em 1981 pela Brabham, e em 1986 e 1987 pela Williams; Senna venceria a corrida em 1988, 1989, e 1990. E Rubens Barrichello venceria a corrida em 2000, numa performance magistral na chuva nas voltas finais da corrida, onde obteve sua primeira vitória na F-1. E ficamos nisso. Todas as vitórias brasileiras foram em Hockenhein, e na pista antiga de quase 7 Km de extensão. Émerson Fittipaldi nunca venceu a corrida, tendo como melhor resultado um 4° lugar em 1978, com a Copersucar. Já Felipe Massa teve como melhor resultado um 2° lugar em 2010, na famosa corrida do "Fernando is fasther than you", e em 2006, tendo sido 3° colocado em 2009 e 2008.
    No ano passado, a corrida germânica era para ter sido de boas perspectivas para o piloto brasileiro, competindo por uma Williams revigorada, mas Massa acabou tocado na largada e viu o mundo de cabeça para baixo, terminando sua corrida ali mesmo. Depois do que vimos em Silverstone, semana passada, as perspectivas de que a Williams teria novamente um bom carro para disputar o pódio em Hockenhein infelizmente não valem mais nada, já que a corrida foi cancelada há vários meses. Quem sabe no ano que vem, e isso se a prova retornar de fato, ainda que o calendário provisório anunciado a anuncie para o próximo ano. Mas a corrida também estava anunciada para esta temporada, até os problemas financeiros darem a tônica da situação e o GP ir para o brejo.
    É torcer para que isso não aconteça novamente em 2016. Ainda mais porque Bernie está incluindo mais um GP no calendário, no Arzebaijão, em uma pista de rua montada em Baku, capital da ex-república soviética. Que os alemães esteja de volta no próximo ano...


Depois de disputar a etapa de Milwaukee, a IRL já volta novamente à pista neste fim de semana, com a etapa de Iowa, outro circuito oval, e que é a menor pista da temporada, com apenas 1,4 Km de extensão. A corrida terá 300 voltas de duração, e será disputada neste sábado. A corrida é uma das mais recentes do calendário da categoria, tendo sido disputada pela primeira vez em 2007, com vitória de Dario Franchiti, pela equipe Andretti-Green. O piloto escocês repetiria a vitória em 2009, agora na Ganassi. Ryan Hunter-Reay também venceu 2 vezes em Iowa, em 2012 e 2014, pelo time da Andretti, que também contabilizou a vitória em 2010, com Tony Kanaan; 2011, com Marco Andretti; e 2013, com James Hinchcliffe. Será que a Ganassi e a Andretti conseguirão manter seu domínio na corrida este ano? O time de Michael Andretti não vem muito bem na competição, mas nada impede que consiga obter uma boa estratégia de corrida e vença a prova. Já a Ganassi vem conseguindo se manter na disputa do título com Scott Dixon, mas Tony Kanaan, o único brasileiro a vencer a corrida, também não pode ser ignorado, ainda mais porque Tony quer vencer uma corrida no ano, e a temporada já está chegando em sua reta final. Vai ser uma corrida complicada, pois o traçado oval é extremamente curto e os pilotos precisam lidar com o tráfego de retardatários o tempo todo, o que pode ser uma desvantagem grande dependendo da maneira como o carro se comporta no tráfego. E a corrida também costuma ser bem acirrada: no ano passado, todos os pilotos que chegaram ao final estavam na volta do líder, e dos 22 que largaram, 8 não terminaram a prova. A prova será transmitida apenas pelo canal pago Bandsports ao vivo neste sábado a partir das 21h50min.


Encerrado o seu primeiro campeonato, a Formula-E, categoria dos carros elétricos, já se prepara para o seu segundo campeonato. Serão novamente 10 etapas, com direito a rodada dupla novamente em Londres no encerramento do campeonato. As etapas de Miami e Mônaco não estarão presentes neste segundo campeonato. Em compensação, a categoria irá correr em Paris, em um circuito montado nas ruas da capital francesa. Há ainda uma data a ser confirmada, marcada para o dia 19 de março de 2016, que está com local indefinido. Até o presente momento, não foi definida ainda a data da etapa de Londres. Confiram as datas: 17/10/2015: Pequim (China); 07/11/2015: Putrajaya (Malásia); 19/12/2015: Punta del Este (Uruguai); 06/02/2016: Buenos Aires (Argentina); 19/03/2016: A definir; 02/04/2016: Long Beach (Estados Unidos); 23/04/2016: Paris (França); 21/05/2016: Berlim (Alemanha); 04/06/2016: Moscou (Rússia); Etapa final: (sem data ainda): Londres - provas 1 e 2. Deveremos ter as mesmas 10 escuderias que disputaram o primeiro campeonato novamente na pista, com Nelsinho Piquet a defender o seu título. A categoria terá testes coletivos agendados para o mês de agosto, na pista inglesa de Donington Park.

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